COQUELUCHE
Doença infecto-contagiosa aguda do trato respiratório, causada por um bacilo que provoca tosse paroxística de intensidade variável e com duração de algumas semanas. Considerada uma doença endêmica e com uma alta contagiosidade, confere uma imunidade duradoura. Não há transferência passiva de imunidade materna, portanto os lactentes se não forem vacinados podem adquirir a doença mais precocemente.
Sinonímia
É uma doença conhecida popularmente como:
Tosse comprida.
Tosse de cachorro.
Incidência
Ocorre mais em pessoas do sexo feminino.
Apresenta incidência maior na primavera e verão.
Maior incidência em crianças na fase lactentes, crianças na fase pré-escolar não vacinadas e nos idosos.
Acomete mais pessoas com nível social-econômico baixo.
Houve uma redução de quase 95% dos casos da doença, devido as campanhas de vacinação.
A incidência é diretamente afetada pelo grau de vacinação da população.
Bactéria Bordetella pertussis; bacilo Gram-negativo; pequeno e sem motilidade; aeróbio e capsulada; não forma esporos. Possui vários antígenos que são responsáveis não só pela fixação no nível do epitélio ciliado respiratório, como também pela sintomatologia da doença.
Fisiopatologia
O bacilo da coqueluche invade o organismo humano através das vias aéreas superiores, instalando-se na árvore respiratória (brônquios e bronquíolos) particularmente no epitélio ciliado respiratório, onde se multiplica, causando uma necrose local e uma paralisia ciliar. Todo esse processo irrita as mucosas da árvore respiratória que produzem uma abundante secreção de muco com bastante viscosidade gerando uma obstrução bronquiolar que pode desencadear uma atelectasia e/ou um processo inflamatório nos pulmões.
Em média de 7 a 12 dias.
Em média estende-se desde 7 dias a partir da exposição até 3 semanas após o início das crises paroxísticas.
Direta: através dos perdigotos (gotículas de saliva) e pela tosse de pessoas infectadas.
A coqueluche pode se apresentar de forma atípica, sem os guinchos no lactente jovem, e de forma leve sem complicações, nos adultos e indivíduos parcialmente imunizados. Na forma típica da doença o paciente pode apresentar as seguintes manifestações clínicas:
Fase catarral: (duração em média de 1 a 2 semanas, os sintomas são inespecíficos podendo ser confundidos com uma gripe )
- tosse irritante e persistente e resistente a expectorantes;
- olhos avermelhados e lacrimejantes;
- coriza;
- espirros;
- febrícula;
- catarro claro e viscoso no nariz;
- rosto avermelhado;
- anorexia;
- pequenas lesões no freio da língua.
Fase paroxística: (duração média de 4 a 5 semanas, iniciando-se quando a tosse é mais freqüente e intensa)
- acessos de tosse incontroláveis e constantes seguidas por uma única inspiração forçada, súbita e prolongada, acompanhada de um som característico chamado de “guincho”, principalmente à noite, com uma sensação de asfixia e fácies de angústia;
- vômitos no fim do acessos de tosse;
- dispnéia;
- cianose;
- irritabilidade;
- distensão das veias do pescoço;
- hemorragias conjutivais;
- edema facial;
- edema periorbitário;
- congestão facial;
- língua protusa;
- lacrimejamento;
- salivação;
- asfixia e apnéia são sintomas mais comuns em recém-nascidos e lactentes;
- perda de peso.
Fase de convalescença: (duração média de 3 a 4 semanas)
- acessos de tosse diminuem consideravelmente tanto em freqüência como em intensidade, desaparecem os "guinchos", e os outros sintomas regridem gradativamente.
Comprometimento neurológico:
Encefalopatia da coqueluche: As complicações neurológicas da Coqueluche, segundo as várias estatísticas, incidem entre 1,5 e 14% dos casos hospitalizados. A mortalidade é elevada, alcançando de 60 a 90%; sendo maior entre os lactentes, ocorrendo quase a totalidade dos casos com evolução fatal em crianças com idade menor que dois anos. O mecanismo pelo qual se instalam as manifestações neurológicas da Coqueluche parece corresponder não somente às hemorragias cerebrais; a intensa congestão cerebral, conseqüente às crises paroxísticas de tosse, deve ser apenas um fator coadjuvante das hemorragias, que dependeriam fundamentalmente da ação da toxina bacteriana sobre os vasos cerebrais. Outro fator a considerar-se na fisiopatogenia da encefalopatia da coqueluche é a anoxia cerebral condicionada pelos repetidos acessos de tosse.
crises convulsivas generalizadas ou focais, são geralmente intensas e freqüentes;
sonolência;
astenia;
tremores finos de rápida frequência, numa ou em mais de uma extremidade, sugerindo a existência de comprometimento cortical;
quadro de rigidez muscular, em que os braços estão geralmente fletidos e os membros inferiores rigidamente extendidos e em adução; na movimentação passiva verifica-se espasmo muscular de forte intensidade;
reflexos tendinosos podem estar exaltados ou diminuídos;
paralisia bulbar, pode ocorrer em alguns casos, exigindo-se alimentação por sonda nasogástrica;
perda da fala.
A morte na Encefalopatia da coqueluche em alguns casos, ocorre no fim de algumas semanas, como consequência, geralmente de infecções bacterianas secundárias.
- Exame físico.
- Exame clínico.
- Cultura de secreção nasofaringea.
- Exames laboratoriais.
Testes sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
Raio X.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Coqueluche não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Coqueluche são as seguintes:
Tuberculose.
Pneumonia.
Bronquites.
Fibrose cística.
Quanto menor a criança, mais provável a necessidade de hospitalização. Recém-nascidos e lactentes devem receber oxigênio e aspiração freqüentes das secreções.
Específico: existe tratamento medicamentoso conforme prescrição médica.
Antibioticoterapia sob indicação médica, o mais precocemente possível, principalmente para combater infecções secundárias.
Anticonvulsivantes podem ser utilizados na tentativa de diminuir os paroxismos em número e intensidade e na sedação do paciente, sob indicação médica. e dependendo das condições clínicas do paciente.
Corticoterapia pode ser utilizados em lactentes menores de 6 meses que fazem crises de cianose, sob indicação médica.
Antitussígenos na coqueluche não têm indicação.
Ficar atento aos sinais de comprometimento neurológico (sonolência, torpor, convulsões, rigidez muscular e disfagia). Comunicar imediatamente ao médico e implementar os cuidados e administrar as medicações necessárias para tentar reverter o quadro.
Dietoterapia preferência pastosa ou líquida. A dieta deve ser oferecida em pequena quantidade, com intervalos curtos no "período refratário" isto é, logo após as crises.
Repouso relativo no leito e em ambiente arejado, tranqüilo e sem barulho.
Evitar mudanças súbitas de temperatura.
Nebulização é recomendada sob indicação médica.
Tapotagem: deve ser feita por um profissional de saúde qualificado.
Talheres, pratos e objetos de uso pessoal devem ser separados para evitar a transmissão da doença.
Em casos mais graves, e nos casos de crianças com menos de 1 ano de vida é recomendado a internação hospitalar.
Isolamento respiratório pelo menos durante três semanas depois do início dos sintomas.
A coqueluche não complicada deve ser tratada em casa obedecendo ao isolamento que pode ser feito na própria residência do doente sob orientação do médico, mas quando complica e o paciente é menor que 12 meses ou é um indivíduo não-imunizado, nesses casos é necessária a hospitalização.
Complicações
Surgem quase sempre na fase paroxística, sendo que as complicações mais severas que podem levar ao óbito são as respiratórias, principalmente a pneumonia intersticial que pode evoluir para a pneumonia bacteriana secundária.
- Respiratórias: broncopneumonia, atelectasia, enfisema pulmonar, bronquite espástica, pneumonia intersticial, pneumonia bacteriana secundária, pneumotórax; ativação de formas latentes de tuberculose.
- Cardíacas: coração felpudo (infiltração e espessamento peribrônquico no triângulo basal, com borramentos dos limites cardíacos); enfisema de mediastino.
- Neurológicas: meningoencefalite, encefalopatia da coqueluche, hemorragia cerebral e convulsões.
- Otite média aguda.
- Tuberculose pulmonar (formas latentes de tuberculose podem tornar-se ativas devido a depressão acentuada da imunidade celular).
- Hemorragias conjutivais.
- Desnutrição e desidratação moderada a grave.
- Prolapso retal.
- Ruptura do freio lingual.
- Hérnia umbilical e inguinal.
- Epistaxe.
Seqüelas
Hemiplegia, monoplegia e diplegia, são conseqüentes da Encefalopatia.
medidas sanitárias:
- Vacinação da população infantil DPT em 3 doses com intervalos de 2 meses a partir do 2° mês de vida; reforço aos 15 meses.
- Vacina após a exposição não protege contra a doença.
Crianças a partir dos 7 anos e adultos não devem tomar a vacina.
Campanhas educativas de prevenção através da vacinação a população.
- Educação sanitária da população.
- Utilizar a quimioprofilaxia (eritromicina) nos comunicantes, mesmo que eles já tenham sido vacinados ou não.
Dúvida de expressões e termos técnicos consulte o Glossário geral.