LINFOGRANULOMA VENÉREO

 


 

Definição

O Linfogranuloma Venéreo é uma doença sexualmente transmissível (DST) que apresenta uma lesão transitória seguida por linfagite supurativa.

 

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:

·         Bubão (nome popular).

·         Doença  de Nicolas-Favre-Durand.

·         Linfogranuloma inguinal.

·         Mula (nome popular).

 

Incidência

·         É mais comum em países de clima quente.

·         Maior predominância no sexo masculino.

·         Maior ocorrência em indivíduos da raça negra.

·         Costuma ocorrer geralmente em indivíduos que já tiveram história clínica de outras DST.

 

Agente etiológico

Chlamydia trachomatis.

 

Reservatório

O homem.

 

Período de incubação

Esse período  oscila entre 4 a 21 dias, após o contágio.

 

Período de transmissibilidade

Esse período pode variar de algumas semanas a vários anos, pois perdura enquanto houver lesões ativas.

 

Transmissão

Direto:  por contato com lesões abertas, durante a relação sexual.

 

Sinais e sintomas

período prodrômico:

·         aparecimento de lesão vesicular pequena, em alguns casos o paciente nem percebe a lesão;

·         febre;

·         mal-estar geral;

·         cefaléia;

·         artralgias (dores nas articulações);

·         anorexia;

·         vômitos, em alguns casos.

 

Característica das lesão vesicular: A lesão vesicular é pequena, isolada, transitória, indolor e não-indurada, que se ulcera e se cura rapidamente; mais tarde ocorre um aumento doloroso e unilateral dos linfonodos inguinais, que evolui para a formação de uma massa flutuante, grande e dolorosa; surgem depois fístulas múltiplas, com secreção de pus e/ou sangue.

 

Adenopatia inguinal: O acometimento ganglionar começa entre 4 dias  a 3 meses após a lesão primária. 

Os gânglios linfáticos se mostram inicialmente firmes e apenas ligeiramente dolorosos. A medida que a doença progride a tumefação ganglionar aumenta; os gânglios linfáticos aderem uns aos outros e a pele. A pele que recobre os gânglios se torna vermelho-escura. Os gânglios sofrem um processo de amolecimento e flutuação, se ingurgitam acima e abaixo do ligamento inguinal, produzindo um sulco (sinal do sulco). 

 

A tumefação ganglionar pode ser considerável chegando a ultrapassar o limite da pelve. A perfuração de bubões pode originar fístulas múltipla, o envolvimento dos gânglios linfáticos pélvicos pode produzir dor abdominal. 

 

manifestações tardias:

·         seqüela cicatricial;

·         síndrome genital;

·         síndrome anorretal.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Prova de microIF: prova de fixação do complemento do Linfogranuloma venéreo.  Uma quadruplicação do título de anticorpos durante a lesão genital primária ou a adenopatia inguinal constitui uma indicação forte de Linfogranuloma Venéreo e sustenta um diagnóstico clínico.

·         Cultura de material colhido por raspagem da lesão genital primária.

·         Cultura de material (pus) da adenopatia inguinal.

·         Biópsia e histologia das lesões nas fases mais tardias.

 

Obs:  O achado de cicatriz na região inguinal, pode ajudar  ao diagnóstico das outras manifestações tardias da doença

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que o Linfogranuloma venéreo não seja confundido com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico e laboratoriais o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com o Linfogranuloma venéreo são as seguintes: 

 

Ingurgitamento ganglionar linfático inguinal não-supurativo:

·         Carcinoma.

·         Herpes simples primário.

·         Leucemia.

·         Reticulose.

·         Sífilis primária.

·         Sífilis secundária.

 

Ingurgitamento ganglionar linfático inguinal supurativo:

·         Cancro mole.

·         Doença da arranhadura do gato.

·         Infecção piogênica de lesões localizadas nos genitais e adjacências, incluindo o ânus.

·         Infecção de membros inferiores.

·         Tuberculose cutânea.

 

Manifestações na fase tardia:

·         Actinomicose.

·         Amebíase.

·         Doença de Hodgkin.

·         Doença inflamatória do intestino grosso (colites).

·         Esquistossomose.

·         Neoplasias malignas.

 

Tratamento

Existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia.

·         Antibioticoterapia prescrita. Nos casos mais brandos e mais recentes podem requerer um esquema terapêutico menos enérgico. Nos casos recentes (isto é, nas primeiras fases) o esquema posológico é mais enérgico

·         Repouso no leito para o paciente nos períodos agudos da doença.

·         Bubões: pode ser necessário a aspiração, repetidas vezes se necessário; tomar cuidado para não realizar a incisão sob o risco de formação de uma fístula cuja cicatrização que pode ser muito lenta.

·         Tratamento cirúrgico: para tratamento dos abscessos, fístulas e estenoses.

 

Obs:  Com tratamento à base de antibióticos fortes, os casos com adenopatia inguinal, respondem bem ao tratamento, e as lesões tardias são escassas e brandas. O prognóstico das manifestações mais tardias é desfavorável mesmo com tratamento antibioticoterápico forte e prolongado.

 

Controle de cura: O paciente deve voltar para consulta durante pelo menos três meses, após o começo da terapia nos casos brandos e recentes. Nas manifestações tardias, pode ser necessário um acompanhamento  prolongado, a fim de evitar  problemas  decorrentes de complicações.

 

Complicações

·         Obstrução retal.

·         Síndrome anorretal:  Na sintomatologia da síndrome anorretal pode ocorrer: proctite, estenose retal, ulcerações retais, fístulas retais e abscessos peri-retais. Essas manifestações são mais comuns em mulheres do que em homens. Pode haver emissão pelo reto de sangue, muco e pus. A mucosa anorretal pode mostrar-se áspera com uma superfície característica ao toque dando a  impressão de couro marroquim. As alterações tendem a ser mais intensas a 5 cm da margem anal. Pode desenvolver-se uma estenose dentro de alguns meses a 5 anos após a instalação da síndrome; essa estenose pode ser muito curta ou, ao contrário, atingir uma extensão de até 20 cm.

 

Seqüelas

·         Cicatriz permanente na região inguinal onde ocorreu a lesão primária.

·         Transformação  neoplásica (câncer).

·         Hipertrofia vulvar.

 

Prevenção

medidas sanitárias:

·         Campanhas preventivas  educativas para evitar as DST's.

·         Identificar e tratar os portadores assintomáticos. 

·         Fazer testes para identificar outras DST's associadas.

·         Distribuição gratuita de  preservativos.

·         Exames para detecção em postos de saúde em gestante com lesões vaginais.

·         Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem  e referência dos pacientes com DST e seus parceiros para  diagnóstico e tratamento adequados.

·         Campanhas preventivas sobre a prevenção de DST nas escolas.

·         Testes para identificação de DST em pessoas que compõem grupo de risco.

·         Como em toda doença sexualmente transmissível é recomendável o exame sorológico para Sífilis e AIDS.

 

medidas individuais:

·         Não ter relações sexuais com parceiro, com lesões ou ulcerações na área genital, perianal, ou inguinal.

·         Evitar a promiscuidade.

·         Evitar se possível o sexo casual.

·         Tentar evitar as situações de risco para se adquirir DST.

·         Usar sempre preservativos.

·         Evitar ter vários parceiros sexuais.

·         Cuidados de higiene antes e após as relações sexuais.

 

Cuidados  preventivos que devem ser tomados para evitar as DST

As DST manifestam-se  pelo aparecimento de feridas, coceiras, dor ao urinar, corrimento uretral e /ou vaginal e verrugas,  na área genital e/ou anal. Ao surgir qualquer dessas alterações, deve-se procurar um médico, que se encarregará do diagnóstico e do tratamento adequado. A demora em procurar o médico aumenta os riscos da doença se alastrar e da pessoa infectada contaminar seu parceiro (a) ou outras pessoas. Uma vez feito o diagnóstico, a pessoa deve avisar quem lhe transmitiu a doença. Os dois  devem se tratar e evitar, enquanto não estiverem curados, as relações sexuais com outras pessoas. Caso o indivíduo infectado  tenha tido vários parceiros, deve se possível, entrar em contato com eles, informar a sua situação e pedir para que procurem um médico relatando a situação. A propagação da DST está ligada à promiscuidade e á falta de informação. Qualquer pessoa pode adquirir uma doença, desde que tenha contato sexual com outra já doente.  A troca freqüente de parceiros sexuais, principalmente na adolescência até o período de 35 anos de idade, aumenta ainda mais o risco de se contrair uma DST. E o que é pior: uma pessoa pode adquirir uma mesma doença várias vezes, ou em alguns casos pode também está com duas doenças venéreas ao mesmo tempo.  Existem vários cuidados que podem ser tomados para evitar a contaminação e transmissão de doenças venéreas: 

 

·         Evitar  múltiplos parceiros (as).

·         Evitar a promiscuidade.

·         Evitar se possível, o sexo casual.

·         O homem deve evitar, se possível, ter relações sexuais, quando sua parceira está menstruada, pois o sangue pode ser uma fonte de infecção, caso a mulher tenha uma DST  transmissível por via hematológica (sangue); em muitos casos de DST a mulher é portadora assintomática, isto é, sem sinais e nem sintomas que esteja doente.

·         Escolher bem o parceiro (a), se possível familiarize-se com seus hábitos e caráter antes de ir para a cama.

·         Quando for beijar alguém, se possível, verifique se não existem lesões na boca, pois existem algumas DST que podem ser transmitidas pelo beijo na boca, principalmente aqueles beijos mais íntimos.

·         Quando for fazer sexo oral, verifique se possível, se o parceiro (a) tem lesões, verrugas, feridas ou secreções fétidas na área genital ou perianal (região do ânus), isso pode ser um fator de risco gravíssimo para se adquirir DST.

·         Cuidado, álcool e drogas não combinam com sexo seguro, lembre-se sempre do dia seguinte, e sempre nesses casos o arrependimento ocorre tarde demais..

·         Aborte as preliminares caso perceba erupções no corpo, lesões, feridas e verrugas nos órgãos genitais do parceiro (a), se necessário invente uma desculpa qualquer. 

·         Evitar parceiro (a) que exale mau cheiro do corpo ou dos genitais, esse cheiro  pode ser descuido com a saúde e  a própria higiene pessoal e íntima.

·         Adolescentes e adultos jovens que cada vez mais se preocupam, com a quantidade do que com a qualidade dos parceiros (as), devem ter sempre em mãos preservativos para se proteger.  

·         As adolescentes (que cada vez mais cedo, geralmente a partir dos 14 anos de idade já praticam sexo), devem ter sempre preservativos (camisinhas) para que na hora "H" , possam se proteger. Jamais devem fazer sexo casual, caso o parceiro não aceite a camisinha. 

·         Usar sempre preservativo, mesmo que  sua eficiência  seja reduzida em certos tipos de DST.

·         Tomar sempre um banho,  lavar os genitais, e urinar imediatamente depois do final do ato sexual, são sempre medidas preventivas, mesmo que essa atitude esfrie o "clima" entre os dois. Essas medidas devem ser utilizadas em parceiros (as) eventuais.

·         A desconfiança ou dúvida de que você tenha ou possa ter contraído uma DST, é o sinal de alarme para procurar o médico.

·         Se souber ou desconfiar que tem ou possa ter uma DST, não ponha em risco a saúde da outra pessoa, que inocentemente concorda em fazer sexo com você; seja honesto (a) com a outra pessoa e com a sua consciência, não fazendo sexo até que o médico libere.

·         No caso em que você, ou seu parceiro tenha  HIV, HPV, HTLV, os cuidados devem ser redobrados, o preservativo (camisinha), e alguns cuidados básicos, devem vir sempre antes, do ato sexual propriamente dito.

·         A ocorrência de DST pode aumentar muito o risco de contrair o vírus da AIDS. Corrimentos ou pus, feridas e verrugas nos órgãos sexuais são os seus sinais principais. A presença de DST indica que a pessoa não está se prevenindo contra a AIDS. 


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.