CÂNCER DE BOCA


  O que é Câncer

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

Introdução

Câncer de Boca ou da cavidade bucal é um tumor maligno que ocorre na boca e mucosas, devido a um crescimento anormal e acelerado  de células cancerosas. O principal sintoma é o surgimento de uma ferida na boca que não cicatriza, no prazo de duas semanas. O carcinoma espinocelular, também conhecido como carcinoma epidermóide, é o tipo mais comum, chegando quase a 95% dos casos de câncer da cavidade bucal. O tumor se origina na pele ou na mucosa. As neoplasias malignas do andar inferior de boca, geralmente são ulceradas ou nodulares, de crescimento progressivo e indolor nas fases iniciais, causando uma série de sintomas conseqüentes à invasão de estruturas adjacentes.

Incidência

·         Incidência maior em indivíduos do sexo masculino e de faixa etária acima dos 50 anos.

·         Mais freqüente em indivíduos que fumam e bebem diariamente.

·         25% dos pacientes que tiveram câncer de boca apresentam um segundo tumor primário na cavidade bucal.

Obs: No Brasil, o câncer de boca assume importância devido ao câncer de lábio, uma vez que se trata de um país tropical, que sustenta também em sua economia, atividades rurais, nas quais os trabalhadores ficam expostos de forma continuada à luz solar. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente os tabagistas, e os riscos aumentam mais quando o tabagista é também alcoólatra.

Fatores de riscos

Cada tipo de câncer possui seus fatores de risco específicos. Os fatores de risco aumentam a probabilidade de se desenvolver a doença, mas não garantem, que ela venha a ocorrer. No caso de câncer de boca,  os fatores de risco são considerados aqueles que  ao longo dos anos, contribuem para o surgimento de lesões bucais, que podem evoluir para uma lesão maligna. 

·         Consumo de álcool.

·         Vício de fumar cigarros.

·         Vício de fumar em cachimbos.

·         Dentes com pontas ou quebrados.

·         Má higiene bucal.

·         Hábitos de morder a boca.

·         Uso de próteses dentárias mal-ajustadas.

·         Uso de piercing durante muitos anos, principalmente em quem tem o adorno na língua, lábio ou na mucosa.

·         Trauma crônico.

·         Baixo consumo de caroteno.

·         História familiar de câncer.

 

Obs: Quando um indivíduo faz uso diário e durante muitos anos de tabaco e álcool, o risco para o desenvolvimento do câncer bucal é potencializado drasticamente.

Grupo de risco

·         Alcoólatras.

·         Pessoas que trabalham na agricultura e tem contato com agrotóxicos.

·         Profissionais que trabalham em tecelagens, no manejo de corantes.

·         Tabagistas (indivíduos que fumam diariamente).

Câncer de boca e os raios solares

A radiação solar (raios ultravioleta) é capaz a longo prazo, de produzir lesões de significativa importância biológica. Sendo assim, a exposição crônica à luz solar representa um fator de risco importante de uma das neoplasias malignas mais importantes da boca - o câncer do lábio inferior. É mais freqüente nos indivíduos de raça branca e no sexo masculino, que habitam as regiões quentes, próximas à linha do Equador. Este tipo de lesão é muito comum entre os marinheiros, pescadores e agricultores.

A exposição repetida e excessiva aos raios solares, por períodos superiores a 15 anos, provoca alterações no lábio capazes de evoluírem para o carcinoma. O risco depende da intensidade e do tempo de exposição da pele e da mucosa e também da quantidade de pigmentação dos tecidos. A primeira alteração somática resultante da exposição da luz solar é o eritema (vermelhidão) da pele. Indivíduos de pele clara que se expõem por períodos prolongados ao sol, principalmente no horário das 10 às 15 horas, devem se proteger com o uso de chapéu e filtros solares e dessa maneira, reduzir os efeitos nocivos desses raios sobre a pele, particularmente no lábio inferior.

Sinais e sintomas

Lesões bucais pré-neoplásicas: leucoplasia bucal, ceratose labial.

Lesões pré-neoplásicas (ou cancerizáveis) são alterações teciduais que podem sofrer transformações neoplásicas com maior freqüência que o tecido normal, mas que podem permanecer estáveis e até mesmo sofrer regressão, principalmente se o fator irritante for afastado.

 

Leucoplasia é  a mais freqüente lesão cancerizável, sendo definida como uma placa branca da mucosa que não pode ser removida por raspagem e que não pode ser classificada como nenhuma outra doença.

 

Manchas pérolas: uma ou duas pequenas áreas delgadas, geralmente pregueadas, sobre as membranas mucosas da língua, boca ou ambas devidas a:

·         Ceratinização da mucosa.

·         Esclerose dos tecidos subjacentes.

 

Posteriormente, a maior parte da língua e da boca pode ficar recoberta por:

·         Membrana mucosa cremosa esbranquiçada, espessa e fissurada.

·         Às vezes descama, deixando uma base carnosa vermelha.

A ação constante e prolongada de próteses mal adaptadas e de bordas cortantes de dente sobre a mucosa bucal constituem, ao longo dos anos, causas de lesões hiperplásicas. Essas ações podem induzir ao desenvolvimento do câncer de boca pela potencialização de outros agentes carcinogênicos que atuam na mucosa, particularmente em indivíduos com hábitos tabagistas e etilistas.

Lesões cancerosas:

·         Sintoma principal:  aparecimento de feridas na boca que não cicatrizam em uma semana ou mais.

·         Aparecimento  de uma massa ou de um crescimento ganglionar assimétrico na área.

·         Ulcerações superficiais  com menos de 2cm de diâmetro e indolores, que sangrem ou não.

·         Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal.

·         Dor localizada na área da lesão bucal.

·         Aparecimento de uma área pontilhada de branco, ponto ou  úlcera dolorosa cobre os lábios, gengivas ou boca e que não cicatrizam.

Sinais tardios: Câncer de boca em estágio avançado.

·         Odor fétido na boca.

·         Dor constante na boca.

·         Salivação excessiva.

·         Dificuldade de falar.

·         Dificuldade de mastigação e deglutição.

·         Presença de linfadenomegalia cervical (íngua no pescoço).

·         Emagrecimento acentuado.

 

Diagnóstico

Geralmente, o paciente quando procura o médico, no caso de câncer de boca, a lesão já está em estado adiantado. Pois o paciente, já se queixa de dor na boca, sangramentos e odor forte  na boca. Muitos também procuram o médico, quando já não podem mais escovar os dentes, por causa das dores e do sangramento. É fundamental no diagnóstico da neoplasia maligna, o exame cuidadoso das mucosas da cavidade oral e das vias aerodigestivas superiores, permitindo  a determinação de lesões sincrônicas e metacrônicas.

·         Anamnese.

·         Exame odontológico.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Radiografia da cabeça e do pescoço.

·         Radiografia panorâmica da arcada dentária: tumores situados próximos à mandíbula.

·         Tomografia Computadorizada: tumores situados próximos à mandíbula.

·         Biópsia do tecido suspeito.

·         Exame citológico da saliva.

·         RX do tórax.

 

Os tumores não diagnosticados nas fases pré-invasivas evoluem comprometendo estruturas adjacentes e podem metastizar para linfonodos regionais ou órgãos à distância. Apesar da facilidade com que o diagnóstico de muitos tumores de câncer de boca, poderia ser feito, a maioria deles é diagnosticado quando o tumor apresenta dimensões superiores a 2cm.  As maiores causas para o atraso no diagnóstico são a evolução inicial com poucos e inespecíficos sintomas, ignorância dos pacientes sobre a doença e dificuldades de acesso ao sistema de saúde tanto público como através de convênios.

 

Quanto menor for o tumor, e mais precocemente diagnosticado, maiores serão as chances de cura  para o paciente e sobrevida a longo prazo.

Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer,  realizam-se exames para estabelecer o estadiamento, que consiste em saber o estágio de evolução, ou seja, se a doença está restrita ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento diferencia a forma terapêutica e o prognóstico.

Exames complementares para estabelecer o estadiamento e detectar metástases à distância:

·         Ressonância magnética cabeça e pescoço.

·         Tomografia computadorizada do tórax e abdômen (só para suspeita clínica de metástase).

·         RX do esqueleto.

·         Endoscopia alta (caso seja possível).

·         Cintilografia óssea (só para suspeita clínica de metástase).

·         Ultra-sonografia.

É importante lembrar que os exames complementares devem ser solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu grau de invasão e os órgãos para os quais ele origina metástases, quando se procura avaliar a extensão da doença. Isso evita o excesso de exames desnecessários.

Metástases

Freqüentemente, as células tumorais penetram na corrente sanguínea e linfática; por esse caminho são levadas a outros setores do organismo. E aí se instalam e proliferam. Formam-se então ninhos de células, que originam outras manifestações tumorais, as metástases, que  são  os tumores secundários. Essas manifestações secundárias, decorrentes de migração de células cancerosas, podem instalar-se em qualquer outro ponto do organismo. A análise do tipo de células que formam um tumor pode identificar se ele é primitivo ou se as células provêm de outro tumor. 

Locais mais comuns de metástase:

·         Esôfago.

·         Laringe.

·         Nariz.

·         Ossos.

·         Pulmão.

Estadiamento do tumor

Lábio: CID-O

Cavidade bucal: C02-C06

A prática de se dividir os casos de câncer em grupos, de acordo com os chamados estádios, surgiu do fato de que as taxas de sobrevida eram maiores para os casos nos quais a doença era localizada, do que para aqueles nos quais a doença tinha se estendido além do órgão de origem.  O estádio da doença, na ocasião do diagnóstico, pode ser um reflexo não somente da taxa de crescimento e extensão da neoplasia, mas também, do tipo de tumor e da relação tumor-hospedeiro.

 A classificação do tumor maligno tem como objetivos:

·         Ajudar o médico no planejamento do tratamento.

·         Dar alguma indicação do prognóstico.

·         Ajudar na avaliação dos resultados de tratamento.

·         Facilitar a troca de informação entre os centros de tratamento.

·         Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano.

O sistema de classificação TNM - Classificação of Malignant Tumours, desenvolvido pela American  Joint Committee on Cancer, é um método aceito e utilizado para classificação dos tumores.

·         (tumor),  a extensão do tumor primário.

·         N (linfonodo), a ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais.

·         M (metástase), a ausência ou presença de metástase à distância.

A adição de números a estes três componentes indica a extensão da doença maligna. Quanto maior a numeração, mais avançado está o câncer. Por exemplo:

T0, T1, T2, T3, T4 / N0, N1, N2, N3 / M0, M1

Regras para classificação:

A classificação é aplicável somente para carcinomas da mucosa (o vermelhão) dos lábios e da cavidade oral, incluindo os das glândulas salivares menores. Deve haver confirmação histológica da doença.

Os procedimentos para avaliação das Categorias T, N e M são os seguintes:

·         Categorias T: Exame físico  e diagnóstico por imagem.

·         Categorias N: Exame físico e diagnóstico por imagem.

·         Categorias M: Exame físico e diagnóstico por imagem.

Regiões e sub-regiões anatômicas:

Lábio (C00):

·         Lábio superior externo (borda do vermelhão)

·         Lábio inferior externo (borda do vermelhão)

·         Comissuras.

Cavidade bucal (C02-C06)

·         Mucosa bucal: Mucosa dos lábio superior e inferior; mucosa da bochecha (mucosa jugal); áreas retromolares; sulcos buco-alveolares superior e  inferior (vestíbulo da boca).

·         Gengiva e alvéolos superiores (rebordo alveolar superior).

·         Gengiva e alvéolos inferiores (rebordo alveolar inferior).

·         Palato duro.

·         Língua: superfície dorsal e bordas anteriores às papilas valadas; superfície inferior.

·         Assoalho da boca.

Linfonodos regionais:

Os linfonodos regionais são os cervicais.

 

CÂNCER DE LÁBIO E CAVIDADE BUCAL

ESTÁDIO  

DESCRIÇÃO

Estádio 0

Carcinoma in situ; ausência de metástases em linfonodos regionais; ausência de metástases à distância.

Estádio  I

Tumor com 2cm ou menos em sua maior dimensão; ausência de metástases em linfonodos regionais; ausência de metástases à distância.

Estádio  II

Tumor com mais de 2cm e até 4cm em sua maior dimensão; ausência de metástases em linfonodos regionais; ausência de metástases à distância.

Estádio  III

Tumor com mais de 4cm em sua maior dimensão; presença de metástase em um único linfonodo homolateral, com 3cm ou menos em sua maior dimensão; ausência de metástase à distância.

Estádio IVA

Tumor de qualquer tamanho ou tumor que invade as estruturas adjacentes; presença de metástase em um único linfonodo homolateral, com mais de 3 cm e até 6 cm em sua maior dimensão, ou em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão, ou em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão; ausência de metástase à distância.

Estádio IVB

Tumor de qualquer tamanho ou tumor que invade as estruturas adjacentes; presença de metástase em linfonodos com mais de 6 cm em sua maior dimensão; ausência de metástase à distância.

Estádio  IVC

Tumor de qualquer tamanho ou tumor que invade as estruturas adjacentes; apresenta metástases em  linfonodos regionais;  presença de metástase à distância.

 

 Tratamento

Médico especialista: Estomatologista, Otorrinolaringologista especializado em Oncologia e Cirurgião de cabeça e pescoço. Dependendo da evolução da doença e do acometimento de outros órgãos e áreas adjacentes, outros especialistas podem ser indicados para o tratamento.

Equipe multidisciplinar para avaliação do planejamento do tratamento,  modalidade terapêuticas utilizadas e fase de reabilitação:

·         Cirurgião buco-maxilar.

·         Cirurgião plástico reconstrutivo de cabeça e pescoço.

·         Radioterapeuta.

·         Fonoaudiólogo.

·         Fisioterapeuta respiratório.

·         Odontologista.

·         Protético.

·         Nutricionista.

A escolha do tratamento depende do tamanho da lesão e do comprometimento dos tecidos circundantes. Em muitos casos,  quando o paciente procura tratamento a lesão está em fase adiantada, fazendo com que o paciente necessite de cirurgia  mais radical.

·         Tratamento cirúrgico.

·         Tratamento radioterápico.

·         Tratamento quimioterápico.

·         Tratamento paliativo.

No caso de lesões iniciais, ou seja, restrita ao local de origem, sem extensão a tecidos ou estruturas vizinhas e muito menos a linfonodos regionais (gânglios), e dependendo da sua localização, pode-se optar ou pela cirurgia ou pela radioterapia, visto que ambas apresentam resultados semelhantes, expressos por um bom prognóstico (cura em 80% dos casos).

·         Estádio I: Para carcinomas espinocelulares do estádio clínico I, as taxas de sobrevida em 5 anos obtidas com tratamento cirúrgico ou com radioterapia são semelhantes.

·         Estádio II: Tratamento  cirúrgico.

·         Estádio III e IV: Tumores mais avançados e ressecáveis, o tratamento é cirúrgico associado à radioterapia e à quimioterapia.

Tratamento cirúrgico: As cirurgias incluem ressecções do tumor primário com margens tridimensionais satisfatórias, associadas a tratamento do pescoço (de indicação terapêutica ou eletiva). Para os casos com linfonodos cervicais metastáticos sempre se associa o esvaziamento cervical radical (clássico ou modificado). Em casos de tumores com alto risco de metastatização (risco de falso-negativos superior a 20%) mas sem metástases clinicamente detectáveis indica-se tratamento eletivo do pescoço. Nesses casos utilizam-se os esvaziamentos cervicais seletivos do tipo supra-omo-hióideo.

O câncer do palato duro tem como tratamento a cirurgia. É um tipo de câncer que apresenta uma baixa incidência de metástases regionais, então o esvaziamento cervical sérá necessário na presença de doença metastática linfonodal.

Pacientes de câncer de boca com metástases pulmonares, sem evidência de neoplasia em outros locais, devem ser submetidos à toracotomia, independentemente do número de metástases e do intervalo livre de doença. Além disso, no caso de nódulo pulmonar isolado, existe a possibilidade de tratar-se de uma segunda neoplasia primitiva, originada em pulmão.

 

Tratamento cirúrgico do tumor primário de câncer da cavidade bucal

Local do Tumor

Estádio I

Estádio II

Estádio III

Estádio IV

Gengiva inferior

alveolectomia

pelvemandibulectomia marginal

pelvemandibulectomia marginal ou seccional

pelvemandibulectomia marginal ou seccional

Região jugal

ressecção ampla

ressecção ampla

ressecção ampla

ressecção ampla

Soalho bucal

pelvectomia

pelveglossectomia ou pelvemandibulectomia marginal

pelveglossectomia ou pelveglossomandibulectomia marginal ou seccional

pelveglossectomia ou pelveglossomandibulectomia marginal ou seccional

Língua (oral)

glossectomia parcial

glossectomia parcial ou hemiglossectomia

pelveglossectomia ou pelveglossomandibulectomia marginal ou glossectomia subtotal ou glossectomia quase total

pelveglossectomia ou pelveglossomandibulectomia marginal ou seccional ou glossectomia subtotal ou glossectomia quase total ou total

Área retromolar

ressecção ampla

operação retromolar modificada

operação retromolar clássica ou ampliada

operação retromolar clássica ou ampliada

 

Pacientes sem condições clínicas para tratamento cirúrgico, portadores de tumores irressecáveis (metastáses cervicais fixas) ou que não aceitam tratamento cirúrgico,  podem ser tratados por radioterapia.

Obs:  Paciente de câncer de boca que deixam os tumores chegarem ao estádio III e IV, devem ter tido alguns problemas ou dificuldades quanto ao diagnóstico e tratamento. Porque esses tumores são bem visíveis e dolorosos e,  também, interferem na aparência do paciente e na sua qualidade de vida.

Cirurgia plástica reparadora: A cirurgia plástica reparadora tem sido uma alternativa para a correção da deformidades faciais, no entanto devido à amplitude e especificidade anatômica das áreas a serem reparadas, muitas vezes estes retalhos ou enxertos utilizados passam a desempenhar uma função somente de "preenchimento" ou recobrimento das referidas áreas, sem obtenção da necessária reparação estética da região.

 

Outra alternativa empregada pelos cirurgiões para a  reabilitação facial é a confecção de próteses externas, que visam preencher e remodelar o aspecto facial ressecado ou deformado.  Através  das próteses faciais o paciente que teve seqüelas faciais causadas pelos tumores, tem uma reabilitação tanto funcional como estética muito superior, melhorando a auto-estima e conseqüentemente, a qualidade de vida desses pacientes.

 

Tratamento quimioterápico: A quimioterapia é um tratamento sistêmico sendo as drogas transportadas na corrente sanguínea e estando aptas a atuar em qualquer sítio tumoral estando a célula cancerosa próxima ou à distância do tumor original. Tratamento utilizado em casos avançados ou como terapêutica paliativa.

 

Tratamento radioterápico: Controle loco-regional da doença. Esse método terapêutico é utilizado nas lesões mais extensas após cirurgia.

A radioterapia pós-operatória é indicada para os casos com margens cirúrgicas exíguas ou comprometidas, linfonodos histologicamente positivos, embolização vascular neoplásica, infiltração perineural e em todos os casos de tumores dos estadios clínicos III e IV.

Braquiterapia: Esta modalidade de tratamento é melhor indicada para pacientes portadores de lesões bem delimitadas e acessíveis, ou doença residual mínima após ressecção. A braquiterapia em altas taxas de dose (“high dose”) é um método de tratamento que apresenta as vantagens de rapidez na aplicação e da não necessidade de internação hospitalar. Considerando-se que a dose necessária para o controle da maioria dos carcinomas espinocelulares de cabeça e pescoço aproxima-se da dose tolerada pelos tecidos normais, fontes radioativas podem ser inseridas para prover irradiação em doses elevadas no tumor primário e nas margens, com menor dose nos tecidos adjacentes (braquiterapia).

Obs: Restaurações e exodontias devem ser feitas antes da radioterapia. Durante o tratamento radioterápico é fundamental que o paciente mantenha rigoroso cuidado dentário, incluindo a aplicação de flúor. Por isso a necessidade de um odontologista para assistir o paciente, antes, durante e após o tratamento radioterápico.

Complicações, a longo prazo, da radioterapia:

·         Xerostomia.

·         Cáries de irradiação.

·         Osteoradionecrose.

 

Tratamento paliativo:  Nesse tipo de tratamento, o câncer está em estágio terminal e com metástases (estádio IV), ou em situações específicas em que o tumor é inoperável, o paciente está em estado crônico e sem possibilidades de terapêuticas curativas. O tratamento paliativo resume-se a medidas paliativas, para atenuar os sintomas e oferecer uma melhor condição de sobrevivência com uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana.

Prognóstico:  Quando existe linfonodomegalia metástatica (aumento dos gânglios), indica-se o esvaziamento cervical do lado afetado, sendo o prognóstico do caso bastante reservado. Nos casos avançados de câncer de boca, o tratamento quimioterápico é o mais indicado, com o objetivo de reduzir o tumor, para que possa ser tentada uma cirurgia ou radioterapia. O prognóstico nestes casos é reservado.

O termo "cura" para o câncer de boca é difícil de definir, porque mais tarde ainda podem ocorrer recaídas, após longos períodos estacionários da doença.

Controle do paciente: É importante que após o tratamento o paciente seja acompanhado pelo médico. As avaliações regulares permitem a identificação precoce de alterações. As recomendações quanto à freqüência das consultas e exames de seguimento dependem da extensão da doença, do tratamento realizado e das condições do paciente.

Recorrência do câncer na cavidade bucal

O risco de tumores primários múltiplos em vias aerodigestivas superiores em pacientes tratados por um primeiro tumor é dez vezes maior que o apresentado pela população geral sem câncer. Neoplasias primárias múltiplas são  aquelas que corresponderam aos seguintes critérios: cada tumor deve apresentar características de malignidade definidas; cada tumor deve ser distinto; a possibilidade de que um  tumor seja metástase do outro deve ser excluída.

De acordo com a época do diagnóstico da segunda neoplasia, os tumores são classificadas como sincrônicos (diagnosticados com intervalo de até 6 meses) ou metacrônicos (diagnosticados com intervalo superior a 6 meses). O uso rotineiro de endoscopia tríplice (laringoscopia direta, esofagoscopia e broncoscopia) deve ser realizada particularmente nos pacientes com tumores iniciais (estadio clínico I e II).

Tratamento de resgate: Cada caso de recorrência da neoplasia, deve ter sua terapêutica planejada individualmente, levando-se em consideração critérios de operabilidade e ressecabilidade, isto é, se o procedimento cirúrgico é viável e quanto do tumor pode ser retirado. Ainda que potencialmente ressecáveis, as recorrências não são operadas nos casos em que simultaneamente forem diagnosticadas metástases a distância. Quando a decisão inclui tratamento cirúrgico, o procedimento deve ser radical, com amplas margens de segurança. Deve-se considerar a possibilidade de associação da braquiterapia em casos previamente submetidos a radioterapia. A quimioterapia sistêmica somente deve ser considerada uma opção, para os casos não tratáveis por cirurgia ou radioterapia com intenção curativa.

Prevenção do câncer de boca

Para todo e qualquer tipo de câncer, o fator mais importante para o sucesso do tratamento é o diagnóstico precoce. Porém, mais importante ainda que um diagnóstico precoce é a prevenção.

Para que se possa prevenir ou identificar precocemente o câncer de boca, deve-se utilizar das seguintes medidas preventivas:

·         Promover a higiene bucal.

·         Consulta odontológica de controle a cada ano.

·         Comparecer ao odontologista (dentista) regularmente, para avaliação  e tratamento dentário, caso haja necessidade.

·         Comparecer imediatamente a um otorrinolaringologista,  caso note qualquer lesão nos lábios, boca ou região peribucal (região ao redor da boca).

·         Manutenção de uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas.

·         Tentar evitar se possível, a ingestão de líquidos extremamente quentes. No caso de câncer de boca e lábio, essa prevenção é importante.

·         Evitar fumar cigarros e cachimbos. No caso de câncer de boca e lábio, essa prevenção é importante.

·         Moderação em relação ao consumo de bebidas alcoólicas.

·         Realizar auto-exame da boca regularmente.

Auto-exame da boca:

O objetivo do auto-exame é identificar lesões  precursoras do câncer de boca.  O auto-exame para detecção de lesão bucal, deve ser feito  em um local bem iluminado e diante do espelho. Devem ser observados sinais  na região peribucal e dentro da boca, tais como:  

·         mudança na cor da pele  e mucosas;

·         endurecimentos;

·         caroços;

·         feridas;

·         inchações;

·         áreas dormentes;

·         dentes quebrados ou amolecidos;

·         úlcera rasa, indolor e avermelhada;

·         feridas.

Caso suspeite de alguma lesão, procure imediatamente um médico.

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Dúvida de termos técnicos e expressões consulte o Glossário geral.