HEPATITE C


Definição

A Hepatite Viral C (HVC ou HCV) é  uma doença infecto-contagiosa que causa inflamação no fígado com evolução aguda ou crônica, podendo essa infecção levar o paciente a  ter uma doença crônica,  hepatocarcinoma (câncer no fígado) ou uma cirrose do fígado.   A infecção é transmitida pelo contato com o sangue de um indivíduo infectado pelo vírus. 

A Organização Mundial de Saúde considera a Hepatite C um problema de saúde pública, a qual traz consequências graves para os pacientes infectados e para o sistema de saúde pública. É uma doença  que constitui um importante problema de Saúde Pública no Brasil, porque as vezes é assintomática, e o indivíduo  só descobre que está com a doença quando vai doar sangue, ou em algumas situações  específicas quando faz exames de sangue mais complexos. Em alguns casos quando o indivíduo descobre que está com a doença o seu fígado já está irremediavelmente comprometido, sendo o transplante do fígado o único recurso disponível.

A taxa de progressão da doença é geralmente muito lenta na maioria dos casos dura décadas. Mas em alguns casos, a doença pode progredir rapidamente, levando à morte  pelo comprometimento total do fígado. O consumo do álcool costuma ser uma das causas freqüente da progressão acelerada da Hepatite C, porque sobrecarrega muito mais um órgão que já esta comprometido o seu funcionamento.  Não existe vacina contra o vírus HVC,  o que torna  a doença a mais letal das Hepatites, com um índice de mortalidade de 10 a 15% dos infectados. A Hepatite C  atualmente, é considerada  a maior causa de cirrose hepática e transplantes de fígado no mundo. 

A Hepatite C crônica varia muito em seu curso e sintomas. De um lado do grupo, certos pacientes estão experimentando ausência de sintomas e enzimas hepáticas normais, enquanto que, do outro lado, estão pacientes com a doença aguda, que num período de 10 a 20 anos, podem desenvolver cirrose e doença hepática terminal e representam aproximadamente 20% dos pacientes de hepatite C. Aqueles infectados por 20 a 40 anos estão sob maior risco de desenvolver câncer hepático. A falta de informações e a ausência de sintomas nos estágios iniciais da doença são os grandes motivos do diagnóstico tardio   em relação a Hepatice C.

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:

·         Epidemia Silenciosa.

·         Hepatite Pós-transfusional.

Histórico

Doença que foi descoberta recentemente em 1989, cientistas da Chiron Corporation e Centers for Disease Control and Prevention (CDC) identificaram um agente da Hepatite não-A e não-B, ao qual denominaram de Hepatite C.  Em 1993 foi desenvolvido um teste sorológico que indica a presença de anticorpos do vírus no sangue. Muitos pacientes foram infectados através das transfusões de sangue feitos antes de 1993, quando o teste sorológico ainda não existia, principalmente os hemofílicos. 

Incidência

Agente etiológico

Vírus VHC do tipo RNA; pertencente á família dos Flaviviridae, sendo que sua estrutura  e organização guardam relação com os flavivírus e pestivírus; medindo 30 a 30nm de diâmetro (1 nanômetro é um bilionésimo de metro); contém uma molécula de RNA de cadeia simples no seu núcleo e um envelope lipídico; é  um vírus agressivo do tipo que anula o sistema imunológico humano. O vírus HVC tem capacidade de mutação altíssima.

Fígado e suas funções

Normalmente, o fígado é capaz de regenerar as células destruídas.  A destruição excessiva dos tecidos do fígado influencia nas variadas e extensas funções do fígado, que incluem:

·         Secreção e excreção  de bile.

·         Múltiplas conversões dos hidratos de carbono, proteínas e gorduras.

·         Produção, armazenamento e liberação de glicose.

·         Conversão da amônia em uréia.

·         Síntese de albumina.

·         Armazenamento de vitaminas e ferro.

·         Desintoxicação de drogas e de outras substâncias estranhas.

·         Produção de protrombina e de fibrinogênio, para a coagulação do sangue.

·         Armazenamento e filtração do sangue.

Evolução

A Hepatite C se não for tratada, pode evoluir no período de 20 a 30 anos, desde o contato inicial  da infecção assintomática, para uma cirrose hepática, e evoluir para o câncer de fígado em média de 6 a 10 anos após a instalação da cirrose hepática.

Período de incubação

O período de incubação é muito variável, o vírus pode ficar em estado latente por vários anos, mas também existe muitos casos em que a doença se manifesta em menos de 3 meses, isso também pode depender da imunidade do portador.

Período de transmissibilidade

Geralmente desde uma semana anterior ao início dos sintomas da doença aguda. O período de transmissibilidade do portador crônico ainda não foi bem definido.

Transmissão

O vírus da Hepatite C só é transmitido pelo sangue, através de transfusão ou outro tipo de contato direto (sangue com sangue).

·         Via parenteral é considerada a principal: transfusão de sangue total ou de seus derivados ( plasma, concentrado de hemácias, plaquetas). Mas os testes sorológicos Anti-HVC na seleção de doadores de sangue, reduziu o risco de contágio por transfusão a cerca de 0,5%, perdendo a infecção, gradativamente o rótulo de "hepatite pós transfusional"

·         A transmissão da hepatite C também pode ocorrer, entre os viciados de drogas injetáveis. Isso acontece porque, quando injetam a droga através da seringa, eles misturam a droga com seu sangue, para só depois injetar na veia. Essa seringa contaminada é passada de mão em mão, para que os outros usuários também possam se aplicar. Todo esse processo ou ritual pode contribuir para a contaminação do grupo de viciados, caso algum deles esteja com o vírus da Hepatite C.

·         Por relação sexual principalmente com intercurso anal ou intercurso com trauma, em que apresente contato sanguíneo.

·         Aleitamento materno também pode transmitir a doença para o bebê, caso os mamilos estejam rachados e sangrando.

·         Transmissão vertical mãe-filho pode ocorrer, através do parto. Estudos comprovam que 5% das crianças nascidas de gestantes portadoras do vírus nascem com o vírus. Gestantes que além do HVC ainda tem o HIV (vírus da AIDS), correm o risco de aumento da transmissão vertical.

·         Através das secreções vaginais que contenham sangue.

·         No período menstrual a mulher sangra, portanto pode  transmitir a Hepatite C mesmo com preservativo, é interessante que nesse período ela não mantenha relações sexuais por causa do risco de transmissão da doença.

·         Muitos pacientes podem também se contaminar com a doença em ambiente hospitalar através de procedimentos invasivos como endoscopia do aparelho gastrintestinal, ou em clínicas que fazem o exame de endoscopia alta. O aparelho pode estar contaminado por um portador de Hepatite C, e se não for devidamente lavado em local apropriado para retirar as secreções e esterilizado pelo menos durante 30 minutos, o aparelho pode disseminar a doença para outras pessoas sadias. Como algumas clínicas contam com apenas um aparelho endoscópico, e a quantidade de clientes para o exame é grande, essa aparelhagem fica muito menos de 30 minutos na solução, em muitos casos 15 minutos ou menos ainda.

Fatores agravantes para o progresso da doença

Em relação ao vírus: 

·         Viremia elevada

·         Genótipo 1B.

Obs: Estima-se que 75% dos doentes sejam portadores do tipo 1, justamente o mais resistente às drogas.

Em relação ao hospedeiro:

·         Estado imunológico.

·         Hepatoxidade induzida pelo álcool.

·         Có-infecção pelo vírus da hepatite B

·         Có-infecção pelo vírus HIV.

·         Idade em que ocorrem as infecções, principalmente após 40 anos.

·         Duração do tempo da infecção.

·         Grau de dano hepático.

·         Ser do sexo masculino.

Fatores de risco para adquirir a Hepatite C

Alguns fatores de risco podem ser determinantes para se adquirir a Hepatite C:

No caso da tatuagem com agulha, não é preciso apenas trocar a agulha, mas as tintas também precisam ser descartáveis. Teste de laboratórios confirmam que o  vírus da hepatite C permanece vivo dentro de um recipiente de tinta durante cinco dias. Caso a agulha seja trocada e a tinta permaneça a mesma, os riscos continuam. É preciso que todo o material utilizado seja descartável. Esse deve ser um cuidado tomado pelo tatuador e uma exigência do cliente.

Obs:  O vírus da Hepatite C é 4 vezes mais freqüente nos usuários de drogas injetáveis do que o vírus HIV.  Geralmente 60 a 80% dos viciados  em drogas injetáveis após 5 anos de uso de drogas, já estão infectados pelo vírus da Hepatite C. 

Grupos de risco

Os indivíduos que pertencem ao grupo de risco são aqueles que têm uma tendência maior de contato com o vírus, e contraírem a infecção.

·         Usuários de drogas injetáveis, principalmente os que compartilham agulhas e seringas. 

·         Etilistas (pessoas que fazem uso do álcool diariamente).

·         Pacientes que fazem uso de hemodiálise. 

·         Hemofílicos.

·         Transfundidos antes de 1992.

·         Profissionais da área de saúde que têm contato diário ou eventual com sangue.

·         Instrumentadores cirúrgicos: esses profissionais tem contato direto e diário com sangue.

·         Indivíduos que estão presos ou estiveram presos e mantiveram relações sexuais dentro do presídio com outros (as) presos (as).

·         Pessoas que fizeram tatuagens

·         Pessoas que usam piercing

·         Homens que costumam fazer a barba em barbearia,  em que a navalha utilizada não é esterilizada corretamente.

·         Indivíduos que tomavam injeções de vitaminas e estimulantes através de seringas de vidro, principalmente na década de 1970. Muitos ex-atletas que injetavam estimulantes e vitaminas naquela época estão com o vírus da Hepatite C.

Obs:  Em relação à hemodiálise, já existe centros de hemodiálise que têm salas separadas para pacientes com Hepatite C.

Hepatite C e a Cirrose Hepática

Quando o fígado regenera desordenadamente suas células destruídas, estas são substituídas, parcialmente, por tecido conjuntivo fibroso, que não tem função. A cirrose é o estágio final de múltiplos surtos de lesões hepáticas. A cirrose hepática é considerada atualmente uma doença incurável.

Com a doença instalada o paciente apresenta manifestações clínicas como ascite (presença de líquido no abdômen), sangramento digestivo, alterações mentais, chamadas encefalopatias hepáticas, causadas pelo ausência de substâncias que o fígado deixou de metabolizar.  Neste caso, só o transplante de fígado pode dar uma sobrevida ao paciente.

Os objetivos do tratamento da cirrose são os de manter as funções do que ainda resta do órgão, e o de impedir que continue a destruição de células hepáticas. O álcool e outras toxinas responsáveis por alterações hepáticas não devem fazer mais parte da vida do portador de Hepatite C.

Sinais e sintomas

Na maioria dos casos a Hepatite C em sua fase inicial, não apresenta sintomas, e poucos desenvolvem a icterícia. Os sintomas iniciais da Hepatite C geralmente, são confundidos com uma gripe sempre renovada, ou uma indisposição nos casos mais leves. 

Sintomas iniciais:

·         cansaço intenso (o paciente se sente sempre cansado sem motivo);

·         dores abdominais constantes;

·         dores musculares e nas articulações;

·         náuseas ocasionais;

·         diarréia (sintoma não muito comum);

·         astenia;

·         inapetência;

·         febrícula;

·         depressão (sem motivo aparente);

·         ansiedade;

·         insônia;

·         cefaléia pulsante (o indivíduo tem a sensação que a cabeça esta pulsando ou latejando, devido á dor);

·         aparecimento de manchas avermelhadas, especialmente quando o paciente sente frio ou quando pega gelo.

Obs: Se na fase inicial a doença não foi diagnosticada, a Hepatite C, progride até que o portador sinta os sintomas característicos da doença, devido as alterações que o vírus causa no fígado. Na maioria dos casos o período de duração entre a fase inicial e os sintomas característicos da doença podem levar até décadas:

Sintomas característicos  (esses sintomas quando se apresentam, é que forçam o paciente a ir ao médico):

·         dor constante na região do fígado;

·         fraqueza excessiva;

Fase terminal:

·         ascite grave;

·         desnutrição de grau moderado a grave;

·         dificuldade respiratória;

·         alterações renais graves;

·         sinais de hipertensão portal;

·         hemorragia gastrintestinal;

·         alteração na coagulação sanguínea;

·         encefalopatia hepática;

·         comprometimento neurológico;

·         coma hepático.

Obs:  No estágio final da doença, só o transplante hepático pode salvar a vida do paciente terminal. O transplante de fígado em pacientes com cirrose hepática tem um índice maior de complicações e rejeição do novo órgão, mesmo com os medicamentos imunossupressivos. 

Diagnóstico

·         Testes sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).

·         Testes virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).

Freqüentemente, os portadores de hepatite C, não percebem que foram infectados pelo vírus, porque não apresentam nenhum sintoma. Muitos portadores descobrem que estão infectados, quando fazem algum exame médico para emprego ou quando o plano de saúde exige para se conveniar. Em muitos casos a sintomatologia começa após o paciente receber o resultado positivo dos marcadores sorológicos (Anti-HVC e o RNA-HVC), fazendo com que  o fator emocional seja um forte desencadeante da sintomatologia da doença. Quando a Hepatite C é confirmada pelos exames  e testes diagnósticos, e necessário que se façam  periodicamente exames para acompanhar a evolução da doença, e verificar se o tratamento está funcionando.

Obs:  Uma nova forma  de diagnóstico, o teste trak-C, recentemente testado na Europa, está chegando ao Brasil até o final do ano. É um teste de sangue fácil e rápido, que pode ser feito em qualquer laboratório, sem muita exigência de recursos técnicos e humanos especializados, o que o torna mais barato. Em algumas situações, o teste pode substituir os complexos exames de biologia molecular, que não estão disponíveis em todo o País e têm custo elevado, porque necessitam de mão-de-obra qualificada e equipamentos caros. 

Cuidados que o paciente deve ter quando recebe o diagnóstico positivo para o anti-HVC

Não é uma agradável notícia saber do diagnostico positivo, de estar infectado com a Hepatite C. Medo, raiva, negação, tristeza e depressão são as reações mais comuns que podem acontecer, perante uma doença ainda muito desconhecida.  Em muitos casos, o médico solicita vários exames de rotina e inclui na lista o anti-HCV. Nesses casos particulares, o paciente ainda não está apresentando os sintomas da doença, podendo começar o tratamento ainda bem precocemente, antes da doença causar danos hepáticos  graves ao fígado.

·         Manter a calma e se informar com o médico que deu o resultado, quais as providências necessárias que devem ser tomadas para o início da terapêutica. 

·         Parar de beber qualquer bebida alcoólica imediatamente assim que recebe o resultado positivo para anti-HVC, pois o álcool debilita ainda mais o fígado, que já tem que lutar contra um vírus muito poderoso e em alguns casos fatal.

·         O portador deve sempre procurar um médico especialista  que pode ser um hepatologista, gastroenterologista ou infectologista com especialização em hepatite C.  Esse profissional deverá pedir exames complementares para confirmar o diagnóstico e orientá-lo para o melhor tratamento.

·         O médico deve informar ao paciente, que este deve se cadastrar na Secretária de Saúde do seu Estado, para que esta possa cadastrá-lo e encaminhá-lo à Unidade de Saúde responsável pelo tratamento medicamentoso ambulatorial e pela entrega dos medicamentos gratuitamente no seu  Estado. Os remédios para a Hepatite C têm um preço muito caro, para a maioria dos portadores.

·         O portador de Hepatite C, deve se informar da sua doença, participar de Grupos de Apoio para que possa sempre está atualizado sobre os novos medicamentos e outras formas de tratamento mais recentes.

Obs: A Hepatite C é uma doença que tem uma evolução lenta, e na maioria dos casos, o paciente não percebe que está infectado até surgirem as primeiras manifestações da doença, que se demorar alguns anos sem tratamento, pode lesar o fígado gravemente, chegando ao ponto de necessitar de transplante hepático, para continuar sobrevivendo.

Portanto, assim que receber o diagnóstico positivo para o anti-HVC, procure um especialista imediatamente, para que ele possa avaliar a sua situação, e implementar as medidas necessárias para controlar a infecção.  Se tiver condições financeiras ou um plano de saúde,  consulte mais de um médico especialista.  Hoje em dia, com tantos erros médicos, de diagnósticos e erros laboratoriais, recorrer a mais de um médico, não vai fazer mal nenhum. 

Tratamento

Médico especialista: Hepatologista.

Objetivos

·         Reduzir a infectividade e prevenir a evolução da infecção.

·         Induzir a remissão da doença hepática.

·         Prevenir a progressão da doença para as formas graves como a cirrose e carcinoma hepatocelular.

·         Negativar os contadores sorológicos.

Existem poucas alternativas  de tratamento medicamentoso para os pacientes com a Hepatite C. Uma grande parte dos pacientes, quando procuram tratamento, já estão com lesões hepáticas que podem ser consideradas graves no fígado. Se o paciente não apresentar resposta positiva até 12 semanas de tratamento, a chance de cura é reduzida.

O tratamento sintomático está relacionado com os problemas específicos e suas intercorrências,  que surgem quando o fígado é incapaz de realizar algumas de suas funções.

Tratamento medicamentoso: O tratamento convencional ou de primeira linha para a Hepatite C, é uma combinação do Interferon alfa com a Ribavirina.  O interferon Peguilado deve ser administrado através do sistema de "medicação assistida" conforme recomenda o Ministério da Saúde. Existem protocolos para o Interferon Peguilado.  O interferon fortalece a  atuação das células de defesa do organismo (CD8, CD4 e macrofágos, entre outras) contra o vírus, também ativa proteínas que impedem a replicação do HCV dentro das células por ele invadidas. A ribavirina potencializa  os efeitos do interferon. Seu mecanismo de ação ainda não é totalmente  esclarecido. Essas duas drogas juntas destroem os vírus em 40% a 90% dos casos. Em geral o tratamento dura um ano.

Formas de administração:

·         Interferon alfa: uma injeção de aplicação subcutânea ou intramuscular, ministrada 3 vezes por semana.

·         Ribavirina: adiministração por via oral.

Durante o tratamento medicamentoso deve ser feito exames periódicos de sangue para controle hematológico.

O tratamento  com Interferon-alfa deve ser avaliado quanto a sua necessidade, quando o paciente tem antecedentes psiquiátricos.

Exame periódico de sangue como o Teste ALT pode demonstrar se o fígado está melhorando ou não está reagindo ao tratamento medicamentoso. O teste ALT mede a quantidade de enzima alanine aminotransferase (ALT) no sangue; uma taxa elevada de ALT é sinal de inflamação no fígado, indicando que o paciente não está reagindo ao tratamento.

No caso do paciente desenvolver a Hepatite crônica C,  o tratamento  com IFN-alfa (Interferon alfa) pode ajudar a melhorar a qualidade de vida desses pacientes, infelizmente o custo dessa medicação é muito alto. 

O paciente deve manter abstinência sexual, enquanto os exames de  transaminasemia se mostrarem oscilantes.

O principal objetivo do tratamento da Hepatite C crônica  com Interferon é a supressão do vírus, sendo que,  em apenas um quarto dos casos tratados observa-se a erradicação completa do vírus e a normalização sustentada das aminotransferases.   É importante que se considere a relação custo/benefício, no caso do tratamento das Hepatites C crônicas, com o Interferon-alfa, pois os efeitos desfavoráveis são bem conhecidos, e o custo monetário envolvido é muito alto. 

Efeitos colaterais da medicação: Esses efeitos colaterais variam de paciente para paciente, depende do tratamento,  da quantidade de droga que vai ser necessária para o combate a doença, e da parte emocional do paciente, que interfere em alguns casos no resultado final da terapia medicamentosa.  Informar ao médico sobre os efeitos colaterais da medicação quimioterápica.  Os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos para Hepatite C são os seguintes:

Efeitos colaterais físicos:  

·         febre;

·         cefaléia moderada (dor de cabeça); 

·         mialgias (dores musculares);

·         artralgias (dores nas articulações;

·         calafrios;

·         sudorese;

·         taquicardia;

·         náuseas;

·         vômitos;

·         perda de apetite (inapetência);

·         alterações gustativas;

·         alopecia (queda de cabelo);

·         sarna;

·         prurido (coceira);

·         pele seca. 

Efeitos colaterais psicológicos:

·         mudanças emocionais;

·         irritabilidade;

·         ansiedade;

·         falta de concentração;

·         dificuldade para dormir;

·         alterações de humor;

·         raiva;

·         depressão e apatia. 

Transplante de fígado: O tratamento cirúrgico que consiste em transplante de fígado não cura o paciente da hepatite C, pois o vírus pode está também em outros órgãos e infectar o fígado transplantado novamente, mas fornece uma maior sobrevida ao receptor.  O transplante hepático  vem sendo uma das principais alternativas  e indicações para pacientes com cirrose pelo vírus da Hepatite C e, infelizmente, para outros pacientes a única opção de uma sobrevida maior. Esse vírus é o responsável por mais da metade das indicações de transplante de fígado, ao longo dos anos. Como a clonagen do HVC e a disponibilidade de testes, com maior ou menor acurácia, são relativamente recente, faz-se necessários a adoção de adequados critérios para a interpretação de dados de reinfecção ou recorrência de doenças por este vírus. Ainda pouco se conhece sobre a história da doença hepática pelo HVC, em indivíduos imunossuprimidos. Porém, estudos recentes, com longo tempo de seguimento (cerca de quatro anos), revelam que a evolução do transplantado por cirrose pelo vírus é semelhante àquela dos transplantados por cirrose de outras etiologias. 

O transplante hepático vem sendo realizado rotineiramente, em portadores de doença hepática crônica terminal pelo HVC, com bons resultados, embora a taxa de reinfecção do HVC seja variável, a taxa de recorrência de doença hepática é pouco elevada e, quando ocorre o seu curso parece não ter significância clínica em grande parte dos casos. O risco de reinfecção tem estimulado a utilização de inúmeras medidas preventivas, tanto primárias quanto secundárias e terciárias, ora na fase pré-transplante ora durante ou após o procedimento. Tem sido utilizada imunização passiva, ativa e/ ou antivirais, com o objetivo de reduzir a taxa de recidiva ou protelar a recorrência ou, ainda, tratar a doença no enxerto e aumentar o tempo de sobrevida dos pacientes. Qualquer paciente com indicação de transplante hepático deve ser submetido a esquema rápido de vacinação para hepatite B, vacina plasmática ou recombinante. 

Dietoterapia específica para ajudar a melhorar as condições do fígado, é fundamental para o portador de Hepatite C.

Tratamento psicológico: Caso o paciente apresente um quadro de depressão patológica, Como a Hepatite C é uma doença incurável, o apoio psicológico é fundamental para o   portador.

Tratamento psiquiátrico: Para paciente que apresentar depressão profunda e tendência suicida.      

Tratamento pós-cura: Estudos indicam  que se o vírus não for mais detectado no sangue após seis meses, a chance de cura é superior a 95%. Isso se tiver sido usados exames extremamente sensíveis, capazes de detectar a presença de cerca de 50 cópias de genoma viral por mililitro de sangue. Após 12 meses, a chance é superior a 98%.

·         Exame clínico 2 a 3 vezes por ano.

·         Vacinação para vírus da Hepatite A e B.

·         Abstinência total do álcool.

·         Vida saudável e equilibrada.

Recidivas

As recidivas da doença ocorrem geralmente porque os pacientes ao saberem da negativação dos marcadores sorológicos, começam  a abrir mão de alguns controles que faziam em sua vida, enquanto estavam com a carga viral alta. Essa atitude, principalmente a ingestão de bebida alcoólica socialmente, contribui para a recidiva da doença, e em muitos casos a recidiva pode causar danos muito mais graves ao fígado. 

Complicações

·         Hepatocarcinoma (câncer no fígado).

·         Combinação de VHC e VHB (vírus da Hepatite B) pode evoluir para hepatite fulminante.

·         Combinação de VHC e HIV (vírus da Aids) aumentam os riscos de complicações graves.

·         Cirrose hepática.

·         Encefalopatia hepática.

·         Hipertensão portal.

·         Ascite.

·         Sangramento intestinal.

·         Porfíria Cutânea Tardia: é uma disfunção causada pela redução de uroporfirinogênio descarboxilase hepático ativado, que induz a conversão de uroporfirinogênio para coproporfirinogênio. A conseqüência é um acúmulo de uroporfirinas no fígado e na pele. Os pacientes podem desenvolver lesões de pele quando expostos à luz ultravioleta.

·         Disfunção tireoidiana:  pode ocorrer antes, durante ou após o uso de Interferon. A presença de anticorpos tireoidianos  (antitireóide-peroxidade) pode acarretar dano da glândula, como o aparecimento de tireoidite de Hashimoto com hipotireoidismo secundário, principalmente em mulheres.

·         Síndrome de Sjögren (Sialadenite Linfocitária): é uma doença associada a pacientes portadores da Hepatite C crônica. A apresentação clínica manifesta-se por xerostomia e disfunção das glândulas lacrimais (Síndrome Sicca).

Prevenção

Não existe vacina contra o vírus da Hepatite C.

medidas sanitárias:

·         Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias.

·         Realização da investigação epidemiológica, caso ocorra muitos casos em determinada área.

·         Campanhas de prevenção para a população, por parte das Autoridades Sanitárias.

·         Educação sanitária à população.

·         Manter vigilância nos centros de hemoterapia e bancos de sangue públicos e particulares para o controle dos exames obrigatórios nos lotes de sangue.

medidas gerais:

·         Restringir as transfusões de sangue e derivados aos casos realmente necessários.

·         Utilizar agulhas e seringas descartáveis.

·         Usar preservativos nas relações sexuais.

·         Qualquer profissional de saúde que tenha se exposto a perfuração por objetos perfurocortantes deve tomar medidas profiláticas.

·         Gestantes devem fazer o teste Anti-HVC no início e no sexto mês de gravidez.

·         O instrumental hospitalar e ambulatório dentário devem ser sempre  devidamente esterilizado e manipulados com a técnica correta

·         Profissionais autônomos que trabalham com material perfurocortante,  devem se conscientizar da correta esterilização desse material.

·         Abstenção total do álcool.

Cuidados gerais

Os portadores de Hepatite C, devem ter alguns cuidados tanto pessoais como em relação a terceiros:

Pessoais:

·         Não faça uso de bebida alcoólica de maneira nenhuma, nem com a desculpa de beber socialmente.

·         Se você é alcoólatra, consulte o AA (Alcoólicos  Anônimos) da sua cidade. O uso do álcool  em paciente com Hepatite C, pode na maioria dos casos, levar à Cirrose hepática, e diminuir a resposta terapêutica dos medicamentos.

·         Não se drogue. Caso o faça, não compartilhe a sua seringa, com outros viciados.

·         Mude seu estilo de vida, caso esse atual esteja prejudicando a sua saúde.

·         Não desista do tratamento, por causa dos efeitos colaterais da medicação. Fale com o seu médico. Ele pode reajustar as doses, ou pode trocar de medicação.

·         Evite usar  medicamentos que contenham acetaminophen.

·         Faça uso da dieta indicada pelo médico.

Terceiros:

·         Não doar sangue.

·         Não ser doador de órgãos.

·         Não omitir dados sobre a sua condição de portador.

·         Não partilhar escova de dente.

·         Não partilhar objetos de higiene pessoal que possam conter sangue.

·         Levar seu próprio alicate quando for fazer as unhas na manicure.

·         Usar preservativos nas relações sexuais, para proteção do seu parceiro ou parceira.

·         Informar a seu parceiro (a) sobre a sua condição de portador de uma doença que pode ser transmitida sexualmente.

·         Caso tenha uma relação fixa, e não faça uso de preservativo, peça ao seu parceiro (a) que faça teste anti-HVC, semestralmente apenas por precaução.

·         Se estiver grávida, e está em trabalho de parto, informar aos funcionários do  Hospital, sua condição de portadora do vírus da Hepatite C.

Apenas algumas palavras...

Minha amiga ou meu amigo, ter Hepatite C não é o fim do mundo! 

Sua vida não vai acabar  de uma hora pra outra, só porque você está doente!

Considere, apenas, que a doença é mais uma etapa a ser superada na sua longa vida.

 

Receber o diagnóstico de uma doença grave, crônica com poucas alternativas de tratamento, dentro de um consultório médico, geralmente sozinho, deve ser aterrorizante, angustiante e inesperado. Parece que foi decretada a sua sentença de morte, em curto prazo. O abalo é físico, emocional e espiritual, parece que tudo vem junto.  Você sai do consultório arrasado, perdido, desorientado.  Pensa imediatamente, naquela famosa pergunta: Meu Deus, o que eu fiz pra merecer esse destino tão cruel?  Porque, logo eu?  E, logicamente vêm as famosas respostas: é um carma, um castigo divino, golpe do destino, inveja da minha felicidade ou praga de alguém! 

 

Tudo que é pensamento negativo aflora imediatamente. Não tem como evitar que esses pensamentos, passem pela sua cabeça. É uma reação lógica, diante de um fato absoluto e incontestável. Você é um portador de Hepatite C.  Não se desespere. A Hepatite C é uma doença grave. Isso é um fato. O tratamento é longo e  caro. Concordo, mas, é uma doença que atualmente, está sendo muito estudada, e estão surgindo  novos medicamentos para o tratamento.

 

O que eu posso dizer a você,  que recebeu o diagnóstico definitivo, e que vai fazer o tratamento ou já está em tratamento, é que nesse caminho difícil que você vai ter que trilhar de agora em diante, existe uma palavra que irá comandar o seu destino.  ESPERANÇA.

 

A esperança  de que tudo irá se acomodar com o tempo, que esses longos dias  que virão de tratamento, exames e mais tratamento, vão passar.  Você irá experimentar novos desafios, dificuldades, vitórias, talvez algumas derrotas, mas, infelizmente, faz parte do processo. Coloque sempre como prioridade na sua vida agora em diante que, você é uma pessoa que tem fé, é poderosa,  e que tem uma meta a cumprir: Vencer e vencer.

 

Concordo que a Hepatite C é uma doença difícil de combater. Mas, você é mais forte que ela e irá superar. Não se abale, deixe os  médicos cuidarem do seu corpo, e você cuida da sua mente, da sua parte espiritual e da sua fé. Não se esqueça de informar à sua família, e aos seus amigos mais próximos, sobre a sua doença. Não a enfrente sozinha. Com certeza, a sua família e seus amigos mais próximos, lhes darão o apoio, solidariedade, segurança e a compreensão necessária, para enfrentar essa nova etapa de sua vida. Tudo vai dar certo!

 

Beijos e Boa Sorte!

E Pense Sempre Positivo!

Atualidades:

Estatística: A Organização Mundial de Saúde considera a Hepatite C como a endemia do milênio, atingindo mais de 170 milhões de pessoas em todo o mundo. Desse número, quase 4 milhões se encontram no Brasil.

Cadastramento: O Ministério da Saúde distribui através do SUS para os doentes cadastrados nas Secretárias de Saúde Estaduais, os medicamentos gratuitamente para o tratamento da doença. 

Tratamento: O Interferon Peguilado em associação com o Ribavirina, eleva até 70% a chance de cura para os portadores da Hepatite C (genotipo 2 e 3), mas essa medicação só esta sendo administrada em pacientes que se inscreveram nos programas regionais das Secretárias de Saúde estaduais, e mesmo assim esses pacientes tem que preencher os requisitos básicos para entrar no programa. Portanto, o paciente deve se informar em sua devida cidade a respeito do programa e do Protocolo, para que ele possa ser cadastrado.  Atenção: Nem todos os portadores de Hepatite C, podem usar o Interferon Peguilado. O uso do medicamento depende de testes sorológicos e bioquímicos.

Outubro/ 2011: O medicamento Telaprevir foi aprovado pela ANVISA, para ser usado em portadores do vírus da Hepatite C. O medicamento é um antiviral oral de ação direta (DAA) da classe dos inibidores de protease. Esse medicamento pode ser combinado com o interferon peguilado alfa e ribavirina. O seu uso pode aumentar as chances de cura  em até 75% dos pacientes infectados pelo genotipo 1 do vírus da Hepatite C. O Telaprevir será usado em combinação com Interferon peguilado e Ribavirina por 12 semanas. O esquema a ser utilizado nos pacientes ainda não está definido. Os efeitos colaterais da combinação desse novo tratamento podem ser os seguintes: erupção da pele, náusea, prurido, diarréia e anemia.


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