ESCARLATINA
Definição
Doença febril aguda, exantemática (de erupção cutânea) infecciosa e contagiosa, causada por estreptococos. Uma vez tendo contraído a doença, a pessoa adquire imunidade definitiva.
Sinonímia
É também conhecida como:
Rash cutâneo.
Incidência
Ocorre mais nas crianças entre 2 e 7 anos.
Maior incidência nas épocas frias.
Indivíduos brancos são mais suscetíveis do que outros grupos étnicos.
Agente etiológico
Streptococcus hemolyticus; grupo A; produz uma toxina eritrogênica.
Período de incubação
Tem um período de 2 a 6 dias, mas prevalecendo a média de 4 dias na maioria dos casos.
Período de transmissibilidade
O doente com escarlatina pode transmitir a doença desde os primeiros sintomas até a cura total da doença.
Transmissão
Direta: através de gotículas de saliva de doentes ou portadores assintomáticos; também pela tosse ou espirro.
Sinais e sintomas
período prodrômico:
abrupta elevação da temperatura;
calafrios;
cefáleia;
mal-estar geral;
anorexia;
sede;
náuseas;
vômitos (os vômitos do período prodrômico possuem valor diagnóstico: amigdalite acompanha de vômitos e intensa elevação térmica fala a favor de escarlatina);
dor de garganta;
dificuldade de deglutição;
dores generalizadas.
fase aguda:
anemia leve;
amigdalite,
pulso acelerado;
mucosa bucal encontra-se avermelhada, especialmente o palato e a uvula;
a língua no início da doença fica esbranquiçada, na fase aguda tornar-se intensamente avermelhada, com descamação do epitélio e desnudamento das papilas linguais;
hematúria ligeira;
sinal da mão amarela (ao comprimir a pele da mão e largar logo a seguir, a pele fica com um sinal amarelo).
período exantemático: (dura em média 3 dias e costuma aparecer antes de 36 horas após o início das manifestações clínicas)
presença de eritema difuso punctiforme; cor vermelho-escarlate; manchas salientes tornando a pele grossa como uma lixa; pruriginoso (coça um pouco); se inicia no tronco, depois nos membros superiores, abdomen e membros inferiores, dobras da pele, nos cotovelos e axilas e nas áreas de calor excessivo; a erupção não aparece no rosto, na palmas das mãos e nem na sola dos pés.
eritema mais intenso no pescoço, pregas axilares, inguinais e poplíteas.
Obs: Não existe relação entre a duração e intensidade do exantema e a gravidade da doença.
período de convalescença:
descamação da pele tipo furfuráceo (pequenas escamas) ou lamelar (grandes escamas);
a pele do abdômen descasca como flocos;
a pele da ponta dos dedos, redor das unhas, palmas das mãos e solas dos pés, desprendem-se como se fossem luvas:
febre desaparece gradualmente.
Formas clínicas
forma leve;
forma séptica (com disseminação do estreptococo pelo corpo);
forma tóxica.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Cultura de material colhido da garganta.
O ciclo lingual, com língua de framboesa e amigdalite exsudativa ou pseudomenbranosa, auxilia o diagnóstico positivo.
Teste de Schultz-Charlton ou prova de clarificação do exantema.
Sinal de Rumpel-Leede positivo.
Sinal de Filatov positivo.
Sinal de Pastia positivo.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Escarlatina não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Escarlatina são as seguintes:
Sarampo.
Rubéola.
Eritema infeccioso.
Exantema súbito.
Tratamento
Existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia.
Hospitalização só é necessária em casos muito graves ou quando houver complicações.
Repouso relativo no leito pelo menos durante 8 dias, para evitar complicações.
Isolamento é necessário pelo menos durante 5 dias.
Antibioticoterapia deve ser administrada imediatamente, conforme prescrição médica.
Dietoterapia leve conforme a aceitação do paciente e com muitos líquidos oferecidos ao paciente.
Analgésicos para aliviar as dores, conforme prescrição médica.
Antitérmicos para combater a febre conforme prescrição médica.
Drenagem dos abscessos se for necessário, sob prescrição médica..
O banho deve ser tomado o mais rápido possível apenas para refrescar uma vez por dia, principalmente quando o paciente estiver no período exantemático pois a pele está muito sensível devido a descamação, não sendo interessante ser muito manipulada nem esfregada; não deve ser utilizada esponja; o sabonete deve ser neutro ou medicinal; se o paciente estiver muito debilitado talvez seja necessário o banho de leito de preferência com chumaços de algodão.
Para o prurido, recomenda-se o uso de solução de bicarbonato de sódio, se não houver contra-indicação pode-se usar álcool canforado que refresca a pele.
Exame diário do ouvido para descartar inflamação dos tímpanos.
Exame de urina deve ser feito periodicamente durante o curso da doença, e após o tratamento para afastar complicações renais.
O paciente deve ser alertado quanto a não interrupção do tratamento por causa do risco das complicações, e principalmente porque o tratamento é a base de antibióticos, logicamente se for interrompido, as bactérias podem se tornar resistentes.
Complicações
Adenite.
Infecção nos tímpanos.
Sinusite.
Nefrite.
Dores articulares fortes.
Pericardite.
Miocardite tóxica de aparecimento precoce no curso da doença.
Abscessos cerebrais.
Meningite.
Convulsões.
Osteomielite.
Artrite.
Formação de abscessos.
Septicemia em casos gravíssimos; infecção generalizada com permanência de um foco de estreptococos que emite metástase para todo o corpo.
Complicações na gravidez
Na mulher grávida a doença pode causar febre alta e infecção puerperal, e dependendo da época da gravidez em que houve a infecção materna pode ocorrer no feto:
aborto;
parto prematuro.
Portanto, é imprescindível que a mulher no período da gravidez não entre em contato de maneira nenhuma com pacientes ou portadores de doença contagiosa, mesmo que o paciente esteja no final do tratamento ou que esteja em período de convalescença. Algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis por algum tempo, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.
Seqüelas
Febre reumática.
Glomerulonefrite difusa aguda.
Doença reumática.
Profilaxia
medidas gerais:
Roupas de cama e do doente devem ser lavadas separadamente.
Aconselhável que os utensílios do doente sejam separados.
Isolamento domiciliar é necessário, pois se trata de uma doença contagiosa e transmitida por gotículas de saliva, tosse ou espirro.
Se o paciente for uma criança, é interessante que a pessoa que for dar banho na criança faça uso de luvas de procedimento, pois a descamação da pele é uma fonte de infecção.
Contatantes e peridomiciliares devem fazer profilaxia à base de sulfas e antibióticos, quando o teste de Dick for positivo.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.