NEUROFIBROMATOSE
Definição
A Neurofibromatose é considerada uma doença
que tem um quadro clínico variável. É uma neuroctodermose. Os neurofibromas são
tumores da bainha dos nervos periféricos e podem ser discretos ou plexiforme. Os
neurofibromas discretos são massas focais bem definidas que normalmente
aparecem na puberdade e podem estar associados a prurido. Podem ser
classificados como cutâneos ou subcutâneos. Os plexiformes envolvem múltiplos
fascículos ou ramos de nervos e podem crescer exageradamente, apresentando
degeneração maligna, tumores malignos da bainha dos nervos periféricos – TMBNP,
que podem ser classificados como difusos ou nodulares.
Sinonímia
A Neurofibromatose tipo 1
(nf1) também é conhecida como:
·
Doença de Von Recklinghausen.
Incidência
·
A Neurofibromatose em alguns casos pode ter uma
evolução lenta, 10% dos portadores podem
ser acometidos pela doença.
·
A Neurofibromatose 1 (nf1) é a forma clássica da doença com uma
incidência de 1 para 3 mil indivíduos.
·
A Neurofibromatose 2
(nf2) é menos freqüente com uma incidência de 1 para 50 mil indivíduos.
Genética
O transtorno é transmitido com autossômico
dominante com expressão variável. Neurofibromatose 1
(nf1): É uma doença hereditária
autossômica de forte penetração, proveniente de uma anormalidade do
desenvolvimento embrionário, derivado da crista neural. O gene da neurofibromatose
está no cromossomo 17q11.2, tem 60 Exons numerados de
1 a 49, sendo que 3 deles - 9, 23a e 48a - apresentam splicing
alternativo. No Intron 27b, encontram-se 3 genes
transcritos na direção oposta do gene NF1,
EV12A, EV12B, OMGP. O NF1 tem alta taxa de mutações novas e
existem vários pseudogenes, em outros cromossomos.
Etiopatogenia
Estudos indicam que a doença é decorrente de
uma displasia que compromete os cristais neurais.
Tipos
A Neurofibromatose tem se apresenta de duas
formas distintas principais:
·
Neurofibromatose 1
(nf1): é a forma mais comum de
apresentação da doença: cromossomo 17
·
Neurofibromatose 2
(nf2): cromossomo 22.
Sinais e sintomas
Neurofibromatose 1 (nf1):
Manifestações neurológicas:
·
Neurofibromas do nervo periférico, apresentando
lesões cutâneas e subcutâneas, formando meningoceles, ectasias durais e cistos
aracnóides.
·
Aparecimento de tumores encefálicos.
·
Meningoceles.
·
Hidrocefalia.
·
Epilepsia.
·
Mal formações óbito-crânio-faciais.
Manifestações dermatológicas:
·
Aparecimento de manchas ovóides de cor uniforme
café-com-leite apresentando margens bem definidas.
·
Aparecimento de sardas, principalmente
inguinais e axilares; ocorrem agrupadas geralmente em regiões de superposição
de pele.
Manifestações ósseas:
·
Cifoscoliose
·
Pseudoartrose tibial.
·
Fibromas ossificantes.
Manifestações viscerais:
·
Essas manifestações são através de tumores
digestivos, que podem causar freqüentes hemorragias digestivas. Podem ocorrer
também tumores mesentéricos.
·
Macroglossia (aumeno da língua) devido a um
neurofibroma ou angioma.
·
Hipertensão arterial pode ser causada devido
aos problemas renais e urogenitais.
·
Mediastino pode ser acometido pelo
neurofibromatose que com freqüência se transforma em câncer.
Manifestações endócrinas:
·
Tumores nas supra-renais.
·
Puberdade precoce.
·
Síndrome
adiposo genital.
Manifestações vasculares:
·
Devido a lesões nos vasos de vários calibres
pode ocorrer AVC isquêmico em bebês, crianças e adultos.
·
Doenças arteriais de base do crâni (Síndrome
de Moya-Moya).
·
Aneurismas de tamanhos variados intracranianos.
·
Fístulas artério-venosas.
Neurofibromatose 2 (nf2):
Manifestações clínicas:
·
Presença de tumores múltiplos sem risco de
malignização.
·
As manifestações cutâneas são discretas, tipo
manchas café-com-leite ou com um neurofibroma periférico.
·
As manifestações neurológicas são decorrentes
da lesão do acústico: pode ocorrer hipoacusia uni ou bilateral progressiva
(baixa audição), que pode ser acompanhada de tonteiras e problemas de
equilíbrio.
·
Não existe déficit intelectual ou
anormalidades ósseas.
Diagnóstico
·
Anamnese detalhada.
·
Exame físico.
·
Exame clínico.
·
Exame neurológico.
·
Exames laboratoriais.
·
Triagem para feocromocitoma.
·
Exame genético.
·
Exame oftalmológico.
·
Radiografia do esqueleto.
·
Tomografia Computadorizada de crânio.
·
Ressonância Magnética
·
Ultrassonografia de abdômen.
·
Biópsia cutânea e nervosa
Critérios diagnósticos da US
NIH – Consensus Development Conference (1988):
·
Seis ou mais manchas café-com-leite maiores que 5mm em indivíduos pré-puberais ou maiores que 15mm depois da
puberdade.
·
Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou 1 ou mais neurofibromas plexiformes;
·
Sardas axilares ou inguinais.
·
Tumor na via óptica.
·
Lesão óssea característica.
·
Um parente de primeiro grau afetado (com dois dos
critérios acima).
Tratamento
Tratamento cirúrgico: em algumas situações
particulares pode ser necessário, desde que os tumores causem manifestações
clínicas. A transformação dos tumores benignos em malignos após a cirurgia é
freqüente em pacientes com essa patologia.
Seqüelas
É uma patologia que tem vários tipos de
apresentação, portanto pode deixar inúmeras seqüelas no portador. As mais
freqüentes são as seguintes:
·
Déficit mental
·
Déficit de atenção.
·
Baixo rendimento escolar.
·
Más formações óbito-crânio-faciais.
·
Hidrocefalia.
·
Síndrome de West.
·
Baixa audição.
·
Baixa visão.
·
Pele acometida em quase sua totalidade em
grande parte dos casos de neurofibromas.
Prevenção
O aconselhamento genético de parentes de portador
deve ser feito, apesar da taxa de risco de transmissão em até 50% no caso de Neurofibromatose
tipo 1.
Dúvidas de expressões e
termos técnicos, consulte o Glossário Geral e o
Psiquiátrico.