ERISIPELA
Definição
A Erisipela é uma infecção provocada, geralmente por bactérias do tipo Streptococcus pyogenes grupo A. Quando as bactérias encontram uma porta de entrada nas camadas mais superficiais da pele, elas espalham-se, formando uma mancha avermelhada, que com a evolução da doença vai ficando quente e dolorosa.
A Erisipela pode se desenvolver a partir de uma frieira entre os dedos dos pés, arranhões na pele, bolhas nos pés, coçadura de picada de inseto. A Erisipela não é um fenômeno imunológico, a doença é causada por um fenômeno tóxico.
Sinonímia
A Erisipela também é conhecida pelos seguintes nomes:
Esipra.
Febre-de-santo-antonio.
Linfagite estreptocócica.
Mal-do-monte.
Mal-da-praia.
Maldita.
Incidência
80% dos casos da doença, ocorrem nos membros inferiores, as pernas.
Causa
A Erisipela é causada por bactérias, principalmente os estreptococos, que encontram uma porta de entrada nas camadas mais superficiais da pele, então se proliferam, dando início ao processo de desenvolvimento da doença.
Unhas contaminadas em portadores de dermatite seborréica (caspa) são uma das causas mais importantes do aparecimento da Erisipela na face.
Fisiopatologia
A Erisipela geralmente é causada por um tipo comum de bactéria, o estreptococo. Toda vez que há perda da barreira da pele, isto é, toda vez que a pele se rompe por algum motivo, o estreptococo pode penetrar pela pele e provocar uma infecção superficial que surge como uma mancha avermelhada com limites precisos que vai progressivamente crescendo, acompanhada de vermelhidão e calor. Depois as bactérias migram para os vasos linfáticos e provocam uma reação inflamatória que caracteriza a doença.
Fatores de risco
Os fatores de risco são aqueles fatores facilitadores ou que contribuem para o aparecimento da doença.
Diabetes descompensada.
Ferimentos constantes nos pés.
Micoses interdigitais (entre os dedos).
Micoses de unhas.
Mulheres mastectomizadas.
Obesidade.
Pés de atleta.
Pessoas que sofrem de insuficiência venosa.
Pessoas com tendência à varizes.
Pessoas que fizeram ponte de safena, e que ficaram com edema residual na perna onde foi retirada a safena.
Portadores de linfedema.
Imunossuprimidos submetidos a longos tratamentos ou com doenças crônicas debilitantes.
Doenças e distúrbios associadas a Erisipela
AIDS.
Câncer avançado.
Diabetes.
Obesidade.
Localização
A localização mais freqüente da Erisipela são as seguintes:
Membros inferiores (85% dos casos).
Rosto.
Tronco.
Obs: A Erisipela ocorre mais em pacientes diabéticos, obesos e idosos.
Período de incubação
O período de incubação da doença é de três a oito dias, mas existem variações dependendo do quadro clínico. Em 80% dos casos pode-se determinar a porta de entrada das bactérias, nos 20% restantes não se consegue encontrar a porta de entrada.
Sinais e sintomas
Na fase inicial a Erisipela pode causar as seguintes manifestações.
Período prodrômico:
Nesse período os sintomas cínicos podem instalar-se precocemente, antes mesmo de a Erisipela alcançar grandes proporções, devido a grande quantidade de toxinas liberadas pelas bactérias:
Calafrios ou tremores.
Cansaço.
Desânimo.
Febre alta.
Cefaléia (dor de cabeça).
Mal-estar geral.
Náuseas.
Vômitos.
Fase inicial:
No início, a pele se apresenta lisa, brilhante, vermelha e quente. Com a evolução da infecção, o inchaço aumenta, a pele fica com manchas avermelhadas. Em alguns casos, o paciente pode se queixar de "'íngua" (aumento dos gânglios linfáticos na região da virilha).
Uma das características principais da Erisipela é que a mancha ou lesão tem limites muito precisos, isto é, forma-se uma placa com bordas bem nítidas que dependendo da evolução vai avançando e se diferencia muito da pele normal, devido à coloração. Geralmente, a lesão forma-se ao redor do ponto por onde o germe penetrou.
Fase aguda:
Sem tratamento, a pele com as manchas avermelhadas, começa a ficar mais escura e fica dolorida ao toque, podendo aparecer bolhas com conteúdo amarelado ou achocolatado, até ao ponto da pele necrosar.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais
Biópsia da lesão para cultura: esse procedimento é utilizado em casos avançados de Erisipela, em que a pele está comprometida com o aparecimento de úlceras e feridas com foco aberto, isto é, as feridas encontram-se abertas e purulentas.
Obs: Um dos sinais que se utilizam para diferenciar a Erisipela de outras infecções das partes moles ou da pele é a existência de focos múltiplos ou a lesão atingir as duas pernas ou outras partes do corpo. Caso isso aconteça, é sinal de outra infecção que não a Erisipela.
Tratamento
No caso de Erisipela no estágio inicial, o portador deve tomar os antibióticos prescritos pelo médico por via oral, elevar o membro acometido e repousar no leito.
.
Antibioticoterapia: O tratamento inicial é a base de antibióticos no mínimo por uma duas semanas (14 dias). Caso o paciente esteja internado o antibiótico deve ser administrado por via endovenosa. Quando o paciente tem alta o antibiótico deve ser administrado por via oral.
Elevação do membro acometido.
Repouso no leito.
Quando a Erisipela é simples o paciente em torno de quatro dias de tratamento à base de antibióticos, já sente uma melhora do seu quadro, a febre cai, a dor melhora e a prostração (cansaço) diminui consideravelmente.
Quando a Erisipela evolui para um quadro complicado, com úlceras abertas na perna, o tratamento deve ser em ambiente hospitalar, com antibióticos mais potente e por mais tempo. A ferida deve ser tratada também topicamente. O paciente deve ser avaliado diariamente, principalmente se ele for idoso, hipertenso e diabético.
Obs: Em alguns casos raros, existe a necessidade de amputação do membro afetado, devido à necrose.
Complicações
Abscessos.
Ulceras (feridas) superficiais ou profundas.
Trombose de veias.
Seqüelas
As seqüelas são resultantes dos surtos repetidos de Erisipela.
Linfedema: é um edema persistente e duro, que geralmente é localizado na perna e no tornozelo. Pessoas que têm erisipelas de repetição acabam desenvolvendo o linfedema.
Erisipela bolhosa: É um tipo mais grave erisipela, mais profundo. Normalmente, a erisipela é superficial e cresce horizontalmente. Às vezes, porém, pode crescer em profundidade e afetar a gordura e o músculo, constituindo casos bem mais graves, com toxemia severa. O paciente fica prostrado na cama. Em geral, a erisipela bolhosa acomete pacientes imunossuprimidos, com câncer avançado, HIV-positivos, diabéticos descompensados, e pode evoluir para exposição ou destruição do músculo.
Fasceíte necrozante: é uma forma mais grave da doença que destrói totalmente o músculo.
Cuidados gerais
A pessoas que têm vários surtos de erisipela, devem tomar mais cuidado com o corpo, para tentar se possível, prevenir os surtos da doença. Existem alguns cuidados que podem ajudar:
Deve-se secar muito bem entre os dedos, para evitar frieiras, após o banho.
O piso do box do banheiro deve diariamente ser lavado, com detergente, isto também se aplica ao tapete de borracha antiderrapante que fica dentro do box.
Caso tenha casos repetidos de frieiras, deve usar fungicidas em pó, spray ou cremes, recomendados pelo médico.
Uso de talcos antimicóticos.
Usar sempre meias limpas, e de preferência do tipo de algodão.
Uso de meias elásticas, pode ser necessário.
Evitar traumas à pele.
Evitar calçados impróprios ou apertados.
Não andar na areia da praia descalço, usar sempre sandálias, para evitar micoses.
Procurar o médico, logo que suspeitar de mancha avermelhada, que esteja quente, com a pele brilhante e lisa.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.