NEURALGIA DO TRIGÊMEO


Definição

A Nevralgia ou Neuralgia do trigêmeo é uma doença do quinto par craniano caracterizada por paroxismos (em ondas) súbitos  de dor lancinante ou em queimação (alternados por períodos de conforto total),  na topografia de um ou mais ramos do nervo trigêmeo. A Neuralgia do trigêmeo, que ataca o maior  nervo da face, é considerada pelos especialistas uma das dores mais terríveis de que se tem notícia.  A dor é capaz de mudar a rotina do paciente, consideravelmente. O tratamento eficaz da doença é dificultado pelo pouco conhecimento que se tem de suas causas, embora a afecção seja conhecida desde a Antiguidade.

Sinonímia

A Nevralgia do trigêmeo é uma doença também conhecida pelo nome de:.

·         Tique doloroso da face.

Incidência

·         Todo ano surgem de quatro a cinco casos em cada 100 mil pessoas.

·         Cerca de 60% dos pacientes  estão acima dos 45  anos.

·         Em pessoas mais jovens o problema pode estar ligado à Esclerose múltipla.

·         Ataca mais o sexo feminino; para cada três mulheres vítimas da dor há apenas dois homens.

·         É maior incidência entre indivíduos hipertensos.

·         O lado direito é o mais atingido; e o ramo mais afetado é o maxilar..

Fisiologia

O trigêmeo é o quinto dos doze pares de nervos cranianos. As sensações de dor, de frio ou calor e de tato localizadas na face, são conduzidas por uma complexa rede de troncos nervosos que formam o nervo trigêmeo. As  fibras sensitivas do nervo trigêmeo são prolongamentos de células nervosas integrantes do gânglio semilunar de Gasser. O nervo trigêmeo é assim chamado porque apresenta três ramos principais:  o nervo oftálmico, o mandibular e o maxilar. 

Ramificando-se fartamente, esses nervos se distribuem principalmente na pele e nas mucosas da face (mucosas nasal e bucal). quando ocorre qualquer estímulo nessa região, surgem impulsos nervosos que, pelas fibras do nervo trigêmeo, alcançam o sistema nervoso central, na altura do tronco cerebral, onde se encontram os núcleos sensitivos do nervo trigêmeo. Desses núcleos os impulsos são retransmitidos a outros, sucessivamente, até atingirem o cérebro, onde provocam diferentes respostas, de acordo com o estímulo. Além de reflexos que podem ser desencadeados, o indivíduo adquire consciência do que aconteceu.

Causas

Em geral o deslocamento de um vaso sanguíneo comprime a raiz do trigêmeo, ou seja, seu ponto de origem, que fica bem no cérebro. Em alguns casos, porém, o problema está ligado  à Esclerose múltipla ou a tumores capazes de pressionar o nervo.

Fatores desencadeantes

Qualquer pressão na região enervada pelo trigêmeo pode desencadear  a crise:

·         Simples sopro na bochecha.

·         Roçar a face.

·         Escovar os dentes.

·         Falar.

·         Engolir.

·         Vento forte.

A dor

Os ataques  dolorosos duram  poucos segundos, mas a dor é de extrema intensidade.  O número de investidas varia de alguns poucos ataques até centenas por dia. A dor é súbita, violeta, lancinante, acompanhada ou não de tiques faciais, destinados a diminuir a sensação de dor.

As dores de cabeça também podem ser veiculadas por fibras do nervo trigêmeo. As muito fortes, denominadas nevralgias, quando freqüentes e  rebeldes, muitas vezes obrigam o paciente a submeter-se à injeção de substâncias especiais e até mesmo à cirurgia, para aliviá-las. Essas providências têm a finalidade de bloquear ou cortar as fibras nervosas, para impedir a passagem dos impulsos nervosos que transmitem a dor. Também as dores de dente são veiculadas pelo nervo trigêmeo. Essa é a razão pela qual os dentistas muitas vezes recorrem à anestesia de ramos do nervo trigêmeo, tanto a pedido o paciente quanto por resolução própria, tornando possível trabalhar nos dentes prejudicados com maior tranqüilidade e segurança.

Em resumo, o nervo trigêmeo apresenta um funcionamento semelhante ao dos nervos espinhais, que emergem da coluna vertebral.  Enquanto esse nervo serve exclusivamente à região da cabeça, as inervações da coluna vertebral realizam o mesmo trabalho no restante do corpo.

Sinais e sintomas

No início, as crises duram muito pouco (um a dois segundos). os intervalos entre elas podem durar semanas, meses ou anos. Neste período, o doente não apresenta qualquer sintoma. Com o tempo, as crises tendem a se tornar freqüentes, e às vezes, praticamente contínua.

·         Dor súbita e intensa que surge sem aviso, na distribuição de um ou mais ramos do nervo trigêmeo.

·         Inúmeros paroxismos (em ondas) de dor, terminando subitamente; geralmente unilateral.

·         As crises são precipitadas pela pressão em um ponto sensível, os terminais dos ramos  são afetados.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exame neurológico.

·         Exames laboratoriais.

·         TC - Tomografia computadorizada.

·         Rx do crânio e face.

Tratamento

Médico especialista:  Neurologista.

Objetivo:  Aliviar a dor sem perda da função.

Tratamento medicamentoso: Administração de analgésicos, vitaminas do grupo B, corticosteróides e carbamazepina.

Administração de anticonvulsivantes: as drogas anticonvulsivantes estabilizam a membrana dos neurônios e evitam que liberem descargas elétricas contínuas que transmitem a mensagem de dor. São amplamente utilizados nas chamadas dores neuropáticas,  caracterizadas por lesões no tecido nervoso, como a Neuralgia do trigêmeo.

Tratamento cirúrgico: Tem como objetivo proporcionar um alívio ótimo da dor com prejuízo mínimo. É utilizado quando o tratamento clínico a base de medicamentos não funciona. Por afetar a sensibilidade da face, esse recurso só é indicado nos casos graves, em que a doença se instala com dor contínua ou insuportável.

·         Injeção de álcool nos gânglios de ramos periféricos provoca destruição química temporária dos nervos afetados. A dor retorna após a regeneração do nervo; geralmente 6-19 meses.

·         Neurectomia: ressecção de um segmento de um nervo. Geralmente feita nos pacientes cuja dor é causada pelo primeiro ramo do nervo. A cirurgia proporciona um alívio mais prolongado do que a injeção de álcool.

·         Rizotomia retrogasseriana cirúrgica a céu aberto (destruição das raízes retrogasserianas). O paciente apresenta uma perda total de sensibilidade na distribuição das fibras nervosas seccionadas após a operação. 

·         Eletrocoagulação percutânea do gânglio de Gasser e de suas raízes.  As correntes elétricas cuidadosamente controladas destroem o suficiente da porção sensitiva do nervo para aliviar a dor sem lesar a sensibilidade ao tato ou a função motora da face. Espera-se com o procedimento um alívio permanente  da dor em muitos pacientes.


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