AMILOIDOSE
Introdução
A Amiloidose constitui um grupo
heterogêneo de doenças, de ocorrência rara e progressiva, geralmente incurável,
que causa um depósito extracelular da proteína amiloide,
causando disfunção de órgão-alvo e doença clínica.
Caracteriza-se pela deposição
anormal de microfibrilas (“pedaços ou fragmentos”) de
uma proteína chamada amiloide nos tecidos humanos
localizados ao redor dos vasos sanguíneos. Essas proteínas são produzidas na
medula óssea em consequência a uma série de doenças,
e ao longo do tempo são depositadas em um ou em vários órgãos, podendo
comprometer severamente o funcionamento desses órgãos.
A Amiloide
deposita-se principalmente no fígado, trato intestinal, nos rins, na medula
óssea, no coração, no sistema nervoso central e na língua. Se não for tratada,
a doença evolui para óbito entre 12 a 24 meses, mas essa evolução depende muito
da causa, tipo e gravidade da doença.
Incidência
·
Incidência maior a partir dos 45
anos de idade.
·
Tem uma incidência de oito casos em cada
grupo de um milhão.
·
É uma doença pouco conhecida no
Brasil.
·
A Amiloidose
renal é a mais comum e mais grave forma da doença.
Classificação
Existem três tipo principais de Amiloidose,
a primária, a secundária e a genética.
·
Amiloidose primária (AL): Ocorre devido as
alterações no processo sanguíneo, o que favorece a deposição da amiloide nos órgãos. É considerada a mais frequente.
·
Amiloidose secundária (AA): a proteína é produzida pelo fígado em
resposta a vários processos inflamatórios; a proteína depositada é chamada de
amilóide sérico A. Esse tipo de Amiloidose é mais encontrada em portadores de doenças inflamatórias sem
tratamento adequado por mais de uma década, especialmente
doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn e Retocolite ulcerativa). Também pode ser encontrada nos
portadores de Hanseníase, Tuberculose, Osteomielite,
Artrite reumatóide
e outras doenças.
·
Amiloidose hereditária: a deposição das microfibrilas
da proteína advém de mutação genética, ou seja, a pessoa herda dos pais um gene
alterado. A mutação genética leva a produção de uma proteína amilóide (transtiretina, proteína beta-amilóide P, apolipoproteína A1, procalcitonina
e beta-2-microglobulina). Nesse tipo de amiloidose o risco de transmissão para os filhos deve ser
considerado. É o tipo mais raro de todas.
Obs:
Existe um tipo de Amiloidose que ocorre só em pessoas
que fazem hemodiálise, devido a insuficiência renal.
Geralmente a doença aparece em pacientes submetidos a
hemodiálise ou diálise peritoneal há mais de oito anos. Os pacientes se queixam
de dor articular, tenossinovites e dor óssea. Alguns
pacientes podem apresentar fraturas patológicas.
Existe também outro tipo de
classificação: Amiloidose sistêmica (vários órgãos) ou Amiloidose
localizada (apenas um órgão atingido).
Grupos de risco
São
pessoas que pertencem a um determinado grupo que têm mais probabilidade de
adquirir a doença:
·
Portadores de Mieloma
Múltiplo.
·
Hanseníase.
·
Tuberculose.
·
Artrite reumatóide.
·
Doenças inflamatórias dos
intestinos.
·
Osteomielite.
Órgãos mais afetados
Baço: os depósitos
geralmente ficam limitados aos folículos esplênicos ou podem envolver
principalmente os seios esplênicos.
Coração: os depósitos
encontram-se entre as fibras do miocárdio causando atrofia das mesmas.
Fígado: os depóstios localizam-se preferencialmente no espaço de
Disse, na fase inicial. Depois estes depósitos tornam-se cada vez maiores, acabando
por exercer pressão no parênquima hepático adjacente e nos sinusóides.
Rim: os depósitos de
amilóide encontram-se nos glomérulos, mas também podem estar presentes nos espaçõs peritubulares
intersticiais e também na parede dos vasos sanguíneos do rim. A progressiva
deposição de amilóide pode resultar na eventual obliteração capilar.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da doença
dependem do tipo de Amiloidose e o local onde o
amilóide se deposita. Alguns indivíduos apresentam poucos sintomas enquanto em
outros a doença pode ter complicações gravissímas.
Geralmente durante a anamnese o doente afirma ter a algum tempo
fadiga, fraqueza muscular, perda de peso, edema nas pernas e falta de ar.
·
Inchaço intenso das pernas.
·
Inchaço nas articulações dos ombros.
·
Presença constante de espuma na
urina.
·
Falta de ar, em alguns casos.
·
Hepatomegalia (aumento do volume do fígado).
·
Esplenomegalia (aumento do volume do baço).
·
Redução na função do baço.
·
Insuficiência cardíaca leve sem
causa aparente.
·
Facilidade para sangramentos.
·
Parestesias.
·
Perda de peso.
·
Fadiga constante.
·
Perda de peso sem motivo.
·
Diminuição da sensibilidade nos
dedos.
·
Diarréia, decorrente dos problemas
gastrointestinais.
·
Aumento do volume abdominal.
·
Empachamento após a alimentação.
·
Aumento da espessura da língua (macroglossia) que causa dificuldades na deglutição.
·
Tonturas ao se levantar.
Obs: Todas essas
manifestações clínicas dependem basicamente do tipo de Amiloidose.
Amiloidose secundária:
·
Doença renal.
·
Hepatomegalia.
·
Esplenomegalia.
·
Doenças cardíacas.
Amiloidose hereditária:
·
Distúrbios do sistema nervoso.
·
Doenças cardíacas.
·
Doença renal.
·
Distúrbios gastrintestinais.
Fase avançada:
·
Anemia grave.
·
Hipotensão ortostática (ocorre
quando se levanta rapidamente).
·
Artralgias (dores nas articulações).
·
Polineuropatias.
·
Miocardiopatias.
·
Linfadenopatias.
·
Púrpura.
·
Alterações da cogulação
(fator X).
·
Insuficiência grave dos rins: em
alguns casos existe a necessidade de hemodiálise.
·
Sangramentos mais intensos, devido
às alterações da coagulação.
·
Síndrome nefrótica.
·
Ascite.
·
Alteração da medula óssea.
·
Insuficiência hepática grave.
·
Insuficiência cardíaca grave.
Diagnóstico
·
Anamnese.
·
Exame clínico.
·
Exame físico.
·
Exames laboratoriais.
Após a suspeita clínica, podem ser
pedidos os seguintes exames:
·
Exame específico de urina: medição
dos níveis da proteína na urina.
·
ECG - Ecocardiografia
·
Biópsia de gordura subcutânea.
·
Biópsia da mucosa retal.
·
Biópsia da medula óssea.
·
Coleta de biópsia do órgão afetado,
para pesquisar acúmulo da proteína amilóide.
Obs:
Não é recomendada a biópsia do fígado, no caso de Amiloidose
devido às alterações de coagulação.
Tratamento
Médico especialista: Hematologista
Objetivo: Reduzir a produção do
amilóide; eliminar os depósitos; curar a doença de base e tratar as
complicações decorrentes dos depósitos nos órgãos acometidos.
Não há cura para a Amiloidose. A doença é progressiva e com uma evolução
bastante marcada por graves complicações tendo um tratamento pouco eficaz. Só o
tipo primário da Amiloidose tem tratamento um pouco
mais eficaz através de transplante de medula óssea. A doença tem tratamento
sintomático, conforme os sintomas apresentados pelo paciente.
Tratamento medicamentoso: através de
drogas específicas apresentam resultados limitados. Alguns tipos de
medicamentos podem ocasionar reações graves tais como leucopenia,
forte intolerância digestiva, astenia intensa, epigastralgias.
Por isso, a necessidade da suspensão do tratamento com essas drogas.
Tratamento cirúrgico: Transplante
hepático: no caso da amiloidose hereditária com
produção de transtiretina, esta proteína é produzida
no fígado, em alguns casos o transplante do fígado é capaz de prevenir algumas
complicações decorrentes do depósito. As lesões neurológicas e as cardíacas em
alguns casos podem ser fatais.
Transplante cardíaco: a amiloidose cardíaca compromete gravemente o coração e é a
responsável por morte súbita na maioria dos pacientes com a doença. Em
pacientes selecionados o transplante cardíaco pode ser uma forma de tratamento
mais radical para a insuficiência cardíaca terminal, decorrente da Amiloidose.
Transplante autólogo de medula
óssea: coleta das células-tronco da medula do paciente; submeter o paciente a
uma quimioterapia; depois reinfundir a medula de volta no paciente.
Transplante renal: em alguns casos especifícos só o transplante de rim pode deter a doença.
Obs:
Os órgãos transplantados podem posteriormente ser afetados pela acumulação de
substância amilóide.
Prognóstico: A
Amiloidose é uma doença que mantém ainda um mau
prognóstico. A gravidade e o prognóstico dependem dos órgãos afetados, sendo
que o coração e o rim trazem maiores comprometimentos levando o paciente a
óbito devido a insuficiência destes órgãos.
Atualmente, ainda se tem poucas terapêuticas para o tratamento da doença.
A sobrevida dos pacientes com a
doença é pequena. A grande maioria dos pacientes vão a óbito devido à
insuficiência cardíaca ou a uremia.
A insuficiência hepática, hemorragia
gastrintestinal, insuficiência respiratória e sepsis
também podem causar a morte do paciente com Amiloidose.
Pacientes com insuficiência renal
causada pela Amiloidose submetidos à hemodiálise vão
a óbito devido ao envolvimento cardíaco. A hemodiálise não é bem tolerada em
pacientes com Amiloidose. A sobrevida desses
pacientes é considerada baixa.
Pacientes com a doença mais a insuficiência
cardíaca grave, a sobrevida é de menos 12 meses.
Portadores com Amiloidose
generalizada, isto é, em vários órgãos do organismo têm em média de 1 a 3 anos de vida
após o diagnóstico.
Pacientes com Amiloidose
associada ao mieloma têm um prognóstico reservado.
Pacientes com manifestação inicial
de polineuropatia periférica com ou sem síndrome do tunel cárpico tem uma sobrevida maior entre os 30 a 50
meses.
Complicações
·
Insuficiência cardíaca.
·
Insuficiência endócrina (distúrbio
hormonal).
·
Insuficiência renal.
·
Insuficiência Respiratória.
Dúvidas de termos técnicos e
expressões médicas consultem o glossário geral.