ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL


 

Definição  

O Acidente Vascular Cerebral - AVC é a perda súbita das funções cerebrais resultante de uma interrupção do suprimento sanguíneo para uma determinada parte do encefálo, que pode causar uma disfunção neurológica. A diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro, pode ter duas causas: a obstrução de uma artéria cerebral ou a insuficiência da circulação no cérebro, que é chamada de insuficiência vascular cerebral. O AVC hemorrágico é considerado mais grave que o AVC isquêmico, que é o mais comum.  Atualmente, o termo AVC, está sendo substituido por AVE (Acidente Vascular Encefálico).

 

O AVC é a quinta causa mais frequente de morte nos países em desenvolvimento, sendo superado apenas pelos acidentes, doenças coronarianas, câncer e doenças infectoparasitárias. Não é tão letal, quanto a doença coronariana, mas o AVC é seguramente, a mais devastadora das complicações da aterosclerose, pois pode tirar de sua vítima, a possibilidade de independência e de comunicação. Ao menor sinal de derrame, deve-se procurar imediatamente assistência médica. Quanto mais demora o atendimento, maior será a lesão, suas complicações e seqüelas.

Sinonímia

A doença também é conhecida pelos seguintes nomes:

Incidência

Causas

Evolução

Depende do tamanho do vaso sanguíneo e da área danificada do cérebro. Se a ruptura se deu em um vaso sanguíneo grande,  e a área danificada for muito extensa, o prognóstico é reservado. Se o vaso atingido é pequeno, e a área do cérebro prejudicada também é pequena, o paciente pode se recuperar com poucas sequelas.

AVC e Aneurisma cerebral

O Aneurisma é constituído por uma bolsa de sangue, que se forma em consequência da dilatação de um segmento da parede arterial. O Aneurisma cerebral é um divertículo, formado pela dilatação das paredes de uma artéria no interior da cabeça. Uma das causas de ocorrência de AVC, é o aneurisma cerebral.  A evolução lenta ou acelerada do aneurisma está na dependência da etiologia e da localização dessa anomalia no cérebro, bem como, da gravidade do processo arterial e das condições da pressão arterial sistêmica. 

 

Alguns aneurismas estacionam e acabam por regredir depois de certo tempo, às vezes longo. Há inclusive casos de cura espontânea de aneurismas, como consequência de trombose da parede da bolsa aneurismática e da formação do trombo. As manifestações clínicas mais comuns devido ao extravasamento ou ruptura do aneurisma cerebral:

Fatores predisponentes

Fatores de risco

Classificação

Existem dois tipos de acidentes vasculares cerebrais:

Sinais e sintomas

As manifestações clínicas dependem da idade do paciente, da extensão e da lesão cerebral, e do tipo de AVC se isquêmico ou hemorrágico, por isso pode variar de paciente para paciente. Geralmente, antes do AVC, os pacientes, tiveram ou se queixaram de alguns destes sintomas: 

Dependendo do tipo de AVC, podem ocorrer os seguintes sinais ou sintomas:

 

AVCI (acidente vascular cerebral isquêmico):

Obs: O AVCI  pode manifestar-se com sintomas leves ou passageiros, como também pode ocorrer  de uma forma mais grave, súbitamente e, progredindo rapidamente, quando ocorre obstrução graves e extensas, resultando na falta de oxigenação no cérebro, que dependendo do tempo, pode causar sequelas irreversíveis. Pessoas que apresentam fatores de risco para doença vascular, devem procurar assistência médica imediatamente.

 

AVCH (acidente vascular cerebral hemorrágico):

Obs: Deve-se levar o paciente imediatamente para o hospital, mesmo que o paciente esteja desmaiado, não esperar a pessoa acordar. Comunicar imediatamente ao médico plantonista, caso a pessoa tenha apresentado antes vômitos em jato, queixou-se de cefaléia intensa  e distúrbios de visão, pois talvez esses sintomas indiquem aumento da pressão intracraniana com formação de edema cerebral. A maioria dos casos de óbito do AVCH é devido ao aumento do edema cerebral.

Comparação entre o AVC do  hemisfério lateral  esquerdo e o AVC do hemisfério lateral direito

 

 

AVC Hemisfério Esquerdo

AVC Hemisfério Direito

Paralisia do lado direito do corpo

Paralisia do lado esquerdo do corpo

Defeito no campo visual direito

Defeito no campo visual esquerdo

Afasia (expressiva, receptiva ou global)

Déficit espacial-perceptivo

Capacidade intelectual alterada

Distração constante

Comportamento lento, cauteloso

Comportamento impulsivo e julgamento precário

Consciência da presença do déficit

Falta de consciência da presença do déficit

 

 

Diagnóstico

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que o AVC não seja confundido com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. Algumas  doenças ou distúrbios que podem ser confundidos com o AVC são os seguintes: 

Tratamento  

 

Médico especialista:  Neurologista. Dependendo da evolução da doença e do acometimento de outros órgãos, outros especialistas podem ser indicados para o tratamento do AVC.

Objetivo: Manter as condições vitais do paciente logo após o AVC.  O tratamento é programado visando a preservar a vida, limitar quanto possível o dano cerebral, diminuir as incapacidades e deformidades físicas e evitar a repetição do AVC.

 

O tratamento de urgência dos pacientes acometidos de AVC é oposto para cada um dos dois casos do distúrbio. No AVCI, procura-se abrir as artérias, permitindo maior afluxo de sangue no cérebro, enquanto no AVCH, o tratamento é voltado para controlar o vazamento de sangue (hemorragia).

 

O tratamento medicamentoso do paciente com AVC pode incluir diuréticos para reduzir o edema cerebral, o qual alcança seus níveis máximos de três a cinco dias após o infarte cerebral.

Novos tratamentos: Atualmente existem mais novidades na prevenção e tratamento do tipo mais comum de derrame,  o isquêmico, causado pela obstrução do aporte de sangue para o cérebro:

Prognóstico: Em relação ao AVC hemorrágico, metade dos pacientes que sofreram  grandes hemorragias, morrem em poucos dias.

 

Prognóstico de sobrevida tardia: Vários estudos têm demonstrado que a mortalidade tardia dos pacientes que sobrevivem a um AVC é muito maior do que a da população em geral.  A mortalidade é maior não só no primeiro ano, mas, continua sendo mais elevada em períodos de até 15 anos; a taxa de mortalidade é aproximadamente constante ano a ano:  o número de sobreviventes decresce de 16% ao ano para os homens e de 18% para as mulheres. Este aumento de mortalidade a longo prazo parece não se relacionar diretamente com o AVC, mas sim, com a doença de base que o causou.  Dentre os fatores que influenciam a mortalidade  tardia destacam-se: 

Complicações  

Potenciais:

Interdependentes:

Obs: Com tratamento adequado muitas dessas complicações podem ser prevenidas ou controladas. As úlceras de decúbito (escaras), por exemplo, podem ser evitadas, caso o paciente tenha uma boa assistência do pessoal de enfermagem tanto no ambiente hospitalar como na assistência de enfermagem domiciliar. Pode-se dizer com certeza, que as úlceras de decúbito em pacientes com AVC,  quando ficam um longo tempo no hospital,  são decorrentes de falha na assistência do paciente enquanto ele está acamado ou hospitalizado. 

Sequelas

Obs: Tratamento terapêutico através da fisioterapia pode recuperar várias das sequelas do AVC.

Prevenção  

Alguns cuidados gerais que a pessoa pode ter diariamente e ao longo de sua vida, podem contribuir para evitar o AVC:

Cuidados gerais para quem já teve AVC

Alguns cuidados que a pessoa que já passou por um AVC, pode ter para tentar se possível evitar um novo derrame.

Obs: A recorrência de um novo AVC pode ser prevenida se a pessoa estiver sempre atenta aos fatores de risco que podem desencadear um novo AVC. Consultando o seu neurologista regularmente você pode  evitar  muitos problemas e em muitos casos quando se tem um novo AVC  as complicações e as sequelas são muito mais graves. 

Assistência a paciente com sequelas de AVC

Assistência a pacientes com Afasia

Afasia é um distúrbio conceitual da linguagem resultante da disfunção cerebral. Pode envolver a alteração da capacidade de ler e escrever, bem como falar, escutar e compreender. É considerada uma das sequelas mais comuns do AVC. Existem inúmeros sintomas e distúrbios  envolvidos na afasia. O objetivo do tratamento e assistência é  estimular as tentativas de comunicação.

Cuidados com o paciente de AVC no seu domicílio

Alguns cuidados dentro da casa são necessários para a pessoa que teve um AVC. Muitos pacientes no primeiro AVC, tem poucas sequelas motoras, mas mesmo assim, não custa nada tentar evitar acidentes, adaptando a casa, à nova condição do paciente.

Algumas palavras ...

Uma pessoa através do email, elogiou essa página sobre o AVC,  mas ao mesmo tempo, pediu que eu escrevesse algumas palavras otimistas para quem já enfrentou um derrame, e para aqueles que têm medo de ter um novo derrame. Pediu que escrevesse, mas não com palavras copiadas de um livro, e sim com palavras vindas do coração.  Hoje, resolvi responder, não diretamente para ela e sim através dessa página, pois acho que dessa maneira a mensagem pode ser acessada e lida, por outras pessoas e familiares que estão convivendo com essa situação.

 

Imaginem como deve ser difícil uma pessoa que teve um  derrame, conviver diariamente  com aquela sensação constante de medo. Medo das sequelas que ele deixou marcadas no seu corpo. Medo de um novo derrame. Medo de ter que passar por tudo aquilo de novo. Medo das marcas que tentou  disfarçar e apagar tanto do corpo como da mente,  e que a qualquer momento podem voltar com mais força e, talvez não consiga mais apagá-las. 

 

Mas, imagine que existe uma outra palavra que pode mudar toda essa situação: Esperança.  Esperança de que não vai ocorrer um novo derrame. Esperança de que nunca mais você irá passar por tudo aquilo de novo. Esperança de que as marcas que ficaram,  serão apagadas tanto do seu corpo como da sua mente, pelo tempo. 

 

O Tempo é um amigo, e um inimigo ao mesmo tempo. Quando amigo, mostra que o amanhã é um novo dia, e você terá sempre tempo de realizar algo mais. Mas quando o tempo é um inimigo, ele apenas mostra  a você que o amanhã é simplesmente  mais um dia que você terá que viver.

 

Portanto, amiga ou direi amigo, aproveite o seu tempo, não pense no que ainda não aconteceu.  Viva!  Mas pense que a vida tem seus limites, e nunca ultrapasse a linha. O Medo e a Esperança andam juntos, você é quem vai decidir de que lado vai caminhar, e quanto Tempo vão andar juntos, sem trocar de lado.

 

Boa sorte!!

 

E obrigada, por você ter tido um Tempo, de ler essa mensagem de Esperança, e que não teve Medo de enfrentar os seus temores.  

Atualidades

Estatina:  Estudo inglês com mais de 20 000 pacientes de alto risco para doenças cardiovasculares mostrou que as estatinas reduzem em 25% os riscos de derrames. Além de baixar o colesterol, o remédio tem o poder de evitar a formação de coágulos sanguíneos e, consequentemente, a obstrução arterial.

 

Alerta sobre medicamento: A Incidência de infarto do miocárdio e Derrame em pacientes tratados com o antiinflamatório Bextra, da Pfizer, é duas vezes mais elevada que entre pacientes que tomam apenas placebo, em um estudo clínico de 5.900 pacientes da Universidade da Pensilvânia. O Bextra é da mesma classe do Vioxx, retirado do mercado pela Merck, depois de  ser  relacionado com a ocorrência de ataques cardíacos.

 

Terapia com células-tronco: O primeiro implante de células-tronco adultas, retiradas da medula óssea do próprio paciente, em paciente com acidente vascular cerebral (AVC) agudo foi feito pela equipe Pró-Cardíaca, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no dia 24 de agosto de 2004. A paciente teve boa recuperação, levando a crer, que a experiência poderá mudar o tratamento de pessoas com o problema em todo o mundo.


Dúvidas de termos técnicos  e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.