DOENÇA DE PARKINSON


Definição

É um distúrbio neurológico irreversível, crônico e progressivo do Sistema Nervoso Central (SNC), considerado um distúrbio da esfera extrapiramidal, causada pelo processo degenerativo e progressivo das células nervosas (neurônios), principalmente da região do cérebro chamada de substância negra. Essa afecção causa distúrbios neurológicos nas áreas cerebrais responsáveis pelo controle e regulação do movimento. É caracterizada pela bradicinesia, tremor e rigidez muscular ou enrijecimento. O tremor característico pode ocorrer em um ou nos dois lados do corpo. 

Considerada uma doença que atinge os idosos na média de idade de 60 anos, mas que atualmente, está sendo diagnosticados casos em indivíduos a partir de 50 anos de idade.

Sinonímia

A doença de Parkinson também é conhecida pelos seguintes nomes:

·        Paralisia Agitante.

·        Parkinsonismo.

·        Parkinsonismo-plus.

Histórico

Dr. James Parkinson, em 1817, publicou um livro Ensaios Sobre a Paralisia Agitante, no qual descrevia com precisão um dos primeiros relatos científicos, sobre a Doença de Parkinson, da qual ele mesmo era vítima.

Fisiopatologia

O processo e a evolução da Doença de Parkinson, resulta na morte dos neurônios pigmentados de uma determinada área do cérebro denominada de substância nigra (é uma coleção de núcleos do mesencéfalo, que projetam fibras para o corpo estriada). Os neurônios dessa área cerebral produzem uma substância chamada de dopamina, que é responsável pela transmissão de sinais entre a substância nigra e o corpo estriado, exercendo uma função inibidora importante no controle central do movimento. Com a morte desses neurônios ocorre uma redução da quantidade de dopamina no corpo estriado resultando em mal funcionamento e como conseqüência o paciente perde gradativamente a capacidade de controlar seus movimentos. 

O desequilíbrio entre a dopamina e acetilcolina que também é uma substância neurotransmissora é conseqüência da Doença de Parkinson quando afeta o cérebro.O fator ou  a causa que leva a morte os neurônios dessa área da substância negra no cérebro ainda é desconhecido. Na maioria das áreas de degeneração celular, os neurônios remanescentes contêm corpos de Lewy que são considerados o marcador patológico da DP, esses são encontrados em sua maioria no tronco cerebral e diencéfalo (SNpc, loco cerúleo, núcleo dorsal do vago e núcleo basal de Meynert).

Nos pacientes com Doença de Parkinson, o fluxo sanguíneo cerebral é reduzido e há uma alta prevalência de demência. Os dados bioquímicos e patológicos sugerem que os pacientes dementes e os com Doença de Parkinson podem apresentar coexistente  Doença de Alzheimer.

 Incidência

Não existem estatísticas exatas sobre a Doença de Parkinson no Brasil. Como não é contagiosa nem epidêmica, a doença não precisa ser notificada às autoridades de  saúde.

·        Tem uma maior incidência a partir dos 60 anos de idade.

·        A Doença de Parkinson atinge atualmente de 1% a 2% da população mundial.

·        A prevalência da demência da DP varia de 20% a 40% na maioria dos pacientes com DP avançada.

·        Tem uma leve predominância por indivíduos do sexo masculino.

·        Pessoas que tiveram encefalite tem uma tendência maior de vir a ter a doença.

·        Dos doentes, 10% tem uma prevalência de desenvolver a demência.

·        Das formas de parkinsonismo, 2/3 correspondem a forma primária.

·        É o 2º distúrbio neurológico mais comum nos idosos.

·        Indíviduos parkinsonianos com disfagia (dificuldade de engolir)  tem o risco dez vezes maior de desenvolver infecção respiratória.

·        Estudos médicos-científicos apontam que 10% a 20% das pessoas com comprometimento olfativo desenvolvem Parkinson.

 Características da doença

Tem como característica principal o tremor rítmico incontrolável, rigidez muscular, lentidão de movimentos e um aspecto facial como se fosse de uma máscara sem expressão. Quando a doença está em um estágio mais avançado costuma ocorrer instabilidade postural, comprometimento da memória, depressão e distúrbios da sistema nervoso autônomo.

 

Classificação do Parkinsonismo

I.  Parkinsonismo primário:  a doença propriamente dita.

·        Doença de Parkinson

·        Doença de Parkinson juvenil

II. Parkinsonismo secundário:

·        Tóxico: intoxicação pelo manganês, MPTP (heroína artificial), monóxido de carbono, metanol,etanol.

·        Medicamentoso:  agentes bloqueadores de receptores da DPm, agentes depletores da DPm, flunarizina, lítio.

·        Vascular: multi-infarto, Encefalopatia de Binswanger.

·        Infecciosos: pós-encefalites virais, doença de prions, SIDA.

·        Traumatismos cranioencefálicos recorrentes ou repetitivos.

·        Hipoparatireoidismo .

·        Isquemia cerebral.

III. Parkinsonismo-plus: Doenças e síndromes que tem manifestações parkinsonianas, que junto com os sintomas de outras doenças, podem comprometer outros setores do SNC, além disso, geralmente não apresenta resposta satisfatória a medicamentos tal como na Doença da Parkinson.

·        Complexo de Guam (parkinsonismo/demência).

·        Doença de Alzheimer.

·        Síndrome de Shy-Drager.

·        Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP).

·        Atrofia Sistêmica múltipla.

·        Degeneração estriadonigral.

·        Degeneração Olivopontocerebelar.

·        Degeneração córtico-basal.

·        Demência dos corpos de Lewy.

    IV. Parkinsonismo associado com doenças heredodegenerativas:

·        Doença de Wilson.

·        Doença de Huntington.

·        Doença de Hallervoren-Spatz.

·        Doença autossômica dominante dos corpos de Lewy.

·        Calcificação dos gânglios da base.

·        Neuroacancitose.

Sindrome Parkinsoniana

É chamada de Síndrome Parkinsoniana o conjunto de alterações nos quais os sintomas inclui diversos graus de intensidade, tremor, rigidez, acinesia, bradicinesia  e perda dos reflexos do ajuste postural, além de alterações da motricidade automática, são secundários a outras doenças neurológicas.

Sinais e Sintomas      

Fase inicial:  existem alguns sinais precoces no dia a dia, que podem indicar o início muito insidioso da doença.

·        depressão sem motivo aparente; 

·        fraqueza muscular; 

·        lentidão para caminhar; 

·        leve inclinação do corpo; 

·        dificuldade para despir-se, alimentar-se e  barbear-se; 

·        perda da agilidade para realizar atos do cotidiano; 

·        alteração na escrita com uma caligrafia bem pequena; 

·        perda de peso; 

·        distúrbios urinários;

·        cansaço excessivo; 

·        fala mais lenta e menos articulada; 

·        irritabilidade

·        dores musculares  na região lombar; 

·        diminuição da freqüência do piscar dos olhos;

·        leve tremor de uma das extremidade dos membros superiores, quase imperceptível no início, mas que vai aumentando, conforme a evolução da doença.

fase adiantada:

·        tremor nas extremidades dos MMII eMMSS (membros inferiores e superiores) é uma das principais características da doença, podendo também ocorrer os tremores nos lábios, mandíbula, cabeça e língua. O tremor das mãos tem um gesto semelhante ao de contar dinheiro. Sua freqüência é de quatro a oito oscilações por segundo, diminui de intensidade quando o paciente se movimenta  e cessa no período do sono;

·        aumento da intensidade do tônus muscular torna lentos e limitados os movimentos voluntários;

·        bradicinesia  (lentidão dos movimentos);

·        acinesia (imobilidade; perda da função motora);

·        rigidez:  resistência dos membros atingidos em realizar os movimentos passivos;

·        mudança de posição ou de decúbito causa muitos transtornos e dor, quando está em fase avançada;.

·        movimentação lenta e em pequenos passos, com perda dos movimentos de balanceamento dos membros superiores;

·        freezing: chamados também de fenômenos de congelamento existe uma dificuldade de iniciar a caminhada; esse fenômeno pode acontecer diante de um obstáculo ao iniciar a caminhada ou com uma simples linha desenhada no chão em seu caminho; 

·        expressão facial é inexpressiva, parecendo uma máscara, não traduzindo os estados emocionais da pessoa;

·        fala é monótona e sem modulação (fala monocórdica);

·        ao dirigir os olhos para um determinado lado, a cabeça não acompanha o movimento dos olhos;

·        festinação (marcha arrastada com passos curtos com uma postura encurvada, com pouco balanço de braços; essa marcha de passos curtos pode se tornar progressivamente mais rápida à medida que o paciente continua a andar, que só pára, quando aparece um obstáculo);

·        sialorréia (salivação excessiva);

·        perda ponderal (perda de peso);

·        anomalia postural;

·        acatisia (agitação motora; necessidade de movimentar-se);

·        hipersecreção sebácea (pele bastante oleosa e brilhante);

·        edema dos MMII (inchaço dos membros inferiores);

·        depressão do humor;

·        distúrbios do sono tipo insônia, fragmentação do sono (sono interrompido), sonolência diurna, pesadelos, sonambulismo, mioclonia noturna;

·        distúrbios urinários: aparecimento de contrações involuntárias da bexiga durante a fase em que ela deveria estar relaxada, quando isto ocorre o paciente geralmente apresenta desejo miccional frequente, com ou sem a sensação de urgência, podendo chegar a perder urina; necessidade de acordar para urinar a noite; jato urinário fraco; urgência para urinar; alguns casos mais avançados incontinência urinária;

·        reações depressivas pode ser originada por uma combinação complexa de forças fisiopatológicas e psicossociais que geram problemas emocionais;

·        alucinações visuais noturnas (os relatos são de imagens não amedrontadoras de pessoas ou animais aparecendo durante a noite).

Obs: A rigidez muscular parkinsoniana é caracterizada por: cabeça fletida para frente, postura encurvada, flexão moderada das pernas e braços, resultando em um andar arrastado.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce da Doença de Parkinson pode ser difícil, pois o paciente só raramente pode indicar quando os sintomas começaram. Muitas vezes, alguém próximo ao paciente é que nota alguma alteração, tal como a postura curvada, braço rígido, leve claudicação, ou o tremor em uma das mãos. Uma indicação diagnóstica precoce poderá ser evidenciada pela alteração da escrita.  O diagnóstico da Doença de Parkinson pode ser firmado indubitavelmente, quando existe evidência de  tremor, rigidez e bradicinesia. Os resultados da história e do exame neurológico são cuidadosamente avaliados.

Diagnóstico diferencial  

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Doença de Parkinson não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, neurológico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Doença de Parkinson são as seguintes:

·        Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP).

·        Atrofia Sistêmica Múltipla (ASM).

·        Complexo Demência-Amiotrofia-Parkinsonismo de Guam.

·        Demência por Corpos de Lewy (LBD).

·        Degeneração Gangliônica Cortical-Basal.

Tratamento

Médico especializado: Neurologista e Geriatra.

Objetivo: O tratamento medicamentoso tem como meta facilitar a transmissão dopaminérgica e reduzir a transmissão colinérgica, desacelerar a progressão da doença e oferecer uma melhor qualidade de vida ao paciente. 

Dependendo do local do cérebro em que ocorre o comprometimento lesional, o parkinsonismo pode ser denominado pré-sináptico, quando a alteração se situa no nível da substância negra e pós-sináptico quando a lesão se situa no corpo estriado. Esses detalhes e aspectos são de extrema importância no tratamento medicamentoso que será prescrito pelo médico.

 

Tratamento medicamentoso: um tratamento farmacológico específico infelizmente ainda não existe, mas existem no mercado medicamentos que trazem resultados bastante promissores, mas ao mesmo tempo tem uma variedade de efeitos colaterais significativos e psiquiátricos. A dosagem terapêutica deve ser rigorosamente indicada pelo médico.

 

A Terapia por levodopa:  é um dos medicamentos mais eficazes para o tratamento da doença, combatendo a acinesia e a rigidez, mas não é eficaz pra os tremores. Deve ser usada com cautela em pacientes com glaucoma, cardiopatas e com antecedentes psicóticos. Pacientes que utilizam  a terapia por levodopa durante alguns anos podem sofrer  do fenômeno on-off (consiste na passagem súbita de um bom controle  da fase discinética  para uma fase acinesia e rigidez, ou  o contrário, de um estado de acinesia  acompanhado de hipotonia muscular).  A duração desse fenômeno pode ser de alguns minutos a horas, deixando o paciente emocionalmente arrasado  e cansado. 

 

Hidrocloreto de amantadina: agente viral que é usado para reduzir a rigidez, o tremor e a bradicinesia.

 

Terapia anticolinérgica: são eficazes para controlar o tremor e a rigidez.

 

Drogas anti-histamínicas: ajudam na diminuição dos tremores  e têm discretos efeitos sedativos.

 

Derivados de ergotamina: quando acrescentados a levodopa servem para atenuar as flutuações clínicas.

 

Antidepressivos:  são drogas que são usadas para aliviar a depressão, que é comum no curso da doença.

 

Inibidores da MAO:  inibe a degradação de dopamina.

Obs Alguns medicamentos  destinados ao tratamento da doença pode ocasionar alguns efeitos colaterais ou o aparecimento de reações desagradáveis tais quais: náuseas, constipação, sonolência, alucinações, confusão e tontura. Pode ocorrer também hipotensão postural (baixa de pressão após levantar-se de uma determinada posição,  sentada ou deitada, por um período prolongado). Essa hipotensão postural ocorre principalmente no início do tratamento.  Deve-se evitar portanto, levantar-se rapidamente depois  de sentar-se ou deitar-se, especialmente, se tiver estado nessa posição por períodos prolongados.

Dietoterapia: a dieta é  muito importante para ajudar  o paciente no tratamento da doença , a modificação na alimentação e da ingesta no paciente, também pode ser considerado uma forma de terapia. Uma ingesta alta de proteína reduz a eficiência do levodopa, por isso a necessidade de restringir o aporte de proteína em pacientes que recebem a levodopa. Pacientes parkinsonianos devem ser orientados  por um nutricionista para que esse profissional possa balancear a ingesta de proteínas, porque, cotas elevadas de proteína resultam na perda de controle sobre os sintomas; muito pouca proteína, porém causa, em pacientes que estão tomando levodopa, um aumento dos movimentos involuntários.  

A levodopa quando é dado sozinho, é transformado logo em dopamina antes de atingir o cérebro. A vitamina B6 (cereais) e suplementos vitamínicos que contenham B6, devem ser evitados em pacientes que estão tomando levodopa como única medicação.

Pacientes obesos devem emagrecer, porque além da mobilidade está reduzida,  a obesidade também interfere com a regulação da dosagem do levodopa. O nutricionista pode indicar uma dieta balanceada e correta.

A constipação é um dos efeitos colaterais do tratamento medicamentoso; o nutricionista deverá orientar com alimentos laxativos e a ingesta de muito líquidos para ajudar na prevenção.

Tratamento cirúrgico:  O objetivo do tratamento cirúrgico é reduzir  os sintomas  em pacientes gravemente doentes e que não responderam adequadamente a nenhum dos tratamentos menos radicais. O tratamento através da cirurgia está cada vez mais indicado para reduzir os tremores. A cirurgia causa um certo alivio nos tremores, mas não altera a a evolução natural da doença. A finalidade básica da cirurgia é a destruição de parte do tálamo, para aliviar a excessiva contração muscular. Os procedimentos cirúrgicos atuais incluem as seguintes cirurgias:

·        Talamotomia estereotática que tem como objetivo aliviar o tremor contralateral e a rigidez, mas não a acinesia. 

·        Palidotomia medial ventroposterior  diminui a acinesia com resultados promissores.

·        Implantes neurais ainda estão em processo experimental para o tratamento da Doença de Parkinson. 

Tratamento psiquiátrico: o paciente com DP deve consultar regularmente o psiquiatra. Alguns medicamentos indicados para o tratamento da DP tem como efeitos colaterais, manifestações neuropsiquiátricas, que mesmo com a diminuição da dosagem, ainda podem persistirem, devendo ser considerado o uso de agentes psicóticos. Os fatores de risco para o desenvolvimento das síndromes neuropsiquiátricas são: idade avançada do paciente, demência, doença psiquiátrica pré-mórbida e exposição a altas  doses diárias de medicamentos antiparkinsonianos. A doença mexe com a auto-estima do paciente, causando depressão, que em muitos casos pode evoluir para uma depressão profunda, que se não for devidamente tratada, pode causar problemas psicológicos graves no paciente. 

Tratamento fisioterápico: serve como complemento e é indicado para atenuar os distúrbios fundamentais que são: o tremor, o tônus muscular aumentado, e a rigidez muscular.   A técnica de Pilates pode funcionar como uma ferramenta a mais em pacientes parkinsonianos. O sistema de exercícios aumenta a força e flexibilidade de pacientes com tremores e falta de equilíbrio. Se os exercícios forem utilizados de forma segura e de maneira correta, trará muitos benefícios ao paciente. A atividade física deve ser sempre precedida de recomendação médica.

Tratamento fonoaudiológico:  Devido aos distúrbios da fala, os portadores da Doença de Parkinson, podem necessitar de um fonoaudiólogo, para planejar exercícios de melhora da fala e desenvolver um método de comunicação que satisfaça às necessidades do paciente. 

Tratamento psicológico: É fundamental para o doente.O paciente  também deve participar de terapia ocupacional, de reuniões em associações que dão apoio aos portadores da doença, e deve ter apoio da família. 

Prognóstico:  A infecção respiratória é principal causa de óbito dos pacintes com Doença de Parkinson.  Esta disfunção ocorre porque o portador da doença não engole de forma adequada e aspira partículas de alimentos, que acabam descendo pela traquéia. 

Obs: É interessante que  a família contrate um profissional da área de saúde ou especificamente um cuidador de idoso, que é um profissional qualificado que recebeu treinamento tanto teórico quanto prático, para ajudar no dia a dia do paciente  com parkinsonismo.  As limitações  e incapacidade que a doença traz ao paciente faz com que esse profissional seja útil   na assistência e no tratamento a longo prazo. O cuidador de idoso tanto ajuda o doente como ajuda também a família do paciente, principalmente ouvindo  os seus problemas quanto as necessidades e dependência  do paciente.

A Doença de Parkinson por ser degenerativa, progressiva e  lenta, faz com que o doente fique depressivo, desenvolva sentimentos de desvalorização, isolamento, pessimismo e desânimo por causa da sua dependência resultando na família problemas sociais, nesse caso, o cuidador de idoso serve com um "elo" entre a família e o paciente, para que todos possam viver harmoniosamente.

Complicações

·        Psicose parkinsoniana, devido a efeitos colaterais de alguns medicamentos antiparkinsonianos.

·        Trombose venosa profunda.

·        Pneumonia.

·        Artrose grave.

·        Depressão patológica: exige tratamento psiquiátrico.

·        Distúrbios intestinais principalmente a constipação intestina,l devido  a: debilidade dos músculos, efeitos colaterais da medicação, dieta inadequada ou a falta de exercícios.

Seqüelas

·        Dificuldade para controlar o esfíncter da bexiga.

·        Dificuldade de articular o pensamento com a palavra.

·        Rigidez muscular cada vez mais acentuada.

·        Demência (fase terminal).

·        Invalidez (fase terminal).

Cuidados domiciliares para evitar acidentes

·        Colocar barra de segurança junto ao vaso sanitário,  box e se possível junto à pia onde se lava o rosto, para evitar quedas.

·        Aporta do banheiro deve abrir para fora, no caso do idoso cair, e necessitar de ajuda.

·        Elevação do assento sanitário por causa da dificuldade que o idoso tem de se transferir da posição de pé para a sentada.

·        Colocar barra de segurança, junto ao vaso sanitário, dependendo da posição da parede.

·        Colocar barras de apoio nos corredores da casa e nas escadas.

·        As portas devem passar de 70cm para até 90 cm, para permitir a passagem de cadeira de rodas.

·        Pisos antiderrapantes devem ser utilizados, se possível, para evitar quedas.

·        O piso de preferência, não deve ser encerado, para evitar quedas.

·        De preferência, o quarto deve ser no  andar térreo da casa, para que não haja a necessidade de subir e descer escadas. 

·        Escadas e pequenos degraus devem ser evitados, se possível. 

·        No caso do portador da  Doença de Parkinson cama deve ser mais alta, para que o idoso possa melhor se deitar e levantar da cama, devido a rigidez do corpo.

·        As tomadas devem ser colocadas na altura de uma cadeira, para evitar que a pessoa tenha de se abaixar continuamente, devido a rigidez do corpo.

·        Bengalas e  andador em alguns casos  são úteis.

·        À noite o idoso poderá usar fraldas geriátricas por causa da poliúria noturna (necessidade de urinar a noite).

·        Manter à noite algum ambiente iluminado, perto de onde dorme o idoso.

·        Se for possível, deve-se colocar campainha perto da cama, para quando o paciente queira chamar alguém.

·        Retirar tapetes para evitar queda, por causa do andar arrastado.

·        Os móveis não devem ter rodinhas para evitar que deslizem quando o idoso se apoiar.

·        As maçanetas de portas devem ser  do tipo alavancas e não arredondadas, porque o idoso tem a mania e a necessidade de em tudo se apoiar.

·        Cadeira com braços e assentos altos e firmes, se possível, no quarto e no local onde o idoso se alimenta.

·        As roupas devem ser mais práticas de serem vestidas.

·        Para ingerir líquidos é melhor utilizar o canudo, para não sofrer risco de aspiração para o pulmão.

·        O garfo em alguns casos deve ser substituído por colher, para evitar acidentes quando o idoso levar o alimento à boca.

Cuidados gerais

Para melhorar o dia a dia do portador da Doença de Parkinson, ele deve observar alguns cuidados diários:  

Quanto à mobilidade:  praticar exercícios diários  para atenuar a rigidez muscular, melhorar a coordenação e evitar as contraturas dos músculos que não estão sendo usados; andar, pedalar bicicleta ergométrica, nadar, ajudam a manter a mobilidade articular; exercícios posturais servem para atenuar a inclinação da cabeça e pescoço que tem a tendência de curvar-se para frente; exercícios respiratórios melhoram a oxigenação e as áreas pulmonares pouco ventiladas; banhos quentes e massagem relaxantes ajudam a relaxar a musculatura e aliviar os espasmos dolorosos que acompanham a rigidez muscular. O fisioterapeuta é o profissional indicado e qualificado  para realizar os exercício necessários para melhorar as condições do paciente.

Quanto à alimentação:  deve-se fornecer ao paciente  maior quantidade de líquidos e colocar na alimentação alimentos com moderado conteúdo de fibras, para ajudar  no restabelecimento da rotina intestinal; a alimentação de preferência deve ser cortada antes em pequenos pedaços por causa da dificuldade de deglutição e também pela dificuldade de cortar os alimentos; a dieta semi-sólida com líquidos espessos é mais recomendada quando o paciente está tendo muita dificuldade em ingerir alimentos sólidos; deve-se ficar atento na hora da alimentação porque o paciente sofre um risco maior de aspiração devido aos problemas de deglutição; deve-se pesar diariamente o doente para verificar se o mesmo não está tendo perda ponderal.

Quanto à comunicação:  devido aos distúrbios da fala, o paciente tem dificuldade de se comunicar e ser entendido, por isso se for possível, é necessário a intervenção de um fonoaudiólogo,  que é um profissional qualificado para ajudá-lo nessa área.

Todo o esforço deve ser feito pelos familiares e  o cuidador do idoso, e pela equipe multidisciplinar que assiste o paciente, para ajudá-lo nessa nova fase de sua vida, para que ele possa conviver com a sua doença na medida do possível, tendo uma qualidade de vida melhor para poder encarar todas as dificuldades que é ser portador da Doença de Parkinson. As pessoas mais próximas e que cuidam mais do paciente, devem tentar aprender e ler tudo sobre a Doença de Parkinson.

Conselhos  para o portador da Doença de Parkinson

Os portadores da Doença de Parkinson,  muitas vezes, se sentem embaraçados, inadequados, aborrecidos e solitários. Tais sentimentos podem ser devidos, em parte, à lentidão e ao grande esforço que mesmo as pequenas tarefas podem exigir. Os pacientes devem ser ajudados e encorajados a determinar objetivos alcançáveis no seu dia a dia, e executarem as tarefas envolvidas na luta com suas próprias necessidades  diárias e manutenção da independência.

Eis  aqui algumas dicas para melhorar o seu dia a dia:

·        Continue trabalhando.

·        Adapte a sua casa para sua condição atual.

·        Controle a sua pressão arterial.

·        Evite fumar.

·        Evite ingerir bebida alcoólica.

·        Evite a depressão.

·        Evite a solidão.

·        Evite medicar-se sem orientação médica.

·        Tome a sua medicação prescrita corretamente e nos horários certos, informe imediatamente ao médico sobre os efeitos colaterais.

·        Caso você esteja com problemas de esquecimento, escreva o que você tem que fazer durante o dia, e coloque em um local que esteja sempre a vista.

·        Quando for ao médico fale francamente com ele o que você está sentindo, suas dificuldades, não esconda nada.

·        Se faz reabilitação, tente colaborar o máximo possível com o profissional que está tentando te ajudar.

·        Tente  na medida do possível fazer a sua própria higiene pessoal.

·        Esforce-se para falar e comunicar-se, mesmo que as palavras sejam pronunciadas com lentidão.

·        Peça as pessoas, se possível, que falem mais alto e pausadamente, para que você possa melhor entendê-las.

·        Use roupas confortáveis e leves, se possível use camisas substituindo os botões por fechamento tipo velcro.

·        Procure usar sapatos sem cordão.

·        Evite levantar-se rapidamente depois de sentar-se ou deitar-se, especialmente se tiver estado nessa posição por períodos prolongados. Esse cuidado evita a hipotensão postural, isto é, a queda da pressão arterial, que pode ocorrer depois de ficar algum tempo em uma determinada posição.

·        Mantenha uma dieta equilibrada com uma boa ingestão de líquidos, frutas (mamão, ameixa), verduras e aveia.

·        Exija que a sua alimentação venha cortada em pedaços bem pequenos.

·        Divirta-se, vá ao cinema, teatro, shoppings, praia.

·        Faça exercícios, tente fazer caminhadas, hidroginástica.

·        Se precisar de ajuda, peça. Não tenha jamais vergonha  de pedir.

·        Se você é aposentado e não trabalha mais, faça uma viagem, conheça um pouco as coisas boas, que só uma viagem pode proporcionar, com uma boa companhia, é claro!

Direitos dos portadores de Doença de Parkinson

·        Tratamento gratuito pela rede pública de saúde.

·        Medicamento gratuito.

·        Adicional de 25% na aposentadoria por invalidez.

·        Saque do FGTS para despesas com o tratamento e quitação da casa própria.

·        Isenção do Imposto de Renda.

·        Isenção da tarifa  nos transportes urbanos.

Apenas algumas palavras...

Se você que acessou essa página  tiver uma pessoa na sua família com essa doença, lembre-se sempre que ter paciência, respeito,  compreender suas limitações e ser solidário com um idoso com o Mal de Parkinson, é fundamental para que ele possa encarar a sua caminhada de vida com mais resignação.

E se você é um "netinho ou um baixinho" e seu vovô ou  vovó é que está doente, cuide dele, conversando, contando sobre como foi o seu dia, o que vocês vão fazer amanhã, se você sabe ler, então leia o jornal pra ele, não tenha medo por causa dos tremores dele, porque esses tremores são movimentos involuntários que o vovô ou sua vovó não consegue controlar, e se ele ficar de mau humor de vez em quando, não ligue não, depois passa.

Seja AMIGO do seu vovô, porque nessas horas de solidão e dependência que ele está passando, só os verdadeiros amigos independente da idade, aparecem para ajudar e ser solidários.

E se você meu amigo  ou amiga  é um doente  com o Mal de Parkinson, goste de si mesmo e da vida, mantendo-se sempre otimista, não desistindo dos seus amigos, de sua família, não tendo pena de si, e mostrando a todos que apesar da sua doença, e das suas limitações,  você é uma pessoa maravilhosa  e cada vez mais especial.  

Boa sorte!!

Atualidades

Medicamentos genéricos: O Brasil já produz medicamentos genéricos para a Doença de Parkinson que são em média 35% mais barato. O médico deve ser consultado se pode ser substituída  a medicação de referência por uma medicação genérica.

Depressão: Uma pesquisa de cientistas holandeses da Universidade de Maastricht, mostrou que pessoas deprimidas têm três vezes mais chances de desenvolver o mal no futuro. A conclusão surgiu depois que cientistas acompanharam durante 25 anos um grupo de 67 mil indivíduos. O resultado da pesquisa mostra que a depressão pode ser o primeiro sinal da doença. Isso não quer dizer que a depressão cause ou predisponha o problema, mas é capaz  de apontá-lo,  mesmo antes que os tremores apareçam. Os cientistas suspeitam que a relação entre os dois males esteja em uma baixa produção de serotonina. 

Terapia genética: Pesquisadores se preparam para testar em seres humanos, nos EUA, uma terapia genética que em animais reduziu significativamente os tremores e a dificuldade de movimentos associados ao mal de Parkinson. Na terapia, cópias extras de genes do cérebro são colocados no DNA por meio de adenovírus. A terapia genética estimula o gene de uma substância chamada GABA, essencial para regular a atividade dos neurônios. Os níveis mais elevados de GABA "destravam" o centro motor do cérebro, que é bloqueado pela doença. O resultado nos animais é o fim quase que completo dos tremores. A nova terapia é mais segura do que as demais já desenvolvidas contra a doença e, por isso será a primeira testada em seres humanos.

Tratamento e medicamentos excepcionais gratuito: Os portadores da Doença de Parkinson têm acesso gratuito ao tratamento da doença pela  Rede Pública de Saúde. Portaria do Ministério da Saúde n° 1318 de 23/07/2002.


Dúvidas de termos técnicos  e expressões, consulte o glossário específico de Doenças Neurológicas.