ESCLEROSE TUBEROSA


Definição

A Esclerose Tuberosa é  uma doença tanto hereditária, como também pode ocorrer  devido ao resultado de mutação genética do próprio indivíduo. Fundamentalmente, o quadro apresenta uma tríade constituída por epilepsia, retardo mental e adenomas sebáceos. Costuma ter os primeiros sintomas na infância, e pode ser evolutivo. Os adenomas sebáceos (adenoma sebaceum) podem estar presentes desde o nascimento. 

O complexo da Esclerose tuberosa é um grupo de doenças  autossômicas dominantes com prevalência entre 1:5.000 e 1:10.000. Caracterizam-se por hamatromas e neoplasias benignas que afetam o SNC: hamartromas corticais (túberes), hamartomas glioneurais subcorticais, nódulos gliais subependimários e o astrocitoma subependimário de células gigantes.

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:

Histórico

Von Recklinghausen em 1862, fez o primeiro relato clínico inicial da Esclerose Tuberosa. Bourneville, em 1880, descreveu como uma doença que apresentava importantes aspectos neurocutâneos. Em 1908, Vogt, descreveu com detalhes as características clínicas da doença, como a tríade, e os tumores cardíacos e renais.

Incidência

Genética

A afecção apresenta caráter genético, sendo a modalidade de transmissão hereditária do tipo autossômico dominante com penetrância e expressividade variáveis; as mutações são comuns. Em virtude destes aspectos genéticos, formas incompletas da doença podem ocorrer. O gene defeituoso tem sido mapeado no cromossomo 9 (TSC1) em algumas famílias, e no cromossomo 16 (TSC2)  em outras.

Transmissão

Esclerose e o Autismo

A associação entre a Esclerose tuberosa e o Autismo é particularmente interessante. A prevalência de Esclerose tuberosa em autistas é de 1-4%, enquanto que 25% de pacientes com Esclerose tuberosa são autistas e 40-50% preenchem critérios para o Transtorno invasivos do desenvolvimento (TID). Essa associação provavelmente se deve a anormalidades na organização cerebral ligadas aos genes da Esclerose tuberosa  (TSC1 no cromossoma 9q34 e TSC2 no cromossoma 16p13.3) e/ou a complicações da Esclerose tuberosa tais como retardo mental e epilepsia grave no primeiro ano de vida (síndrome de West)19.

Sinais e Sintomas

Manifestações cutâneas:

Características das lesões:

Manifestações internas:

Manifestações neurológicas:

Manifestações oftalmológicas:

Manifestações gerais:

Os sintomas neurológicos mais precoces e freqüentes são epilepsia e/ou autismo. Espasmo infantis são característicos.

Obs: Quando as crises epilépticas ocorrem no primeiro ano de vida, maior será a possibilidade de ocorrer retardamento mental. Isso pode ocorrer porque as crise epilépticas decorrentes da Esclerose Tuberosa, são mais resistentes a tratamentos anticonvulsivantes, resultando na deterioração do psiquismo destes doentes. As crises epilépticas são freqüentes, podendo ser generalizadas ou focais. As crises podem causar alterações no comportamento

Diagnóstico

Doença que requer vários exames para confirmação de diagnóstico, pois pode se apresentar com apenas uma das suas características, como também pode se apresentar com vários sinais e sintomas ao mesmo tempo.

Obs: Angiofibromas cutâneos múltiplos detectados em idade precoce são altamente sugestivos de Esclerose Tuberosa. A maioria dos pacientes tem manifestações detectáveis antes dos 10 anos.

 

Os tumores cerebrais do tipo astrocitoma subependimário de células gigantes, é o tumor do SNC mais comum da Esclerose tuberosa. Nem todos os tumores  requerem intervenção cirúrgica. Os sintomas devidos ao tumor podem ser o primeiro sinal da Esclerose tuberosa em 1/3 dos casos.

 

Túberes corticais podem ser detectados por TC ou RM e associam-se a epilepsia.

Tratamento

Objetivo:   Controlar os sintomas, tentar evitar a progressão da doença e oferecer através do tratamento uma melhor qualidade de vida ao portador.

A Esclerose Tuberosa é uma doença que requer a assistência de uma equipe multidisciplinar,  geralmente composta pelos seguintes profissionais:

Não existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia.  O  tratamento para a Esclerose tuberosa é sintomático. O tratamento é direcionado conforme os sintomas apresentados pelo paciente  e suas intercorrências.

Prognóstico: É difícil de se estabelecer o prognóstico para os portadores da doença, pelo seu caráter genético e por sua diversas manifestações clínicas, que influenciam e dificultam, consideravelmente, o prognóstico.

Prevenção

Para familiares de uma pessoa que apresenta Esclerose Tuberosa o aconselhamento genético deve ser considerado.


Dúvidas de termos técnicos  e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.