HEPATITE D


Definição

A Hepatite D é uma doença infecciosa viral, contagiosa, que acomete o fígado. O vírus da Hepatite D causa a doença somente quando existe dupla infecção, isto é, quando a pessoa também está infectada pelo VHB (hepatite B).

Incidência

·         A doença tem uma incidência grande em regiões  que têm uma alta prevalência da infecção pelo vírus da Hepatite B.

·         As regiões mais encontradas no mundo são: Ásia Central, África Ocidental, alguns países da América do Sul, algumas ilhas do Pacífico Sul e a Bacia do Mediterrâneo.

·         No Brasil a região da Amazônica Legal é considerada uma região de alta prevalência para a proliferação do vírus da hepatite D.

Agente etiológico

É o vírus da Hepatite D (VHD) ou vírus Delta; pertence à família dos Deltaviridae; gênero Deltavírus; vírus RNA que se utiliza do envoltório do VHB (AgHBs) para sua sobrevivência, além de suplementar partes essenciais de seu ciclo biológico. É considerado um vírus defectivo ou talvez "satélite". Apresentando uma composição híbrida, o vírus  delta  é revestido externamente pelo HBsAg, constituindo-se em uma pequena partícula esférica organizada de 36nm, menor do que o VHB (42nm) e maior se comparado com as formas esféricas ou tubulares  (22nm) do HBsAg.  Na história  natural da infecção pelo VHD, o VHB tem como uma das principais funções oferecer ao VHD partículas do HBsAg. Estas partículas serviriam de invólucro ao vírus delta, protegendo desta maneira a integridade da partícula viral delta, mantendo sua capacidade infecciosa e impedindo a hidrólise do ARN interno do VHD.

Fígado e suas funções

Normalmente, o fígado é capaz de regenerar as células destruídas.  A destruição excessiva dos tecidos do fígado influencia nas variadas e extensas funções do fígado, que incluem:

·         Secreção e excreção  de bile.

·         Múltiplas conversões dos hidratos de carbono, proteínas e gorduras.

·         Produção, armazenamento e liberação de glicose.

·         Conversão da amônia em uréia.

·         Síntese de albumina.

·         Armazenamento de vitaminas e ferro.

·         Desintoxicação de drogas e de outras substâncias estranhas.

·         Produção de protrombina e de fibrinogênio, para a coagulação do sangue.

·         Armazenamento e filtração do sangue.

Epidemiologia

A infecção pelo VHD apresenta uma distribuição geográfica heterogênea e estima-se que existam aproximadamente mais de 20 milhões de pessoas infectadas por este vírus, entre os mais de 400 milhões de portadores do VHB no mundo. O estado de portador crônico do VHB (HBsAg reativo) constitui-se provavelmente no principal fator epidemiológico para a disseminação do VHD, em áreas de alta endemicidade de infecção peloVHB, como na Amazônia brasileira ou em grupos de alto risco, como os portadores crônicos do VHB, toxicômanos, hemodializados e politransfundidos.

O vírus da hepatite delta é endêmico em algumas regiões do mundo, na população em geral, tal como ocorre na América do Sul, em determinadas áreas do Brasil, da Colômbia e da Venezuela. Nessas regiões, o VHD em caráter epidêmico resulta em formas gravíssimas de hepatite, conhecidas cientificamente como "hepatite fulminante de Lábrea" na Amazônia brasileira, "hepatite fulminante de Santa Marta" na Amazônia colombiana e "hepatite fulminante da tribo Yucpa" na Venezuela. 

No Brasil, excetuando a Amazônia Ocidental, a infecção peloVHD estaria ausente nas regiões Sudeste, Nordeste e na região Amazônica Oriental. No sul da Itália e na Romênia a infecção pelo VHD assume caráter endêmico, semelhante aos padrões epidemiológicos observados na América do Sul.  No continente africano, a infecção pelo vírus delta é endêmica em determinadas regiões.

Reservatório

O homem.

Suscetibilidade

Os indivíduos suscetíveis à infecção pelo vírus da Hepatite B, ou que sejam portadoras do vírus da Hepatite tipo B

Grupo de risco para se adquirir Hepatite D

As pessoas que pertencem a esse grupo de risco podem ser as mesmas que estão expostas à infecção pelo VHB.

·         Toxicômanos.

·         Hemofílicos.

·         Indivíduos politransfundidos.

·         Indivíduos que fazem hemodiálise.

·         Pessoas com atividade sexual intensa.

·         Presidiários.

·         Profissionais de saúde que utilizam com maior freqüência material perfuro-cortante.

·         Pacientes transplantados.

Período de incubação

Geralmente o período fica em torno de 35 dias.

Período de transmissibilidade

Geralmente uma semana antes das manifestações clínicas da infecção conjunta pelo vírus das Hepatites B e D. No caso de superinfecção  o período de transmissibilidade ainda não está bem definido.

Transmissão

·         Via parenteral.

·         Sangue contaminado e seus produtos quando colocados em contato com mucosas e soluções de continuidade da pele.

·         Relações sexuais.

·         Transmissão perinatal.

Formas clínicas

·         Hepatite assintomática.

·         Hepatite oligossintomática.

·         Hepatite fulminante.

Sinais e sintomas

Os sintomas da hepatite D são semelhantes àqueles da hepatite B, mas os pacientes são muito mais passíveis de apresentar hepatite fulminante e de progredir para a hepatite crônica ativa e cirrose.

fase pré-icteríca (duração de 3 a 6 dias):

·         náuseas;

·         astenia;

·         inapetência.

·         letargia;

fase icteríca:

·         pele fica amarelada;

·         os sintomas da fase pré-icteríca desaparecem gradativamente;

·         o paciente se queixa de cansaço a qualquer esforço;

·         náuseas acompanhadas de sensação de vômito;

·         urina com cor escura;

·         fezes claras.

Hepatite fulminante:

·         Encefalopatia hepática;

·         distúrbios do sono;

·         paciente se queixa de dificuldade para concentrar-se;

·         distúrbios de comportamento;

·         sonolência constante;

·         coma.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais: fezes, urina e sangue.

·         Testes bioquímicos do sangue.

·         Testes sorológicos pra investigação dos marcadores sorológicos: HBsAg, Anti-HDV, IgM e RNA-HDV. O IgM vai permanecer detectável por quatro a oito semanas e o IgC por toda a vida.

·         Ultrassonografia.

Tratamento

A erradicação da infecção crônica pelo VHD exige doses altas de IFN alfa (interferon), associadas a períodos prolongados de tratamento. O esquema utilizado na maioria dos casos envolve o uso do IFN, subcutâneo ou intramuscular, três vezes por semana, por 12 meses.  Existem alguns pacientes que respondem com normalização das aminotransferases, porém persistem com o RNA do VHD. Nestes casos, pode-se optar pelo uso do IFN a longo prazo, sendo relatados tratamentos mantidos por períodos de até oito anos sem interrupção. Estudos utilizando o IFN  com outras drogas antivirais, não atingiram  taxas de sucesso significativas.

Seqüelas

·         Hepatite crônica delta.

·         Cirrose hepática, devida a infecção crônica delta.

·         Câncer no fígado: o potencial oncogênico do VHD é controverso. Todavia a persistência da replicação do VHD e a precocidade da infecção delta em jovens, induziriam a uma evolução rápida para a cirrose hepática,  e conseqüentemente,  ao carcinoma hepatocelular.

Prevenção

medidas sanitárias:

·         Campanhas de prevenção para a população de áreas endêmicas.

·         Educação sanitária à população.

medidas gerais:

medidas individuais para quem já teve Hepatite D:

·         não ser doador de órgãos;

·         não ser doador de sangue;

·         se for necessário transfusão de sangue somente com exame prévio;

·         evitar bebidas em excesso, já que o seu fígado tem o metabolismo comprometido devido ao vírus;

·         sempre informar ao médico que você já teve a doença;

·         usar seringas e agulhas descartáveis;

·         ter uma alimentação mais saudável;

·         usar sempre preservativos;

·         ficar sempre atento para dores no fígado, se acontecer, consulte logo o médico.


Dúvidas de expressões e termos técnicos, consulte o Glossário geral.