ENXAQUECA


Definição

A Enxaqueca é um complexo sintomático caracterizado por crises periódicas e recorrentes de cefaléia grave. A enxaqueca é causa pela inflamação das veias e artérias que irrigam as meninges, cada uma das três membranas superpostas envolvendo o cérebro e a medula espinhal.  

A Enxaqueca é um desequilíbrio químico no cérebro, envolvendo hormônios e substâncias denominadas peptídeos. Esse desequilíbrio resulta de uma série de outros desequilíbrios neuroquímicos e hormonais, decorrentes do estilo de vida e hábitos do portador da doença, e também de uma predisposição genética. A Enxaqueca não tem cura, mas pode ser controlada com tratamentos, quase sempre contínuos.

 

Incidência

·         É mais freqüente nas mulheres numa proporção de quatro mulheres para cada homem.

·         Cerca de 60% das crises de Enxaqueca em mulheres, acontecem perto do período menstrual, mas só 15% desses casos o problema está ligado exclusivamente à TPM (tensão pré-menstrual) ou à própria menstruação.

·         A Enxaqueca com aura é um tipo de Enxaqueca que acomete cerca de 10 a 15% dos pacientes.

·         Mais de 85% dos pacientes com Enxaqueca apresentam o tipo mais comum, a Enxaqueca sem aura.

·         Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaléia (SBC) estima em mais de 30 milhões de pessoas que sofrem de Enxaqueca no Brasil.

 

Causas

·         Componente hereditário:  algumas pessoas podem ter uma deficiência genética da enzima monoamina oxidase (MAO), que metaboliza essas aminas. Essa falha no organismo pode explicar o porquê de algumas pessoas serem mais afetadas do que outras.

·         Obesidade.

·         Dieta rica em gordura.

 

Fatores desencadeantes

Vários fatores podem provocar o início de ma crise de dor de cabeça da Enxaqueca. Embora esses fatores sejam responsáveis apenas pelo início da dor,  muitos ainda acham que eles causam a Enxaqueca. Os fatores desencadeantes mais comuns da crise de Enxaqueca são os seguintes:

·         Ciclos menstruais.

·         Luzes intensas.

·         Excesso de claridade.

·         Diferenças de altitude.

·         Determinados cheiros.

·         Stress.

·         Estressores familiares.

·         Depressão.

·         Problemas emocionais.

·         Distúrbios do sono.

·         Exposição ao sol.

·         Fadiga.

·         Uso excessivo de glutamato monossódico, nitritos ou produtos lácteos.

·         Uso excessivo de analgésicos.

·         Uso de álcool.

·         Hipertensão arterial.

·         Contraceptivos orais.

 

Enxaqueca e os analgésicos

Muitas pessoas recorrem imediatamente aos analgésicos quando percebem os primeiros sinais de enxaqueca. Mas quando os analgésicos são utilizados em excesso, eles podem se transformar na causa da enxaqueca. O excesso de analgésicos provoca queda na produção de endorfina, substância que o sistema nervoso central produz para combater a dor. Com o tempo, a pessoa passa a depender só da medicação e é obrigada a aumentar as doses, enfrentando enxaquecas cada vez piores.

 

Enxaqueca e a dor

A dor pode ser latejante (pulsátil),  em peso, ou uma sensação de "pressão para fora"  como se a cabeça fosse explodir. A localização da  dor pode variar de crise para crise; raramente dói sempre no mesmo lugar. A dor pode ocorrer em qualquer lugar da cabeça, inclusive na região dos dentes, dos seios da face e da nuca,  dando origem à confusão com problemas dentários, de sinusite e de coluna. 

As crises de dor de cabeça da Enxaqueca podem começar a se manifestar entre os cinco e os 40 anos de idade. É mais comum começarem após a puberdade e se tornarem mais freqüentes entre os 25 e 45 anos.

Há pessoas que são acordadas no meio da noite com a dor já forte e outras que começam a sua crise de forma leve, durante o dia. Em alguns casos, ocorrem sintomas antes da crise. A visualização de pontos luminosos e brilhantes, a perda de parte da visão, visão dupla ou muito embaçada e, ainda, a dormência de parte do corpo podem sinalizar, para o paciente, que a dor já está a caminho. Estes sintomas, chamados de aura, podem acontecer também sem a posterior dor de cabeça.  

Freqüentemente, os pacientes com a dor de cabeça da Enxaqueca ficam impedidos de realizar suas atividades normais por várias horas  ou dias, e quando a dor melhora dizem que é como se "um trator tivesse passado na sua cabeça".

 

Tipos

Enxaqueca sem aura: As crises de dor de cabeça começam pela própria dor, mesmo que ainda leve. A cefaléia é unilateral, com dor pulsátil ou latejante, podendo apresentar crises intensas com dor moderada a intensa que podem prejudicar as atividades diárias.  O  paciente também pode ter náuseas e/ou vômitos, sensibilidade à luz e ao som.

 

Enxaqueca com auraas crises de dor de cabeça vem precedida de sintomas característicos, conhecido como aura.  Aura é definida como manifestações do sistema nervoso (geralmente visuais) que precedem uma enxaqueca e são geralmente seguidas pela cefaléia dentro de uma hora.

Esses sintomas característicos podem incluir distúrbios visuais, como luzes piscando, manchas brilhantes, visão borrada ou manchas cegas. A aura pode também envolver sintomas auditivos, sensitivos ou motores. 

Os portadores quando começam a sentir esses sintomas, já sabem que a dor de cabeça virá.

 

Sinais característicos da Enxaqueca

Mais de cinco crises de dor de cabeça com as características abaixo, podem indicar que você, é um provável portador de Enxaqueca.

·         Concentra-se na frente e ao lado da cabeça, de um ou dos dois lados.

·         Pulsátil ou latejante.

·         Dor de cabeça média a forte ou forte.

·         Piora com esforços físicos tipo subir escadas, abaixar a cabeça ou pisar com força)..

·         Dor acompanhada de enjôo.

·         Acompanha de intolerância à claridade, barulhos ou cheiros.

·         Pode vir acompanhada por enjôo e, por vezes, vômitos.

·         Duração: entre quatro horas a três dias, quando não tratada direito.

 

Sinais e sintomas

A Enxaqueca é quase  sempre acompanhada de dor. Algumas crises ocorrem sem a dor de cabeça, enquanto outras crises podem vir com dor de cabeça, desacompanhada de quaisquer outros sintomas.

Geralmente, os pacientes se queixam que as dores de cabeça começam nas primeiras horas da manhã, resultando em uma cefaléia logo ao acordar, mas as dores de cabeça podem ocorrer em qualquer período do dia, resultantes dos fatores precipitantes.

 

Período prodrômico:

 

Essa fase se caracteriza por sintomas que ocorrem horas a dias antes de uma crise forte de enxaqueca:

·         Depressão.

·         Irritabilidade.

·         Sensação de frio.

·         Anorexia.

·         Micção aumentada.

·         Diarréia ou constipação.

 

Fase de aura: A aura ocorre em cerca de 20%  dos pacientes que apresentam enxaqueca. Em geral, a aura dura menos de 1 hora, em média 20 minutos,  e pode proporcionar o intervalo suficiente para que o paciente tome o medicamento prescrito para evitar uma crise plena. Esse período da aura corresponde à vasoconstrição indolor, que consiste na alteração fisiológica inicial característica da enxaqueca clássica.

 

·         Aparecimento de flashes  e pontos luminosos   que brilham e piscam; esses flashes podem afetar um ou ambos os olhos.

·         Dormência.

·         Formigamento dos lábios, face ou mãos.

·         Confusão branda.

·         Fraqueza discreta em um membro.

·         Sonolência.

·         Tontura ou perda do equilíbrio.

·         Barulho no ouvido.

·         Sensação de estar caindo, ou de objetos serem maiores ou menores que na realidade.

·         Inchaço ao redor dos olhos.

·         Hipersensibilidade do couro cabeludo.

·         Náuseas e vômitos.

 

Fase de cefaléia: À medida que ocorrem a vasodilatação e um declínio nos níveis de serotonina, uma cefaléia latejante (unilateral em 60% dos pacientes) intensifica-se durante várias horas. Essa cefaléia é grave e incapacitante e, com freqüência, está associada a fotofobia (aversão à luz),  intolerância a ruídos (fonofobia) e intolerância a odores (osmofobia), náuseas e vômitos. Sua duração varia, indo de 4 a 72 horas. A dor é pulsátil (latejante, na maioria das vezes, agrava-se com movimentos súbitos ou inclinação da cabeça, esforços físicos ou mentais, em alguns pacientes também se intensifica com  a posição deitada ou de bruços.

 

Obs:  A fotofobia costuma vir acompanhada de lacrimejamento e congestão ocular (olhos vermelhos).

 

Fase de recuperação: Nessa fase de recuperação, a dor diminui gradualmente. A contração muscular no pescoço e couro cabeludo é comum com a mialgia associada e dor localizada, exaustão e alterações do humor. Qualquer esforço físico exacerba a cefaléia. Durante essa fase pós-cefaléia, os pacientes podem dormir por longos períodos.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exame neurológico.

·         Exames laboratoriais

·         Tomografia Computadorizada do crânio.

·         EEG - Eletroencefalograma.

·         EMG - Eletromiografia.

 

Obs:  O pedido de alguns exames complementares, podem ser necessários, para ajudar no diagnóstico diferencial.

 

Diagnóstico diferencial  

Muitas doenças podem produzir sintomas semelhantes aos da Enxaqueca da mesma forma que a Enxaqueca pode imitar outras doenças. O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Enxaqueca, não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Enxaqueca são as seguintes: 

 

·         Aneurisma cerebral.

·         Eclâmpsia.

·         Hipertensão arterial.

·         Hipoglicemia

·         Lúpus Eitematoso Sistêico - LES.

·         Meningite.

·         Neuralgia do nervo trigêmeo.

·         Neurite óptica.

·         Tumores de glândulas supra-renais.

 

Obs: As dores de cabeça ou cefaléias secundárias nada têm a ver com a Enxaqueca, e essa possibilidade deve sempre ser afastada pelo médico responsável antes de se estabelecer o diagnóstico e o tratamento de uma cefaléia primária.

 

Tratamento

Médico especialista:  Neurologista.

 

A terapia sintomática para as enxaquecas inclui analgésicos, sedativos, anti-histamínicos, agentes ansiolíticos e antieméticos.

 

Tratamento preventivo:  O tratamento médico preventivo da enxaqueca emprega o uso diário de um ou mais agentes creditados como bloqueadores dos eventos fisiológicos que conduzem a uma crise.  A terapia medicamentosa é administrada a intervalos de 3 a 6 meses e é gradualmente diminuída, porque ocorrem as remissões naturais da enxaqueca.  Os esquemas de tratamento variam muito, assim como as respostas dos pacientes; dessa maneira está indicada a monitorização de perto. 

 

A farmacoterapia adicional inclui o uso de antidepressivos, barbitúricos e tranqüilizantes. Esses medicamentos devem ser utilizados com cautela e, basicamente, apenas em curto prazo, por causa do risco de dependência medicamentosa.

 

Compressas de gelo, em alguns casos podem melhorar a dor, porque enquanto estão sendo aplicadas, provocam a contração das artérias  dilatadas.

 

Alimentos e bebidas que podem provocar enxaqueca

·         Queijos envelhecidos.

·         Chocolate: porque o chocolate contém cafeína e uma substância do tipo amina, com ação sobre o calibre dos vasos sanguíneos, chamada feniletilamina. Essas substâncias podem deflagrar episódios de enxaqueca em determinados pacientes..

·         Frituras em geral.

·         Os alimentos em conserva.

·         Os embutidos em geral.

·         Os alimentos que contêm aspartame.

·         Alimentos que contêm glutamato monossódico.

·         Algumas frutas como abacate, framboesa, banana e frutas cítricas.

·         Bebidas alcoólicas (especialmente o vinho tinto).

·         Pimentas.

·         Molho tipo shoyu.

 

Cuidados gerais para tentar evitar as crises

·         Parar de fumar.

·         Evitar o uso de pílulas anticoncepcionais (em algumas pacientes, o uso das pílulas, podem contribuir para o aumento das crises).

·         Ficar muito tempo ao sol.

·         Ficar muitas horas sem comer.

·         Evitar o stress.

·         Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, se possível evitá-las.

·         Evitar comer comidas gordurosas.

·         Evitar a cafeína.

·         Não comer doces em excessos.

·         Evitar alimentos que podem provocar a enxaqueca.

·         Evitar os queijos amarelos e envelhecidos.

·         Alterar hábitos alimentares que podem contribuir para as crises de Enxaqueca.

·         Evitar lugares barulhentos.

·         Evitar lugares com luzes muito fortes.


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.