*TETRALOGIA DE FALLOT


Definição

A Tetralogia de Fallot é considerada uma malformação congênita do coração composta por quatro elementos: grande defeito do septo interventricular perimembranoso com desalinhamento; deslocamento ou desvio da aorta para o lado direito, ao sair do coração; obstrução da via de saída do ventrículo direito em vários graus dificultando a passagem do sangue para os pulmões e a hipertrofia do ventrículo direito. O bebê já nasce com essa anomalia cardíaca. Essa malformação cardíaca pode ser detectada durante a fase pré-natal através de um ultrassom fetal. Devido à malformação cardíaca o coração bombeia sangue com baixa oxigenação para todo o organismo.

A Tetralogia de Fallot é a cardiopatia cianótica mais frequente entre os recém-nascidos. A doença é muito grave, porém com um diagnóstico precoce e tratamento cirúrgico o bebê pode se recuperar ao longo do tempo. Dependendo do defeito cardíaco e da evolução da doença muitos indivíduos com a Tetralogia de Fallot podem chegar a idade adulta sem ou com a cirurgia de correção definitiva do coração.

 

Sinonímia

A Tetralogia de Fallot também é conhecida pelo seguinte nome:

·         Síndrome do bebê azul.

 

Histórico

A Tetralogia de Fallot foi descrita pela primeira vez pelo médico Dr. Etienne-Louis Artur Fallot, em 1888. Inicialmente chamou de “la maladie bleue  (doença azul).

 

Incidência

·         Cerca de 10% dos óbitos de bebês e crianças são causadas pelas doenças cardíacas graves.

·         A malformação congênita cardíaca é a causa de 30% a 40% dos óbitos no primeiro ano de vida do bebê.

·         A Tetralogia de Fallot afeta aproximadamente 2 em cada mil bebês.

Causas

Estudos indicam que a Tetralogia de Fallot pode estar associada a algumas síndromes congênitas: Síndrome de Down, Síndrome de Alagille e a Síndrome de DiGeorge.

O aspecto genético também pode ser considerado para o aparecimento da anomalia congênita no recém-nascido.

 

Fatores de risco

Algumas situações específicas podem contribuir para o aparecimento da anomalia cardíaca congênita.

·         Infecção pelo vírus da rubéola durante a gravidez.

·         Consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez.

·         Idade da gestante acima de 40 anos.

·         Gestante com Diabetes mellitus.

·         Má nutrição durante a gravidez.

 

Sinais e sintomas

Um dos sinais mais comuns dessa doença é que logo após o nascimento o bebê apresenta as extremidades e mucosas azuladas (cianose). Isso ocorre devido ao bombeamento de sangue pobre em oxigênio para o organismo.  Em alguns casos pode ocorrer intensa cianose - crise hipoxêmica - que é uma condição que exige tratamento imediato. É considerada uma emergência cardiológica que envolve risco de vida para o recém-nascido.

Além da cianose (leve, moderada, grave) o recém-nascido pode apresentar os seguintes sintomas:

·         baixo peso nos primeiros meses de vida.

·         baqueteamento digital (dedos em forma de baqueta de tambor);

·         cansaço excessivo;

·         choro prolongado;

·         dificuldade para respirar;

·         dor;

·         dispneia e cansaço durante a amamentação;

·         irritação frequente;

·         letargia;

·         palidez;

·         pontas dos dedos e língua roxa;

·         respiração acelerada enquanto descansa;

·         sopro sistólico devido a estenose pulmonar;

·         suor excessivo.

Obs: Em casos graves pode ocorrer a perda da consciência. O bebê pode desmaiar.

 

  Crianças na primeira infância:

·         Cansaço excessivo durante a prática de exercícios  e atividades físicas;

·         Os lábios ficam roxos quando brinca muito;

·         Pele pálida;

·         Coração com ritmo acelerado;

·         Desmaio.

 

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento das cardiopatias congênitas que causam má-formação na estrutura ou na função do coração.

Antes do nascimento:

·         Ecocardiografia fetal.

Depois do nascimento:

·         Anamnese.

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Teste do coraçãozinho (exame de oximetria de pulso no recém-nascido). O Teste do Coraçãozinho faz parte da triagem neonatal. A Sociedade Brasileira de Pediatria indica esse teste no recém-nascido para detectar o mais precoce possível cardiopatias graves nos bebês, isto é, doenças cardíacas graves que podem evoluir para o óbito em alguns casos nos primeiros meses de vida. Esse teste deve ser feito na maternidade até 48 horas após o nascimento.

·         Ecocardiograma.

·         Raio X do tórax.

·         Eletrocardiograma.

 

Tratamento

Médicos especialistas: Pediatra, Cardiologista pediátrico e Cirurgião cardiovascular. Dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente, outros profissionais especializados podem ser indicados para o tratamento.

O tratamento da Tetralogia de Fallot exige a necessidade de correção cirúrgica, a qual pode ser realizada logo após o nascimento ou depois de um determinado tempo de forma eletiva, conforme a gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente. O objetivo da cirurgia é normalizar o funcionamento cardiovascular.

Tratamento cirúrgico: A malformação congênita exige cirurgia mais breve possível.  Dependendo da gravidade da malformação cardíaca e da idade do paciente pode ser necessária mais de uma cirurgia, até chegar a cirurgia corretiva definitiva. Em alguns casos é feito um procedimento menos invasivo e de pequeno porte para aliviar os sintomas (cirurgia paliativa), depois com o desenvolvimento do bebê e a melhora das condições de saúde, a cirurgia cardíaca definitiva (cirurgia corretiva) pode ser realizada. É uma cirurgia complexa e de grande porte. Deve ser realizada em centro hospitalar capacitado para esse tipo de cirurgia cardíaca e que tenha UTI neonatal ou pediátrica. O alto risco cirúrgico deve ser comunicado aos pais da criança.

Cateterismo cardíaco: Em alguns casos específicos pode ser necessário.

Tratamento medicamentoso: É indicado para controlar os sintomas.

Prognóstico: A mortalidade é muito alta no primeiro ano de vida.   A sobrevida nos adolescentes e adultos aumenta quando os pacientes realizaram a cirurgia nos primeiros meses de vida.

O diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento cirúrgico seja realizado com sucesso.

 

Complicações

Após a correção cirúrgica muitos pacientes podem apresentar significativas e graves alterações da função dos ventrículos com repercussão hemodinâmica.

Alguns pacientes apresentam defeitos residuais que podem causar complicações significativas.

Pacientes que fizeram a cirurgia corretiva na infância devem ter acompanhamento com cardiologista por um longo tempo.

 

Sequelas

·         Fibrose miocárdica.

·         Alterações pulmonares significativas.

·         Necessidade de marca-passo definitivo.

·         Insuficiência pulmonar.

·         Arritmias cardíacas.

 


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