PESTE BUBÔNICA
Definição
É uma doença grave, aguda, contagiosa e infecciosa , causada por uma bactéria que é encontrada na pulga dos ratos, caracterizando-se por febre, adenomegalia dolorosa, septicemia e intensa toxemia. É uma doença que atualmente não tem registros no centros de Vigilância Epidemiológica do país, mas se surgir qualquer caso deve ser comunicado imediatamente para que se possa fazer quarentena e ser dado toda a prioridade para esse tipo de doença que se alastra muito rapidamente.
No Brasil não se tem registros de casos a vários anos, mas na Índia, China, vários países da África, e América Latina ainda existem casos endêmicos ou sob a forma de casos esporádicos.
A peste ainda ocorre onde existem condições de vida para os ratos domésticos e pulgas, e a sua incidência independe do sexo, idade, raça ou do clima da região. Devido as manifestações hemorrágicas e necróticas, a pele fica com um aspecto escurecido nos casos graves e fatais originando a denominação de peste negra ou morte negra.
Sinonímia
É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:
Peste negra.
Morte negra
Incidência
Atualmente o índice de mortalidade caiu de 90% para menos de 10%.
A ultima grande epidemia que matou milhares de pessoas foi em 1900, na Índia.
Agente etiológico
Pasteurella pestis ou bacilo de Yiersin e Kitasato; cocobacilo Gram-negativo curto, aeróbio, não-esporulado. Esse bacilo é encontrado na pulga (Xenopsylla cheopis) do rato, que também pica o homem.
Reservatório
Mais de 200 espécies de animais silvestres, principalmente os roedores e diversas espécies de ectoparasitas.
Vetor
A pulga do rato Xenopsylla cheopis.
Epidemiologia
A epidemiologia da doença pode ser esquematizada em sua característica mais simples:
infecção de roedores silvestres e a transmissão da Pasteurella pestis por pulgas aos ratos domésticos;
transmissão da peste dos roedores domésticos ao homem por pulgas, principalmente a Xenopsylla cheopis;
transmissão de homem a homem pela pulga, nos casos de peste bubônico-septicêmica, ou através de perdigotos, nos casos de peste pneumônica.
Transmissão
A doença é transmitida ao homem pela picada da pulga de um rato contaminado. Pode ser transmitida ao homem pelos perdigotos de uma pessoa infectada. É uma doença extremamente contagiosa. As pessoas e o local onde foram contaminadas devem ficar em quarentena rigorosa.
Formas clínicas
Peste bubônica: a contaminação se dá através do ciclo epidemiológico (animais reservatórios - insetos vetores - o homem). Quando a pulga pica o homem ou outro roedor introduz no local da picada milhares de bactérias da doença, assim dando continuidade ao ciclo epidemiológico.
Peste pulmonar: a contaminação se dá através das gotículas da saliva ou pela expectoração (tosse) do doente para uma pessoa suscetível.. O contágio é inter-humano, ocorrendo em habitações superlotadas, ambientes fechados que propicia o alastramento da doença.
Período de incubação
A peste bubônica ocorre em média entre 3 a 6 dias.
A peste pulmonar ocorrem em média entre 3 a 4 dias.
Sinais e sintomas
período prodrômico:
febre alta com calafrios fortes;
sudorese;
dores generalizadas;
dores nas regiões ganglionares, causada por inflamações dos gânglios linfáticos;
paciente começa a ter um leve tremor no corpo;
náuseas e vômitos;
período intermediário:
diarréia ou constipação;
intolerância à luz;
taquicardia;
hipotensão arterial;
mialgias; cefaléia intensa;
anorexia; sinais de desidratação;
prostração; sede.
período agudo:
conjuntivas injetadas;
agitação psicomotora;
delírios;
incoordenação motora;
incontinência esfincteriana;
albuminúria; oligúria;
lesões oculares; petéquias;
tumefação dolorosa dos gânglios linfáticos apresentando a pele distendida, hiperemiada, com local abaulado, atingindo o tamanho de um ovo de galinha sendo chamado popularmente de "bubões pestosos", que é o resultado da conglomeração de vários gânglios de uma determinada região, mas que podem aparecer em outras regiões do corpo através da via linfática.
período gravíssimo:
os bubões pestosos se transformam em exantemas vesicopustuloso com necroses extensas com comprometimento de aponeurose, músculos e ossos;
hemorragias digestivas e parenquimatosas;
pneumonia ou broncopneumonia;
sufusões hemorrágicas subcutâneas;
septicemia pestosa.
Depois de 4 a 6 dias esses sintomas se intensificam e se não houver tratamento imediato, evolui para a toxemia profunda, colapso cardiocirculatório, insuficiência renal aguda, coma e a morte.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Exames bacterioscópico direto.
Exame direto do contéudo aspirado do bubão ou material do escarro.
Metódos sorológicos.
Diagnóstico post mortem (autopsia), principalmente dos primeiros infectados.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Peste Bubônica não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Peste Bubônica são as seguintes:
Linfogranulomatose venérea de Nicolas Favre.
Cancro mole.
Tuberculose ganglionar.
Sífilis.
Tularemia.
Meningoencefalites agudas.
Pneumonia por vírus da psitacose.
Histoplasmose aguda.
Septicemias bacterianas.
Adenites regionais supurativas.
Tratamento
Específico: existe tratamento medicamentoso para essa patologia.
Tratamento medicamentoso: através de medicamentos a base de estreptomicina, sulfonamidas, tetraciclinas, cloranfenicol, têm sido empregados com resultados satisfatórios, quando utilizados precocemente.
Tratamento tópico dos bubões pestosos.
Drenagem cirúrgica.
Antipiréticos e analgésicos sob prescrição médica.
Cuidados gerais higiênicos.
Dietoterapia indicada pelo médico.
Hidratação endovenosa.
Reposição de perdas de líquidos.
Transfusão de sangue se for necessário.
Esses cuidados devem ser empregados paralelamente com a antibiocoterapia pesada.
Se o tratamento obtiver êxito a doença irá evoluir para a cura, porém com uma lenta regressão dos sintomas, a febre diminui, os bubões pestosos regridem por reabsorção, mas que podem eventualmente se transformar em fistulas e deixar cicatrizes não muito estéticas, em alguns casos ocorrem recaídas dependendo da imunidade do paciente.
Atualmente devido aos recursos terapêuticos a letalidade está em torno de 25%.
Obs: Ao manipular o paciente o profissional de enfermagem deve utilizar todos os meios universais de precaução contra uma doença extremamente contagiosa e perigosa.
Profilaxia
medidas contra os vetores:
Exterminação dos ratos domésticos.
Medidas gerais preventivas contra a proliferação de ratos nos portos, navios, docas, armazéns, esgotos, plantações e paióis.
Exterminar as pulgas através de inseticidas.
medidas sanitárias:
Notificação imediata e obrigatória às autoridades sanitárias locais e ao Serviço de Vigilância Epidemiológica.
Isolamento rigoroso do doente.
Investigação imediata pelas Autoridades Sanitárias para descobrir o foco principal da doença.
Quarentena obrigatória para os comunicantes.
Proteção para indivíduos expostos.
Quimioprafilaxia.
Vacinação.
medidas internacionais:
Notificação imediata e obrigatória às autoridades sanitárias locais, aos países vizinhos e a OMS.
Fiscalização rigorosa de todos os meios de transporte e mercadorias procedentes da zona afetada pela doença.
Quarentena e vigilância dos viajantes que procedem da mesma zona afetada.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.