SÍNDROME DE GAMSTORP
Descrição
A Síndrome de Gamstorp é um tipo raro de paralisia periódica que geralmente se inicia antes dos 10 anos de idade, a crise depende dos níveis elevados do potássio no organismo. O doente se queixa de parestesias (sensação de formigamento ou dormência) no início da crise. As crises demoram alguns minutos e o indivíduo se recupera geralmente até duas horas após o início da crise. Em relação a gravidade das crises podem ser de paresia focal até a paralisia total. As crises de paralisia muscular são mais graves e frequentes na infância e adolescência. Alguns portadores da doença apresentam miotonia clínica moderada e permanente. Estudos indicam que com o envelhecimento do portador as frequências das crises vão diminuindo e em alguns casos desaparecem.
A Síndrome de Gamstop é considerada uma doença autoimune e que não tem cura, porém em alguns portadores da doença, as crises desaparecem completamente após o inicio do processo do envelhecimento.
Sinonímia
É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:
· Paralisia periódica hipercalêmica.
· Síndrome adinâmica hipercalêmica.
· Sindrome de Westphal com hipercalemia.
· Adinamia episódica hereditária.
· Síndrome periódica hereditária hiperpotassêmica.
· Paralisia periódica hiperpotassêmica.
Incidência
A doença pode ocorrer em ambos os sexos, sendo mais grave em indivíduos do sexo masculino.
Etiologia
A
genética molecular explica alguns dos mecanismos da Síndrome de Gamstorp, já
que foi mapeado um gene (SCN4A) causador da mutação. O modo de transmissão é
autossômico dominante.
Fatores predisponentes
As
crises podem aparecer nas seguintes condições:
·
Logo
após os exercícios físicos;
·
Frio;
·
Situações
de estresse;
·
Jejum
(períodos longos sem se alimentar);
·
Infecção;
·
Anestesia
geral;
·
Após
a administração de sais de K.
Sinais e
sintomas
Geralmente as crises são de curta duração (entre 20
a 40 minutos) e o portador se recupera em média até duas horas depois do início
das crises. Os episódios ocorrem
subitamente, por esse motivo as lesões decorrentes de quedas são mais frequentes.
·
fraqueza da musculatura do tronco e cintura, podendo se estender
para os membros;
·
miotonia.
Casos graves:
·
a fraqueza muscular vem acompanhada de náuseas,
sudorese fria, agitação e irritabilidade;
·
acometimento dos músculos do pescoço;
·
miotonia de
percussão é frequentemente demonstrada na língua;
·
dificuldade para tossir;
·
dificuldade para deglutir (engolir);
·
arritmias cardíacas;
·
rigidez muscular;
·
paralisia parcial.
Diagnóstico
· Anamnese
· Exame clínico.
· Exame físico.
· Exames laboratoriais (níveis de eletrólitos e potássio sérico).
· Exame neurológico.
· Testes genéticos.
· EEG - Eletroencefalograma.
· EMG - Exame eletromiográfico.
· Exame histopatológico (biopsia muscular).
· Teste de exercício prolongado.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Síndrome de Gamstorp não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. A doença que podem ser geralmente confundida com a Síndrome de Gamstorp é a seguinte:
· Paralisia hipocalêmica
· Doença de Addison.
· Miotonias não distróficas.
Tratamento
Objetivo: Controlar as crises.
Tratamento sintomático conforme a gravidade e a frequência dos episódios de ataques de paralisia. Tratamento medicamentoso sob indicação médica nas crises graves. A maioria das crises cede espontaneamente.
Diuréticos podem ser necessários para controlar os níveis de potássio no sangue.
Dietoterapia deve ser indicada para os portadores da doença.
Prognóstico: Alguns pacientes que têm a forma grave da doença podem desenvolver miopatia crônica que após vários anos de crises pode causar fraqueza muscular permanente.
Aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal
O aconselhamento genético deve ser oferecido para as famílias que tem história de familiar com a doença. A gravidez deve ser discutida pela chance de 50% do filho herdar o gene que transmite a doença.
Grávidas podem fazer o diagnóstico pré-natal caso tenha um portador identificado com a doença na família.
Cuidados que o portador deve ter para evitar ou diminuir as crises de paralisia
· Evitar esforços físicos.
· Evitar exposição ao frio extremo.
· Evitar o calor extremo.
· Evitar ficar muito tempo sem se alimentar.
· Evitar bebidas alcoólicas.
· Evitar frutas (bananas, damasco, passas, nozes) e vegetais ricos em potássio (lentilha, feijões, couve-flor, brócolis, batatas, espinafre).
· Diminuir a ingesta de comidas com excesso de hidratos de carbono.
· Não se esquecer de tomar a medicação prescrita pelo médico para evitar as crises.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.