PARALISIA DE BELL
Descrição
É um conjunto de paralisias faciais devido ao comprometimento compressivo periférico do sétimo nervo craniano de um lado que resulta em debilidade ou paralisia dos músculos faciais sem uma causa evidente. Em alguns casos foi relatado que a paralisia ocorreu quando o indivíduo se expôs a uma temperatura muito fria e brusca, ou quando houve uma exposição a um vento muito forte no lado do rosto, ou no decorrer de um quadro infeccioso sem muita gravidade. Mas esses relatos não têm fundamento médico, sendo considerado pela Medicina uma simples coincidência. A paralisia é unilateral na maioria dos casos, se instala subitamente e desaparece sem deixar sequelas em quase 75% dos casos, em outras situações ou quando a paralisia é completa evoluindo por mais de 30 dias o quadro e o prognóstico é mais limitado.
Sinonímia
É também conhecida pelos seguintes nomes:
Paralisia facial periférica a frigore.
Paralisia facial idiopática.
Paralisia facial.
Etiologia
A etiologia da paralisia de Bell é desconhecida, mas existem algumas teoria das possíveis causas etiológicas:
Doença viral (herpes simples, herpes zoster).
Isquemia vascular.
Doença auto-imune.
Incidência
É mais frequente em indivíduos diabéticos.
Ocorre em todas as idades.
Não tem predominância por homens ou mulheres.
Na maioria dos casos ocorre à noite, enquanto o paciente dorme, ao acordar ele já está com a paralisia facial.
Período de duração
Em média de 2 a 5 dias; quando mais tempo de duração da paralisia, mais comprometimento neural e facial ocorre.
Sinais e sintomas
A Paralisia de Bell se instala subitamente sem nenhum sinal precoce, e geralmente ocorre em um dos lados do rosto, o paciente pode se queixar de alguns desses sintomas:
Deformidade da face.
Dor retroauricular no lado da paralisia, na fase inicial da doença.
Piscamento com menos frequência ou ausente no lado paralisado.
Menos sulcos da pele no lado paralisado.
Fenda palpebral mais aberta no lado da paralisia, resultando em uma incapacidade para fechar o olho.
Quando se tenta fechar ambos os olhos, o olho do lado paralisado não se fecha ou fica entreaberto.
Ao levantar as sobrancelhas não existe enrugamento da fronte.
Epífora.
Sensações faciais dolorosas.
Dor de ouvido no lado paralisado.
Dor dentro do olho, no lado paralisado.
Dificuldade de assoprar ou assobiar.
Dificuldade de mastigação.
Dificuldade para engolir os alimentos.
Disartria.
Distúrbios gustatórios.
Síndrome das lágrimas de crocodilo: a secreção lacrimal se coleta e escorre pela face no lado paralisado, geralmente após o início da alimentação.
Sinal de Bell ( quando o paciente fecha os olhos ocorre um desvio dos globos oculares para cima e para fora, no lado afetado pela paralisia).
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exame psiquiátrico.
Exame neurológico.
Exame eletroneuromiográfico.
EEG (Eletroencefalograma).
Tomografia computadorizada.
Provas de função dos pares cranianos.
Teste de Schirmer (testes da lacrimação).
Tratamento
O objetivo do tratamento é manter o tônus muscular da face e evitar ou minimizar a denervação. A maior ameaça ao paciente com paralisia de Bell é a ceratite.
Não existe tratamento específico para a doença.
O tratamento é sintomático conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.
Fisioterápico: através de massagens manuais (deve ser evitado a estimulação elétrica nos primeiros 20 dias, por causa do comprometimento neural); exercícios musculares.
Aumentar a umidade do ambiente.
A face do paciente deve ficar aquecida e abrigada contra correntes de ar.
Administração de pomada ocular é indicada sob prescrição médica, para facilitar a adesão e fechamento da pálpebra durante o sono.
Indicar o uso de um tapa-olho protetor, principalmente à noite, mas com cuidado para que não ocorra lesão da córnea.
Instruir o paciente para usar óculos protetores.
Administração de colírio é indicado sob prescrição médica.
Administração de analgésicos para controlar a dor facial, sob prescrição médica.
Administração de corticosteróides para reduzir a inflamação e o edema, é indicado sob prescrição médica.
A intervenção cirúrgica é indicada para:
Corrigir as deformidades palpebrais e proteger o olho devido a paralisia.
Descompressão cirúrgica do nervo facial para diminuir o edema, e evitar ou interromper a degeneração.
Sequelas
Complicações oculares.
Ulceração da cornéa.
Cequeira.
Paralisia facial definitiva.
Espasmos faciais com contratura muscular.
Sincinesias.
Síndrome de Bogorad (lacrimejamento prandial unilateral decorrente por erro de reinervação das fibras parassimpáticas salivares).
Cuidados gerais
O olho afetado deve ser coberto com um tampão à noite.
Fechar a pálpebra do olho paralisado manualmente antes de dormir é aconselhável, se o médico indicar, para evitar que o tampão irrite a córnea.
Uso de óculos escuros.
Deve ser feito exercícios faciais para prevenir a atrofia muscular, sob orientação de um fisioterapeuta.
Compressas mornas devem ser aplicadas para promover conforto no lado comprometido da face paralisada.
Massagens manuais deve ser feita várias vezes por dia, para manter o tônus muscular, sob orientação de um fisioterapeuta.
Não expor o rosto ao frio ou a objetos frios.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.