NEUROCISTICERCOSE


Descrição

A Neurocisticercose é uma infecção causada pela infestação do Sistema Nervoso Central pelo embrião da Taenia solium  (cisticerco). É uma doença com uma elevada taxa de  morbidade e mortalidade, sendo que no  Brasil  a doença não tem sido muito diagnosticada. A ocorrência da doença está no hábito de se comer carne de porco mal cozida contaminada pelos cisticercos.   

Em condições naturais, o ciclo da doença compreende o homem como hospedeiro definitivo da Taenia solium,  (teníase) e os suínos como hospedeiros intermediários infectados pela forma larvária da tênia (cisticercose). A ingestão pelo homem de carne suína com cisticercos viáveis provoca a teníase. A cisticercose  humana ocorre quando, acidentalmente, o ser humano ingere ovos da T. solium, ocupando assim a posição de hospedeiro intermediário da doença reservada aos suínos no ciclo natural. 

Muitos distúrbios psiquiátricos, neurológicos e epilepsia em crianças e adultos jovens em alguns casos podem ser conseqüência da Neurocisticercose.

Sinonímia

É uma doença também conhecida popularmente pelo nome de Canjinquinha.

Agente etiológico

O embrião da Taenia solium:  a forma lavária se completa em quatro meses; o cisticerco pode ser encontrado no parênquima cerebral, ao nível das cavidades ventriculares, nos espaços subaracnóides ou cisternas basais ou nas meninges, raramente localizam-se na medula espinhal;  no parênquima cerebral é encontrado sob forma de Cysticecus cellulosae e nas cisternas sob a forma de Cysticercus racemosus.

Incidência

Fisiopatologia

Dois ou três dias após a ingestão dos ovos, as larvas abandonam o envoltório externo, invadem a mucosa e chegam aos vasos da parede intestinal, penetrando na corrente sanguínea, posteriormente  arrastadas pela circulação são levadas para diferentes pontos do organismo, mas de preferência no homem, o cisticerco localiza-se no globo ocular e no sistema nervoso. Uma vez instalado no sistema nervoso, forma-se em torno do cisticerco um processo inflamatório que pode comprometer as células nervosas vizinhas causando lesões.  O cisticerco se encontra inteiramente formado  após três meses,  caso encontre condições favoráveis no organismo humano, tornando uma vesícula arredondada ou ovóide, clara, semi-transparente, contendo no  interior um  líquido cristalino, quando essa membrana que envolve a vesícula se rompe, há liberação de substâncias tóxicas que produzem uma reação imunoalérgica, causando um processo inflamatório. 

Fenômenos inflamatórios repetidos e exposição prolongada a antígenos parasitários, podem ocasionar quebra de tolerância imunológica a antígenos do próprio sistema nervoso do hospedeiro. Deste fato resulta agressão secundária a estruturas nervosas, com diversos tipos de manifestações clínicas.

Diferença entre Neurocisticercose e Teníase

Não deve-se confundir Neurocisticercose com Teníase. A diferença básica é que a Neurocisticercose ocorre quando o homem ingere os ovos da tênia, enquanto a Teníase ocorre quando o homem engole as larvas da tênia. São doenças bem diferentes, causadas por dois estágios do mesmo parasita. Para se instalar no cérebro, é preciso ingerir os ovos da tênia. Ela só chega ao intestino e causa teníase (a verme cresce no intestino) quando a vítima engole a larva que estava na carne do porco malpassada. Essa larva vai parar no músculo do porco quando o animal come os ovinhos que estão no ambiente. No intestino humano, o parasita se desenvolve e vira um verme muito comprido e único.

Transmissão

O homem adquire  a cisticercose por dois meios:

Sinais e sintomas

A sintomatologia da neurocisticercose depende da localização, número de parasitas, pelo tipo, tamanho dos cisticercos, pela  viabilidade biológica e pelas características da resposta inflamatória de cada paciente.   No sistema nervoso pode se apresentar sob as mais variadas manifestações clínicas sendo que a epilepsia é a manifestação clínica mais freqüente da doença. A evolução e o modo de aparecimento dos sintomas poderão ser agudos ou crônicos. A evolução da doença  é do tipo recorrente com períodos de manifestações clínicas acentuadas, intercaladas por períodos de relativa calma. Conforme a região cerebral atingida, os sintomas variam de cefaléias a hipertensão intracraniana, crises convulsivas e até distúrbios mentais e psíquicos. As síndromes neurológicas mais comuns encontradas em pacientes com Neurocisticercose são as seguintes:

Diagnóstico

Obs:  O Diagnóstico da Neurocisticercose baseia-se geralmente em três critérios fundamentais: o quadro clínico, os dados da neuroimagem do crânio e os dados do exame do líquido cefalorraquidiano. O exame do LCR é o exame clássico para o diagnóstico da Neurocisticercose. A reação inflamatória do hospedeiro em relação ao parasita transparece adequadamente no LCR.

Diagnostico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Neurocisticercose não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, neurológico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Neurocisticercose são as seguintes:

Tratamento

Médico especializado:  Neurologista e Clínico geral.   Outros médicos especialistas podem ser necessários, dependendo da sintomatologia apresentada pelo paciente.

Objetivo: O tratamento da Neurocisticercose apresenta dois objetivos principais: o controle  do processo inflamatório através do uso  de medicação antiinflamatória durante os surtos da doença, e a agressão ao parasita com a finalidade de impedir a repetição de episódios inflamatórios.

Não existe tratamento específico para a doença. O tratamento é sintomático, conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

O tratamento para a Neurocisticercose varia de acordo com o estágio da doença, sendo mais específico e eficaz se o cisticerco ainda estiver na forma ativa, ou seja, vivo. A partir do momento em que ele começa a degenerar e morre, inicia-se um processo de deposição progressiva de sais de cálcio (fase de calcificação) e as lesões cerebrais e seqüelas, tornam-se permanentes. Nestes casos, a intervenção tem como objetivo apenas amenizar os sinais clínicos do paciente.

Obs:  Os resultados do tratamento, sempre  penoso e dispendioso,  nem sempre são satisfatórios. Em avaliações a longo prazo, cerca de 10% dos pacientes vão a óbito em conseqüência da doença e aproximadamente 20% dos restantes não se beneficiam com o tratamento. Estes dados, aliados ao fato de que a doença freqüentemente apresenta caráter invalidante, tornam imperativa  a consideração de medidas profiláticas. 

Prognóstico

A evolução da Neurocisticercose é variável; algumas vezes há remissão espontânea do quadro sintomatológico com o passar do tempo, em outros casos os sintomas vão se agravando cada vez mais. É difícil estabelecer um prognóstico, mas na presença de hipertensão intracraniana ou sinais de comprometimento progressivo e generalizado do SNC , o prognóstico é reservado.

Seqüelas


Dúvidas de termos técnicos  e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.

Maiores informações sobre a Teníase, consulte o menu de Doenças Parasitárias.