GRIPE AVIÁRIA (H5N1)


Definição

A Gripe Aviária é uma doença causada por uma variedade do vírus influenza (H5N1), que é hospedado por aves, mas que pode infectar diversos mamíferos, inclusive o homem. O vírus influenza é o responsável  pela gripe comum, sendo o H5N1, uma variação perigosa. Exceto no nível molecular, a gripe das aves se parece pouco com a gripe comum que os homens pegam de vez em quando. Como acontece em outro vírus, a evolução do vírus influenza, pode ocorrer aleatoriamente, por rearranjamento de genes; ou de forma mais perigosa, com trocas de genes entre cepas (linhagem de vírus) diferentes. É uma doença altamente contagiosa.

A doença  se tornou mais  mortal na Ásia, porque é muito comum a criação de aves ao ar livre, em contato direto com os criadores e com aves selvagens, hospedeiras naturais do H5N1. A grande maioria dos animais em muitas regiões da Ásia são criados sem controle sanitário e nas feiras livres são abatidos na rua, sem nenhuma higiene.

Sinonímia

A doença também é conhecida pelos seguintes nomes:

·         Gripe das aves.

·         Gripe do frango.

·         Influenza aviária.

História

O primeiro caso da gripe das aves entre humanos foi registrado na Ásia, em 1957, quando provocou a morte de 1,4 milhão de pessoas. Em 1968, um surto da variante do tipo H3N2 surge em Hong Kong. Detectado em 1925, apenas em aves, o H5N1 contaminou seres humanos pela primeira vez em 1997. Em 1997, casos de transmissão do H5N1 de aves para humanos causam a morte de seis pessoas, na China, em Hong Kong.

Até agora, apesar de todo o alarde em torno da Gripe Aviária, a única certeza é a de que o H5N1 é um agente de destruição em massa apenas de aves, em especial galinhas e frangos. O grande temor é que o vírus passe por mutações genéticas, que dêem origem a uma cepa facilmente transmissível de homem para homem, como os micróbios de uma gripe comum.

Incidência

·         O vírus H5N1 pode matar seis em cada dez infectados.

Agente etiológico

Vírus influenzae H5N1.

Uma das 146 versões possíveis do vírus influenza, causador da gripe, o H5N1 é composto de duas proteínas - a hemaglutinina do tipo 5 e a neuraminidase do tipo 1. A primeira é responsável pela entrada do vírus nas células e a segunda facilita sua multiplicação. As duas proteínas fazem do H5N1, um vírus com enorme poder de mutação e adaptação.

Classificação e evolução do vírus influenza

Em 1999, a Organização Mundial de Saúde (OMS), criou uma classificação de seis níveis para avaliar a evolução do vírus influenza e detectar, dessa forma, a iminência de uma pandemia (epidemia mundial).

Fase 1: Nenhum vírus novo é detectado em animais ou humanos.

Fase 2: O novo subtipo de vírus detectado em animais passa a representar perigo para o homem. Ainda não há, porém, infecção em humanos.

Fase 3: A nova cepa de vírus presente em animais, começa a infectar humanos. Esse é o estágio atual do H5N1.

Fase 4: A transmissão de uma pessoa para outra já ocorre, mas é bastante limitada.

Fase 5: O vírus é transmitido de uma pessoa para outra facilmente. Os surtos, porém, ainda são restritos a algumas áreas.

Fase 6: A transmissão entre humanos acontece com muita facilidade, e o vírus pode alastrar-se pelo mundo todo.

Reservatório

Os patos e gansos são os principais reservatórios do vírus. A  disseminação do vírus está ligada às aves migratórias. Nas aves infectadas pelos vírus, geralmente, a doença é devastadora, provocando lesões sérias nos sistemas respiratório, digestivo, nervoso e reprodutivo.

Transmissão

Ainda não foram definidas com clareza as formas de contaminação pelo H5N1, mas, suspeita-se das seguintes formas de transmissão para o homem:

·         Pelo ar.

·         Pelo consumo de carne crua de aves contaminadas.

·         Pelo contato com fluídos de animais infectados.

·         Contato direto com a ave.

Transmissão indireta: O vírus é altamente contagioso e resistente, podendo ser transmitido indiretamente por:

·         Veículos que transportam aves.

·         Ração.

·         Gaiolas.

Sinais e sintomas

Na fase inicial os sintomas são os mesmos de uma gripe comum.

Período prodrômico:

·         Febre acima de 38,5ºC.

·         Tosse.

·         Dor de garganta.

·         Dores no peito.

·         Coriza.

·         Cansaço.

·         Cefaléia leve (dor de cabeça).

·         Mialgias (dores musculares), em todo o corpo.

·         Mal-estar geral.

Período agudo: Como as defesas  do organismo não conseguem reconhecer o vírus e combatê-lo, a doença evolui rapidamente, atingindo a maioria dos órgãos do corpo, sobretudo o sistema respiratório, o fígado e os rins.

·         Dores fortes no peito.

·         Cefaléia intensa  (dor de cabeça).

·         Dificuldade de respirar.

·         Intensidade das secreções orofaríngeas. Essas secreções são altamente contagiosas.

·         Febre alta (acima de 40ºC).

·         Processos hemorrágicos.

·         Epistaxe (sangramento nasal).

·         Diarréia. As fezes têm um índice altíssimo de vírus.

Caso não seja diagnosticado ou o tratamento não seja implementado ou seja tardio, o vírus pode levar à morte do portador em até uma semana. Sendo as causas mais comuns do óbito, as manifestações clínicas graves das seguintes complicações:

·         Pneumonia severa.

·         Disfunções hepáticas.

·         Diarréias graves e intensas.

·         Falência renal.

·         Hemorragias graves.

·         Encefalite (inflamação cerebral) grave.

Diagnóstico

Anamnese bem detalhada (investigar contato com aves).

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Rx do tórax.

Tratamento

O paciente deve ser assistido em uma UTI para pacientes com doenças altamente contagiosa.

Atualmente, nos países com pacientes infectados pelo vírus H5N1, o tratamento é feito  basicamente através dos remédios com oseltamivir, zanamivir, amantadina e rimantadina. O mais eficaz é a droga oseltamivir (Tamiflu), até agora o único medicamento antiviral, efetivo no combate ao H5N1,na fase inicial da doença.

Drogas, como o Tamiflu, reduzem a severidade da gripe, se tomadas dias antes dos sintomas iniciais. A gripe aviária requer maiores doses dessas drogas, o que pode resultar em danos hepáticos.

Prevenção

A maneira de controlar a doença é somente através do descarte imediato dos animais infectados e próximos ao foco do vírus, num raio de 10 quilômetros. Esse descarte engloba desde as aves de criação até as domésticas.

Medidas sanitárias:

·         Implementação imediata de barreira sanitárias.

·         Aumentar a vigilância nas fronteiras.

·         Descarte de aves num raio de 10 quilômetros, do foco originário.

·         Uso de roupas especiais  nos funcionários que vão implementar medidas sanitárias na área do foco original.

·         Monitorar a rota e o fluxo  de aves selvagens migratórias.

·         Isolamento dos locais onde o vírus for detectado.

·         Quarentena das pessoas próximas ao foco do vírus.

·         Fechamento de fronteiras para a entrada de produtos avícolas proveniente de regiões onde já houve casos de gripe das aves.

No caso de uma epidemia global, podem ser implementadas as seguintes medidas de contenção:

Quarentena:

·         Isolar quem já está infectado.

·         Fiscalizar rigorosamente portos e aeroportos.

·         Suspender viagens para as regiões afetadas.

·         Fechar escolas e empresas.

Vigilância epidemiológica mundial:

·         Criar sistemas nacionais de controle da doença.

·         Desenvolver rede de notificação ampla e organizada.

·         Treinar profissionais aptos a fazer o diagnóstico em postos de saúde, ambulatórios e hospitais.

·         Colocar epidemiologistas de plantão para investigar casos suspeitos.

·         Aparelhar laboratórios para identificar qualquer tipo de microorganismo.

Vacinação em massa:

·         Desenvolver vacinas contra o novo vírus.

·         Produzir a substância em larga escala.

·         Fazer campanha abrangente de imunização da população.

Obs: A OMS recomenda que, em caso de pandemia, pelo menos 30%da população mundial seja vacinada.

Tratamento:

·         Identificar a droga eficaz contra o vírus em questão.

·         Medicar o paciente quanto antes, a fim  de encurtar o ciclo viral.

·         Adotar medidas profiláticas, administrando a droga em pessoas que tiveram contato com o microorganismo, mas que ainda não adoeceram.

Vacinação

Alguns testes clínicos já estão sendo realizados em indivíduos, para tentar se chegar a uma vacina contra a Gripe aviária.

O medo  de uma pandemia (epidemia em escala mundial) já deflagrou uma corrida pela fabricação de vacinas contra o H5N1, ainda inexistentes, e pela compra e estocagem do único antiviral capaz de conter o vírus, o Oseltamivir, vendido sob o nome comercial de Tamiflu.


Dúvidas de termos médicos e expressões  consulte o Glossário geral.