PSORÍASE


 

Definição

É uma doença epidérmica, não-contagiosa, inflamatória, proliferativa e crônica, de caráter genético e de prognóstico imprevisível, na qual a produção de células epidérmicas ocorre com uma rapidez cinco a seis vezes, maior do que o estado normal. 

A Psoríase se caracteriza pelo aparecimento na pele de manchas  ou lesões róseas ou avermelhadas, recobertas de escamas secas e esbranquiçadas. Surge  como uma erupção de placas circulares de todos os tamanhos com bordas bem definida, contra uma pele normal e recoberta por escamas densas, secas e prateadas. Com o tempo, as lesões formam placas extensas, de formato irregular. As lesões são mais comuns nos cotovelos, joelhos ou couro cabeludo.

 

Incidência

·         É mais comum surgir entre os 20 a 45 anos de idade. A média do aparecimento é na segunda década da vida.

·         Incidência um pouco maior nas mulheres, quando as lesões aparecem antes dos 20 anos de idade.

·         Incidência maior entre os indivíduos da raça branca.

·         É uma doença que tem tendência a recidivas.

·         Os filhos em que um dos pais é portador de Psoríase corre o risco maior de poder desenvolver a doença, dos que aqueles filhos de pais que não têm a doença.

 

Causas

A etiologia  de como surge a Psoríase é desconhecida, mas os estudiosos têm algumas suposições:

·         Defeito hereditário combinado à estímulos ambientais.

·         Sistema imune com defeito.

·         Anomalia bioquímica hereditária que determina uma superprodução de queratina.

·         Trauma.

·         Infecções.

·         Alterações hormonais.

·         Pode estar também associada à poliartrite e provocar uma incapacidade invalidante.

 

Fatores desencadeantes

·         Stress emocional ou físico.

·         Cansaço.

·         Traumas.

·         Frio.

·         Doenças cardíacas.

·         Exposição excessiva ao sol.

·         Excesso de bebida alcoólica.

·         Vacinas.

·         Diabetes não controlada.

·         Infecções tipo amigdalites ou faringites por bactérias.

·         Irritações na pele.

·         Baixa umidade do ar.

·         Obesidade.

·         Alguns tipos de medicamentos.

 

Obs: O uso de corticóides injetáveis ou tomados via oral devem ser evitados, uma vez que proporcionam uma melhora imediata, mas podem resultar em piora acentuada da situação.

 

Artrite Psoriásica

A Artrite psoriásica se manifesta em especial nas mãos, joelhos e pés. Marca importante da doença é a inflamação também da articulação sacro-ilíaca, ou seja, na junção da coluna com a bacia. Há cinco tipos da moléstia:

 

·         Artrite mutilante: perfaz 5% da incidência, atinge as últimas articulações dos dedos das mãos e se caracteriza pela diminuição do tamanho dos dedos por absorção óssea.

·         Artrite simétrica: esse tipo acomete a mesma articulação nos dois lados do corpo, como as duas mãos.

·         Artrite oligoarticular: ataca menos de cinco articulações diferentes, ao mesmo tempo ou não.

·         Artrite que ocorre só na articulação da bacia (em geral, apenas de um lado).

·         Artrite que envolve em especial as últimas articulações dos dedos das mãos, constituindo 8% a 16% dos casos.

 

A Artrite Psoriásica incomoda porque dói muito, e também pode ser deformante. Nos casos mais graves, se a pessoa não se trata, a articulação é destruída. Mais da metade dos casos não tratados evolui para uma incapacidade crônica pela dor ou pela destruição articular. A Artrite psoriásica não tem cura, mas pode ser controlada.

 

Psoríase e o sol

Os portadores de Psoríase podem tomar sol. A exposição solar moderada ajuda no controle das lesões. Cerca de 60% dos portadores de Psoríase, apresentam melhora nas lesões após tomar banhos de sol nos horários adequados.  Os portadores podem freqüentar praias, piscinas, parque ou qualquer outro local que permita exposição ao sol. Mas, é importante se expor de forma correta, caso o portador de Psoríase fique muito tempo exposto ao sol ou não faça uso de protetor solar, as queimaduras solares podem piorar a doença, porque a pele na região afetada é muito sensível.  O ideal é usar um protetor solar adequado ao tipo de pele e evitar tomar sol entre 10 e 15 horas. Deve-se consultar o médico para melhor avaliação sobre a exposição ao sol.

 

Formas

A doença pode se apresentar de formas e em graus diferentes.

·         Em placas: tipo mais comum, com lesões róseas ou avermelhadas recobertas por escamas de cor branca.

·         Eritrodérmica: forma mais grave e menos comum, com inflamações e manchas vermelhas em grandes áreas da pele.

·         Pustulosa:  forma aguda, com aparência de pus (mas as lesões não contêm bactérias).

 

As lesões são mais freqüentes nas regiões do corpo que estão submetidas a traumatismos repetidos, como joelho, cotovelo ou nádegas. A doença pode atingir o couro cabeludo e as unhas.

 

Sinais e sintomas

É mais comum que os primeiros sinais da doença ocorram entre os 15 e 25 anos, mas em muitos casos as crises juvenis passam despercebidas. Os primeiros sinais da doença são manchas vermelhas que, com a evolução, descamam em placas. Há casos em que a ocorrência se resume ao couro cabeludo e áreas justarticulares, como joelhos e cotovelos. Já outras pessoas ficam com o corpo  todo coberto pelas placas.

 

Fase inicial:

·         Aparecimento no corpo de manchas parecidas com brotoejas eritematosas, elevadas e com a aparência de escamas prateadas, podendo ser pruriginosas ou não.  

 

·         Pode ser associada a artrite, fator reumatóide  negativo em  múltiplas articulações.

 

Evolução das manchas: As manchas, no início são quase do tamanho de um ponto, aparecendo de forma escassa e dispersa. Normalmente desaparecem de forma gradual no prazo de algumas semanas, mas podem se estender  rapidamente  ao serem coçadas. As manchas podem crescer até alcançarem o diâmetro de 5 cm, confluindo várias delas e persistindo durante longo tempo. Quando as escamas se desprendem, deixam a descoberto uns pequenos pontos sangrentos. 

Geralmente depois da primeira crise, a doença pode reaparecer depois de alguns meses, mas também pode permanecer inativa durante  vários anos, levando o portador a pensar que está curado. Os novos ataques diferem do primeiro por serem geralmente mais intensos e persistentes. As escamas prateadas sobressaem da superfície cutânea e chegam a alcançar um tamanho grande. As manchas podem adquirir formas típicas, entre as quais se destacam a chamada Mancha de cera e Sinal do anel

 

·         A Mancha de cera consiste numa grande descamação que se produz ao coçar a lesão 

·         O Sinal do anel aparece ao se curar a lesão em sua parte central, de modo que esta fica rodeada por uma zona anular ou periférica afetada.

 

Localizações no corpo

·         Psoríase das orelhas: apresenta descamação e ressecamento.

·         Psoríase das palmas das mãos e plantas dos pés: ocorre lesões vesiculares e pustulares pruriginosa podendo  apresentar placas com rachaduras.

·         Psoríase  ungueal  (unhas):  ocorre espessamento, alteração na cor, unhas quebradiças nas bordas livres, formação de sulcos nas unhas.

·         Psoríase entre as dobras cutâneas: apresenta lesões regulares vermelho-vivo, facilmente fissuráveis.

·         Psoríase eritrodérmica: a doença atinge toda a pele do corpo, esses casos são excepcionais.

·         Proeminência óssea  (joelhos, cotovelo, sacro): no joelho e  cotovelo  as placas tem tamanhos bem variados e limitados, quando as escamas prateadas se desprendem deixam na lesão uma cor avermelhada.

·         Couro cabeludo: no couro cabeludo às vezes se manifesta de forma muito semelhante à caspa, mas quando se desprendem as escamas deixam uma zona de cor avermelhada.

·         Parte externa do ouvido.

·         Genitália e região perianal. No pênis, só aparece  uma placa ligeiramente escamosa e quando se  produzem estas pregas na pele, costumam  faltar as escamas.

 

Obs:  A doença raramente compromete as mucosas.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Quadro clínico.

·         Exame dermatológico.

·         Exames laboratoriais.

·         Raspagem da lesão.

·         Biópsia da lesão na pele.

·         Raspagem da lesão.

·         Presença do Fenômeno de Koebner: formação de lesões em área de trauma constante e repetido como o atrito de roupa ou calçado apertados.

 

Obs:  A presença das clássicas lesões do tipo placa geralmente confirma o diagnóstico de Psoríase.

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Psoríase não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Psoríase são as seguintes:

 

·         Síndrome de Reiter.

·         Psoríase Artrópica diferenciar da Artrite Reumatóide.

 

Tratamento

Médico especializado: Dermatologista

 

Objetivos: Controle clínico da doença, reduzir a descamação e o prurido e alcançar uma melhora na qualidade de vida do portador.

 

O tratamento depende do tipo de Psoríase, de sua extensão e de fatores como idade e saúde física do portador.

 

Atualmente, existem vários avanços no  tratamento da doença, mas, ainda é um desafio manter o paciente sem lesões com segurança por muito  tempo. 

 

Tratamento medicamentoso:

·         O  portador pode tomar vários banhos de imersão diários, para ajudar a remover as escamas.

·         Remover delicadamente o excesso de escamas e as crostas com uma escova macia durante o banho.

·         Aplicar o medicamento tópico indicado pelo médico após a remoção das escamas e crostas.

·         Corticosteróides preparados podem ser aplicados no local da lesão, com ajuda de compressas em forma de curativos oclusivos. Essas pomadas à base de cortisona devem ser prescritas pelo médico, pois seu uso contínuo tem efeitos secundários mais prejudiciais que a própria Psoríase.

·         Quando a Psoríase envolve grandes áreas do corpo, o tratamento tópico com corticosteróide pode tornar-se dispendioso e envolver algum risco sistêmico. Alguns corticosteróides potentes, quando aplicados a grandes áreas do corpo, possuem o potencial para provocar supressão da supra-renal através da absorção percutânea do medicamento.

·         Terapêutica Intralesional através de injeções intralesionais, sob indicação médica, podem ser administradas diretamente nas placas psoriáticas ou logo abaixo delas.

·         Medicamentos sistêmicos  pode ser indicado nos pacientes com lesões extensas e resistentes  a todas as outras formas de tratamento. Esses pacientes devem ser muito bem avaliados, pois os efeitos colaterais desses medicamentos sistêmicos em alguns casos podem causar lesão hepática e renal grave; esses pacientes devem ser monitorizados em suas funções hepáticas, renais e hematológicas durante todo o tratamento medicamentoso.

·         Manter repouso moderado no leito, quando houver as exacerbações.

·         Banhos moderados de sol são muito recomendáveis, uma vez que o calor tem um efeito benéfico sobre a doença. O contato com os raios solares inibem a multiplicação das células da pele. O filtro solar, entretanto, não deve ser dispensado.

·         Hidratação contínua da pele é importante para o tratamento.

·         Pode ocorrer alopecia (queda de cabelos), no local das lesões, no couro cabeludo.

·         Portadores com infecção pelo HIV tem o seu quadro agravado na pele.

 

Tratamentos diversos: Apesar da doença não poder ser curada, existe vários tratamentos que podem  melhorar o quadro da doença.

 

·         Tratamento à base de radioterapia com ultravioleta  em alguns casos e dependendo do tipo e da extensão da lesão pode ser indicado pelo médico. O tratamento  através da ultravioleta provoca uma vermelhidão discreta e uma leve descamação.

·         Tratamento à base de fotoquimioterapia (interação da luz com a droga) pode ser indicado; a droga liga-se ao DNA e parece interromper sua replicação na presença da radioterapia com luz ultravioleta.

·         Tratamento a Laser:  Pulsed Dye Laser serve para clarear as manchas da doença..

·         Terapias biológicas: tratamento novo realizado com medicamentos que se dirigem a uma área específica da resposta imunológica, diferentemente das terapias sistêmicas, que inibem todo o sistema.

 

Tratamento psicológico: O tratamento psicológico é necessário, já que é uma doença de pele que afeta  a aparência, e logicamente o emocional do portador.  A Psoríase tem ligação profunda com o lado emocional do ser humano. A ansiedade, nervosismo e a depressão pioram o estado do paciente e, da mesma forma, as lesões na pele pioram as alterações emocionais, gerando um ciclo vicioso, no qual um problema agrava o outro. Daí a importância do acompanhamento psicológico.

 

O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece a medicação gratuitamente. O portador de Psoríase deve procurar informações para o tratamento e o fornecimento gratuito na Secretária Municipal de Saúde, da sua cidade.

 

Complicações

A Psoríase é uma afecção benigna, uma vez que não compromete órgãos internos nem o estado geral do organismo, mas em alguns casos pode dar origem a complicações. Em alguns doentes são afetadas as articulações, causando, em certos casos  lesões graves.  As complicações geralmente, são originadas pelo tipo de tratamento implementado.

 

Seqüelas

·         A pele pode assumir uma coloração mais clara nos locais das lesões cutâneas.

·         Em casos de lesões cutâneas graves, a pele no local pode ficar com cicatrizes permanentes.

·         Alopecia devido às lesões constantes da doença no couro cabeludo. 

·         Psoríase artropática:  esse tipo de  artrite pode se apresentar associada a uma Psoríase da pele ou das unhas. De 3 a 25%  dos portadores depois  de sofrerem de cinco a dez anos de surtos da doença cutânea, desenvolvem um processo de artrite reumática, que se apresenta também em fases. A doença atinge principalmente as articulações maiores (quadris, ombros, joelhos) e inclusive a coluna vertebral na altura da região sacroilíaca. Não se apresentam nódulos reumáticos subcutâneos.

·         Artrite reumática crônica:  depois de anos sofrendo de Psoríase artropática o paciente pode desenvolver a artrite reumática crônica mutilante com destruição e deslocação intensa de todas as articulações atingidas, inclusive com a destruição do osso implicado na doença (osteolíse).

·         O tratamento fototerápico pode ter como seqüelas a  catarata  e câncer de pele; esse tratamento deve ter supervisão médica e deve ser feito exames laboratoriais de controle.

·         O tratamento fotoquimioterápico (PUVA) é associado a riscos de câncer  e catarata em longo prazo e de envelhecimento prematuro da pele. Esse tratamento deve ter supervisão médica e deve ser feito exames laboratoriais de controle.

 

Prevenção

Não existe prevenção para a Psoríase, mas filhos de pais que têm a doença devem fazer teste genético.

 

Cuidados gerais

O portador de Psoríase deve ter  e manter os seguintes cuidados, para evitar as lesões da doença.

·         Evitar a luz solar demasiada: queimaduras provenientes de raios solares podem provocar uma exacerbação generalizada.

·         Evitar o álcool quando estiver fazendo uso de medicação sistêmica; o álcool pode aumentar a possibilidade de lesão hepática.

·         Combater imediatamente as infecções, principalmente da garganta.

·         Evitar os corticosteróides, usar apenas sobre prescrição médica, em muitos casos, esse  medicamentos provocam lesões  e aumentam as lesões já existentes.

·         Evitar passar perfumes e cremes nos locais e nas regiões perto das lesões.

·         Evitar as queimaduras e cortes na pele.

·         Deve-se ter em conta que o tratamento é dispendioso e longo.

·         A terapêutica do tratamento tanto medicamentoso como o tópico,  geralmente é contínua.

·         O paciente deve ficar atento com qualquer possível infecção da lesão, informar imediatamente ao médico, para evitar infecção secundária.

·         As lesões pequenas podem ser tratadas em casa, mas as lesões extensas na pele devem ser tratadas em ambiente hospitalar.

·         Deve-se tomar banho, com a água levemente morna,  e deve-se secar a pele com movimentos leves  e não esfregar a toalha para secar.

·         Um óleo de banho ou agente de limpeza emoliente, indicado pelo dermatologista,  pode aliviar a pele dolorida e descamativa. O amaciamento da pele pode evitar as fissuras.

·         Acompanhamento direto do dermatologista.

·         Uso diário de hidratante é útil, sob indicação do dermatologista.  A pele seca pode agravar a Psoríase. Pacientes portadores de Psoríase se beneficiam com o uso de hidratantes potentes, (recomendado pelo dermatologista), nas áreas  lesadas.

·         Consultar nutricionista para elaborar uma dieta específica, pois alguns alimentos servem como desencadeantes da doença. 

·         Os portadores se beneficiam e apresentam melhoras, quando estão em locais ou regiões quentes. Caso  more em uma região fria, seria interessante uma  mudança para uma região mais quente.

·         O portador deve se informar através de livros e contatos com associações de portadores, para ficar sempre atualizado sobre alguma nova terapêutica ou droga para controlar os sintomas.

·         Participar de grupos de apoio. 

 

Psoríase e o preconceito

Mesmo não sendo uma doença contagiosa, os portadores de Psoríase sentem na pele, o preconceito. Devido ao aspecto de algumas das lesões, algumas pessoas acham que pode ser contagioso, e se afastam. A doença muitas vezes altera a vida da pessoa tanto física quanto psicologicamente, incluindo a interação com outras pessoas nos momentos de trabalho e laser. O portador de Psoríase, além de ter que tratar da doença, ainda tem que trabalhar o lado psicológico, pois o preconceito em muitas situações incomoda e machuca muito mais, do que a própria doença.

 

 


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.