SÍNDROME DE HAFF


Introdução

A Síndrome de Haff é uma doença rara, sem causa definida e que pode causar um quadro grave de rabdomiólise (síndrome decorrente da lesão de células musculares esqueléticas).  É uma condição clínica rara, que está relacionada à ingestão de pescados mal acondicionados, que contenham uma toxina que induza a um quadro de rabdomiólise.  A toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas, liberando elementos intracelulares de dentro dessas fibras no sangue, que podem causar vários danos no sistema muscular, rins e  coração. Em alguns casos graves pode causar falência múltipla de órgãos e a morte do paciente.

Estudos indicam que a doença é adquirida através do consumo de peixes ou crustáceos que tem a toxina. Mesmo cozido o pescado, a doença pode se instalar no organismo humano.  As manifestações clínicas se apresentam entre 2h e 24h após a ingestão do pescado contaminado pela toxina.

Sinonímia

A Síndrome de Haff também é conhecida pelos seguintes nomes:

·         Doença de Haff.

·         Doença da urina preta.

·         Doença do sushi.

Histórico

Os médicos de uma região litorânea na costa do Mar Báltico, em 1924, fizeram o diagnóstico da Síndrome de Haff, em pacientes que apresentavam uma súbita rigidez muscular  acompanhada de urina escura.

Causas

A Síndrome de Haff ainda não tem a sua etiologia totalmente conhecida. Estudos indicam uma estreita relação com o consumo de peixes e crustáceos contaminados com alguma toxina termoestável. Essa toxina biológica pode surgir devido ao mal acondicionamento dos pescados. A toxina que causa a doença ainda não é conhecida.

Sinais e sintomas

A doença é caracterizada pelos seguintes sinais e sintomas:

Período prodrômico (sintomas iniciais):

·         dormência;

·         falta de ar;

·         mialgia;

·         dor torácica;

·         mal-estar geral;

·         extrema rigidez muscular de forma repentina;

·         contratura muscular;

·         perda da força em todo o corpo;

·         urina muito escura (cor de café).

Sinais e sintomas de Insuficiência renal aguda:

·         aumento da pressão arterial;

·         câimbras;

·         fadiga;

·         formigamentos;

·         inchaços;

·         palidez.

·         pequena produção e excreção de urina.

Obs: A mialgia,  rigidez muscular de início súbito e  a cor da urina muito escura são sintomas que podem levar ao diagnóstico da Síndrome de Haff, junto com o histórico da ingestão de pescado mesmo que estejam bem cozinhados , em menos de 24 horas.

Casos graves:

·         Obstrução intestinal: é causada pela infestação maciça de vermes no intestino.

·         Obstrução do ducto biliar por causa dos segmentos do verme que migram para o órgão.

·         Anemia perniciosa.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Exames laboratoriais (sangue, fezes e urina).

·         Elevação dos níveis séricos de creatina fosfoquinase (CPK).

Obs: Presença de dor e rigidez muscular sem motivo aparente e  a presença de urina de coloração escura variando de avermelhada a marrom, com o histórico de consumo de pescado em menos de 24 horas pode ser pontos importantes para o diagnóstico da Síndrome de Haff.

O diagnóstico tardio pode colocar a vida do paciente em risco de vida.

Tratamento

Objetivo:  Alívio dos sintomas e o tratamento das complicações.

Não existe tratamento específico para a Síndrome de Haff. O tratamento é sintomático, conforme os sintomas apresentados pelo paciente.

A maioria dos pacientes não necessita de intervenções médicas  e nem internamento hospitalar e se recuperam sem tratamento.

Pacientes com rabdomiólise precisam de cuidados intensivos.

Poucos casos evoluem para casos graves de rabdomiólise causando insuficiência renal e cardíaca..

Em casos de insuficiência renal, medidas devem ser implementadas para que as funções dos rins voltem à normalidade.

Casos graves pode ser necessário o suporte da hemodiálise.

Medidas para hidratação venosa do paciente devem ser implementadas durante 48 a 72 horas, para diminuir a concentração da toxina no sangue e favorecer a eliminação das toxinas pela urina.

Analgésicos para aliviar a dor podem ser necessários, dependendo de indicação médica.

Diuréticos para aumentar a produção de urina podem ser necessário, dependendo de indicação médica.

Prognóstico: Em casos gravíssimos a doença pode evoluir para uma falência renal, falência cardíaca e  o óbito do  paciente.

Prevenção

Ficar atento à procedência e qualidade do pescado que vai consumir.

Não consumir pescados ou crustáceos que não são bem armazenados em temperaturas adequadas.

Se ao consumir pescado, começar a sentir os sintomas da doença, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde ou hospitalar imediatamente.

Não deve congelar um pescado que já foi descongelado anteriormente.

A Vigilância Sanitária deve ser notificada em casos suspeitos de Síndrome de Haff, para investigação.

Os peixes  mais consumidos e que foram consumidos por pessoas que tiveram a doença foram o badejo, olho de boi,  tambaqui, arabaiana, pacu-manteiga e pirapitinga.


Dúvidas de termos técnicos e expressões consulte o Glossário geral.