SÍNDROME DO INTESTINO
IRRITÁVEL
Introdução
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma doença
funcional, crônica e recorrente com
características benignas. É uma doença de difícil diagnóstico e os exames não a
detectam. A doença antigamente foi considerada um problema de ordem psicológica e também
funcional, ou seja, relacionada exclusivamente à movimentação do intestino. Atualmente, se
sabe que o fator principal é a alteração de um hormônio encontrado na parede
intestinal, chamado acetilcolina, responsável pelo movimento e sensibilidade do
aparelho digestivo. O desconforto abdominal, dor, alteração no hábito de
evacuação, excesso de gases e mau humor são os sintomas mais comuns da doença.
A síndrome não tem nenhum tipo de
relação com o risco de incidência de câncer no intestino e também não evolui
para qualquer doença mais grave. É uma doença que interfere em todas as
atividades da pessoa e pode diminuir a qualidade de vida do portador.
Incidência
·
Predominância no sexo feminino.
·
Estudos indicam que cerca de 10 a
15% da população mundial
sofrem do problema em alguma fase da vida.
·
Incidência maior entre pessoas de 20
a 40 anos de idade.
·
Estima-se que no Brasil existam
cerca de 15 milhões de portadores da síndrome.
·
A depressão e a ansiedade são mais
frequentes em indivíduos com a síndrome.
Causas
A Síndrome do Intestino Irritável
pode ser causada por predisposição genética, alterações de motilidade do trato
gastrintestinal ou hipersensibilidade
visceral. Em alguns casos pode ser causada também por fatores psicossociais e
estresse.
Classificação
A
síndrome do Intestino Irritável pode ser classificada de três formas:
·
Forma
constipada: a doença cursa com dores abdominais e dificuldade para evacuar
(intestino preso).
·
Forma
diarréica: a doença cursa com dores abdominais e períodos de diarréia.
·
Forma
mista: a doença
cursa com dores abdominais e com alternância de períodos de diarréia e
constipação intestinal.
Fatores predisponentes
·
Dieta pobre em resíduos.
·
Estresse emocional .
Doenças ou distúrbios associados
·
Dispepsia funcional.
·
Doença do refluxo gastroesofágico.
Sinais e sintomas
Os principais sintomas da Síndrome
do Intestino Irritável são os seguintes:
·
Dores abdominais mais localizadas na
região inferior do abdome, parecida com cólicas. A dor é intermitente e
geralmente a dor piora após as refeições e alivia com a eliminação de gazes e fezes.
·
Distensão abdominal.
·
Cólicas abdominais.
·
Alternância de diarréia e
constipação (prisão de ventre).
·
Constipação (dificuldade para
evacuar, fezes endurecidas e ressecadas).
·
Dor anal devido à constipação.
·
Pode aparecer fissurar e hemorróidas
devido a constipação.
·
Diarréia (evacuações amolecidas ou
desfeitas geralmente pela manhã, ou após alguma refeição)
·
Flatulência excessiva (gases).
·
Sensação de empachamento após as
refeições.
·
Sensação de esvaziamento incompleto
após a evacuação, o que obriga o paciente a tentar evacuar repetidas vezes.
·
Dispepsia (azia).
·
Náuseas.
·
Vômitos.
Sintomas extra-intestinais:
·
Cefaléia crônica.
·
Dismenorréia.
·
Disúria/polaciúria.
·
Disfunção sexual.
Pacientes com SII que predomina a
diarréia apresentam mais de três evacuações/dia, fezes líquidas e/ou pastosas e
necessidade urgente de defecar.
Pacientes com SII em que predomina
obstipação ou constipação evacuam menos de três vezes/semana, as fezes são
duras e fragmentadas e realizam esforço excessivo para evacuar.
Diagnóstico
·
Anamnese.
·
Exame físico.
·
Exame clínico.
·
Exames laboratoriais.
·
Exame de fezes (parasitológico e
pesquisa de sangue
oculto).
·
Raio
X do abdômen.
·
Ultra-som abdominal.
·
Endoscopia digestiva alta.
·
Enema opaco para avaliar o trânsito
intestinal.
·
Retossigmoidoscopia.
·
Colonoscopia.
Os exames são necessários para
descartar ou afastar patologias ou outras causas orgânicas.
Critérios de Roma II utilizado para
o diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável:
1. Presença em pelo menos 12 semanas (não necessariamente
consecutivas), durante os últimos 12 meses, de desconforto ou dor abdominal com
duas de três características:
a. alívio com a defecação;
b. início associado à alteração na freqüência das evacuações (mais
de três vezes/dia ou menos de três vezes/semana);
c. início associado à alteração na forma (aparência) das fezes
(fezes endurecidas, fragmentadas, em “cíbalos” ou “caprinas” e fezes pastosas
e/ou líquidas).
2. Vários sinais e sintomas foram apontados como elementos de
reforço ao diagnóstico da SII:
a. esforço excessivo durante a defecação;
b. urgência para defecar;
c. sensação de evacuação incompleta;
d. eliminação de muco durante a evacuação;
e. sensação de plenitude ou distensão
abdominal.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser
realizado para descartar outras patologias ou distúrbios com sintomas
semelhantes à Síndrome do Intestino Irritável. As doenças que podem ser
confundidas com a síndrome são as seguintes:
·
Amebíase.
·
Apendicite.
·
Colecistite.
·
Deficiência de lactase.
·
Diverticulite.
·
Doença celíaca.
·
Doença de Crohn.
·
Estrongiloidíase.
·
Giardíase.
·
Litíase renal.
·
Retocolite ulcerativa.
Tratamento
O tratamento para a doença é
sintomático, conforme os sintomas apresentados. O tratamento é basicamente
comportamental, mas também pode ser necessário medicamentos para aliviar os
sintomas. É fundamental que o paciente reconheça os fatores que podem
desencadear os sintomas da doença.
Tratamento medicamentoso: É
necessário para aliviar os sintomas da diarréia, prisão de ventre ou da dor
abdominal.
Laxantes.
Antidiarréicos podem ser
necessários.
Antiespasmódicos podem ser
necessários no caso de cólicas.
Antidepressivos podem ser
necessários.
Dietoterapia: A dieta rica em fibras
costuma ser útil em pacientes, com queixa de constipação. As fibras têm papel
relevante na SII, tanto nas formas constipadas como nas formas com diarréia,
pois quando há constipação a absorção de água pelas fibras ajuda a amolecer o
bolo fecal e quando ocorre a diarréia, as fibras
absorvem o excesso de água e tornam as fezes mais consistentes. Deve-se comer
fracionadamente, isto é, pouca quantidade, mas várias vezes por dia, beber
bastante líquido. Deve-se também identificar os alimentos que estão relacionados à piora dos
sintomas da síndrome.
Tratamento psicológico ou
psicoterápico: Em alguns casos pode ser necessário já que muitos sintomas da
doença estão ligados a problemas emocionais como a depressão e o estresse. É
comum a exacerbação dos sintomas da síndrome quando o paciente passa por
períodos de estresse.
Obs: é necessário
tentar evitar o ciclo vicioso de automedicação que os portadores da doença se
submetem na tentativa de aliviar sintomas.
Cuidados na alimentação
O portador da síndrome deve tentar
evitar alimentos que podem desencadear as crises: feijão, milho, couve,
couve-flor, repolho, pepino, chocolate, refrigerantes, brócolis, cebola,
gorduras, café, chá, álcool, pimenta, uva, ameixa. Esses alimentos são
considerados de digestão mais difícil e originam gases em maior quantidade pela
fermentação que sofrem no intestino. A produção aumentada leva à distensão e
flatulência observadas após a ingestão destes alimentos.
Evitar bebidas com cafeína e gasosas.
Dieta rica em fibras: as fibras são
substâncias presentes
nos vegetais que não são digeridas
pelas enzimas do trato digestivo humano.
As fibras chegam intactas ao cólon ou intestino grosso e lá atuam aumentando o
volume e a hidratação do bolo fecal. As fibras contidas nos alimentos podem ser
de dois tipos diferentes necessárias para a função do intestino: fibra solúvel
que forma um gel que retém água ajudando a reestabelecer a regularidade e
suavizar as fezes, e as fibras insolúveis não dissolve em água e move-se
depressa pelo sistema digestivo, ajudando a manter o sistema regualrizado,
aumentando o bolo fecal.
Prevenção
·
Evitar alimentos produtores de gás
(feijão, couve, repolho, ameixa).
·
Evitar sucos muito ácidos.
·
Identificar e evitar alimentos que
precipitam a síndrome.
·
Aumentar a quantidade de fibras
ingeridas diariamente.
·
Fazer exercícios regularmente,
adequados a idade.
·
Beber bastante líquidos.
·
Evitar comer apressadamente.
·
Levar uma vida mais calma, para
evitar stress.
·
Mudanças de hábitos de vida.
Dúvidas de termos técnicos e
expressões médicas consulte o glossário geral.