CÂNCER


O que é Câncer

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.


Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

Atualmente, o câncer é considerado uma doença comum, sendo responsável pela segunda causa de mortes, superado apenas pelas moléstias cardiovasculares. Nas pessoas que desenvolvem câncer, freqüentemente  se encontram importantes alterações de natureza nutricional, hormonal, circulatória, imune e digestiva, entre outras Metais pesados, inseticidas, agrotóxicos, aditivos químicos, poluentes ambientais e outras toxinas estão sendo pesquisadas,  pois podem estar presentes como condição do equilíbrio imune.

Freqüentes infecções fúngicas, bacterianas e virais, costumam ser detectadas no pano de fundo dos fatores de enfraquecimento geral da saúde imune do paciente enfermo canceroso. Esse enfraquecimento das capacidades e defesas do organismo,  torna muito mais fácil o desenvolvimento de tumores que surgem, na maior parte das vezes, como conseqüência da baixa vigilância celular.

Cerca de 65% dos tumores malignos podem ser curados, desde que diagnosticados precocemente e tratados de maneira correta. Nos casos iniciais, além do alto percentual de cura, gasta-se menos e não há mutilação, por isso, a grande importância da educação pública em relação à doença  e de um sistema de saúde bem estruturado e com médicos especializados para atender a população.

Câncer infantil

Nas crianças, as células cancerosas se multiplicam mais rapidamente. Geralmente, nas crianças, as células cancerosas têm origem em células embrionárias primitivas, que muitas vezes crescem e se multiplicam mais depressa que nos adultos. Os cânceres pediátricos infantojuvenis crescem mais rapidamente e são mais invasivos. A leucemia ou câncer do sangue é a forma mais comum da doença na fase infantil.  Em seguida, estão os linfomas (câncer dos vasos linfáticos) e os tumores sólidos (que podem se localizar no sistema nervoso central, órgãos abdominais, ossos e músculos).

A oncologia pediátrica é considerada a especialidade que se desenvolveu no país nos últimos anos. E hoje, a grande meta do tratamento,  é além de curar, deixar o mínimo de sequelas. Pra o sucesso do tratamento é necessário um diagnóstico precoce e o pronto encaminhamento para um centro pediátrico especializado em câncer.

Sinais e sintomas mais comuns do câncer infantil:

·         Marcas roxas pelo corpo.

·         Sangramento sem explicação.

·         Dor persistente nos ossos e nas juntas.

·         Dor no membro ou dor óssea persistente; inchaço no membro sem trauma ou sinais de infecção.

·         Falta de ar.

·         Caroços ou inchaços (indolores, sem febre, ou outros sinais de infecção)

·         Febre baixa e diária, sem esclarecimento.

·         Aumento constante e progressivo de ínguas.

·         Dor de cabeça acompanhada por dificuldade para andar.

·         Vômitos sem  explicação ( não associados à alimentação), principalmente pela manhã.

·         Perda de peso sem razão aparente.

·         Fadiga; letragia; mudanças no comportamento.

·         Tontura, perda de equilíbrio ou na coordenação.

·         Inchaço abdominal;

·         Sudorese noturna.

·         Mancha brilhante dentro do olho (tipo "olho de gato").

·         Perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos.

 

Esses sinais e sintomas devem ser avaliados pelo pediatra.

Prevenção precoce: Não existe nenhum exame de rotina específico, para detectar o câncer em crianças. Portanto, o melhor remédio é a visita periódica ao pediatra e a observação frequente e cuidadosa dos pais.  Os pais também devem ficar atentos à queixa  dos filhos.

Fatores de risco

Cada tipo de câncer possui seus próprios fatores de risco específicos. Os fatores de risco aumentam a probabilidade, de se desenvolver a doença, mas não garantem que ela venha a ocorrer.

Fatores internos e externos têm papel decisivo no aparecimento do câncer. Os fatores internos são representados pelas predisposições individuais, por características do sistema imunológico e, também pelo sexo e idade  do indivíduo. Os fatores de influência externos podem ser físicos, químicos ou biológicos, e abrangem radiação, efluentes ou infecções. Mas, também o estilo de vida pessoal tem influência decisiva, nesses fatores externos. Principalmente, o fumo e os hábitos alimentares não podem ser desconsiderados.   Ao lado do fumo, os hábitos alimentares, o consumo de álcool, o sobrepeso e o sedentarismo têm papel decisivo no risco de aparecimento da doença.

O consumo elevado de álcool representa alto fator de risco para o câncer de intestino e de mama. Nos indivíduos que também fumam, aumenta a incidência de cânceres do esôfago e do trato gastrointestinal. O alto consumo de álcool muitas vezes tem como consequência à cirrose hepática, que, por sua vez, favorece o aparecimento de tumores no fígado.

O sobrepeso maior de 40% provou ser outro fator de risco considerável. Estudos confirmam que homens obesos estão mais sujeitos ao câncer de próstata e de intestino, enquanto as mulheres obesas adoecem mais de tumores da vesícula biliar, do útero e dos ovários. Os órgãos reprodutivos femininos provavelmente são mais atingidos nas mulheres gordas porque as células de gordura armazenam maiores quantidades de estrogênio e o organismo responde com uma produção aumentada do hormônio feminino.

O sedentarismo é considerado hoje como um fator de risco independente dos hábitos alimentares. Estudos indicam que em pessoas fisicamente ativas, a chance de contrair câncer do intestino cai pela metade.  Mulheres que exercem atividade física parecem correr um risco diminuído de adoecer de câncer de mama, mas ainda não se sabe qual intensidade e quantidade de exercício físico são necessárias para diminuir a chance de aparecimento da doença.

Fatores de risco e órgãos e tecidos  mais atingidos:

·         Fumo:  Cavidade oral, esôfago, laringe, pulmão, pâncreas, bexiga, colo do útero, rins e sangue.

·         Alimentação: Cavidade oral, esôfago, laringe, pâncreas, estômago, intestino, próstata e mamas.

·         Álcool: Cavidade oral, faringe, laringe, esôfago e fígado.

·         Infecções: Fígado, colo do útero, sistema linfático, sistema hematopoiético, estômago, nasofaringe.

·         Fatores genéticos: Olhos, intestino, mamas e ovários.

·         Fatores ocupacionais: Pulmão, bexiga, medula óssea e sistema linfático.

·         Radiação ionizante: Sangue, mamas, tireóide, pulmões, pele (relacionado a UV), ossos, intestino, esôfago, estômago, fígado, próstata, bexiga, cérebro e medula espinhal.

Estudos médico-científicos confirmaram as evidências de que 5% a 15% de todos os casos de câncer são atualmente atribuídos a infecções virais e por outros agentes. Este é o caso especialmente dos linfomas, tumores do sistema linfático, bem como dos tumores hepáticos, do colo uterino e do estômago.  Diversos microorganismos causam ou favorecem ou aparecem como fatores de risco, para o  aparecimento do câncer.

Microorganismos e tipos de câncer:

·         Vírus de Epstein-Barr (EBV): Linfoma Não Hodgkin, Linfoma de Hodgkin e Tumores nasofaríngeos.

·         Vírus da Hepatite B (HBV): Câncer de fígado.

·         Vírus da Hepatite C (HCV): Câncer de fígado.

·         Papilomavírus humano (HPV): Câncer de colo de útero.

·         Helicobacter pylori: Câncer do estômago.

·         Herpes vírus 8: Sarcoma de Kaposi.

Atualmente, os estudos até hoje conduzidos sobre a relação entre fatores exógenos e câncer são unânimes: cerca de um terço dos casos são causados pelo fumo, um terço  relaciona-se com maus hábitos alimentares e o terço restante relaciona-se com infecções virais.

Outros fatores de risco, como por exemplo a poluição ambiental, passam para segundo plano. Não se sabe ainda, como os fatores externos interagem e como se relacionam com os fatores internos (endógenos) no rol de causas do câncer. A oncologia atual dedica-se ainda à elucidação dessas complexas inter-relações.

Câncer e a Anorexia progressiva

Há doenças malignas que evoluem com anorexia progressiva. Algumas vezes, a falta de disposição para comer, constitui a primeira manifestação da enfermidade; outras estão associadas às fases mais avançadas. Nos casos em que perder peso constitui sintoma isolado, não é raro os doentes mencionarem emagrecimento de até dez quilos nos últimos meses, sem atribuir importância ao fato, por  se julgarem bem de saúde ou apresentarem queixas vagas, como indisposição geral ou cansaço no final do dia, erroneamente imputadas às atribulações da vida.

Um dos primeiros sinais da anorexia, nem é a falta de fome, mas, a percepção de que a plenitude gástrica se dá à custa de volumes cada vez menores. Com o agravamento da doença e da anorexia, muitos desenvolvem intolerância a alimentos que fazem parte de seu cardápio cotidiano: carne vermelha, frango, peixe, frituras, doces, e assim, progressivamente, até que o simples cheiro da comida no ambiente lhes provoque náuseas.

Câncer e a vida sexual

O trauma da descoberta do câncer submete o paciente ao choque  entre duas forças poderosas: o medo da morte e a esperança. Em alguns casos, o tratamento para o câncer  tem como consequência direta ou indireta, a alteração das respostas sexuais. A diminuição da libido e das respostas sexuais, ou a impossibilidade de ter o orgasmo, estão entre os fantasmas desse momento, e muitas vezes, têm relação direta com a mutilação parcial ou total ou com a perda de alguma parte do corpo.

Dependendo do tipo de câncer e do órgão o qual o tumor se desenvolveu, por motivos orgânicos a vida sexual pode ser afetada diretamente. Mas, mesmo que o câncer não tenha atingido órgãos que influenciam na atividade sexual, o próprio estigma da doença causa problemas psicológicos, que, em muitas vezes pode atingir a vida sexual do (a) portador (a).

A mutilação  externa ou interna  causa um abalo a infraestrutura  psicológica da pessoa e do parceiro (a). O (a) paciente oncológico (a) pode rejeitar a aproximação sexual, como também ser rejeitado (a). O não-entendimento da situação pelo (a) parceiro (a), é que gera o medo da solidão e do abandono, e geralmente,  as mulheres são mais solidárias do que os homens neste aspecto.

Pacientes que experimentam esses tipos de situações devem procurar apoio psicológico e psicoterápico especializado.

Câncer e os vírus

Os vírus capazes  de induzir tumores em animais são chamados de vírus oncogênicos ou oncovírus. Sabe-se que aproximadamente 10% dos casos de câncer são induzidos por vírus. Um aspecto importante de todos os oncogenes é a integração do seu material genético no DNA das células hospedeiras, replicando juntamente com os cromossomos celulares. As células tumorais sofrem transformação, isto é, adquirirem propriedades diferentes daquelas das células não-infectadas ou daquelas infectadas, mas que não formam tumores.

Após serem transformadas por vírus, muitas células tumorais contêm um antígeno vírus-específico chamado de antígeno de transplante tumor-específico (TSTA) na sua superfície ou no núcleo, chamado de antígeno T. As células transformadas tendem a ser menos arredondadas do que as células normais, e tendem a exibir determinadas anormalidades cromossômicas, como um número anormal de cromossomos e cromossomos fragmentados.

 

Vírus de DNA oncogênicos: Vírus oncogênicos fazem parte de várias famílias de vírus DNA. Essas famílias incluem Adenoviridae, Herpesviridae, Poxviridae, Papovaviridae e Hepadnaviridae. Entre os papovavírus, o papilomavírus causa o câncer uterino (cervical). Um gênero da família Herpesviridae, Lymphocryptovirus, inclui o vírus Epstein-Barr (vírus EB), que causa a Mononucleose infecciosa e dois tipos de câncer humano, o Linfoma de Burkitt e o carcinoma nasofaríngei. O Linfoma de Burkitt é um tipo raro de câncer do sistema linfático, afetando principalemnte crianças em certas partes da África. O carcinoma nasofaríngeo, um câncer do nariz e da garganta, é encontrado em todo o mundo. Alguns pesquisadores também sugeriram o envolvimento do vírus EB no Linfoma de Hodgkin, um câncer do sistema linfático. O vírus da Hepatite B (HBV, gênero Hepadnavirus), é outro vírus de DNA que causa câncer. Muitos estudos realizados vêm demonstrando claramente o papel do HBV no câncer de fígado.

Vírus de RNA oncogênico: Dentre os vírus RNA, somente os oncovírus da família Retroviridae causam câncer. Os vírus da leucemia de células T humanas (HTLV-1 e HTLV-2) são retrovírus que causam linfoma e leucemia em células T em seres humanos.  A capacidade dos retrovírus em induzir tumores está relacionada com a sua produção da transcriptase reversa. O provírus, que consiste na molécula de DNA de dupla fita sintetizada a partir do RNA viral, integra-se ao DNA do hospedeiro. Com isso, o novo material genético é introduzido no genoma do hospedeiro, e esta é a razão-chave porque os retrovírus contribuem para o câncer. Alguns retrovírus possuem oncogenes; outros possuem promotores que ativam oncogenes ou outros fatores causadores de câncer.

Câncer e a infertilidade

Em função do tratamento a que vai ser implementado ao paciente com câncer, a infertilidade pode ocorrer.  Pacientes com câncer que queiram ter filhos devem ser informados dessa possibilidade e também dos recursos que existe para preservar a capacidade reprodutiva.  A infertilidade em muitos casos é irreversível. A infertilidade é um dos efeitos do tratamento de quimioterapia e radioterapia, que comprometem as células germinativas e a função hormonal.  A infertilidade pode ocorrer porque as drogas utilizadas no tratamento atacam tanto as células malignas, quanto as benignas. Infelizmente, ainda não foram desenvolvidas drogas quimioterápicas que faça essa seleção e atinja somente a célula cancerígena.

O congelamento de gametas (óvulos e espermatozóides) e de fragmentos do tecido ovariano, conhecido cientificamente como criopreservação  terapêutica, tornou-se uma alternativa para conservar a fertilidade em jovens com câncer.  O congelamento de gametas é a garantia de uma paternidade ou maternidade.  O ideal é realizar o congelamento antes ou na fase preliminar ao tratamento. Depois que o paciente toma várias doses quimioterápicas e radiações, o dano causado no aparelho reprodutor já não permite o aproveitamento de células tão boas. Essas células já ficam comprometidas para o processo de congelamento.

Mulheres: No caso das pacientes do sexo feminino, os tratamentos oncológicos podem resultar na destruição total ou parcial da reserva de óvulos, assim como pode causar uma menopausa precoce.  A conservação do tecido ovariano ocorre por meio de uma cirurgia denominada videolaparascopia. Depois da coleta, partes do tecido ovariano são congeladas. A conservação do tecido ovariano não é tão simples e eficaz quanto o congelamento de espermatozóides. Existe uma perda considerável da qualidade desses gametas femininos com o processo de criopreservação. O óvulo não resiste tanto ao procedimento de congelamento e descongelamento. A perda de material é cerca de 80%.

Homens: Em relação aos homens, cerca de 90% dos pacientes oncológicos passam a sofrer de azoospermia (ausência de espermatozóides) após iniciar o tratamento quimioterápico.   O congelamento de espermatozóides é a garantia de uma paternidade futura, mesmo que ocorra perda de fertilidade. Caso o paciente decida pela preservação de sua capacidade de procriar, antes do início do tratamento oncológico, será feita uma avaliação médica, com exames físicos e esclarecimento de suas possíveis dúvidas.  A partir de uma coleta do sêmen, é realizada uma análise para verificar a concentração, volume e mobilidade dos espermatozóides. A amostra é envolvida num crioprotetor (líquido que serve para proteger os espermas do congelamento e permite a não-formação de cristais de gelo) e congelada após alguns outros passos técnicos. A perda de material é cerca de 30%.

Obs: Em ambos os casos, os tecidos germinativos ficam numa temperatura de -196°C.

O método utilizado para a realização da gravidez, após a cura do paciente, dependerá de cada caso, mas tanto pode ser por meio de uma inseminação artificial, como pode ser por uma técnica laboratorial de amadurecimento in vitro.

Principais causadores

Tempo de exposição: O aparecimento do câncer está relacionado à intensidade e ao tempo de exposição que as células tiveram contato com os  agentes cancerígenos. Assim, o perigo de uma pessoa desenvolver tumor de pulmão, por exemplo, é proporcional ao número de cigarros que ela fuma por dia e ao número de anos que vem fumando. 

Idade: A idade é outro fator comprovado. Quanto mais velho o indivíduo, mais  é possível que desenvolva algum tipo de tumor. Isso se dá por dois motivos: o envelhecimento transforma as células e aumenta seus riscos de desenvolver um crescimento desordenado  e  maligno. As células das pessoas de mais idade passam mais tempo expostas à ação dos agentes externos causadores da doença: fumo, álcool, gordura animal, radiações químicas, substâncias cancerígenas e o sol. A contrapartida: como nos mais velhos as células se multiplicam mais vagarosamente, os tumores também seguem esse ritmo mais lento, ou seja, demoram um tempo maior para crescer. Quanto mais velho, a probabilidade de morrer de câncer aumenta, já que se trata de uma doença que se manifesta em muitos casos a longo prazo.

Fatores genéticos:  Todo câncer tem origem genética. A pessoa pode herdar dos pais a predisposição para desenvolver o mal. Mas calcula-se que apenas 10% dos tumores estão relacionados aos genes recebidos deles. Sabe-se, entretanto, que 15% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em mulheres que têm parentes com histórico da doença (mãe, irmã, filha). Quando o aspecto hereditário é também associado à exposição aos agentes cancerígenos, as chances de desenvolvimento aumentam 10%. Assim, uma mulher fumante que é filha, irmã ou sobrinha de alguém com câncer de mama tem 25% de possibilidade  de também contrair a doença.

Sintomas suspeitos

Sintomas persistentes são especialmente importantes como alertas para o câncer. Apesar de na maioria das vezes serem alarmes falsos, é sempre melhor ter os sintomas checados. É difícil relacionar todos os sintomas dos mais de 200 tipos de câncer, mas, os seguintes sintomas são os principais e mais comuns:

·         Uma mudança no hábito intestinal ou urinário.

·         Uma mudança na rotina de quantas vezes se vai ao banheiro, para urinar ou evacuar. Uma mudança em qualquer rotina pode ser um sinal de câncer: constipação crônica, ou, contrariamente, diarréia de longa duração, podem ser sintomas de câncer de cólon ou reto. a avaliação médica é importante, pois o tratamento sintomático com laxativos ou constipantes pode retardar o diagnóstico.

·         Sangramento nas fezes também deve ser prontamente investigado por um médico.

·         Também se deve procurar um médico caso haja dificuldade ou dor para urinar, ou sangramento na urina pode significar câncer de próstata ou bexiga.

·         Feridas que não cicatrizam.

·         O câncer de pele pode sangrar, ou parecer um machucado que não cicatriza, podendo surgir em qualquer lugar do corpo, incluindo os órgãos genitais. Estas feridas também podem aparecer na boca ou garganta, e devem ser avaliadas logo que notadas; isto é particularmente importante para fumantes, ou pessoas que bebem grande quantidade de álcool.

·         Sangramento não usual.

·         Sangramento anormal pode ocorrer no câncer inicial ou avançado. Tosse com escarro e sangue pode significar câncer de pulmão. Uma mulher com sangramento vaginal entre os períodos de menstruação, ou após a menopausa, deve procurar um médico imediatamente. Câncer de endométrio ou de colo do útero pode causar sangramento vaginal.

·         Sangue nas fezes pode significar câncer de cólon e reto, e sangue na urina pode significar câncer de bexiga ou rins.

·         Secreção sanguinolenta pelo mamilo pode ser um sinal de câncer de mama.

·         Inchaço ou nódulos na mama.

·         Muitos tumores podem ser sentidos através da pele, principalmente na mama, nos testículos ou partes moles do corpo. Também o aparecimento de gânglios (nódulos) como, por exemplo, nas axilas, pode ser algum sinal de que algo não vai bem. Em geral, qualquer nódulo ou aumento de volume de algum órgão deve ser prontamente relatado a um médico, para avaliação.

·         Indigestão ou dificuldade para engolir. Estes dois sintomas são conhecidos como dispepsia.

Diagnóstico

Diagnóstico precoce: O diagnóstico precoce é o emprego de exames para verificar a existência de um problema de saúde em pessoas que não apresentam sintomas. O diagnóstico precoce do câncer é importante porque, a identificação da doença quando ainda não há sintomas, geralmente significa que a doença está em estágio inicial, onde as chances de cura são maiores.   Uma das maiores oportunidades de cura na maioria dos cânceres é a sua detecção precoce. Há vários procedimentos muito simples que devem ser incorporados na rotina da vida das pessoas e que ajudam a detectar precocemente os tipos mais comuns de câncer.

O auto-exame de mamas, por exemplo, é uma medida prática e eficiente para aumentar as chances de cura de muitas mulheres. Também em consultas ginecológicas de rotina, a realização de exame de detecção do câncer de colo do útero (Papanicolau) também é um procedimento simples, que tem um enorme impacto sobre o sucesso do tratamento.

O autoexame da pele  e boca  também servem para que o próprio indivíduo possa detectar alguma anormalidade, e caso encontre, procurar o médico mais rapidamente.

Nos homens, o exame da próstata depois dos 40 anos deveria ser obrigatório, contribuindo assim para uma das grandes oportunidades de cura de um dos cânceres mais comuns, nos homens. O autoexame do pênis, testículos é uma forma prática e eficiente para detectar alguma anormalidade na região.

O exame proctológico tanto em homens como em mulheres, após os 40 anos também é outro procedimento diagnóstico que traz imensos benefícios na luta contra o câncer de colón, reto e ânus.

Obs:  As maiores causas para o atraso no diagnóstico precoce de vários tipos de cânceres, que podem ser detectados durante o autoexame ou na realização de simples exames periódicos, são a  ignorância dos pacientes sobre a doença, tabus religiosos, medo da doença e dificuldades de acesso ao sistema de saúde  público. Quando procuram o serviço médico, geralmente, a doença  está em um estágio avançado.

Diagnóstico após sintomas: Mas, se estes procedimentos não são realizados, ou se ocorre um câncer menos comum, e que só é detectado já pela presença de sintomas, primeiramente, o  médico utilizará diferentes recursos tecnológicos: radiografias, ultra-sonografias, exames laboratoriais, etc. para identificar o tipo de câncer. Quase sempre é necessária a retirada de uma pequena amostra de tecido do órgão sob suspeita para análise, um procedimento denominado biópsia. É feito exame anatomo-patológico deste fragmento do tecido ou órgão. Através de um estudo microscópico, podem-se reconhecer quais são as células originais do câncer e a natureza da doença, isto é, se o câncer é primário ou se é uma metástase.

Exames  diagnósticos complementares

São múltiplas as finalidades dos exames complementares na área da oncologia. A solicitação destes exames visa a avaliar o tumor primário, as funções orgânicas, a ocorrência simultânea de outras doenças e a extensão da doença neoplásica (estadiamento). Além disso, os exames complementares são indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento em grupos de risco.

 

Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer, através da biópsia,  realizam-se exames complementares para estabelecer o estadiamento, que consiste em saber o estágio de evolução, ou seja, se a doença está restrita  ou disseminada por outros órgãos e tecidos. O estadiamento diferencia a forma terapêutica e o prognóstico.

Deve-se avaliar cuidadosamente uma série de fatores antes da solicitação dos exames complementares, pois a realização de múltiplos exames não significa, obrigatoriamente, maior acerto diagnóstico. Verifica-se, freqüentemente, uma solicitação excessiva de exames, o que acarreta aumento dos custos da assistência à saúde.

Os exames diagnósticos complementares necessários para estabelecer, se houve metástase e o estadiamento clínico (estágio da doença),  mais comuns são os seguintes:

·         Ultra-sonografia abdominal.

·         Ultra-sonografia pélvica: para verificar comprometimento metastático pélvico.

·         Endoscopia digestiva alta.

·         Rx de cabeça, pescoço, tórax,  abdômen e ossos.

·         Tomografia computadorizada do abdômen, tórax, cabeça e pescoço.

·         Colonoscopia: para verificar metástase no intestino grosso.

·         Ressonância magnética.

·         Cintilografia óssea: para verificar metástase óssea.

·         Exames para detectar os marcadores tumorais.

·         Exames laboratoriais específicos.

É importante lembrar que os exames complementares devem ser solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu grau de invasão e os órgãos para os quais ele geralmente origina metástases, quando se procura avaliar a extensão da doença. Isso evita o excesso de exames desnecessários.

Estadiamento

A prática de se dividir os casos de câncer em grupos, de acordo com os chamados estádios, surgiu do fato de que as taxas de sobrevida eram maiores para os casos nos quais a doença era localizada, do que para aqueles nos quais a doença tinha se estendido além do órgão de origem.  O estádio da doença, na ocasião do diagnóstico, pode ser um reflexo não somente da taxa de crescimento e extensão da neoplasia, mas também, do tipo de tumor e da relação tumor-hospedeiro.

 A classificação do tumor maligno tem como objetivos:

·         Ajudar o médico no planejamento do tratamento.

·         Dar alguma indicação do prognóstico.

·         Ajudar na avaliação dos resultados de tratamento.

·         Facilitar a troca de informação entre os centros de tratamento.

·         Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano.

O sistema de classificação TNM - Classificação of Malignant Tumours, desenvolvido pela American  Joint Committee on Cancer, é um método aceito e utilizado para classificação dos tumores.

·         (tumor),  a extensão do tumor primário.

·         N (linfonodo), a ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais.

·         M (metástase), a ausência ou presença de metástase à distância.

A adição de números a estes três componentes indica a extensão da doença maligna. Por exemplo:

T0, T1, T2, T3, T4 / N0, N1, N2, N3 / M0, M1

À partir de informações obtidas da análise do tumor será feito todo o planejamento terapêutico pós-operatório. Dentre os principais dados que são levados em conta para definir a necessidade de quimioterapia está o estadiamento. Estadiar a doença, significa classificar a doença em grupos, de acordo com a extensão da invasão do tumor nas camadas do intestino, a presença ou ausência de linfonodos comprometidos pela doença e presença ou ausência de metástases.

·         Estágio Local ou Inicial: A doença se encontra localizada. Geralmente, restrita ao órgão de origem, sem metástases. É em grande parte curável com medidas locais, como cirurgia ou irradiação.

·         Estágio Regional: A doença estende-se para fora do órgão de origem, mas mantém proximidade, como em linfonodos (gânglios), por exemplo. Muitas vezes, curável com medidas locais (cirurgia e irradiação), e muitas vezes, necessitando de tratamento de quimioterapia, geralmente após a cirurgia (quimioterapia adjuvante).

·         Estágio Regional Extenso: O tumor estende-se para fora do órgão de origem, atravessando vários tecidos. É geralmente impossível de ser removido cirurgicamente, devido ao comprometimento de estruturas anatômicas nobres como artérias, nervos e órgãos. O tratamento local ou sistêmico depende das características do tumor. O uso de quimioterapia pré-operatória (neo-adjuvante) pode reduzir o tamanho destes tumores permitindo que eles sejam retirados através de cirurgia melhorando as chances de cura.

·         Estágio Avançado: O câncer está disseminado pelo corpo através de metástases. Pode envolver medula óssea e múltiplos órgãos. Raramente curável, salvo alguns tipos de neoplasias que respondem bem a quimioterapia convencional ou mesmo a quimioterapias de alta dosagem. O tratamento destes casos terminais, é paliativo, visando a manutenção da melhor qualidade de vida possível pelo restante da vida do paciente.

Marcadores tumorais

Determinados tumores neoplásicos se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é usada como meio diagnóstico. como parâmetro de estadiamento, como controle da terapêutica e como fator prognóstico. Essas substâncias são conhecidas como marcadores tumorais. Marcadores tumorais são substâncias que podem ser encontradas em qualtidade acima do normal no sangue, urina ou tecidos do corpo de alguns pacientes com certos tipos de câncr. 

Os principais marcadores de valor clínico reconhecido, e os tumores a que correspondem, estão relacionados  no quadro abaixo. É necessário ressaltar que, dependendo da dosagem desses marcadores, eles podem ser interpretados como de resultado normal, suspeito ou patológico. Só o médico pode interpretar esses indicadores nos exames laboratoriais e bioquímicos. Muitos desses marcadores tumorais podem estar absolutamente normais no estádio in situ, e no estádio I, na fase inicial do câncer.

 

MARCADORES TUMORAIS

Marcador

Tipo de Câncer

AFP - Alfa-fetoproteína

Tumor do fígado e tumores embrionários

ß-hCG - Gonadotropina coriônica

Tumores embrionários e placentários

B2 Microglobulina

Mieloma múltiplo, LLC e linfoma maligno

CA 125

Carcinoma de ovário, endométrio e mama

CA  15-3 Antígeno Carbohidrato 15-3

Carcinoma de mama e ovário

CA 19-9 - Antígeno Carbohidrato 19-9

Carcinoma de pâncreas, colo-retal, vias biliares e tubo digestivo

CA 50

Carcinoma de pâncreas, colo-retal, mama, pulmão e  próstata

CA 72-4

Carcinoma de estômago e adenocarcinoma mucinoso de ovário

Catecolaminas (VMA e  HVA urina 24H

Neuroblastoma e feocromocitoma

Catepsina D

Mama

CEA - Antígeno carcinoembrionário

Tumores  do trato gastrintestinal, pulmão e mama

DUPAN -2

Pâncreas, ovário, TGI

HTG

Carcinoma de tireóide

MCA - Antígeno mucinóide associado ao carcinoma

Mama e ovário

NSE - Enolase Neuro-Específica

Neuroblastoma, melanoma, "Oat cells"

PAP - Fosfatase Àcido Prostática

Carcinoma prostático e osteossarcoma

PLAP - Fosfatase Alcalina Placentária

Seminoma, Doença de Hodgkin, neoplasia trofoblastica e ovário

PSA - Antígeno Prostático-específico 

Carcinoma da próstata

PTH-RP

Fígado, rim, mama e pulmão

SCC-A  Antígeno do carcinoma de células escamosas

Carcinoma epidermóide do colo uterino, cabeça, pescoço, esôfago e pulmão

Tirocalcitonina

Carcinoma medular de tiróide

Tiroglobulina ou Tireoglobulina

Tireóide

TPA

Carcinoma de bexiga

VIP

Pâncreas, feocromocitoma, neuroblastoma e pulmão

 

Linfonodo sentinela

A biópsia de linfonodo sentinela é uma nova técnica  que permite um estadiamento linfonodal mais preciso e sem morbidade de uma linfadenectomia completa. O linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo a receber a drenagem linfática do tumor primário.  Se ele contém metástase tumoral, indica que outros linfonodos podem conter tumor. Se ele não contém tumor metastático, é improvável que os outros linfonodos contenham tumor. Ocasionalmente existe mais de um linfonodo sentinela.

No caso de câncer de mama, a biópsia do linfonodo sentinela pode predizer o status axilar, caso o resultado da biópsia seja negativo, evita-se o esvaziamento axilar. O linfedema de membro superior (inchaço do braço) é uma conseqüência freqüente de todas as cirurgias de mama, acrescidas de esvaziamento axilar.

Outra indicação para a pesquisa  do linfonodo sentinela, é no melanoma. O método é capaz de mostrar a drenagem linfática preferencial do tumor, indicando ao cirurgião qual o verdadeiro sítio de esvaziamento.

Na pesquisa de linfonodos comprometidos nos cânceres de tireóide, reto, vulva e outros locais, há a necessidade de investigações mais profundas.

Metástases

Freqüentemente, as células tumorais penetram na corrente sanguínea e linfática; por esse caminho são levadas a outros setores do organismo. E aí, se instalam e proliferam. Formam-se então ninhos de células, que originam outras manifestações tumorais, as metástases, que  são  os tumores secundários. Essas manifestações secundárias, decorrentes de migração de células cancerosas, podem instalar-se em qualquer outro ponto do organismo. A análise do tipo de células que formam um tumor pode identificar se ele é primitivo ou se as células provêm de outro tumor, isto é, se se trata de uma metástase.

Metástase cerebral: Os tumores cerebrais secundários ou metastáticos desenvolvem-se a partir de estruturas fora do cérebro e ocorrem em 20 a 40% de todos os pacientes com câncer.  Os tumores cerebrais raramente originam metástase para fora do sistema nervoso central, mas as lesões metastáticas para o cérebro ocorrem comumente a partir do pulmão, mama, trato gastrointestinal inferior, pâncreas, rim e pele (melanomas). Um número significativo de pacientes com câncer experimenta déficits neurológicos provocados por metástases para o cérebro.  As lesões metastáticas para o cérebro constituem 10% de todos os tumores intracranianos. A metástase cerebral é a complicação neurológica mais comum do câncer sistêmico. Esse fato torna-se mais importante a nível clínico, à medida que mais pacientes com todas as formas de câncer vivem por mais tempo em conseqüência da melhora das terapias.  Os sinais e sintomas neurológicos incluem a cefaléia (dor de cabeça), distúrbios da marcha, comprometimento visual, alucinações, alterações da personalidade, mentalização alterada (perda da memória e confusão), fraqueza focal, paralisia, afasia e convulsões. Esses problemas podem ser devastadores para o paciente e para a família.  O tratamento do câncer cerebral metastático é paliativo e envolve a eliminação ou redução dos sintomas graves.  Os pacientes com diagnósticos de metástases  intracerebrais que não são tratados apresentam uma evolução degradante contínua, com um tempo de sobrevida limitado, enquanto aqueles que são tratados podem sobreviver por períodos ligeiramente maiores. Mas, infelizmente, o prognóstico é reservado.

 

Metástase pelo sistema linfático: As células cancerígenas  podem viajar por meio do sangue ou do sistema linfático e constituírem novos tumores, onde se alojam. Quando a metástase ocorre por meio do sistema linfático, locais de tumores secundários podem ser prognosticados, de acordo com a direção do fluxo linfático a partir do local do tumor primário. Linfonodos cancerígenos parecem aumentados, duros, insensíveis e fixados às estruturas subjacentes. Diferentemente, a maioria dos linfonodos que estão aumentados devido à infecção não são duros, são móveis e muito sensíveis.

Tipos de tratamentos

Atualmente, o  tratamento do câncer vem passando por vários progressos terapêuticos. O tratamento do câncer é difícil, porque ele não é uma doença única e, porque nem todas as células, em população tumoral única, se comportam do mesmo modo.

Embora a maioria dos cânceres seja considerada como derivada da célula anormal única, ao tempo em que um tumor atinge tamanho clinicamente detectável, esse câncer pode conter população diversa de células anormais.  Por exemplo, algumas células cancerosas se metastatizam com facilidade, enquanto outras não o fazem; algumas são sensíveis aos medicamentos quimioterápicos, e outras são resistentes a eles. Devido às diferenças na resistência aos medicamentos, um só agente quimioterápico pode destruir as células suscetíveis, mas pode também permitir a proliferação das mais resistentes, em algumas situações.

Uma nova classe  de medicamentos, destinados a combater o fator de crescimento das células tumorais ou a produção dos vasos sanguíneos que viabilizam sua multiplicação, já está sendo adotada como coadjuvante da quimioterapia tradicional.  A radioterapia com intensidade modulada de feixa (IMRT) possibilita uma maior precisão nos procedimentos quimioterápicos, concentrando o foco nos tecidos doentes, e protegendo os tecidos saudáveis adjacentes. As vacinas para ajudar a recuperar o sistema imunológico dos pacientes com câncer são uma das promessas terapêuticas, que estão em fase de testes.

O tratamento deve ser adequado às necessidades de cada caso em particular, tendo por base os resultados esperados de tempo e qualidade de sobrevida. Cada vez mais, o paciente tem participado da decisão terapêutica, após esclarecimento dos riscos e benefícios de cada uma das alternativas de tratamento.

Existem várias alternativas terapêuticas para o tratamento. Não é possível utilizar as mesmas alternativas para todos os casos. Fatores como o estado geral, nível de ansiedade  do paciente, características do tumor primário, recursos hospitalares e equipe multidisciplinar que vai tratar do paciente, têm peso considerável na decisão. Por causa de todas essas variáveis, a melhor opção terapêutica só pode ser definida em conjunto, entre o paciente, seus familiares e o médico responsável.

 

Tratamento quimioterápico:  A quimioterapia é um tratamento sistêmico, sendo as drogas transportadas na corrente sanguínea, e estando aptas a atuar em qualquer sítio tumoral, estando a célula cancerosa próxima ou à distância do tumor original. Tratamento utilizado geralmente para redução do tumor, alívio dos sintomas e em alguns casos  específicos, para dar uma maior sobrevida para o paciente. Pode ou não, ser  associado com o tratamento radioterápico.

 

·         Quimioterapia adjuvante: A quimioterapia é administrada posteriormente ao tratamento principal, que pode ser cirúrgico ou radioterápico. A intenção é o reforço ao tratamento primário, a eliminação da potencial doença residual metastática. Como exemplo pode-se citar a quimioterapia ou hormonioterapia utilizadas em câncer de mama já operado.

·         Quimioterapia neo-adjuvante: É quando a quimioterapia é aplicada e administrada previamente ao tratamento definitivo, sendo ele cirúrgico ou radioterápico. O papel do tratamento sistêmico neo-adjuvante é o de atacar precocemente a doença micrometastática, reduzir substancialmente o tumor primário, facilitando seu controle. Como exemplo pode-se citar sua utilização em câncer de mama (estadio IIIB), em sarcomas, e em câncer de células não pequenas de pulmão.

 

Tratamento radioterápico: Tratamento utilizado geralmente para redução do tumor, alívio dos sintomas e em alguns casos  para aumentar o tempo de vida da paciente. Pode ou não ser  associado com o tratamento quimioterápico.  A radiação é utilizada para tratar os tumores ressecáveis,  tumor que tenha se disseminado para os linfonodos regionais e pélvicos, e para recidivas tumorais localizadas de difícil acesso através de cirurgia. Caso o tumor seja inoperável, a radioterapia tem finalidade apenas paliativa.

 

Tratamento cirúrgico:  Existem várias alternativas para o tratamento cirúrgico  do câncer. O tipo de cirurgia realizada vai depender da evolução da doença, tipo, tamanho, localização e características do tumor, e também do estado clínico, físico e emocional do paciente.

 

No caso de cirurgia oncológica paliativa esta tem como objetivos principais tentar aliviar a dor, resolver os quadros obstrutivos e de sangramento, diminuir a população de células neoplásicas, hormoniodependência e finalidade higiênica.

 

Tratamento medicamentoso:  Existem muitas drogas que podem ser usadas no tratamento do câncer. O tratamento administrado depende basicamente do tipo de câncer, estágio e evolução em que se encontra o câncer. As condições clínicas, físicas e emocionais do paciente também podem influenciar no tratamento.

 

Transplante de medula óssea:  Esse procedimento pode ser usado em alguns tipos de câncer com sucesso. O transplante de medula óssea envolve a retirada da medula óssea do paciente e, em seguida, a administração de quimioterapia em dose elevada. A medula óssea do paciente, poupada dos efeitos da quimioterapia, é então reinfundida por via endovenosa. É um procedimento caro e só deve ser feito em centros especializados em transplantes.   Como as dosagens de quimioterapia e radioterapia são limitadas pelo graus de suas toxicidades para a medula óssea, o transplante está sendo cada vez mais utilizado.

 

Tratamento hormonioterápico:  A hormonioterapia (tratamento hormonal), inicialmente utilizada no combate ao câncer de mama, hoje também é aplicada no tratamento de outros tumores, como os de endométrio e de próstata. Raramente tem o objetivo curativo quando usada isoladamente, por isso, é com freqüência associada à quimioterapia (em casos de câncer de mama e do sistema hemolinfopoético), à cirurgia (quando se trata de câncer de endométrio) e à radioterapia (no tratamento do câncer de próstata). Graças aos avanços da medicina, a hormonioterapia deu um dos primeiros passos rumo ao tratamento individualizado.

 

Tratamento à base de vacinas:  Ainda em fase de testes, as vacinas contra o câncer, já apresentam resultados positivos no tratamento da doença. Nestes casos, porém, as vacinas não são um recurso preventivo, trata-se de mais uma terapia de combate ao câncer no paciente que já apresenta um tumor. As vacinas servem mais como um estímulo de recuperação do funcionamento do sistema imunológico. A vacina é elaborada a partir da criação de células dentríticas, formadas pela mistura de partes das células do tumor e das células do sistema imunológico retirados  do paciente. O objetivo deste tratamento é manipular o sistema imune de forma que as células dentríticas aprendam a reconhecer as células tumorais e, assim, voltar a destruí-las. Na maior parte dos casos, a vacina estabiliza o tumor, impedindo a expansão dos tumores, além de ter melhorado a qualidade de vida dos pacientes.

 

Tratamento paliativo: Geralmente, quando é implementado o tratamento paliativo, o paciente está em estado terminal. Nesse tipo de tratamento, o câncer está em estágio final e com metástases (estádio IV), ou em situações específicas em que o tumor é inoperável. O paciente provavelmente, está em estado crônico grave,  e sem possibilidades de terapêuticas curativas. O tratamento paliativo resume-se a medidas paliativas, para atenuar os sintomas e oferecer uma melhor condição de sobrevivência com uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana.

Efeitos colaterais

Efeitos colaterais da quimioterapia:

 

Os efeitos colaterais basicamente dependem das dosagens e tipos de drogas quimioterápicas  a que o paciente vai ser submetido, e principalmente o tipo de câncer. Dependendo das drogas que vão ser ser administradas ao paciente, este poderá ter ou não, os  seguintes efeitos colaterais:

·         Anemia: devido a redução das hemácias

·         Alopecia: queda de cabelo. A alopecia ocorre por ação da quimioterapia sobre as células em divisão na raiz dos cabelos. Sua intensidade varia conforme os medicamentos empregados e a sensibilidade de cada paciente. A alopecia pode ocorrer com queda total dos cabelos, ou queda parcial, deixando os cabelos apenas mais ralos.

·         Anorexia.

·         Aumento de apetite e de peso também pode ocorrer.

·         Cardiotoxicidade (taquicardia, arritmias, taquipnéia, dispnéia). 

·         Cistite hemorrágica.

·         Convulsões.

·         Deficiência do crescimento.

·         Depressão da medula óssea.

·         Diarréia.

·         Dores abdominais.

·         Edema: devido a retenção de líquidos.

·         Flebite.

·         Hipertensão arterial.

·         Imunossupressão.

·         Inapetência.

·         Leucopenia: redução dos leucócitos. a queda na contagem dos leucócitos predispõe o organismo a infecções.

·         Mielossupressão.

·         Mudanças de humor: essas mudanças de humor, são conseqüências do estado emocional do paciente.

·         Náuseas e vômitos: podem ocorrer tanto por irritação  da superfície do estômago como pela ação dos quimioterápicos sobre o sistema nervoso central.

·         Obstipação: pode ocorrer em conseqüência do tratamento ou das alterações nos hábitos alimentares e pessoais que o paciente experimenta nesse período.

·         Osteoporose.

·         Psicose.

·         Plaqueotopenia: redução das plaquetas. Essa redução das plaquetas pode determinar o surgimento de pequenos sangramentos espontâneos e comprometer a capacidade do organismo para bloquear hemorragias em casos de acidentes. 

·         Retenção de líquidos pode causar edema.

·         Reação de hipersensibilidade (caso grave).

·         Toxicidade hepática.

·         Úlceras bucais dolorosas.

·         Úlceras retais.

·         Úlcerações das membranas mucosas.

·         Urina vermelha.

 

Efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso:  as alterações neurológicas fazem parte dos efeitos colaterais mais comuns durante o tratamento quimioterápico:

·         Formigamento de extremidades.

·         Sensação de queimação.

·         Adormecimento das mãos e dos pés.

·         Zumbido nos ouvidos.

 

Alterações de pele e unha:  Alguns agentes quimioterápicos podem causar alterações na pele, sendo as mais freqüentes: prurido, vermelhidão, descamação, ressecamento e acne. Além disso, as unhas podem se tornar escuras e quebradiças. Existem medicamentos que, quando administrados em veias, determinam escurecimento da pele, especialmente nas áreas que recobrem as veias pelas quais esses medicamentos foram aplicados.

 

Alterações sexuais: A quimioterapia pode causar danos às células germinativas presentes nos ovários e testículos, determinando a esterilidade transitória ou permanente, com as alterações hormonais correspondentes, tanto no homem como na mulher.


Na mulher, pode ocorrer a suspensão da menstruação (amenorréia), podendo evoluir para menopausa, com a manifestação de todos os seus sintomas (ondas de calor, alterações vaginais, etc.). Já nos homens, essas alterações determinam mínimos sintomas. As alterações vaginais exigem cuidados especiais. Em pacientes com vida sexual ativa, o uso de gel lubrificante (solúvel em água) pode corrigir a secura vaginal, que costuma dificultar a relação sexual e se necessário, o uso de métodos anticoncepcionais deve ser discutido. Havendo dor, sangramento ou prurido vaginal, recomenda-se que a paciente seja avaliada por seu ginecologista e avise a equipe médica.

 

Para homens muito jovens, ou que planejam novos filhos, existe a alternativa de congelar o sêmen antes que se inicie a quimioterapia. Esse procedimento permitiria uma gravidez no futuro.  O desejo sexual pode diminuir. Esse comprometimento da libido é bastante complexo, sendo em grande parte explicado pelo estresse do diagnóstico, associado à diminuição da disposição física determinada pela doença e pelo seu tratamento. O paciente deve abrir mão de suas inibições e esclarecer todas as possíveis dúvidas em relação às atividades sexuais com a equipe médica, que levará em consideração as particularidades de cada caso.

 

Essas são as manifestações mais freqüentes da agressão às células nervosas. Alguns efeitos colaterais diminuem ou terminam após o tratamento quimioterápico, outros são bem mais resistentes e se manifestam durante muitos meses após a quimioterapia. Na grande maioria das vezes, tais efeitos são leves e bem tolerados, exigindo apenas alguns cuidados a mais, para a realização das atividades cotidianas. Podem, entretanto, se apresentar com maior intensidade e requerer modificações no tratamento. A equipe médica deve ser informada sobre esses sintomas.

 

Obs: Os efeitos colaterais podem ser exacerbados, isto é, aumentados, nos casos em que a quimioterapia e a radioterapia são aplicadas simultaneamente.

 

Dicas para o período da quimioterapia:

·         Faça pequenas refeições ao longo do dia e evite beber líquido próximo às refeições, de forma a não distender o estômago.

·         Evite comidas gordurosas ou frituras.

·         Mastigue lentamente os alimentos e repouse em posição sentada após as refeições.

·         Beba suco de frutas gelado ao longo do dia.

·         Evite bebidas gasosas.

·         Evite ficar exposto a cheiros fortes (fumaça, perfumes, frituras, etc.).

·         Vista roupas folgadas, evitando comprimir o abdome.

·         Tome os medicamentos prescritos pelo seu médico em casa, principalmente se os sintomas persistirem.

·         Comunique a equipe de seu médico no caso de ocorrência de vômitos, mesmo após ter feito uso da medicação antiemética.

Efeitos colaterais da radioterapia:

Existem tecidos do organismo que se reparam continuamente. Para que isso ocorra, os tecidos possuem uma pequena parcela de suas células em constante multiplicação. Exemplos: a mucosa que reveste todo o tubo digestivo e a medula óssea que produz as células do sangue. Quando a radiação é aplicada sobre esses tecidos, agride as células em divisão, ocasionando efeitos colaterais. Os efeitos colaterais da radioterapia variam de pessoa para pessoa e dependem fundamentalmente da área irradiada. Os efeitos colaterais mais freqüentes são os seguintes:

·         Alopecia: se a área irradiada for a cabeça, pode ocorrer queda de cabelo localizada.

·         Alterações das células sanguíneas: a irradiação do quadril e de grande áreas da coluna compromete a produção das células do sangue, podendo exigir do paciente alguns cuidados especiais.

·         Diarréia: quando o abdome é irradiado, o intestino costuma ser alcançado pela radiação, determinando a diarréia.

·         Inflamação da mucosa da cavidade bucal e do esôfago: quando a boca ou o esôfago estiverem próximas às áreas tratadas, certo grau de inflamação da mucosa que as reveste está previsto, podendo haver dificuldades na alimentação.

·         Náuseas: podem ocorrer, principalmente nas irradiações do abdome.

·         Vômitos: a incidência é menor na radioterapia.

Obs: Os efeitos colaterais podem ser exacerbados, isto é, aumentados, nos casos em que a quimioterapia e a radioterapia são aplicadas simultaneamente.

Duração dos efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia:

Os efeitos colaterais tanto da quimioterapia como da radioterapia, têm duração variável. A grande maioria desses efeitos colaterais, costumam regredir, alguns semanas após o término do tratamento. Mas, existem casos específicos, que esses efeitos podem perdurar por muitos anos. Nos casos de toxicidade alta ou quando o paciente está enfrentado muitos problemas devido aos efeitos colaterais, o tratamento pode ser interrompido ou ter suas doses ajustadas.

Prognóstico 

Quanto menor for o tumor, e mais precocemente ele for detectado, melhor será o prognóstico.  O prognóstico também depende do câncer ter se disseminado (metástases) ou não, para outras partes do organismo. A taxa de sobrevida é maior quando o tumor está confinado, isto é, ele não invadiu nenhum outro órgão ou linfonodos. No entanto, quando as células cancerosas se disseminaram para os linfonodos regionais, a taxa de sobrevida diminui um pouco.

 

Pacientes com doença recidiva, isto é, foram tratados e  ficaram sem vestígios de células cancerosas, mas, depois de alguns anos o câncer reapareceu (geralmente mais agressivo) em outro local distante, a taxa de sobrevida é reduzida consideravelmente.

 

Muitos pacientes quando diagnosticados com câncer pela primeira vez, e já apresentam evidências de metástases tumorais ou disseminação regional  ou a distância, o prognóstico é bastante reservado. Nesses casos específicos a sobrevida é de meses, não chegando a completar um ano pós-diagnóstico.   Geralmente, nesses casos particulares, a pessoa demorou alguns anos para procurar ajuda médica, ou o seu diagnóstico foi tardio, isto é, passou por vários médicos até chegar ao diagnóstico de câncer metastático.

Controle do paciente

 É importante que após o tratamento, o paciente seja acompanhado pelo médico periodicamente. As avaliações regulares permitem a identificação precoce de alterações. As recomendações quanto à freqüência das consultas e exames de seguimento, dependem da extensão da doença, do tratamento realizado e das condições do paciente.

Dietoterapia

Nos portadores de câncer são freqüentes os sintomas tais quais náuseas, vômitos, diarréias, constipação intestinal, alteração do paladar, inapetência e azia. As manifestações clínicas da  gastrite, xerostomia e da  mucosite dependendo da medicação podem ficar mais exarcebados. Esses sintomas  podem rapidamente, levar a carências nutricionais, processos infecciosos, piora dos sintomas  e a um processo de aceleração da doença. Por isso, a necessidade de uma alimentação adequada, associada a procedimentos  de terapia nutricional, para que esses pacientes possam melhorar o seu quadro nutricional e, consequentemente,   ajudar o organismo a combater o processo evolutivo do câncer.

 

Os objetivos da dietoterapia nos pacientes oncológicos compreendem as seguintes etapas:

 

·         Prevenir a desnutrição.

·         Repor perdas.

·         Fornecer os nutrientes na quantidade recomendada.

·         Amenizar sintomas e efeitos adversos em relação ao tratamento.

·         Melhorar a qualidade de vida.

 

No planejamento da terapia nutricional é fundamental a participação de uma equipe interdisciplinar composta pelo médicos, nutricionista (especializado em oncologia), fonoaudiólogo, enfermeiro, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Esses profissionais trabalhando em harmonia conseguem definir a melhor estratégia a seguir e as metas possíveis, sempre de modo personalizado, voltando-se às necessidades individuais de cada paciente. O nutricionista deve esclarecer para a família e o paciente, que a alimentação adequada e os procedimentos de terapia nutricional  também fazem parte do tratamento, trazendo benefícios importantes para todo o processo terapêutico.

Dicas de alimentação

Um problema  enfrentado por muitos portadores de câncer é a inapetência (perda do apetite), freqüentemente acompanhada de náuseas (enjôos) e vômitos. Esse problema é resultado do tratamento e da própria doença. Esses efeitos colaterais são temporários e desaparecem com a conclusão do tratamento. Na maioria dos casos, os piores efeitos  persistem apenas por alguns dias. Existem ajustes dietéticos e alterações na alimentação diária que podem ajudar a minimizar esses problemas. Aumentar a ingestão de líquidos é um exemplo. O ideal é ingerir pequenos volumes ao longo do dia. Água, chás claros, sucos de frutas são boas opções. Gelatinas e mousses também são bem-vindos.  O paciente  deve evitar os alimentos preferidos durante os períodos de mal-estar após quimioterapia e radioterapia, pois esses alimentos podem ficar associados à doença, e futuramente causar sensação de náuseas. Essa orientação é especialmente importante para as crianças.

Câncer e a dor

A dor é um sintoma comumente apresentado por pacientes com câncer avançado, sendo que, para a sua abordagem, o médico deve estar familiarizado com os aspectos etiológicos e fisiopatológicos da dor, com a farmacologia dos analgésicos e medicamentos co-adjuvantes a serem empregados, e com os métodos e técnicas disponíveis para obter-se a analgesia.

O tratamento da dor crônica, que é o tipo de dor mais comum no paciente com câncer, tem como principal objetivo a prevenção da mesma. Por isto, a administração dos medicamentos deve preceder, e não suceder, o episódio doloroso. As doses devem ser administradas a intervalos  regulares de tempo, os quais são estipulados de acordo com o período de duração da ação analgésica dos medicamentos utilizados.

É importante que a dor seja classificada em leve, moderada ou acentuada, pois o tratamento de cada modalidade deve ser individualizado. Nos pacientes com câncer, a dependência ou a tolerância a um narcótico não deve ser considerada como um problema relevante, devendo-se sim, utilizar-se a dose necessária da medicação para alcançar-se a analgesia, ajustando-a de acordo com a necessidade do paciente, não existindo, portanto, uma dose terapêutica máxima a ser aplicada.

Princípios básicos para o  controle da dor:

·         Avaliação multidisciplinar e multifatorial completa em relação a causa da dor.

·         Tratamento precoce em todos os estadios (estágios) da doença.

·         O controle da dor é parte integrante da assistência médica ao paciente com câncer.

·         O paciente deverá ser avaliado e reavaliado sob aspecto álgico, sempre que achar necessário.

·         A relação médico-paciente-família deve ser baseada em confiança mútua.

·         A princípio, sempre acreditar que o paciente que sofre dor, realmente sente dor.

Os medicamentos adjuvantes no controle da dor do câncer incluem medicamentos que tratam os efeitos adversos dos analgésicos (anti-eméticos, laxantes), intensificam o alívio da dor (corticosteróides) e tratam os distúrbios psicológicos coexistentes (ansiolíticos, antidepressivos e sedativos). Ressalta-se que o alívio da dor requer uma abordagem global do paciente, ou seja, física, psicológica, espiritual, social e afetiva.

Câncer e o estresse

O estresse é uma resposta não específica do organismo a algum tipo de pressão. Situações que causam estresse são chamadas de estressores, e é importante saber que os agentes estressores não são os mesmos para indivíduos diferentes. Os estressores mais comuns estão relacionados a eventos como perda de um ente querido, acidentes, doenças, brigas, divórcios, perda de emprego, provas, problemas financeiros e tráfego.

 

O estresse pode afetar a  saúde de maneiras bastante expressivas e causar dores de cabeça, insônia, úlcera, pressão alta e infartos. Quando dura muito tempo, o estresse se torna crônico e vai suprimindo o funcionamento do sistema imune, ou seja: o corpo vai ficando menos resistente a doenças. A resposta do corpo ao estresse inclui uma série de mudanças fisiológicas que se iniciam em reação a alguma ameaça, preparando o corpo para a ação. 

 

Alguns indivíduos nem precisam de um evento específico para que a resposta ao estresse seja ativada, pois já vivem nesse estado cronicamente, com músculos tensos, insônia, ritmo cardíaco acelerado, ansiedade e desconforto no estômago.  O  estresse prejudica o funcionamento do sistema imune e diminui o número de células T, cuja função é identificar um agente estranho (por exemplo, uma célula cancerosa) para que ele possa ser atacado.

 

Infelizmente, o estresse é uma constante no dia-a-dia da grande maioria das pessoas, mas há maneiras inteligentes de conviver com ele e diminuir os riscos causados por esse mal. Relaxamento e meditação são algumas das maneiras inteligentes de minimizar os efeitos negativos do estresse sobre o organismo.

Apoio psicológico

Apoio e suporte  psicológico e psicossocial: é necessário para todos os pacientes com câncer.

·         Explicar a natureza, os desconfortos e as limitações de atividade associadas aos procedimentos diagnósticos e aos tratamentos.

·         Evitar conversar sobre expectativa de vida em termos de tempo; dê esperança de que a terapia seja eficaz e possa prolongar a vida.

·         Encorajar o paciente a verbalizar seus sentimentos e suas angústias a respeito da doença. 

·         Encorajar e incentivar o paciente para que ele continue o tratamento até o fim.

·         Esse apoio é necessário para ajudar o paciente a mobilizar suas defesas para suportar os distúrbios fisiológicos e emocionais.

·         O apoio psicológico também é necessário para a possibilidade de alterações na aparência física, o  paciente deve ser ajudado a superar esse problema.

·         Promover um sentimento de independência e de suficiência, dentro das limitações do paciente.

·         Encorajar a família a participar dos cuidados do paciente.

·         No caso de alopecia (queda de cabelos), devido a quimioterapia,  a família pode obter lenços, bonés, perucas ou gorros; deve-se informar ao paciente  que o cabelo tornará a crescer, quando terminar a terapia, mas em alguns casos pode vir de tipo e cor diferentes.

·         Bondade, interesse, consideração e sinceridade para com o paciente e os seus familiares ajudam a consolá-los.

·         Criar uma atmosfera confortável para as visitas da família ao paciente.

O apoio psicológico e o estado emocional do paciente é importante para o sucesso do tratamento, pois a depressão é um dos sintomas que influenciam negativamente no tratamento do câncer.

Cuidados paliativos

Os cuidados paliativos é uma nova especialidade de cuidados médicos ao doente terminal, que contempla o problema da morte do homem numa perspectiva profundamente humana, reconhecendo a dignidade da pessoa no âmbito do grave sofrimento físico e psíquico que o fim da existência humana muitas vezes comporta.

Nas Unidades de Cuidados Paliativos, que são áreas assistenciais, existentes física e funcionanlmente nos hospitais, proporciona-se uma atenção integral ao doente terminal. Uma equipe de profissionais assiste estes doentes na fase final da sua enfermidade, com o único objetivo de melhorar a qualidade da sua vida neste período, atendendo às necessidades físicas, psíquicas, sociais e espirituais do paciente e da sua família. 

As necessidades físicas advêm das graves limitações corporais e sobretudo da dor, especialmente em pacientes com câncer disseminado pelo corpo. Com tratamento adequado, pode-se chegar a controlar cerca de 95% da dor.

As necessidades psicológicas são evidentes. O doente precisa de se sentir seguro, precisa de confiar na equipe de profissionais que o trata, de ter segurança de uma companhia que o apoie e não o abandone. Necessita de amar e de ser amado.

As necessidades sociais do doente terminal não são menos importantes, que as necessidades psicológicas e físicas. A doença terminal causa em quem a padece e na sua família, um intenso desgaste, e não poucos desajustes familiares. Frequentemente, toda a atenção dos membros da família, concentran-se no membro doente e, se a sobrevivência se prolonga, o desajuste pode ser duradouro.

Câncer e o SUS

O câncer é a segunda doença que mais mata os brasileiros, e a grande maioria dos oncologistas  e médicos especializados na doença concordam que  à falta de estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS), contribue exponencialmente, para essa alta incidência de mortalidade da doença no Brasil. Existe inadequação, insuficiência e má distribuição dos serviços médicos de assistência oncológica em todo o Brasil.

Entre os problemas, está a distribuição desigual de recursos técnicos, como mamógrafos, e recursos humanos especializados. Falta também, regulamentar um padrão de notificação ao SUS dos casos de óbitos, o que possibilitaria um diagnóstico mais realista, e políticas públicas , mais adequadas às demandas.  Muitos especialistas consideram que os registros do Ministério da Saúde não correspondem ao número real de vítimas da doença no Brasil.

Exemplo claro da falta de estrutura do SUS, é o fato do câncer de cólo do útero ser o segundo tipo que mais aparece entre as  mulheres, no Brasil, com um indíce de mortalidade muito alto. O câncer do cólo do útero pode ser facilmente detectado num simples  exame que a mulher deve fazer uma vez por ano, o Papanicolau. Ele é oferecido na rede pública de saúde, mas ainda não cobre toda a população.  A população deve ser alertada sobre a importância da prevenção e o diagnóstico precoce para o combate à doença.

Se, a população for conscientizada  e informada pelas autoridades de saúde da área federal, estadual e municipal, sobre os exames  diagnósticos e o auto-exame  (mama,  pele, pênis, testículos, tireóide, boca) que podem ajudar  na detecção do câncer, muitos casos poderiam ser detectados precocemente e tratados, ainda no estádio 0 (carcinoma in situ) ou estádio 1 da doença. O tratamento poderia ser menos traumatizante para o paciente, e o governo também teria sua contrapartida, evitando procedimentos dispendiosos, cirurgias de grande porte, exames invasivos  que exigem maiores recursos financeiros e redução de internamentos e diárias hospitalares.

Câncer de origem ocupacional

Um grande número de substâncias químicas usadas na indústria constitui um fator de risco de câncer em trabalhadores de várias ocupações. Quando o trabalhador também é fumante, o risco torna-se ainda maior, pois o fumo interage com a capacidade cancerígena de muitas das substâncias.

O câncer provocado por exposições ocupacionais geralmente atinge regiões do corpo que estão em contato direto com as substâncias cancerígenas, seja durante a fase de absorção (pele, aparelho respiratório) ou de excreção (aparelho urinário), o que explica a maior freqüência de câncer de pulmão, de pele e de bexiga nesse tipo de exposição.
A prevenção do câncer de origem ocupacional deve abranger:

·         A remoção da substância cancerígena do local de trabalho.

·         Controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais para a atmosfera.

·         Controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais).

·         A boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de produtos químicos no ambiente.

·         O trabalho educativo, visando aumentar o conhecimento dos trabalhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substâncias.

·         A eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todos os trabalhadores.

·         A proibição do fumo nos ambientes de trabalho, porque a poluição tabagística ambiental potencializa as ações da maioria dessas substâncias.

 

SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

LOCAIS PRIMÁRIOS

DOS TUMORES

Nitrito de acrílico

Pulmão, cólon e próstata

Alumínio e seus compostos

Pulmão

Arsênico

Pulmão, pele e fígado

Asbesto

Pulmão, serosas, trato gastrointestinal e rim

Aminas aromáticas

Bexiga

Benzeno

Medula óssea (leucemia mielóide)

Benzidina

Bexiga

Berílio e seus compostos

Pulmão

Álcool isopropílico

Seios para-nasais

Borracha

Medula óssea e bexiga

Compostos de níquel

Pulmão e seios para-nasais

Pó de madeiras

Seios para-nasais

Radônio

Pulmão

Tinturas de cabelo

Bexiga

Material de pintura

Pulmão

 

Prevenção

Os médicos advertem que a prevenção deve ser primária e secundária. A prevenção primária significa não se expor aos fatores que aumentam o risco de surgimento de tumores malignos. A prevenção secundária aconselha  a buscar o diagnóstico da doença o mais rápido possível.

Atualmente, é possível saber se uma pessoa que tem histórico de câncer na família desenvolverá o mal, antes mesmo que aconteça o desarranjo celular e apareça o tumor. Esse método se chama aconselhamento genético. Testes genéticos "medem" os riscos, e a partir do resultado, realiza-se um amplo trabalho de prevenção da doença. Mas, apenas alguns tipos de câncer podem  ser "prevenidos" pelo aconselhamento genético.

·         Pare de fumar. O cigarro é responsável por 30% dos casos de câncer.

·         Alimente-se bem. Uma dieta saudável reduz em 40% o risco de a doença surgir. Coma mais frutas, legumes e cereais e menos carnes e alimentos gordurosos.

·         Limite a ingestão de bebidas alcoólicas, pesquisas comprovam relação entre o alcoolismo e o aparecimento de determinados tipos de câncer.

·         Pratique atividade física cinco vezes por semana por pelo menos 30 minutos.

·         Mulheres acima de 40 anos devem fazer mamografia anualmente, como forma de prevenção para o câncer de mama.

·         Homens acima de 50 anos devem passar por exames preventivos do câncer de próstata.

·         Para prevenir o câncer do pênis, o homem deve lavar bem lavado com água e sabão, seus órgãos genitais diariamente.

·         O exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolau) deve ser feito todos os anos.

·         Depois dos 50 anos, homens e mulheres devem realizar exames de detecção precoce de câncer de intestino.

·         Evite a exposição prolongada ao sol, como forma de prevenção para o câncer de pele.

·         Examine regularmente a boca e a pele e procure o médico em caso de alterações.

·         Diminua sua exposição a campos magnéticos.

·         Diminua a sua exposição a toxinas ambientais.

·         Evite a multiplicidade de parceiros sexuais e, preze pela qualidade da vida deles também,  mantendo hábitos sexuais saudáveis.

Câncer e a cura

A cura é um processo individual. Para se conseguir a cura definitiva e não só a eliminação temporária de sintomas, é preciso recuperar o equilíbrio bioquímico, mas também a paz, a tranqüilidade interior e  a alegria de viver.  

 

O futuro do tratamento do câncer

O futuro do tratamento do câncer, ao que tudo indica e a exemplo do que acontece em alguns tratamentos do câncer de mama, é a customização. De acordo com os pesquisadores, a partir do melhor entendimento dos mecanismos moleculares que levaram ao descontrole da célula tumoral, será possível definir o tratamento de acordo com o tipo de câncer e o perfil genômico de cada paciente.

 

Combater o fator de crescimento das células tumorais ou a produção dos vasos sanguíneos que possibilitam a multiplicação destas células malignas: o princípio, chamado de antiangiogênico, tem sido o ponto de partida da maioria dos novos tratamentos contra o câncer, desenvolvidos ao longo dos últimos cinco anos e faz parte da terapia molecular dirigida, por meio da qual, moléculas penetram a célula cancerígena e a combatem, sem atingir as células normais.


Dúvidas de termos técnicos e expressões consulte o Glossário geral.