INFECÇÃO PELO H. PYLORI


Definição

A infecção gástrica pelo Helicobacter pylori, mas conhecido como H. pylori é altamente prevalente, e tem relação com doenças que afetam o estômago e o duodeno.  A infecção pela bactéria parece ser um co-fator necessário para o desenvolvimento da maior parte das úlceras duodenais e gástricas, excluindo as que estão associadas ao uso de antiinflamatórios não esteróides.

 

Apesar do grande número de pessoas portadoras do H. pylori, não são todas que desenvolvem algum tipo de doença gastroduodenal.  Mas, cerca de 10% a 15% das pessoas infectadas desenvolvem úlcera em algum momento da vida.  As úlceras causadas pelo H. pylori são mais comuns no duodeno do que no estômago. O aparecimento de lesões está relacionado ao subtipo da bactéria, que pode produzir citotoxinas (substâncias tóxicas para as células) de variável potencial de lesão, à produção de proteases e uréase, que atacam o muco e a mucosa gástrica, e à intensidade da resposta inflamatória do indivíduo diante dos agentes agressores.

 

 Histórico

A bactéria Helicobacter pylori, foi identificada por dois australianos, Warren e Marshal, em 1983. Devido a essa descoberta, os dois receberam o Prêmio Nobel da Medicina em 2005.

 

Incidência

·         Cerca de 90% a 95% dos pacientes com úlcera duodenal apresentam associação com gastrite por H. pylori.

·         O risco e o índice de aquisição do H. pylori  é maior na infância, diminuindo consideravelmente com o avanço da idade.

·         Infecções primárias ocorrem também na idade adulta, mas são raras.

·         Portugal é o país que tem a maior prevalência de infectados pela bactéria, na Europa.

A incidência da infecção pelo H. pylori diminui com a melhoria das condições sanitárias.

 

Agente etiológico

Helicobacter pylori é uma bactéria espiralada gram-negativa. Vive no muco que  cobre a mucosa do estômago e do duodeno, protegendo-se do efeito agressivo do ácido clorídrico normalmente produzido no estômago.

 

Fisiopatologia

Quando no estômago, para se proteger do ácido clorídrico, a bactéria aloja-se na camada de muco da superfície gastroduodenal. Nesse local produz uma substância chamada uréase, que quebra a uréia em amônia.  A amônia, por sua vez, age neutralizando a ação do ácido gástrico.

 

Doenças relacionadas

As  doenças gastrointestinais que podem ter uma associação pela infecção por H. pylori são as seguintes:

·         Gastrite crônica.

·         Úlcera do duodeno.

·         Úlcera do estômago.

·         Linfoma (câncer de células linfáticas) tipo Malt do estômago.

·         Câncer do estômago.

·         Doença do Refluxo gastroesofágico.

·         Dispepsia funcional.

 

A bactéria e o câncer

Estudos científicos indicam uma associação da bactéria H. pylori com o câncer gástrico. A inflamação crônica causada pela bactéria leva à  gastrite crônica, a qual, se persistir, pode levar à gastrite atrófica (com afinamento da camada superficial do estômago), que evolui para metaplasia intestinal (substituição das células normais da mucosa de estômago por células de mucosa de intestino). Algumas formas da metaplasia intestinal são terreno propício para o aparecimento do câncer de estômago.  Estatísticas indicam que apenas 1% dos portadores da bactéria pode evoluir até o câncer.

 

As diferentes evoluções da úlcera benigna até o câncer gástrico ou o Linfoma de Malt, ainda não são todas conhecidas. A inflamação da mucosa estomacal é também um fator de risco para um tipo especial de neoplasia linfática.

 

Transmissão

Geralmente, a infecção é contraída na infância por transmissão oral-oral ou fecal-oral.

A maior parte da população infectada com o H. pylori permanece saudável, sem sintomas e não necessita de tratamento. Apenas uma minoria desenvolve uma doença clínica.

 

Sinais e sintomas

Muitos pacientes procuram o médico, com as seguintes manifestações relacionadas aos distúrbios gástricos:

 

Sintomas gerais:

·         Boca amarga.

·         Halitose (mau hálito).

·         Dispepsia.

·         Azia.

·         Sensação de queimação ou ardor no estômago.

·         Regurgitação.

·         Dor abdominal, que melhora quando se alimenta.

·         Indigestão.

·         Náuseas.

·         Flatulências.

·         Distensão abdominal.

·         Eructações.

·         Anemia.

 

Casos mais graves:

·         Hemorragia.

·         Dor abdominal muito forte.

 

Esses sintomas podem estar associados à perfuração causada pela úlcera duodenal ou gástrica. O quadro é de urgência necessitando de intervenção cirúrgica imediata.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Endoscopia digestiva alta com biópsia.

·         Teste respiratório para a pesquisa de uréase.

·         Pesquisa de anticorpos anti H. pylori: a existência desses agentes imunológicos no sangue indica a presença da bactéria.

 

A Endoscopia digestiva com biópsia é o exame invasivo mais indicado para detecção da bactéria.

 

Tratamento

Objetivo: Erradicar a bactéria.

Médico especialista: Gastroenterologista.

 

O tratamento não é indicado indiscriminadamente para todos os portadores da bactéria. Há consenso entre os especialistas quanto à indicação do tratamento em casos de gastrite atrófica, úlcera gástrica ou duodenal, duodenite erosiva e Linfoma de Malt. Outras rotinas de tratamento incluem pacientes que vão iniciar uso prolongado de antiinflamatórios e aqueles que apresentam alto risco para o câncer gástrico.

 

O tratamento mais usado é baseado em um esquema tríplice que inclui uma droga inibidora de bomba de prótons (terapia que inibe a produção de ácido pelo estômago) e dois antibióticos, por um período de sete dias.

 

Complicações

Em relação a úlceras:

 

·         Hemorragia.

·         Perfuração do órgão acometido.


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