LINFOMA DE HODGKIN


Introdução

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

 

Linfomas malignos

Os linfomas são neoplasmas das células de origem linfóide. O linfoma é um tipo de câncer que altera a ação dos linfócitos comprometidos. Os linfócitos anormais freqüentemente se acumulam nos linfonodos, que com isso, se tornam inchados. Esses tumores geralmente começam nos linfonodos, mas podem envolver tecido linfóide no baço, no trato gastrointestinal, no fígado e na medula óssea. Geralmente, são classificados de acordo com o grau de diferenciação celular e quanto à origem da célula maligna predominante. 

Os linfomas podem ser classificados de maneira geral em duas categorias:  Linfoma de Hodgkin que se origina  no tecido linfóide e o Linfoma não-Hodgkin, que se refere aos outros linfomas malignos não diagnosticados como Doença ou Linfoma de Hodgkin. 

Os sintomas dependem da parte do corpo na qual os inchaços se localizam.  Um linfoma pode se formar praticamente em qualquer parte  do corpo e também é comum que mais de uma parte do corpo seja afetada pela doença.  Sem tratamento, o indivíduo com linfoma tem uma maior probabilidade de ter infecções. O prognóstico de todos os linfomas varia, e as principais  complicações resultantes da doença e do seu tratamento são: grande risco  de infecção, anemia, dor e possibilidade de desenvolvimento de outro câncer.

 

Definição Linfoma de Hodgkin

A Doença ou Linfoma de Hodgkin é uma forma de câncer rara, que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfóide  e, acomete predominantemente os gânglios linfáticos. Pode ocorrer em quase todas as massas de tecido linfóide: baço e medula óssea. O Linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer do sistema linfático. O Linfoma de Hodgkin surge quando um linfócito se transforma de uma célula normal em uma célula maligna, capaz de crescer descontroladamente e disseminar-se.  No Linfoma de Hodgkin os tumores disseminam-se de um grupo de linfonodos para outro grupo de linfonodos através dos vasos linfáticos. O local mais comum de envolvimento é o tórax, região também denominada mediastino.

 

Sinonímia

O Linfoma de Hodgkin também é conhecido pelos seguintes nomes:

·         Doença de Hodgkin.

·         Linfogranuloma maligno.

 

 

Fisiologia do sistema linfático

Os órgãos e tecidos que compõem o sistema linfático incluem linfonodos, timo, baço, amígdalas, medula óssea e tecidos linfáticos no intestino. A linfa é um líquido claro que banha estes tecidos, contém proteínas e células linfóides. Já os linfonodos (gânglios) são encontrados em todas as partes do corpo, principalmente no pescoço, virilha, axilas, pelve, abdome e tórax; produzem e armazenam leucócitos denominados linfócitos.

 

Existem três tipos de linfócitos: os linfócitos B (ou células B), os linfócitos T (ou células T), e as células "natural killer" (células NK). Cada um destes três tipos de células realiza uma função específica no combate a infecções, e também têm importância no combate ao câncer.

As células B produzem anticorpos que se ligam na superfície de certos tipos de bactérias e atraem células específicas do sistema imune e proteínas do sangue, digerindo as bactérias e células estranhas ao normal.

As células T ajudam a proteger o organismo contra vírus, fungos e algumas bactérias. Também desempenham importante papel nas funções das células B.

As células NK têm como alvo as células tumorais e protegem contra uma larga variedade de agentes infecciosos.

 

Fisiopatologia

O sistema linfático é um conjunto composto por órgãos, tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo. O Linfoma de Hodgkin surge quando um linfócito (mais freqüentemente um linfócito B) se transforma de uma célula normal em uma célula maligna, capaz de crescer descontroladamente e disseminar-se.

 

A célula maligna do Linfoma de Hodgkin é a célula de "Reed-Sternberg" que é uma célula tumoral gigante atípica, morfologicamente única e de linhagem incerta. A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas (também chamadas de clones). Com o passar do tempo, estas células malignas podem se disseminar para tecidos adjacentes, e, se não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. No Linfoma de Hodgkin, os tumores disseminam-se de um grupo de linfonodos para outros grupos de linfonodos através dos vasos linfáticos.

 

A maioria dos pacientes têm os tipos correntemente denominados  "esclerose nodular" e "celularidade mista".  O tipo esclerose nodular ocorre mais freqüentemente em mulheres jovens, em um estágio mais anterior mas com um prognóstico pior do que o subgrupo de celularidade mista, que ocorre mais comumente nos homens e causa sintomas mais constitucionais, porém de melhor prognóstico.

 

Incidência

·         Maior incidência entre os 15 e 19 anos.

·         Mais comum nos homens do que nas mulheres.

·         Houve um aumento significativo o número de casos de Linfoma de Hodgkin em jovens com menos de 20 anos.

·         O Linfoma de Hodgkin constitui cerca de 30% da incidência de linfomas.

 

Causas

A causa do Linfoma de Hodgkin é desconhecida. Parentes em primeiro grau têm uma freqüência da doença maior do que o normal.  Não existe incidência aumentada documentada nos parentes não-consanguíneos.

 

Cerca de 20% dos pacientes com Linfoma de Hodgkin também  foram infectados pelo vírus Epstein-Barr.  No entanto, ainda não foi estabelecido de maneira conclusiva o vírus Epsten-Barr como causa do Linfoma de Hodgkin, mas estudos realizados na Dinamarca e Suécia constataram que os indivíduos que têm anticorpos contra o vírus Epstein-Barr estão quatro vezes  mais suscetíveis  a desenvolver o Linfoma de Hodgkin.

 

Indivíduos infectados pelo HTLV e pelo HIV também apresentam maiores probabilidades de desenvolver o Linfoma de Hodgkin.

 

Fatores de risco

Cada tipo de câncer possui seus fatores de risco específicos. Os fatores de risco aumentam a probabilidade de se desenvolver a doença, mas não garante que ela venha a ocorrer.

 

·         Infecção pelo vírus HIV.

·         Infecção pelo vírus HTLV: o vírus linfotrópico de células T humanos (HTLV) é associado com um tipo de linfoma de células T.

·         Infecção pelo H.pylori: a bactéria Helicobacter pylori causa úlceras no estômago e é associada com o desenvolvimento de linfoma na parede do estômago.

·         Uso de drogas imunossupressoras.

·         Pessoas com doenças genéticas hereditárias, em que o sistema imune fica comprometido.

·         Pessoas que tem membros da família com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin.

 

Obs: Alta frequência das infecções viróticas  pode ser um fator contribuinte para o aparecimento do linfoma. A exposição a agentes infecciosos, tanto vírus como bactérias é relacionada ao linfoma.

 

Linfoma de Hodgkin e o Sistema nervoso

O comprometimento  do sistema nervoso no decurso do Linfoma de Hodgkin está estimado, segundo estatísticas, entre 10% e 14%. Embora as manifestações neurológicas possam ser precoces, é mais comum que apareçam nos estágios avançados da doença. O quadro neurológico geralmente é determinado por processos compressivos do tipo infiltrativo-tumoral ou através de compressões ósseas. Também a compressão de vasos nutridores do parênquima nervoso pode determinar amolecimentos medulares ou encefálicos. Também  são descritas no decurso do Linfoma de Hodgkin manifestações neurológicas paraneoplásicas como:

 

·         Leucoencefalopatia multifocal progressiva, quadro provavelmente determinado por um vírus do grupo papova, em indivíduos com resposta imunológica deprimida.

·         Neuropatias periféricas sensitivas ou predominantemente  sensitivas.

·         Herpes-zoster.

 

Diferença entre o Linfoma de Hodgkin e os Linfomas Não-Hodgkin

 

 

Diferenças

Linfoma de Hodgkin

Linfoma Não-Hodgkin

Progressão da doença

Início mais freqüente em linfonodos cervicais, progredindo topograficamente no organismo por contigüidade.

A progressão da doença não se faz necessariamente por contigüidade, sendo mais freqüentes, os casos com acometimento sistêmico ao diagnóstico, inclusive com leucemização.

Localização do tumor primário

É praticamente sempre nos linfonodos. Acometimentos extranodais significam tumor secundário.

Não é freqüente o acometimento primário de órgãos extranodais. Os sítios extranodais mais freqüentes são o estômago, o anel de Waldeyer e a pele.

Biologia da célula neoplásica

O tipo predominância linfocitária nodular é de origem linfóide B.  Nos demais tipos, as células neoplásicas (Hodgkin e Reed-Sternberg) são, segundo novas evidências, de origem linfóide B (98%) ou raramente T (2%).

São originadas em células B, (cerca de 80 a 90%), T (cerca de 10 a 20%) ou NK (natural killer, raros). Poucos exemplos de fenótipo null (não B-nãoT).

Histologia

As células neoplásicas são a minoria (<1%) em um fundo de células reativas (linfócitos, plasmócitos, eosinófilos), na maioria dos casos.

As células neoplásicas distribuem-se por todo o tecido acometido, com poucas células inflamatórias reativas, na maioria dos casos.

Distribuição etária

Bimodal, com pico de acometimento em crianças e adultos jovens e um pico menor nas faixas etárias mais avançadas.

Distribuem-se por todas as faixas etárias, com predomínio de diferentes subtipos histológicos nas diversas idades.

 

 

Localização

Os lugares mais comuns para a linfadenopatia são os nódulos cervicais, supraclavicular e mediastinal. É menos comum o envolvimento dos nódulos  ilíacos e inguinais ou do baço.

 

Sinais e sintomas

Os sintomas do Linfoma de Hodgkin dependem da localização no corpo. Geralmente o Linfoma de Hodgkin começa com um inchaço indolor de um ou mais linfonodos de um lado do pescoço, porção superior do peito, interior do peito, axilas, abdômen ou virilha.  O envolvimento de linfonodos em outros locais ocorre com  menor freqüência.

 

Sinais iniciais:

·         Febre moderada.

·         Fadiga.

·         Perda de peso e emagrecimento sem causa aparente.

·         Disfagia (dificuldade para engolir).

·         Sudorese noturna.

·         Prurido generalizado (coceira).

·         Anemia progressiva.

·         Aumento dos gânglios linfáticos.

·         Alguns pacientes  (20%) relatam um desenvolvimento de uma dor breve, mas forte, após ingerir álcool.

 

Região do tórax:  Além dos sintomas iniciais podem incluir também a tosse, dispnéia (falta de ar),  dor torácica e derrames na pleura ou no peritônio e aumento dos gânglios linfáticos mediastínicos e retroperitoneais que produz sintomas por pressão.

 

Região da pelve e abdome:  Além dos sintomas iniciais, podem incluir também a  dor abdominal, plenitude e distensão abdominal, esplenomegalia (aumento do baço) e hepatomegalia (aumento do fígado) e icterícia obstrutiva.

 

Regiões próximas à pele, no pescoço, axilas, virilhas: Alem dos sintomas iniciais, podem incluir a apresentação de linfonodos aumentados e indolores nestes locais. Paralisia laríngea devido à pressão contra o nervo laríngeo recorrente.

 

Comprometimento do SNC: O tipo de manifestação neurológica  mais comum é o radiculomedular, geralmente determinado por infiltrado tumoral epidural. O quadro paralítico costuma ser precedido por uma fase álgica mais ou menos longa; o nível de lesão habitualmente é cervicodorsal ou dorsal. A paraplegia pode se instalar de maneira relativamente rápida (duas a três semanas) ou, então,  de maneira súbita. As manifestações clínicas incluem crises convulsivas, déficits cerebrais focais, alterações mentais, hipertensão intracraniana. O comprometimento dos nervos cranianos é raro e depende de proliferação linfogranulomatosa intracraniana ou de lesões extracranianas e extradurais, a partir de focos linfáticos cervicais ou nasofaríngeos.

 

Os nervos cranianos podem ser atingidos de maneira isolada ou combinada, sendo mais freqüente o comprometimento do IIº, Vº, VIIº e VIIIº. Além dos nervos cranianos, outros nervos periféricos também podem ser atingidos, seja através de adenopatias compressivas ou por destruições ósseas nas adjacências (radiculalgias, neuralgia intercostal e paralisia do frênico). A invasão das meninges pode determinar um quadro difuso como se fosse uma meningite. Nas fases finais da doença pode haver invasão do sistema nervoso por fungos, particularmente pelo Cryptococcus neoformans.

 

Obs: Infecções por herpes zoster são comuns em pacientes com Linfoma de Hodgkin.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Biópsia excisional  dos linfonodos para exame histopatológico: remoção do gânglio inteiro.

·         Biópsia incisional  dos linfonodos para exame histopatológico: remoção de uma pequena parte do gânglio.

·         Biópsia da medula óssea.

·         RX do tórax em PA e perfil.

·         Tomografia computadorizada.

·         Ressonância Magnética .

·         Cintilografia de corpo inteiro com Gálio 67: uma substância radioativa que ao ser injetada no corpo do paciente é atraída para locais acometidos pela doença.

 

Os pacientes com Linfoma de Hodgkin têm um defeito na sua imunidade celular, como evidenciado pela ausência ou diminuição de reação a testes de sensibilidade  da pele, essa incapacidade é chamada anergia.

 

O diagnóstico é feito pela biópsia de um linfonodo excisado e pela presença da célula  de Reed-Sternberg.

 

Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer, através da biópsia,  realiza-se exames para estabelecer o estadiamento, que consiste em saber o estágio de evolução, ou seja, se a doença está restrita  ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento diferencia a forma terapêutica e o prognóstico.

 

Os exames diagnósticos necessários para estabelecer o estadiamento:

·         Tomografia computadorizada do abdômen e tórax.

·         Ressonância magnética do abdômen e tórax.

·         Cintilografia óssea do corpo inteiro com Gálio67.

·         Linfografia bipodálica.

·         Hemogramas específicos.

·         Dosagem da desidrogenase láctica sérica.

·         Biópsia da medula óssea.

·         Provas de função hepática.

·         Provas da função renal.

 

É importante lembrar que os exames complementares devem ser solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu grau de invasão e os órgãos para os quais ele geralmente origina metástases, quando se procura avaliar a extensão da doença. Isso evita o excesso de exames desnecessários.

Metástases

Freqüentemente, as células tumorais penetram na corrente sanguínea e linfática; por esse caminho são levadas a outros setores do organismo. E aí se instalam e proliferam. Formam-se então ninhos de células, que originam outras manifestações tumorais, as metástases, que  são  os tumores secundários. Essas manifestações secundárias, decorrentes de migração de células cancerosas, podem instalar-se em qualquer outro ponto do organismo. A análise do tipo de células que formam um tumor pode identificar se ele é primitivo ou se as células provêm de outro tumor, isto é, se se trata de uma metástase.

O Linfoma de Hodgkin mostra um padrão altamente previsível de disseminação. Geralmente através dos canais linfáticos, de uma cadeia de gânglios linfáticos para outra, freqüentemente para o baço e, finalmente, para áreas extralinfáticas.  O Linfoma de Hodgkin pode apresentar uma disseminação hematogênica, pois as áreas extraganglionares, incluem o trato gastrintestinal, a medula óssea, a pele, as vias superiores e outros órgãos.

Locais mais comuns de metástase:

·         Baço.

·         Fígado.

·         Medula óssea.

·         Pele.

·         Pulmão.

 

Estadiamento

A prática de se dividir os casos de câncer em grupos, de acordo com os chamados estádios, surgiu do fato de que as taxas de sobrevida eram maiores para os casos nos quais a doença era localizada, do que para aqueles nos quais a doença tinha se estendido além do órgão de origem.  O estádio da doença, na ocasião do diagnóstico, pode ser um reflexo não somente da taxa de crescimento e extensão da neoplasia, mas também, do tipo de tumor e da relação tumor-hospedeiro.

 A classificação do tumor maligno tem como objetivos:

·         Ajudar o médico no planejamento do tratamento.

·         Dar alguma indicação do prognóstico.

·         Ajudar na avaliação dos resultados de tratamento.

·         Facilitar a troca de informação entre os centros de tratamento.

·         Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano.

 

LINFOMA DE HODGKIN

ESTÁDIO  

DESCRIÇÃO

Estádio  I

Representa o envolvimento aparente de um único grupo de linfonodos ou de um único órgão, como o osso.

Estádio  II

Indica o envolvimento de dois ou três grupos vizinhos de linfonodos: por exemplo, todos no pescoço ou no peito, ou todos no abdômen.

Estádio  III

Representa o envolvimento de vários grupos de linfonodos no pescoço, peito e abdômen.

Estádio  IV

Significa que há o envolvimento disseminado de linfonodos e outro órgãos, como pulmões, fígado e ossos.

 


Obs: Os quatro estádios do Linfoma de Hodgkin podem ser ainda divididos em categorias “A” e “B”. 

 

A categoria “A” indica a ausência de febre, suor exagerado e perda de peso. Pacientes que apresentam esses sintomas pertencem à categoria “B”. Por exemplo, o estádio IIB indica que o paciente possui dois grupos vizinhos de linfonodos atingidos pela doença e apresenta febre, suor exagerado e perda de peso.

 

Pacientes com sintomas da categoria B, geralmente requerem uma abordagem de tratamento mais agressiva. A extensão da doença e a presença dos sintomas da categoria determinam se a radioterapia, a quimioterapia ou ambas são recomendadas para o tratamento

 

Tratamento

Objetivos: Controlar a disseminação tumoral; elaborar um plano racional de tratamento.  Nos casos avançados aliviar a pressão tumoral sobre um órgão vital. 

 

O Linfoma de Hodgkin é curável, dependendo do estágio do diagnóstico da doença.

 

Existem algumas alternativas terapêuticas para o tratamento do Linfoma de Hodgkin. Não é possível utilizar as mesmas alternativas para todos os casos. Fatores como o estado geral, nível de ansiedade  do paciente, características do tumor primário, recursos hospitalares e equipe multidisciplinar que vai tratar do paciente, têm peso considerável na decisão. Por causa de toda essas variáveis, a melhor opção terapêutica só pode ser definida em conjunto entre o paciente, seus familiares e o médico responsável.

 

A escolha do tratamento depende do tipo de câncer, da localização e tamanho do tumor, do estadiamento da doença, idade e condição clínica do paciente.  No Linfoma de Hodgkin o tratamento é determinado principalmente pelo estádio (estágio) da doença, e não pelo tipo histológico.

Tratamento cirúrgico.

Tratamento quimioterápico.

Tratamento radioterápico.

Tratamento paliativo.

Uma das características importantes do Linfoma de Hodgkin é o comprometimento do funcionamento do sistema imunológico. As células do sistema imunológico, principalmente os linfócitos T, não reagem normalmente. Isso pode fazer com que os pacientes se tornem suscetíveis a certos tipos de infecção. Os efeitos da radioterapia e da quimioterapia, podem aumentar essa suscetibilidade, já que esses tratamentos colaboram para a supressão do sistema imunológico. A remoção do baço, atualmente feita com menor freqüência, também contribui para o risco de infecções graves.

 

Tratamento cirúrgico: Laparotomia exploratória: cirurgia indicada quando a decisão terapêutica e o prognóstico depende da presença de doença abdominal microscópica.  Entretanto, a Laparatomia exploratória  não é indicada quando há doença mediastínica grosseira e/ou quando estão presentes sintomas  constitucionais (perda superior a 10% do peso corporal nos últimos seis meses, febre inexplicada acima de 30 graus e sudorese noturna, já que o tratamento não será alterado pela presença ou ausência de doença microscópica abdominal. O tratamento cirúrgico pode ser utilizado para aliviar as complicações causadas pela pressão  ou obstrução devidas a massas tumorais.

 

Tratamento quimioterápico: A quimioterapia é indicada como uma das opções terapêuticas pois o Linfoma de Hodgkin é considerada como um tumor sensível aos medicamentos quimioterápicos. Usa-se a terapia com combinação de medicamentos, a dosagem e o esquema  depende do estado do paciente e da sua resposta ao tratamento. Poderá ser necessária uma terapia de manutenção intermitente para manter a doença sob controle, nos estágios avançados. Em alguns casos, é necessário a combinação da radioterapia e da quimioterapia para aumentar as chances de sobrevivência.

 

Transplante de medula óssea: O Linfoma de Hodgkin também pode ser tratada, em casos específicos, por altas doses de agentes quimioterápicos, seguidos por transplante de medula óssea autólogo ou de células-matrizes (a medula óssea ou as células tronco periféricas são retiradas do próprio paciente). O autotransplante para o Linfoma de Hodgkin é a terapêutica recomendada nos 20-30% dos pacientes que falham à quimioterapia convencional.

 

A indicação do transplante depende, em geral, da fase da doença em que os pacientes se encontram. A realização do transplante consiste na retirada da medula óssea da crista ilíaca posterior, através de múltiplas aspirações por agulhas especiais para esse procedimento ou pela retirada com máquinas de aférese, das células tronco periféricas estimuladas. Essas células vão circular na corrente sangüínea e por tropismo se alojam na medula óssea iniciando a reconstituição hematopoética do paciente.
 

Tratamento radioterápico: Radioterapia de um só campo (local), de um campo extenso, ou de todas as áreas que contêm gânglios (irradiação ganglionar total) constitui a primeira escolha no tratamento da doença de Hodgkin em fase inicial (sem quaisquer sintomas). Em alguns casos, é necessária a combinação da radioterapia e da quimioterapia para aumentar as chances de sobrevivência.

 

Tratamento paliativo:  Nesse tipo de tratamento, o câncer está em estágio terminal e com metástases (estádio IV), ou em situações específicas em que o tumor é inoperável, o paciente está em estado crônico e sem possibilidades de terapêuticas curativas. O tratamento paliativo resume-se a medidas paliativas, para atenuar os sintomas e oferecer uma melhor condição de sobrevivência com uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana.

 

A eficácia da terapia depende da idade do paciente e da extensão (estádio) da doença. Uma grande proporção dos pacientes se cura após o tratamento inicial. Para aquela pequena porcentagem que apresenta recidiva da doença, um segundo tratamento com radioterapia ou quimioterapia, geralmente é bem sucedido. Esses pacientes podem se curar ou apresentar longos períodos sem a doença, após o segundo tratamento.

 

Em alguns pacientes com evidências de doença progressiva, o uso de infusões de células-tronco da medula óssea autológa, permitem a aplicação de uma quimioterapia intensiva, que pode levar à remissão e a um longo período de tempo sem a doença. Mais de 75% dos pacientes com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, podem ser curados através das abordagens atuais de tratamento, dependendo do estágio em que foi iniciado o tratamento.

 

Complicações a longo prazo

Existem várias complicações a longo prazo, devido ao tratamento quimioterápico e radioterápico  em pacientes com o Linfoma de Hodgkin. os fatores de risco para o surgimento de outros cânceres devem ser avaliado, e a vigilância em longo prazo é crucial. As abordagens de tratamento revistas constituem a meta para diminuir o risco das complicações sem sacrificar o potencial de cura.

 

·         Disfunção imunológica.

·         Infecções herpéticas (zóster e varicela).

·         Sepse pneumococal.

·         Leucemia Mielóide aguda.

·         Síndromes mielodisplásicas.

·         Linfoma não-Hodgkin.

·         Tumores sólidos.

·         Câncer de tireóide.

·         Hiperplasia do timo.

·         Hipotireoidismo.

·         Pericardite (aguda e crônica).

·         Cardiomiopatia.

·         Pneumonite (aguda e crônica).

·         Necrose vascular.

·         Retardo do crescimento.

·         Infertilidade.

·         Impotência.

·         Cáries dentárias.

 

Seqüelas

O tratamento radioterápico e o quimioterápico trazem riscos e seqüelas para os pacientes após o tratamento. O paciente pode desenvolver outros tipos de câncer tipo mama, pulmão, tireóide, linfomas e leucemias. Também pode ocorrer infertilidade.

 

Prevenção

Não há forma conhecida de  evitar ou detectar precocemente o Linfoma de Hodgkin. 

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Duvidas de termos técnicos e expressões consulte o Glossário geral.