HEPATITE B


Definição

A Hepatite B é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus que se instala e causa inflamação no fígado e graves alterações hepáticas. A Hepatite B não tratada pode evoluir  para cirrose hepática , insuficiência hepática e até mesmo causar o câncer do fígado. A maioria dos infectados sequer sabem que são portadores da doença, por que a maior parte dos casos é assintomática.

Estima-se  que 10% dos infectados se tornem doentes crônicos e que os outros 90% fiquem portadores. Esses portadores podem nunca desenvolver a doença, mas são transmissores em potencial, especialmente quando não sabem  do problema.

Incidência

·         Incidência maior em pessoas com idade variando entre 20 a 40 anos.

·         A OMS calcula que cerca de 300 milhões de pessoas estão cronicamente infectadas pelo vírus no mundo.

·         A Hepatite B tem altas prevalências no sul da Ásia, África tropical e China.

·         No Brasil, estima-se que o número de portadores crônicos de Hepatite B, seja de cerca de 2 milhões de pessoas.

·         No Brasil, as regiões de maior incidência da doença são o Norte e Centro-Oeste.

·         Cerca de  30%  dos infectados  apresentam sintomas da enfermidade, que favorecem o diagnóstico precoce.

·         Crianças nascidas de mães com Hepatite B, têm 80% de chance de adquirir a doença durante o período neonatal devido ao contato familiar continuado, sendo recomendado a vacinação da criança.

·         Maior incidência de contaminação pelo vírus HBV, durante o parto e no início da infância.

·         Nos adultos a contaminação ocorre mais  pelas relações sexuais, por isso a Hepatite B  também é considerada uma DST (doença sexualmente transmissível)

·         Houve queda nos últimos anos na incidência da transmissão do vírus, pela exposição profissional, pelas práticas homossexuais e pelas transfusões de sangue.

·         Cerca de 5% a 10% dos casos evolui para a cronicidade, e dentre estes, cerca de 20% desenvolvem cirrose em período de três a sete anos.

·         Um indivíduo portador de hepatite B tem fator de risco muito mais alto para desenvolver câncer de fígado.

Epidemiologia

Nas áreas de altas incidência de infecção pelo vírus, a  transmissão é usualmente vertical (mãe - filho) ou horizontal (entre familiares).  Em áreas com prevalência intermediárias predomina a transmissão horizontal com os maiores índices ocorrendo entre adolescentes e adultos. Nas áreas de baixa prevalência a Hepatite B, é uma doença de adolescente  e adultos jovens com predominância das transmissões sexual e parenteral.

Agente etiológico

Vírus da Hepatite B (VHB ou HBV); pertence ao grupo de vírus denominado hepadnavirus; família Hepddnaviridae.  O vírus da Hepatite B é mutante.

O vírus da hepatite (VHB) é uma partícula esférica de 42nm de diâmetro, que apresenta em seu interior um genoma constituído por DNA, fita dupla parcial e fita dupla simples. Apresenta uma estrutura externa (envelope) e outra interna (core ou microcapsídeo) de estrutura icosaédrica.

Fígado e suas funções

Normalmente, o fígado é capaz de regenerar as células destruídas.  A destruição excessiva dos tecidos do fígado influencia nas variadas e extensas funções do fígado, que incluem:

Fisiopatologia

Quando o vírus invade o organismo, passa pelo estômago e se instala no fígado, invadindo e replicando as células hepáticas (hepatócitos).  O vírus se reproduz através de uma enzima, a transcriptase reversa, que integra uma proteína conhecida como polimerase viral. O organismo imediatamente fabrica anticorpos anti-VHB que tentam deter o ciclo da doença dependendo da imunidade celular ou humoral do hospedeiro, a doença poderá ou não se manifestar. O dano no fígado não é causado diretamente pelo vírus da Hepatite B, mas pelo próprio sistema imunológico do portador, que ao tentar eliminar o vírus danifica a célula hepática.

Obs: Entre 90% a 95% dos adultos infectados com o vírus da Hepatite B, irão eliminar o vírus de forma espontânea, sendo que os restantes (5% a 10%) infectados, se tornarão doentes crônicos, com toda a sintomatologia da doença. Destes 5% a 10% restantes (pacientes com a forma crônica), cerca de 50% podem evoluir para a cirrose e câncer hepático, apesar do tratamento.

Fonte de infecção

O homem.

Reservatório

O homem é o reservatório natural do vírus.

Fatores de risco

·         Exposição freqüente ao sangue, produtos sanguíneos ou outros líquidos corporais.

·         Hemodiálise.

·         Atividade homossexual entre homens e bissexual (indivíduo que tem relação sexual tanto com homem quanto com mulher), sem proteção.

·         Mulher homossexual e bissexual:  A mulher homossexual tem uma menor incidência de adquirir o vírus da Hepatite B. Mas, quando a relação sexual entre as duas, envolve troca de objetos  e aparatos sexuais penetrantes tanto em uma como na outra,  a incidência de se adquirir o vírus HBV, se iguala ao homem homossexual e bissexual. Isso acontece, porque esses objetos e aparatos contêm secreção vaginal, e a Hepatite B  também pode ser transmitida por secreção vaginal, caso uma das mulheres esteja com o vírus ativo.

·         Uso de drogas injetáveis. Injeções e agulhas compartilhadas aumentam exponencialmente, o risco de se adquirir qualquer doença, por via sanguínea.

·         Viajar ou residir em áreas de condições sanitárias incertas.

·         Ter relação sexual com vários parceiros, sem proteção.

·         Receptor de sangue ou produtos sanguíneos (pessoa que recebeu transfusão de sangue).

·         Compartilhar instrumentos perfuro-cortantes.

Obs:  Em relação a atividades homossexual e bissexual em homens, estudos e pesquisas médico-científicas confirmam  que, os indivíduos que praticam esse tipo de relação sexual, têm uma maior predisposição a adquirir doenças sexualmente transmissíveis (DST), e como a Hepatite B também é considerada uma DST, o índice de homens homossexuais e bissexuais que tem o vírus HBV,  é maior do que na população de homens heterossexuais. 

 

Na grande maioria dos adultos, a infecção pelo vírus da Hepatite B, se deu através de uma relação sexual sem proteção, com uma pessoa infectada pelo vírus HBV.

Período de incubação

Em torno de seis a oito semanas, desde a exposição até o aparecimento dos sintomas.

Período de transmissibilidade

Em média duas a três semanas antes do início dos sintomas, e  continua transmitindo durante toda a fase aguda da doença. Quando o portador é crônico, a transmissibilidade pode persistir por vários anos, ou em alguns casos, pelo resto da vida do indivíduo. O estado de portador crônico é arbitrariamente fixado após 6 meses de persistência do HBsAG no sangue.

Transmissão

·         Direta: através do sangue e soro, sêmen, secreção vaginal e saliva de pessoa infectada pelo vírus. Por isso a transmissão pode ocorrer nas relações sexuais, transfusão de sangue ou derivados, transplantes de órgãos ou tecidos, agulhas ou instrumentos contaminados com sangue; seringas e agulhas compartilhadas pelos usuários de drogas endovenosas, material médico-odontológico contaminado com sangue infectado; máquinas de hemodiálise.

·         Transmissão vertical (mãe-filho), pela exposição do RN ao sangue ou líquido amniótico, durante a passagem pelo canal vaginal ou pela amamentação; raramente ocorre a transmissão transplacentária.

·         Bebês nascidos de mães HBsAg positivo, têm  risco de cerca de 80% de adquirir a infecção pelo vírus B durante o período neonatal. 

·         Transmissão também pode ocorrer através de contatos domiciliares (promiscuidades nos domicílios superlotados).

Nas áreas de alta incidência de infecção ocorre transmissão vertical (mãe-filho) ou transmissão horizontal entre os familiares; nas áreas com incidência média ocorre a transmissão horizontal (adolescentes e adultos jovens); nas áreas de incidência baixa ocorre a transmissão horizontal, entre adolescentes e adultos jovens por causa da transmissão sexual e parenteral (drogas injetáveis).

A principal via de transmissão ocorre mesmo pelo contato sexual sem o uso de preservativos. O vírus da hepatite B pode ser encontrado em larga escala nos líquidos vaginal e seminal. No Brasil, 70% dos casos entre adultos e adolescentes acontecem por via sexual. O  vírus da hepatite B é mais contagioso que o da Aids, e tem maior poder de sobrevivência, permanecendo ativo cinco dias em temperatura ambiente.

A Hepatite B não é transmitida pela água, alimentos ou contato casual.

Obs: A transmissão através da transfusão de sangue diminuiu consideravelmente devido à triagem sorológica para o vírus da Hepatite B nos Bancos de Sangue, ocorrendo o contrário na transmissão através do sangue, principalmente entre usuários de drogas injetáveis que compartilham a mesma seringa ou agulha contaminada pelo vírus da hepatite B.  Nos últimos anos houve também queda acentuada da transmissão do vírus,  pelas práticas homossexuais e pelas exposições profissionais. Paralelamente observou-se aumento de transmissão entre os heterossexuais de risco.

Evolução

Geralmente, a progressão da Hepatite B leva décadas para que o portador sinta as manifestações da doença no organismo.  Em muitos casos, quando se descobre precocemente que o indivíduo foi infectado pelo vírus, foi através de exames de sangue para outro fim, e não especificamente para a Hepatite B.  As manifestações da doença dependem de alguns fatores:

·         Idade do paciente na época da infecção.

·         Idade atual do paciente.

·         Capacidade de defesa do sistema imunológico.

·         Condições do fígado.

·         Condições físicas do paciente.

·         Grau de alcoolismo do paciente (caso ele seja alcoólatra).  O álcool é metabolizado pelo fígado, e este tentando combater o vírus da Hepatite B, fica ainda muito mais comprometido tanto pelo álcool como pelo vírus HVB.

Hepatite B crônica

Alguns pacientes com o vírus HBV, não conseguem destruir as células infectadas pelos vírus e a inflamação do fígado persiste. Quando a infecção persiste por mais de seis meses, a doença evolui para a cronicidade, dificultando e diminuindo exponencialmente a chance de uma cura espontânea. Os sintomas mais comuns da hepatite B crônica durante muitos anos são os seguintes em relação ao comprometimento do fígado:

·         Falta de apetite.

·         Perda de peso.

·         Fadiga (cansaço).

 

Manifestações extra-hepáticas:

·         Anemia aplástica.

·         Artralgias (dores nas articulações).

·         Artrite (inflamação nas articulações).

·         Poliarterite nodosa.

·         Derrame pleural (comprometimento do pulmão).

·         Edema angioneurótico.

·         Glomerulonefrite (comprometimento do rim).

·         Mielite transversa.

·         Miocardite (inflamação do miocárdio).

·         Neuropatia periférica.

·         Pancreatite (comprometimento do pâncreas).

·         Pericardite (inflamação do pericárdio).

·         Pneumonia atípica.

·         Púrpura de Henoch-Scholein.

 

Hepatite B e o câncer de fígado

Portadores de Hepatite B crônica que alternam os níveis de AST e ALT periodicamente, têm uma maior chance de desenvolver câncer hepático. Cerca de 50% das pessoas que têm Hepatite B crônica, evoluindo para cirrose hepática, têm uma chance muito maior de desenvolver o câncer hepático. Mas, em alguns casos a Hepatite B crônica pode evoluir para o hepatocarcinoma, mesmo antes da cirrose hepática.  Portadores do vírus da Hepatite B, na sua forma crônica que consomem álcool, têm um quadro evolutivo mais rápido, tanto para o desenvolvimento da cirrose hepática, como para o   aparecimento do câncer de fígado.

 

Diferença entre os vírus selvagem e o mutante

 As infecções de Hepatite B por vírus "selvagens" (que produzem HBeAg) são diferentes de infecções pelos vírus com "mutantes" (mutação pré-core ou core-promoter).

 

Vírus Selvagens

Vírus Mutantes

Cerca de 30 a 50% relatam passado de hepatite aguda; maioria assintomática

A doença é mais grave, com evolução freqüente para cirrose e carcinoma hepatocelular

Esse tipo de vírus predomina no sexo masculino, na 3a. ou 4a. décadas de vida

O vírus mutante predomina no sexo masculino, em idades mais avançadas; maior risco de infecção adquirida na infância; aparecimento de cirrose à biópsia aos 45 anos de idade

A grande maioria apresenta lesão necroinflamatória moderada a severa (44 a 63%)

A maioria apresenta lesão necroinflamatória severa (50%)

 Cirrose hepática ativa é observada em 10 a 24%; se adquirida na infância, a progressão para cirrose é rara

Cirrose hepática ativa é observada em 29 a 38% no momento do diagnóstico

A soroconversão HBeAg para anti-HBe (em 50 a 70% dos adultos, 5 a 10 anos após o diagnóstico ou em 2 a 5% das crianças) representa a transição para o estado de portador inativo

A maioria evolui com elevações intermitentes da ALT, 90% assintomáticas; a remissão ocorre em menos de 0,5% dos pacientes por ano

 

Resumo dos Marcadores HBV Antígenos e Anticorpos


1)   HBsAg -  Antígeno de superfície:  Detecta infecção aguda e crônica em pessoas infectadas.
2)   Anti HBs  -  Anticorpo da Superfície do Antígeno:  Identificam as pessoas que tiveram infecção pelo HBV; determina imunidade depois de vacina.
3)   HBeAg ou Antígeno Austrália (AU): Identificam pessoas infectadas.
4)   Anti HBe - Anticorpo do HBe - Identifica os portadores de HBsAg com baixo risco de transmitir HBV.
5)   Anti-HBc IgG - Anticorpo core do Antígeno (HBcAg):  Identifica pessoas com infecção aguda ou passada pelo HBV não imunizadas.
6)   Anti HBc IgM - Anticorpo IgM do core do Antígeno:  Identifica infecção aguda ou recente pelo HBC (incluíndo aqueles HBsAg negativos).

Sinais e sintomas

 O vírus da Hepatite B quando entra no organismo, pode gerar alguns sintomas inespecíficos que podem ser confundidos com outras patologias. O portador nessa fase não sente absolutamente nada, apenas um mal-estar, dores articulares leves e um cansaço leve.  Muitos pensam que é o início de uma gripe, e não se preocupam. Depois de alguns dias, todos esses sintomas desaparecem e só vão incomodar o paciente novamente, geralmente após muitos anos.

          período pré-ictérico:  (pode durar vários dias, ou semanas)

     período ictérico: (duração média de 20 a 30 dias)

 período de convalescença: (duração média de 20 a 30 dias)

Obs: Dependendo dos sintomas ou em alguns casos podendo ser assintomática, a Hepatite B pode evoluir para a Hepatite B aguda, se apresentando sob diferentes formas clínico-patológicas:

·         Hepatite aguda benigna.

·         Hepatite aguda grave.

·         Hepatite fulminante (caso grave, em alguns casos pode evoluir para o óbito). Cerca de 50% dos casos de Hepatite fulminante, estão relacionados com o vírus HBV. Um dos sintomas que mais sugere a Hepatite fulminante é o desenvolvimento de uma hora para outra de alterações neurológicas (sonolência, confusão mental), além de sangramentos e comprometimento respiratório.

·         Hepatite crônica.

Diagnóstico

Atenção: Os exames sorológicos devem ser bem analisados pelo médico, porque alguns profissionais que não estão acostumados com os resultados dos exames sorológicos, podem confundir um diagnóstico de Hepatite B crônica ativa, com resultados de exames que identificam que o paciente foi apenas vacinado contra a Hepatite B.

Na dúvida, ao receber ao diagnóstico de Hepatite B, não se desespere, relaxe e mantenha a calma e, se possível, procure um médico especialista em hepatologia, que possa lhe dar um diagnóstico mais confiável.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Hepatite B não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Hepatite B são as seguintes: 

período pré-ictérico:

·         Mononucleose infecciosa.

·         Rubéola. 

·         Toxoplasmose.

·         Citomegalovirose.

período ictérico:

·         Leptospirose.

·         Malária.

·         Febre Amarela.

·         Hepatites alcoólicas, medicamentosas, trans-infecciosas e  tóxicas que  podem se assemelhar ao quadro clínico de hepatites por vírus, e devem ser apropriadamente delas diferenciadas.

Tratamento

Médico especializado:  Gastroenterologista especializado em Hepatologia ou Hepatologista.

Objetivos

·         Minimização da infectividade.

·         Normalidade da inflamação hepática.

·         Diminuição dos sintomas.

 

Hepatite crônica:

·         Soroconversão de HBe Ag para anti-HBe.

·         Desaparecimento do DNA do vírus do soro.

·         Normalização do nível de ALT.

·         Melhora da histologia hepática.

·         Tentar impedir a evolução para cirrose e/ou hepatocarcinoma.

Na forma aguda da doença  deve-se fazer uma avaliação clínica, coleta de exames para avaliar lesão hepatocítica (transaminases) e avaliar função hepatocítica (eletroferese de proteínas, tempo/atividade de protrombina e dosagem de fator V) a cada 15 a 30 dias.   Diminuição de lesão hepotocítica nos exames laboratoriais, os exames de função hepatocítica tornam-se dispensáveis. Soroconversão de HBeAg para anti-HB indica que pode haver uma cura espontânea da Hepatite. Acompanhamento até a soroconversão de HBsAg para anti-Hb

Não existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia. O tratamento é sintomático, conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

·         Manter repouso domiciliar moderado no leito.

·         Evitar o trânsito de pessoas no quarto do paciente.

·         Manter precauções  com  o sangue e secreções do doente; as agulhas e seringas que forem utilizadas no paciente, devem ser descartáveis, e ao desprezá-las usar a técnica de segurança para descarte de material perfuro-cortante.

·         Se o paciente estiver em tratamento em sua residência, sempre use luvas quando estiver em contato direto com o paciente, ou quando for manipular utensílios com material fecal ou de urina; isto deve ser feito para sua proteção e segurança.

·         Dieta alimentar indicada pelo médico é importante para dar ao fígado as condições necessárias para lutar contra o vírus.

·         Durante o tratamento é proibido terminantemente o uso de qualquer quantidade de álcool.

·         Evitar bebidas alcoólicas pelo menos até seis meses após o tratamento.

·         Pode ocorrer quadro de anemia aplástica, geralmente dois a três meses, após o tratamento, com boa recuperação na maioria dos casos, por isso é recomendado que se siga às recomendações médicas após o tratamento, para não ocorrer recaídas, que podem evoluir para uma forma mais grave da Hepatite B, com sérias conseqüências.

·         Durante o tratamento medicamentoso deve ser feito exames periódicos de sangue para controle da evolução ou não da doença.

Obs: Em casos de infecção acidental, o tratamento imediato com imunuglobulina é altamente eficaz, na eliminação do vírus HBV.

 

Hepatite fulminante: O tratamento é em UTI. Sem tratamento especializado a mortalidade pode chegar quase 90% dos casos.  Em alguns pacientes, o comprometimento do fígado é tão grave que é necessário o transplante de fígado em poucos dias, caso não ocorra, o paciente vai a óbito.

 

Hepatite crônica:   Um dos objetivos do tratamento da Hepatite crônica é impedir a progressão para cirrose hepática e câncer do fígado. Os medicamentos que são mais utilizados são os seguintes:

·         Interferon-alfa (mais eficiente).

·         Lamivudina: Os análogos nucleosídeos bloqueiam e inibem a multiplicação do HBV, bloqueando a ação da enzima chamada transcriptase reversa. A lamivudina é o análogo nucleosídeo mais utilizado para a Hepatite  crônica.

·         Adefovir dipivoxil: É eficaz no tratamento das cepas selvagens e mutantes do HBV, além de induzir muito menos resistência viral do que a lamivudina. Administração oral.

·         Interferon peguilado (em estudo, protocolo de pesquisa).

·         Entecavir (aprovado).

·         Telbivudina (em estudo).

·         Tenofovir (em estudo).

·         Ganciclovir (e estudo).

·         MCC-478 (em estudo).

·         Thymalfasin (em estudo).

 

Interferon: Dentre todos os agentes que foram empregados para tratar a Hepatite B crônica, o interferon-alfa como modalidade única de terapia, oferece a maior promessa. Os benefícios em longo prazo desse tratamento ainda estão sendo avaliados.  O tratamento é longo, variando as injeções  entre 3 a 5 vezes por semana, com uma duração de 4 a 8 meses, ou mais, dependendo da resposta do paciente à terapêutica.

 

Efeitos colaterais do Interferon-alfa em pacientes com Hepatite B:

·         febre;

·         cefaléia (dor de cabeça);

·         calafrios;

·         inapetência (falta de apetite);

·         náuseas;

·         mialgias (dores musculares);

·         fadiga (cansaço).

 

Os efeitos colaterais tardios do Interferon-alfa são mais graves e, podem exigir redução da dose ou sua interrupção:

·         supressão da medula óssea;

·         disfunção tireoidiana (hipo ou hipertireoidismo);

·         anemia;

·         infecções bacterianas recorrentes.

 

Os exames de controle para quem está tomando Interferon-alfa devem ser mensal ou quinzenal (depende do médico). Nesses exames de controle deve constar o AST, ALT e hemograma específico, para o quadro clínico.

 

Obs: O Interferon peguilado para ser usado em pacientes com Hepatite B, ainda necessita de mais estudos. O Interferon peguilado foi aprovado e, é usado com sucesso em pacientes com Hepatite C.

O tratamento para aqueles pacientes que evoluíram para estado crônico da doença, deve ser a nível   ambulatorial, através de pesquisa de marcadores sorológicos e bioquímicos por um período mínimo de 6 a 12 meses.  Esses pacientes devem ser encaminhados para centros de referência ou serviços especializados, devidos à inexistência de tratamentos satisfatórios para a cura da doença.

Para avaliar a replicação viral no sangue, o exame utilizado é o PCR, que faz a contagem de vírus no sangue. Valores acima de 100.000 cópias/ml são indicativos de replicação (doença ativa), enquanto que indivíduos com valores abaixo  de 100.000 cópias/ml são portadores inativos.

Transplante de fígado: É indicado quando a função do fígado se encontra  altamente comprometida e apresenta um estado irreversível, provocando risco de vida para o paciente. 

Obs:  É  considerado portador  o indivíduo que conserva o vírus da hepatite B por mais de 6 meses. Pode ser clinicamente sintomático (que apresenta sintomas) ou assintomático (que não apresenta sintomas), com aminotransferases normais ou aumentadas.

Controle de cura:   O controle evolutivo da Hepatite B, deve-se a normalização das aminotransferases, negativação da presença do marcador HBsAg e  o surgimento do Anti-HBs A imunidade contra a doença só aparece depois de vários meses ou após alguns anos depois da doença, com o aparecimento dos anticorpos Anti-HBc-IgG e Anti-Hbs.

Síndrome Pós-Hepatite

A síndrome pós-hepatite ocorre em alguns indivíduos que fizeram tratamento para hepatites virais, e se caracterizam pela persistência de sinais e sintomas presentes nas hepatites agudas.  O paciente se queixa de fadiga, intolerância a bebidas alcoólicas, a alimentos gordurosos, anorexia e certo desconforto abdominal. Alguns fumantes desenvolvem intolerância ao tabaco. A palpação do fígado pode ser dolorosa. Em alguns casos pode ocorrer discreto aumento das transaminases, e o quadro pode persistir por alguns meses. Pode ser necessária a realização de biópsia hepática, para a diferenciação com hepatites crônicas. A evolução é benigna.

Transplante de fígado

O transplante de fígado modificou o prognóstico dos pacientes com doença hepática terminal, tornando-se muitas vezes, a única terapia realmente efetiva. O progresso cirúrgico e anestésico, a disponibilidade de eficazes imunosupressores e a indicação precoce permite, hoje, que mais de 90% dos casos tenham sobrevida, com uma boa qualidade, por um período de vida maior, caso ele não fizesse o transplante.  A cirrose de origem viral, por sua vez, é uma das condições mais comuns de indicação de transplante de fígado, mas, permanece ainda assim sujeita a recidivas do vírus. As taxas de reinfecção e recorrência da doença são tão elevadas que a indicação do procedimento torna-se certas condições, muito controversa. O termo "reinfecção" refere-se a presença  no soro de marcadores virais, e  "recorrência"  da doença, como o encontro de alterações histológicas no fígado, desencadeadas pelo vírus, em pacientes submetidos a transplante por doença hepática viral.

O risco de reinfecção, após o transplante de fígado em portadores de cirrose pelo HVB, é em geral muito elevado, e a doença no enxerto rápida é agressiva, tornando reduzida a sobrevida destes pacientes. Admiti-se que o HVB possa estar presente, em sítios extra-hepáticos, tais como leucócitos e células do baço, assim como no pâncreas, tireóide, adrenais, gônadas, rins e pele. A localização extra-hepática  deve ser o motivo da elevada taxa de reinfecção do HVB, variável de 80% a 100% dos casos, após o transplante. Convém também ressaltar, que é elevada a taxa de infecção pelo HVB, após o transplante  hepático, quando se utiliza órgão de doador HBsAg negativo e anti-HBs.

Cabe salientar que o risco de reinfecção está diretamente relacionado a forma como se apresenta a infecção (status viral) pré-transplante. A evolução do enxerto por transplante de hepatites fulminantes, surpreendentemente, apresenta menor taxa de reinfecção devido ao clareamento precoce do vírus e, como conseqüência, melhor prognóstico. Por outro lado, nas formas crônicas, evidencias de replicação do vírus sugerem pior prognóstico por elevada taxa de recidiva. A taxa de sobrevida após o transplante de cirróticos pelo HVB, é bem inferior àquela que se observa em transplantados por outras causas de cirrose, inclusive cirrose pelo HVD (hepatite D) ou doença virais de evolução  fulminante. Verifica-se também que a  principal causa mortis do transplantado é a septicemia, na fase precoce, e a insuficiência hepática. Recidivas de hepatocarcinoma (HCC) também são relatadas apos o transplante hepático, sobretudo em tumores maiores que 2cm múltiplos ou com invasão vascular.  Por outro lado, nos casos de pequenos tumores, a recidiva é baixa, tornando-se o transplante de fígado boa opção terapêutica, especialmente em pacientes com cirrose avançada. 

Complicações

Complicações na gravidez: Na mulher grávida, a doença se for progressiva pode levar à insuficiência hepática,   e dependendo da época da gravidez   em que houve a infecção materna, o feto pode apresentar:

Portanto,  é imprescindível que a mulher no período da gravidez  não entre em contato de maneira nenhuma com pacientes ou portadores de doença contagiosa, mesmo que o paciente esteja no final do tratamento ou que esteja em período de convalescença.  Algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis por algum tempo, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.

Complicações no idoso: O paciente idoso que contrai Hepatite B, comporta um grave risco de necrose grave de células hepáticas, ou de insuficiência hepática fulminante, sobretudo, quando outras doenças estão presentes. O paciente mostra-se gravemente enfermo e o prognóstico é reservado.

Seqüelas 

Prevenção

As metas de prevenção são a interrupção da cadeia de transmissão através das seguintes medidas:

·         Proteção das pessoas em risco elevado com a imunização  ativa, através do uso da vacina para a Hepatite B.

·         Uso de imunização passiva para as pessoas desprotegidas, expostas ao HBV.

·         Vacinação da população.

Vacinação: A medida preventiva mais eficaz é a vacinação gratuita, que o governo através de suas Secretárias de Saúde fornece à população:  

Vacina contra o vírus da Hepatite B:  vacina DNA-recombinante contra o vírus tipo B; que é aplicada na população infantil dos menores de 1 ano de idade.  Estudos comprovam que a vacina contra o vírus da hepatite tipo B também protege contra o vírus da hepatite tipo D. 

medidas sanitárias:

medidas gerais:

Cuidados gerais para quem já teve Hepatite B

Atualidades:

Novo medicamento:  Portadores de hepatite B vão poder fazer uso de uma substância mais eficaz na redução do vírus.  O medicamento Entecavir, droga inovadora para o tratamento da doença foi aprovada pelo órgão norte-americano FDA, e recentemente foi aprovado no Brasil, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializado.  A droga permite suprimir o vírus, evitando que ele evolua e reduzindo o risco de câncer do fígado. A chegada do Entecavir ao mercado nacional soma-se a mais outros dois medicamentos já em uso, que também agem no sistema de reprodução do vírus da hepatite B: Adefovir e Lamuvidina. O Entecavir será comercializado pelo laboratório Bristol-Myers Squibb, sob o nome fantasia Baraclude


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.