CÂNCER DE PRÓSTATA


 

O que é Câncer 

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

Introdução

Câncer de próstata  é uma doença maligna que afeta as células da glândula prostática. Origina-se do parênquima da próstata, geralmente na parte mais posterior; portanto, a maioria dos cânceres prostáticos é palpável ao exame retal.  Alguns tumores são mais agressivos e avançam rapidamente. Mas a maioria se desenvolve lenta e silenciosamente por muitos anos. A média, é de cerca de quinze anos para atingir 1 cm3.  Ocorre mais nos homens acima de 50 anos de idade. Este tipo de câncer costuma ser crônico e de evolução lenta, muitas vezes  o portador desta doença acaba falecendo por outras causas.

O câncer de próstata apresenta duas situações distintas clinicamente: a) Câncer de próstata localizado: atinge apenas a próstata, sem disseminar para outros órgãos. B) Câncer de próstata avançado:  A doença atinge por extensão direta os órgãos contíguos como bexiga, as vesículas seminais e parede pélvica ou mesmo os linfonodos  regionais pélvicos. Outras vezes adquire a capacidade de gerar metástases, disseminando-se para órgãos à distância, acometendo principalmente os ossos.

Fisiopatologia do câncer de próstata

A próstata compõe-se de numerosas  formações glandulares (pequenas glândulas) sustentadas por um arcabouço de tecido fibroso e muscular (estroma).  Por isso, pode ser afetada por dois tipos diferentes de câncer:

·         Adenocarcinoma:  tumor que reproduz a estrutura glandular.

·         Sarcoma:  tumoração formada a partir de células do tecido muscular e conjuntivo.

A princípio, o tumor, seja adenocarcinoma ou sarcoma, cresce lentamente. Contudo, quando não é logo diagnosticado, pode invadir toda a glândula e atingir estruturas vizinhas, depois de romper a cápsula fibrosa que envolve a próstata. Geralmente, propaga-se para as vesículas seminais, duas outras glândulas do aparelho genital masculino, situadas logo atrás da próstata.  Outras estruturas normalmente atingidas são a base da bexiga, em contato com a próstata, e a uretra, canal que liga a bexiga com o exterior do corpo.  O envolvimento da uretra pode determinar seu estreitamento ou oclusão  completa.  No primeiro caso, o paciente apresenta diminuição progressiva do jato urinário e, no segundo, retenção completa da urina.

Incidência

·         O câncer de próstata  é a neoplasia mais freqüente nos homens, após o câncer de pele e a segunda causa de morte, após o câncer de pulmão.

·         O câncer de próstata pode acometer 1 em cada 6 homens.

·         95% dos câncer de próstata ocorrem na região periférica da glândula.

·         Quanto maior a idade do homem, maior a taxa de mortalidade da doença.

·         A doença é rara antes dos 40 anos.

 

Fatores de risco

Cada tipo de câncer possui seus fatores de risco específicos. Os fatores de risco aumentam a probabilidade de se desenvolver a doença, mas não garante que ela venha a ocorrer.

 

·         Idade: quanto mais velho, maior o risco. A grande maioria dos casos acontece após os 50 anos. Mais de 70% dos tumores são diagnosticados em indivíduos acima de 65 anos.  Ainda não está claro porque a idade aumenta o risco.

·         Hereditariedade: pai ou irmão com câncer de próstata.

·         Hormônio masculino:  altos níveis de testosterona parecem contribuir para aumentar o risco em alguns homens.

 

No Brasil, tanto a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) quanto o Inca consideram  em risco os seguintes  homens:

·         Os que têm acima de 50 anos.

·         Os que têm acima de 40 anos e com história familiar de câncer de próstata; por exemplo, pai ou irmão que tiveram diagnosticada a doença.

Diferença entre hipertrofia benigna e câncer de próstata

Mais da metade dos homens com idade superior a 50 anos apresenta crescimento (hipertrofia) da próstata. O distúrbio, geralmente sem nenhuma gravidade, resulta de desenvolvimento anormal das glândulas próximas à uretra.  A próstata fica deformada e pode assumir grandes proporções. Antigamente, acreditava-se que a hipertrofia benigna da próstata tinha relação com o câncer do órgão.  hoje sabe-se que, embora as duas afecções ataquem homens da mesma faixa etária é extremamente rara a degeneração da doença benigna em câncer.  A diferenciação entre as duas moléstias é feita a partir do exame local da próstata (por toque retal) e do exame microscópico de um fragmento do órgão, retirado com agulha especial (biópsia):

·         Hipertrofia benigna: Ao toque retal, a próstata hipertrofiada apresenta contornos mais ou menos regulares e consistência elástica. Na biópsia, o exame revela um simples aumento de tamanho e número das glândulas.

·         Câncer de próstata:  Ao toque retal, a próstata tem contornos irregulares, consistência pétrea (dura) e parece aderente às estruturas vizinhas. Na biópsia revela crescimento celular descontrolado.

Obs:  A cirurgia da hiperplasia benigna da próstata não previne o câncer da próstata. Isso porque tanto a operação aberta quanto a endoscópica retiram apenas a região de transição da glândula prostática, mantendo intacta a porção periférica, que é onde nasce a maioria dos tumores malignos.  Pesquisas alertam:  cerca de 8% dos homens operados por hiperplasia benigna prostática desenvolvem posteriormente câncer da próstata.

Sinais e sintomas

O principal motivo que leva o paciente ao urologista, são os  problemas urinários que o câncer de próstata causam  no homem.  O câncer precoce localizado da próstata, não produz sintomas nos estádios iniciais; os sintomas obstrutivos ocorrem na fase tardia da doença.

 

Fase inicial:

·         Dor pélvica.

·         Dor na coluna vertebral.

·         Aumento da frequência urinária.

·         Dificuldade para urinar.

·         Presença de sangue na urina.

·         Dor ao ejacular.

·         Dor difusa pelo corpo.

·         Perda de apetite.

 

Sintomas por obstrução do fluxo urinário:

·         Sensação de não ter esvaziado totalmente a bexiga logo após urinar.

·         Idas freqüentes ao banheiro para urinar, com intervalo entre uma ida e outra menor do que 2 horas.

·         Vontade incontrolável de urinar, podendo ocorrer até perda de urina.

·         Necessidade de fazer força com o abdômen para urinar.

·         Hematúria: presença de sangue na urina.

·         Jato urinário fraco e com interrupções.

·         Nictúria: necessidade freqüente de urinar à noite.

·         Dor ou queimação ao urinar.

·         Dificuldade progressiva para urinar.

·         Retenção urinária (casos avançados).

 

Sintomas devidos às metástases:

·         Dor na área lombossacra, se irradiando para a pelve e para as pernas (metástase óssea). As dores ósseas são de forte intensidade e de difícil controle com analgésicos comuns.

·         Fraturas patológicas:  fraturas ósseas desencadeadas por traumas pouco intensos em virtude da fragilidade e desmineralização provocada pelas metástases ósseas.

·         Desconforto perineal e retal: decorrente do tamanho do tumor e da invasão  da parede pélvica.

·         Anemia: decorrente  da invasão da medula óssea, pelas células cancerosas.

·         Perda de peso acentuada.

·         Perda de força muscular e paraplegia: em fase muito avançada da doença as metástases ósseas da coluna, podem causar compressão da medula espinal e culminar com a perda de força muscular e finalmente paraplegia.

·         Astenia.

·         Náuseas.

·         Oligúria: causada pela uremia.

·         Sangramento urinário.

·         Insuficiência renal obstrutiva: obstrução progressiva da drenagem da urina dos ureteres para a bexiga, causando acúmulos de substância tóxicas ao organismo não eliminadas.

·         Queda progressiva do estado geral.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exame de toque retal: o exame clínico  da próstata, através do toque retal, é de grande valor diagnóstico, pois além de detectar as alterações anatômicas do órgão, oferece ao médico, bases para o diagnóstico diferencial entre a hiperplasia prostática benigna e o carcinoma prostático. O exame de toque retal não causa dor. O médico deve sempre explicar ao paciente o procedimento e a sua necessidade.

·         Dosagem do PSA: teste feito no sangue, que mede os níveis de antígeno prostático específico. Níveis acima de 4 ng/ml podem ser sinais de alterações graves na próstata.

·         Exames laboratoriais.

·         Ultra-sonografia abdominal e pélvica.

·         Citoscopia:  ajuda a avaliar o grau de extensão da doença.

·         Biópsia prostática: procedimento realizado em ambulatório com anestesia local, por via trans-retal e na maioria das vezes, o procedimento é guiado por ultra-som. É um procedimento simples, de fácil execução e pouco doloroso na maioria dos casos.

·         Biópsia aspirativa com agulha fina:  por meio de uma agulha fina, o exame permite através de sucção aspirar fragmentos do tecido suspeito. Esse exame é guiado por ultra-som transretal.

 

Dosagem do PSA: é um teste sanguíneo que auxilia a detecção do câncer de próstata.  No paciente com PSA maior que 10 ng/ml , a biópsia é positiva para câncer em 66%. Já na faixa considerada suspeita, ou seja, entre 4,1 e 10 ng/ml, é positiva em 22%.  Os pacientes, cujo PSA for maior que 4,1 e menor que 10 ng/ml, com volume prostático não compatível com o PSA e com próstata normal ao toque retal, são considerados  suspeitos de malignidade.  Estes pacientes  devem ser avaliados com a dosagem de PSA livre. Quando a relação PSA livre/PSA total for maior que 20, o paciente deve ser portador de doença benigna. Entretanto, quando esta relação for menor que 10, o paciente deve ser portador de câncer, até prova do contrário.  Estes casos devem ser submetidos à biopsia randomizada, também chamada de sêxtupla.

 

Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer, através da biópsia,  realiza-se exames para estabelecer o estadiamento, que consiste em saber o estágio de evolução, ou seja, se a doença está restrita  ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento diferencia a forma terapêutica e o prognóstico.

 

Os exames diagnósticos necessários para estabelecer se houve metástase e o estadiamento clínico (estágio da doença)  são os seguintes:

·         Tomografia computadorizada.

·         Provas de função hepática (metástase do fígado).

·         Cintilografia óssea  (metástase nos ossos).

·         Radiografia do tórax em PA e perfil  (metástases pleurais e pulmonares).

·         Radiografia do esqueleto (metástase ósseas)

·         Ultra-sonografia abdominal: indicada para avaliação anatômica.

·         Ultra-sonografia trans-retal da próstata.

·         Exames laboratoriais e bioquímicos específicos.

a.       Fosfatase ácida sérica: com freqüência aumenta quando o câncer se estende além da cápsula prostática; este teste revela a extensão do tumor.

b.      Fosfatase alcalina sérica:  eleva-se quando existem  metástases ósseas.

c.       Testes para anemia: existe anemia acentuada quando a medula óssea é substituída por células tumorais.

Metástase

Além do crescimento local, o câncer da próstata produz metástases (proliferações a distância). São necessários uma série de eventos bioquímicos e genéticos, para um tumor inicialmente localizado ganhar capacidade de atingir outros órgãos. Desde alterações no cromossomo 8 na fase inicial, até processos de imortalização celular devido à superexpressão do gene bc12 e alterações dos genes p 53 e Rb nas fases mais avançadas.  A célula do adenocarcinoma de próstata pode ter seu  crescimento e desenvolvimento estimulado por várias substâncias, desde fatores de crescimento celular até a testosterona, o principal hormônio masculino que é essencial na maioria dos casos.

 Dessas, as mais freqüentes são as ósseas, que atingem principalmente os ossos da bacia e da coluna vertebral e as costelas.  Como o câncer prostático inicial pode não ter sintoma algum, as metástases podem representar o primeiro sinal de sua presença. Dores nas costas, lumbago ou ciática,  quando ocorrem em homens idosos, constituem, muitas vezes, os primeiros sintomas da afecção: decorrem de metástases ósseas ou de infiltrações cancerosas em vasos linfáticos que rodeiam os nervos.  Por isso, em homens de idade, a ocorrência de sintomas desse tipo leva à suspeita de tumor na próstata. Estudos indicam que o câncer de próstata, não tratado,  leva entre 2 a 8 anos para se disseminar (metastizar) pelo organismo.

Locais mais comuns de metástase:

·         Vesículas seminais.

·         Bexiga e gânglios linfáticos regionais.

·         Ossos pélvicos.

·         Coluna vertebral.

·         Costelas.

·         Osso da coxa (fêmur) e do braço (úmero).

·         Fígado (metástase tardia, fase terminal).

·         Pulmões (metástase tardia, fase terminal).

 

O câncer de próstata praticamente nunca apresenta metástases para órgãos parenquimatosos (vísceras) como pulmões, fígado ou cérebro antes de atingir maciçamente os ossos. Quando se dissemina para esses órgãos a doença está fora de controle, em fase terminal. A terapêutica adotada, nesses casos, é apenas paliativa.

Estadiamento do tumor

Próstata

CID-O  C61

A prática de se dividir os casos de câncer em grupos, de acordo com os chamados estádios, surgiu do fato de que as taxas de sobrevida eram maiores para os casos nos quais a doença era localizada, do que para aqueles nos quais a doença tinha se estendido além do órgão de origem.  O estádio da doença, na ocasião do diagnóstico, pode ser um reflexo não somente da taxa de crescimento e extensão da neoplasia, mas também, do tipo de tumor e da relação tumor-hospedeiro.

 A classificação do tumor maligno tem como objetivos:

·         Ajudar o médico no planejamento do tratamento.

·         Dar alguma indicação do prognóstico.

·         Ajudar na avaliação dos resultados de tratamento.

·         Facilitar a troca de informação entre os centros de tratamento.

·         Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano.

O sistema de classificação TNM - Classificação of Malignant Tumours, desenvolvido pela American  Joint Committee on Cancer, é um método aceito e utilizado para classificação dos tumores.

·         (tumor),  a extensão do tumor primário.

·         N (linfonodo), a ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais.

·         M (metástase), a ausência ou presença de metástase à distância.

A adição de números a estes três componentes indica a extensão da doença maligna. Por exemplo:

T0, T1, T2, T3, T4 / N0, N1, N2, N3 / M0, M1

Regras para classificação:

A classificação é aplicável somente para adenocarcinomas. O carcinoma de células transicionais da próstata é classificado como um tumor uretral.

Os procedimentos para avaliação das Categorias T, N e M são os seguintes:

·         Categorias T:  Exame físico, diagn'sotico por imagem, endoscopia, biópsia e exames bioquímicos.

·         Categorias N:  Exame físico e diagnóstico por imagem.

·         Categorias M:  Exame físico, diagnóstico por imagem, investigação do esqueleto e exames  bioquímicos.

Linfonodos regionais:

Os linfonodos regionais são os da pélvis verdadeira, que são, essencialmente, os linfonodos pélvicos localizados abaixo da bifurcação das artérias ilíacas comuns

 

CÂNCER DA PRÓSTATA

ESTÁDIOS  

DESCRIÇÃO

Estádio  I

Tumor não palpado ou visível; achado material neoplásico em 5% ou menos de tecido ressecado; ausência de metástases em linfonodos regionais; ausência de metástases à distância.

Estádio  II

Tumor limitado à próstata; ausência de metástases em linfonodos regionais; ausência de metástase à distância.

Estádio III

Tumor que se estende através da cápsula prostática, podendo invadir ou não as vesículas seminais; ausência de  metástase em linfonodos regionais;  ausência de metástase à distância.

Estádio  IV

Tumor está fixo ou invade outras estruturas adjacentes, que não as vesículas seminais: colo vesical, esfíncter externo, reto, músculos elevadores e/ou parede pélvica; apresenta ou não metástase em linfonodos regionais; mas apresenta metástase à distância.

 

Tratamento

Médico especialista: Urologista e Cirurgião Urológico oncológico. Dependendo da evolução da doença e do acometimento de outros órgãos, outros especialistas podem ser indicados para o tratamento.

Objetivo: Reverter a evolução da doença, evitar as metástases e proporcionar a maior probabilidade de cura.

Um tratamento agressivo a partir do diagnóstico positivo para o câncer de próstata é necessário e oferece mais benefícios do que prejuízos à saúde do paciente. O câncer de próstata raramente é curável quando infiltra a gordura periprostática, as vesículas seminais, linfonodos pélvicos ou quando estiver disseminado.

Existem várias alternativas terapêuticas para o tratamento do câncer de próstata. Não é possível utilizar as mesmas alternativas para todos os casos. Fatores como o estado geral, nível de ansiedade  do paciente, características do tumor primário, recursos hospitalares e equipe multidisciplinar que vai tratar do paciente, têm peso considerável na decisão. Por causa de toda essas variáveis, a melhor opção terapêutica só pode ser definida em conjunto entre o paciente, seus familiares e o médico responsável.

·         Tratamento cirúrgico.

·         Tratamento hormonioterápico

·         Tratamento radioterápico.

·         Tratamento crioterápico.

·         Tratamento paliativo.

·         Tratamento psicológico.

Tratamento cirúrgico: A possibilidade de cura completa para o tumor canceroso da próstata depende, como todo o tratamento de câncer, do estágio da doença no momento em que foi diagnosticada. Se o câncer foi detectado em suas fases iniciais, quando o tumor ainda não se disseminou há grandes possibilidades de cura: uma intervenção cirúrgica permite a completa erradicação da moléstia.  O paciente é submetido à retirada total da próstata, vesículas seminais, extremidades dos ductos deferentes (canais que conduzem  os espermatozóides até o interior da próstata) e estruturas vizinhas.  Na maioria dos casos, o câncer é diagnosticado quando o tumor já se disseminou para outras partes do organismo (metástases). Nessas condições, a cirurgia é ineficaz.

·         Prostatectomia radical. procedimento que consiste na retirada cirúrgica da próstata e de sua cápsula, das vesículas seminais e da porção do colo da bexiga; pode incluir a linfadenectomia regional, se feita pelo acesso retropúbico.

·         Orquiectomia bilateral: procedimento cirúrgico que consiste na retirada dos testículos (principal órgão produtor de testosterona); com isso elimina-se o hormônio androgênio, do qual depende o crescimento da neoplasia prostática.

Complicações pós-operatórias:

·         Hemorragia.

·         Choque.

·         Infecção urinária.

·         Epididimite.

·         Complicações pulmonares.

 

Cuidados logo após a alta hospitalar:

·         Após a retirada da sonda de demora, poderá haver uma certa queimação ao urinar e/ou desejo freqüente de urinar. Esses sintomas desaparecerão em poucas semanas.

·         Incontinência urinária  pode  acompanhar qualquer tipo de cirurgia prostática. O gotejamento urinário ocorre durante certo tempo.

·         Evitar longas viagens de automóvel, pois aumentam a tendência ao sangramento.

·         Evitar subir escadas.

·         Evitar o álcool, pois aumenta a queimação urinária e pode interferir na medicação.

·         Beber líquidos suficientes (oito copos diários), pois a desidratação aumenta a tendência à obstrução por coágulos.

·         Não tomar anticolinérgicos nem diuréticos, a menos que prescritos pelo médico.

·         Evitar esforços e exercícios extenuantes.

·         Não pegar peso.

·         Avisar o médico se ocorrer diminuição no tamanho do jato urinário e se houver sangue na urina.

·         O médico informará sobre quando pode voltar a ter relações sexuais e sobre o assunto:  impotência sexual.

Tratamento hormonioterápico: É o único tratamento que age no corpo inteiro, tratando o câncer da próstata avançado quando há metástases linfonodais ou ósseas. Reduz a extensão da doença, alivia os sintomas urinários e as dores ósseas, com uma melhora clínica acentuada do paciente. Por isso é indicado principalmente para tumor em estágio avançado. Mas pode ser usado também em idosos e nos pacientes que não podem ou não querem ser operados nem receber a radioterapia. 

A hormonioterapia funciona da seguinte maneira:  as células malignas da próstata precisam de testosterona para crescer. Ela funciona como o "combustível" das células. Tirar-lhes o combustível, portanto, pode reduzir ou interromper o desenvolvimento do tumor. É o que faz a hormonioterapia, tirando da circulação o hormônio masculino.  Existem duas formas de hormonioterapia:  cirúrgica e química.

·         Remoção cirúrgica dos testículos. Diminui em 90% a 95% a testosterona circulante. As grandes desvantagens: trauma psíquico da castração e alteração da imagem corporal.  Menos traumatizante, mais rápido, simples e econômico, além de definitivo é a remoção cirúrgica da porção produtora do hormônio nos testículos, denominada de orquiectomia subcapsular bilateral, realizada até mesmo em caráter ambulatorial e com anestesia local.

·         Uso de medicamentos (castração química). É um tratamento contínuo onde o paciente tem que tomar comprimidos todos os dias ou mesmo injeções periódicas (mensais, bimestrais ou trimestrais).

 

·         Comprimidos diários de estrógeno. São hormônios femininos. Desempenham ação tanto no sistema endocrinológico, bloqueando a ação dos hormônios masculinos, mas também são tóxicos diretamente às células prostáticas. Embora de baixo preço, devem ser utilizados em baixas doses e com cautela e acompanhados de anti-agregantes plaquetários ou aspirinas, a fim de evitar complicações cardiovasculares, como derrame, trombose venosas profundas, embolias e infarto do miocárdio.

 

·         Injeções mensais ou trimestrais do próprio hormônio liberador de gonadotrofina. São drogas com liberação lenta. Essas drogas agem como o estrógeno, fazendo com que os testículos não produzam testosterona.

 

·         Comprimidos diários de drogas que impedem a atuação da testosterona, inclusive da produzida pelas glândulas supra-renais.

 

Após algum tempo (por volta de 2 anos) de hormonioterapia, o tumor passa a se tornar mais indiferenciado e agressivo e se desenvolve mesmo na ausência dos hormônios masculinos, configurado-se como um câncer de próstata hormônio-independente. A partir daí, não é mais possível aumentar a sobrevida e o objetivo terapêutico é a qualidade de vida, principalmente com alívio da dor.

 

Efeitos colaterais da hormonioterapia:

·         Ganho de peso devido ao acúmulo de gordura.

·         Diminuição da massa muscular.

·         Fragilidade óssea.

·         Impotência sexual associada à perda da libido.

Tratamento radioterápico: Tratamento utilizado para tumores localmente avançados. Utiliza radiações ionizantes para destruir as células cancerosas. Nos tumores em estágio inicial, portanto localizados, pode ser uma alternativa à cirurgia. Há duas formas de tratamento radioterápico:

·         Radioterapia externa: É a mais usada. Consiste na aplicação de altas doses de radiação geradas num aparelho especial e dirigidas à próstata. As células cancerosas são então atingidas e destruídas. Como órgãos vizinhos normais são alvejados pelos raios emitidos pelo aparelho, pode provocar: inflamação da bexiga, com dor ao urinar, aumento das micções e, às vezes, sangramento; inflamação do reto; e impotência sexual. A perda da ereção acomete aproximadamente 40% dos pacientes, um a  dois  anos após o tratamento radioterápico. Em geral, o tratamento dura de seis a oito semanas, com sessões diárias de alguns minutos em cinco  dias da semana.

·         Radioterapia interna  ou Braquiterapia: Técnica de tratamento para o câncer inicial da próstata, que estejam no  estádio I e II. Envolve a implantação no interior da próstata de minúsculas "sementes" radioativas de Iodo-125, que liberam altas doses de radiação no local do tumor. Por serem raios de curto alcance, pouco afetam os órgãos vizinhos, produzindo menos complicações que a radioterapia externa. Mesmo assim pode causar inflamação na bexiga e na uretra. As pesquisas têm mostrado que funciona em próstatas pequenas (de no máximo, até 40 gramas) e em tumores de evolução lenta. O procedimento, com agulhas especiais, é feito através de punções no períneo, a região logo atrás do saco escrotal. Essa técnica é  orientada pela visão direta do ultra-som trans-retal. Exige anestesia peri-dural.

Vantagem: internação de 24 horas;  evita a irradiação desnecessária da bexiga e do reto adjacentes.

Desvantagem: além dos efeitos colaterais citados para a radioterapia externa, há possibilidade de células cancerosas sobreviverem,  já que a próstata não é removida.

Tratamento crioterápico:  Esse método de tratamento usa o frio para matar as células malignas.  Com o paciente anestesiado, são introduzidas pelo períneo agulhas especiais, que vão até a próstata. Por conterem nitrogênio líquido, congelam a glândula a menos 40 graus centígrados durante dez minutos.  Outro gás então circula nas agulhas e aquece a próstata;  em seguida, ela é recongelada de  novo, destruindo o tumor.  Seus resultados,  porém são controversos.  Segundo alguns estudos teria eficácia de 60%, de acordo com outros 30% Suas possíveis indicações: para pacientes com hipertensão, diabetes ou problemas graves, a quem técnicas mais agressivas são contra-indicadas; e para aqueles submetidos à radioterapia e que não se curaram. A crioterapia ainda está em estudos. portanto, é um método experimental.  A eficácia da crioterapia a longo prazo é desconhecida.

Vantagem:  O paciente fica internado só um dia. 

 

Desvantagem:  pode causar impotência sexual e obstrução da uretra por fragmentos do tecido prostático destruído.  Essa complicação às vezes exige cirurgia endoscópica para "limpar a área”.

Tratamento quimioterápico: A quimioterapia é um tratamento sistêmico sendo as drogas transportadas na corrente sanguínea e estando aptas a atuar em qualquer sítio tumoral estando a célula cancerosa próxima ou à distância do tumor original. Este tipo de tratamento apresenta pouca utilização no câncer de próstata, pois sua resposta é pequena. Em algumas situações a quimioterapia pode ser utilizada em pacientes hormônio-refratários e que estejam em boa condição clínica.

Tratamento paliativo:  Nesse tipo de tratamento, o câncer está em estágio terminal e com metástases (estádio IV), o paciente está em estado crônico e sem possibilidades de terapêuticas curativas. O tratamento paliativo resume-se a medidas paliativas, para atenuar os sintomas e oferecer uma melhor condição de sobrevivência com uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana. O prognóstico do paciente é extremamente reservado.

Prognóstico: Nos casos localizados, diz-se que o prognóstico é bom se o paciente permanecer com os níveis de PSA acima e, portanto deve evoluir com longo intervalo livre de doença. Se o mesmo permanecer com estes níveis por mais de 10 anos seguidos, o paciente pode até ser considerado curado.

Quando o paciente apresenta o câncer de próstata já com metástase, e mesmo com tratamento, chega ao estádio IV, o prognóstico do paciente é extremamente reservado, e a sobrevida drasticamente diminuída.

Controle do paciente:  O PSA e utilizado para averiguar a eficácia do tratamento curativo ou paliativo. O PSA diminui pela apoptose das células neoplásicas e/ou normais prostáticas.  Se há recidiva da doença, o PSA aumenta.  Nos casos de câncer localizado, o PSA deve ser menor que 0,2 ng/ml após a prostatectomia radical. Casos tratados pela radioterapia, cujo PSA não cai para menos que 1 ng/ml após 1 ano (o ideal é 0,4 ng/ml) a recorrência da doença aumenta significativamente. 

Seqüelas

·         Impotência sexual.

·         Infertilidade.

·         Incontinência urinária.

·         Retenção urinária.

·         Uso permanente de sonda vesical.

·         Fraturas ósseas espontâneas (metástase óssea).

·         Disseminação das células cancerosas prostáticas para outros órgãos (metástases).

 

Prevenção

Não existem  até o presente momento, formas específicas de prevenção do câncer da próstata. Para a detecção precoce o homem deve observar as seguintes medidas:

·         Fazer check-up médico anual.

·         Consultas ao urologista.

·         Vencer o tabu, e fazer o exame de toque retal, caso seja indicado pelo médico.

·         Consultar o médico, caso ocorra qualquer dificuldade para urinar.

Medidas que podem ajudar a diminuir o risco:

·         Comer alimentos variados e saudáveis.

·         Reduzir o consumo de carnes vermelhas, especialmente as muito gordurosas.

·         Incluir na alimentação diária, o tomate. Estudos comprovam que o tomate é rico em licopeno, substância que ajuda a prevenir a multiplicação desregrada das células do organismo humano, podendo diminuir o risco de câncer de próstata.  O tomate pode ser cru, cozido ou sob a forma de produtos prontos, como molhos, massas de tomate e ketchup. Porém, o que mais funciona é o tomate aquecido misturado ao azeite doce, como na pizza de mussarela. O azeite facilita a liberação do licopeno.  Outras frutas de polpa vermelha, como goiaba, morango e melancia, também são ricas em licopeno.

·         Consumir cereais integrais, como arroz, aveia e germe de trigo. São ótimas fontes de selênio, um mineral que pode diminuir o risco de câncer da próstata.

·         É recomendado consumir feijão, soja, ervilha e lentilha, porque   contêm lignina. É um tipo de fibra cujo consumo está associado ao menor risco de câncer da próstata.

·         Praticar regularmente algum tipo de atividade física.

·         Manter o peso adequado, ao seu biotipo.

·         Diminuir o consumo de álcool.

·         Não fumar.

Câncer de origem ocupacional

Um grande número de substâncias químicas usadas na indústria constitui um fator de risco de câncer em trabalhadores de várias ocupações. Quando o trabalhador também é fumante, o risco torna-se ainda maior, pois o fumo interage com a capacidade cancerígena de muitas das substâncias.

O câncer provocado por exposições ocupacionais geralmente atinge regiões do corpo que estão em contato direto com as substâncias cancerígenas, seja durante a fase de absorção (pele, aparelho respiratório) ou de excreção (aparelho urinário), o que explica a maior freqüência de câncer de pulmão, de pele e de bexiga nesse tipo de exposição.
A prevenção do câncer de origem ocupacional deve abranger:

·         A remoção da substância cancerígena do local de trabalho.

·         Controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais para a atmosfera.

·         Controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais).

·         A boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de produtos químicos no ambiente.

·         O trabalho educativo, visando aumentar o conhecimento dos trabalhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substâncias.

·         A eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todos os trabalhadores.

·         A proibição do fumo nos ambientes de trabalho, porque a poluição tabagística ambiental potencializa as ações da maioria dessas substâncias.

 

SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

LOCAIS PRIMÁRIOS DOS TUMORES

Nitrito de acrílico

Pulmão, cólon e próstata

Alumínio e seus compostos

Pulmão

Arsênico

Pulmão, pele e fígado

Asbesto

Pulmão, serosas, trato gastrointestinal e rim

Aminas aromáticas

Bexiga

Benzeno

Medula óssea (leucemia mielóide)

Benzidina

Bexiga

Berílio e seus compostos

Pulmão

Álcool isopropílico

Seios para-nasais

Borracha

Medula óssea e bexiga

Compostos de níquel

Pulmão e seios para-nasais

Pó de madeiras

Seios para-nasais

Radônio

Pulmão

Tinturas de cabelo

Bexiga

Material de pintura

Pulmão

 

 

 

Bibliografia

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