Doença infecciosa, contagiosa e aguda que ataca preferencialmente crianças. É causada por um vírus pertencente ao grupo dos enterovírus (vírus intestinais), os vírus da pólio são neurotrópicos ( atingem células nervosas). Ë uma doença que causa deformidades principalmente no aparelho locomotor. É uma doença polimorfa (variedade de sintomas) e de difícil diagnóstico precoce.
Com a vacinação em massa, a Poliomielite no Brasil é considerada praticamente uma doença erradicada. Quando se tem a Poliomielite não necessariamente se adquire imunidade definitiva, pois existem 3 tipos de vírus, e o indivíduo que teve a doença foi imunizado apenas contra um só tipo de vírus.
Sinonímia
É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:
Doença de Heine-Medin.
Poliomielite anterior aguda.
Paralisia infantil.
Histórico
Jonas Edward Salk, microbiologista desenvolveu a primeira vacina com polivírus inativo contra a poliomielite. Albert Sabin microbiologista em 1960, introduziu a vacina oral a partir de vírus vivo contra a poliomielite, que é utilizada até hoje, substituindo a vacina intramuscular com polivírus inativo de Salk.
90% a 95% dos casos de Poliomielite apresentam-se sob a forma benigna.
No Brasil graças a vacinação infantil não há casos de Poliomielite desde 1989.
A idade de maior incidência é de seis meses a 3 anos, e em adultos com menos de 40 anos não vacinados a doença é mais grave, porque prevalece a forma paralisante.
Os meninos são mais suscetíveis à Poliomielite em torno de 55% dos casos diagnosticados.
A idade em que é mais freqüente a doença é no primeiro ano de vida.
Nos países subdesenvolvidos que não tem sistema de vacinação a doença ainda causa muitas vítimas.
A doença ocorre mais freqüentemente no verão e outono.
50% dos músculos paralisados se recuperam com o tratamento fisioterápico adequado.
20% a 25% de porcentagem das mortes ocorre na poliomielite bulbar.
No continente africano a Poliomielite ainda é considerada uma doença epidêmica.
Existem 3 tipos sorológicos do poliovírus pertencente ao grupo dos picornavírus (ARN),conhecidos respectivamente pelos nomes de Brunhilde, Lansing e Leon ou Poliovírus I, II, III. É um vírus extremamente resistente ao meio ambiente, poluindo água e alimentos por períodos prolongados, não resistem a cloração, pasteurização, liofilização, água fervente e a substâncias oxidantes.
O vírus da pólio penetra no organismo pela inalação ou pela boca, aloja-se temporariamente nos intestinos para reproduzir e se multiplicar por um período longo, depois alcança o sistema linfático, e logo após a corrente sanguínea, para só então se fixar em outros pontos do organismo, sendo os mais freqüente: bulbo, cerebelo, cérebro, medula espinhal e outras estruturas do Sistema Nervoso Central.
Conforme a localização do vírus no sistema nervoso as infecções se classificam em espinhais e bulbares, que podem causar paralisias no processo de deglutição, respiração e na locomoção. O vírus atinge preferencialmente os neurônios da coluna cinzenta anterior da medula ou dos núcleos dos nervos cranianos situados no tronco cerebral. A viremia constitui fato básico para que a infecção atinja o sistema nervoso central.
A maioria dos doentes tem a forma benigna não-paralítica e formas inaparentes da infecção, enquanto 1% a 2% é que evoluem para a forma paralítica. Quando ocorre a Poliomielite os médicos não podem predizer qual forma da doença poderá se desenvolver.
Hospedeiro
O homem é o único hospedeiro natural do poliovírus.
Em média entre 7 a 14 dias após o contágio, as vezes pode se estender até 35 dias.
Período de transmissibilidade
No final do período de incubação e na 1ª semana da fase aguda, enquanto o paciente ainda tem febre. O vírus também está presente nas fezes do paciente pelo menos 6 a 8 semanas depois do início da doença e em alguns casos durante vários meses.
O vírus fica albergado no trato gastrointestinal e é transmitido através da saliva, do vômito e das fezes
direta: através das secreções nasofaringeas (tosse, espirro ou saliva); forma mais comum de contágio;
indireta: através das fezes do paciente que podem apresentar o vírus por vários meses após o início da doença;
através da ingestão de água e alimentos contaminados pelos vírus.
Poliomielite não paralítica.
Poliomielite frusta (de curta duração apresentando poucos sintomas).
Poliomielite paralítica espinhal.
Poliomielite bulbar (é a forma mais grave da doença, sendo a responsável por quase todas as mortes causadas pela doença).
Polioencefalite.
Fatores que influenciam a gravidade da doença da forma paralítica
Predisposição genética ( a forma paralítica tende a se concentrar em membros de uma mesma família).
Amigdalectomia (acredita-se que aumenta a incidência do envolvimento bulbar).
Atividade física e trauma ( o exercício vigoroso na fase pré-paralítica e traumas locais, como os provocados por injeção tem importância na localização e gravidade da doença).
Gestação (aumenta em cerca de três vezes a incidência da forma paralítica, provavelmente em conseqüência de fatores hormonais).
Na Poliomielite não-paralítica, frusta ou forma inaparente a doença é confundida com uma forte gripe que passa sem deixar seqüelas. Na fase inicial do tipo paralítica espinhal, bulbar ou polioencefalite os sintomas são parecidos com uma gripe que desaparecem em alguns dias, mas que depois reaparecerem já com sintomas característicos da doença na forma paralítica, ou em outros casos a paralisia aparece em questões de horas, logo na fase inicial da doença, um exemplo: o paciente acorda pela manhã, mas não consegue se levantar, ou não consegue ficar em pé.
período prodrômico:
cefaléia; coriza;
espirros; febre baixa;
fraqueza; astenia;
mal-estar geral.
período agudo:
dores musculares principalmente na área dorsal;
mal-estar geral;
cefaléia; febre;
rigidez da nuca e das costas;
tremor; dor no pescoço;
mialgias; vômitos;
torpor; dor no peito;
irritabilidade;
perda de apetite.
período grave:
dificuldade de locomoções bruscas, quando a criança acorda já não consegue se levantar da cama ou não consegue ficar em pé;
dificuldade de respiração;
dificuldade de deglutição;
espasmos musculares localizados;
fadiga muscular.
logo após esses sintomas aparecem as paralisias:
paralisia dos músculos respiratórios (intercostais e/ou diafragma) é grave e deve ser diagnosticada precocemente, para que o paciente não entre em cianose; os sinais como tosse fraca ou o paciente não consegue tossir se for pedido, dificuldade para falar e choro de baixa intensidade, são sinais evidentes de que já está havendo comprometimento dos músculos respiratórios;
paralisia dos músculos da deglutição;
paralisia facial;
paralisias oculares por lesões do motor ocular externo;
distúrbios vasomotores podem aparecer precocemente indicando paralisias com uma recuperação mais comprometedora e difícil;
paralisia dos membros superiores;
paralisia dos membros inferiores;
paralisia dos músculos do tronco, principalmente do dorso, podem causar futuramente desvios na coluna e deformações.
Obs: A paralisia pode ocorrer sem nenhum sinal clínico preexistente, podendo ocorrer após alguns dias, em alguns casos logo no primeiro dia ou nas primeiras horas, mas geralmente aparece depois de 2 a 3 dias já na fase aguda da doença. A paralisia do diafragma principalmente quando é bilateral e em associação com a paralisia da deglutição, é considerada uma das formas mais graves e freqüentemente leva ao óbito os pacientes que não receberam cuidados especiais ou que não tiveram um diagnóstico precoce.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Exame neurológico.
Exame do LCR (líquido cefalorraquidiano) através da punção lombar.
Métodos sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
Métodos virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).
TC - Tomografia Computadorizada.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Poliomielite não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Poliomielite são as seguintes:
Polirradiculoneurite ou Moléstia de Landry-Guillain-Barré.
Meningite causada por vírus Coxsackie e ECHO.
Meningites purulentas e tuberculosas.
Polineurite pós-diftérica.
Encefalite pós-vacinal ou pós-infecciosa.
Sindrome pós-convulsiva.
Tumores cerebrais e medulares.
Traumatismos.
Distúrbios hidroeletrolíticos (hipopotassemia).
Lues congênita (pseudoparalisia de Parrot).
Mielite transversa.
Paralisias histéricas.
Coréia de Sydenham com componente dominante de hipotonia (Córeia mole).
Neurite traumática (pós-injeção intramuscular).
Tratamento
Objetivo do tratamento é evitar as graves complicações que virão no decurso da doença.
Específico: tratamento medicamentoso para a doença não existe, as medidas terapêuticas se voltam para suas complicações.
Sintomático: tratamento conforme os sintomas e as suas intercorrências sob indicação médica.
É uma doença que necessita hospitalização obrigatória, imediata e de isolamento para que não evolua até a poliomielite bulbar (comprometendo a parte do cérebro responsável pela respiração e função cardíaca), que é a forma mais grave e fatal da doença.
O isolamento deve durar pelo menos em média durante quatro a seis semanas.
fase aguda
Cuidados rigorosos de enfermagem principalmente nos primeiros dias da doença para tentar evitar os sinais de agravamento da doença.
Cuidados especiais na postura dos membros atingidos, para evitar vícios posicionais, com o objetivo de evitar agravamento das deformidades.
Cuidados de enfermagem para evitar o aparecimento de úlceras de decúbito devido a imobilidade ao leito.
Repouso absoluto no leito.
Nos casos de secreção abundante, essa deve ser removida para se evitar a ocorrência de atelectasias e infecções secundárias.
Se houver paralisia respiratória deve ser utilizado aparelhos de respiração mecânica, traqueostomia ou outros recursos respiratórios para melhorar a insuficiência respiratória.
Analgésicos e sedativos porque é uma doença que inflige muita dor ao paciente, sob prescrição médica.
O paciente deve ser protegido contra o sofrimento físico e psíquico, já que é uma doença que causa dor principalmente nos espasmos musculares.
Compressas quentes devem ser usadas para melhorar os espasmos dos músculos e para aliviar a dor.
Dietoterapia específica.
Repouso muscular colocando o paciente em posição fisiológica.
Mobilização passiva dos músculos deve ser empregada logo no início da doença.
Deve-se evitar nesse período as injeções intramusculares, pois podem contribuir para o desencadeamento de paralisias.
Vigilância contínua por parte da equipe de enfermagem.
Apoio psicológico por parte da equipe de enfermagem durante as etapas da doença é fundamental para o paciente.
Se não houver paralisia, não será necessário tratamento especial, mas se desenvolver no decurso da doença a paralisia, o paciente deverá ser submetido a tratamento ortopédico e de reabilitação durante a convalescença e continuar após a doença por 1 ou 2 anos dependendo da extensão da paralisia. O tratamento das paresias respiratórias está relacionada à extensão das mesmas. O paciente deve ser removido pra UTI quando apresentar o seguinte quadro:
Dificuldade para tossir ou deglutir.
Paralisia progressiva dos membros inferiores.
Paralisia dos MMSS ou dificuldade para elevar a cabeça acima do plano do leito.
Sinais de comprometimento cerebral.
Obs: Infelizmente há casos em que a manutenção da vida do paciente fica condicionada ao emprego da respiração artificial definitivamente.
fase de recuperação:
Reabilitação.
Fisioterapia.
Exercícios físicos para ajudar na coordenação e reeducação muscular.
Uso de aparelhos ortopédicos.
Exercícios respiratórios.
Cuidados específicos de enfermagem.
Terapia ocupacional é indicada.
Psicólogos para ajudar o paciente a enfrentar os seus limites é necessário.
- Paralisia dos membros inferiores.
- Atrofia dos músculos dos membros.
- Paralisia respiratória.
- Hipertensão.
- Encefalite.
Seqüelas
Insuficiência respiratória.
Insuficiência renal.
Problemas de crescimento.
Danos neurológicos.
Deformações nos membros inferiores e superiores, devido a limitação do movimento ou pelo desuso.
Perda da mobilidade.
Síndrome Pós-pólio.
medidas sanitárias:
- Notificação Compulsória e Imediata às Autoridades Sanitárias.
- Comunicantes suscetíveis não devem receber injeções intramusculares ou ser amidalectomizados (pessoas que tiraram as amígdalas).
- Saneamento básico eficiente.
- Tratamento adequado dos dejetos humanos.
- Tratamento da água para consumo.
Vacinação:
Vacinação Sabin ( poliovírus atenuado) a partir dos 2 meses de idade.
Vacinação Salk (poliovírus inativado).
Comunicantes suscetíveis devem ser vacinados e mantidos sob vigilância sanitária.
Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas, mesmo aquelas que apresentem: tosse; gripe; diarréia; paralisia cerebral; Síndrome de Down; rinites; asma; doenças crônicas do coração, rins, pulmões e fígado; desnutrição; histórico familiar de convulsões; hospitalizadas; prematuras ou recém-nascidas de baixo peso; fazendo tratamento com antibióticos; tiveram alguma das doenças objeto da vacinação, como sarampo, coqueluche, difteria ou outras.
medidas gerais:
Higiene dos alimentos.
Insetos como as moscas devem ser combatidos pois podem transmitir o vírus.
Deve-se usar água potável ou fervida.
Não freqüentar locais de alimentação suspeitos ou com péssimas condições de higiene.
Obs: Pessoas que viajam para países, principalmente os países africanos, que ainda tem a poliomielite devem se vacinar com antecedência, como uma medida profilática, caso não tenham sido vacinadas quando crianças. As vezes existem casos de adultos que contraíram a poliomielite, mas não se infectaram no seu país de origem e sim quando viajaram para algum país ou região em a doença existe em forma endêmica, e terminam se contaminado, por não terem sidos devidamente vacinados.
SÍNDROME PÓS-PÓLIO
Definição
A Síndrome Pós-Pólio (SPP) refere-se a manifestações novas e tardias que ocorrem vários anos depois da infecção pela poliomielite aguda. O tempo médio da poliomielite aguda até o surgimento da doença está em torno de 30 anos, indo desde oito até 71 anos. Entretanto, não está claro se a ocorrência da Síndrome aumenta com a idade, o que pode ser possível com base na hipótese etiológica mais aceita.
É provável que o grande número de casos de SPP atualmente deva-se à epidemia de poliomielite nas décadas de 40 e 50 no Brasil. A maioria dos pesquisadores e clínicos, que têm trabalhado com sobreviventes da pólio, sem falar nos milhares de pessoas que têm vivenciado novos sintomas, está convencida de que uma entidade clínica pós-pólio existe de fato.
Histórico
As seqüelas tardias da pólio são reconhecidas há mais de cem anos. Os relatos de três jovens na França no século passado com história de poliomielite paralítica na primeira infância, que desenvolveram novas atrofias e fraquezas em músculos inclusive que não foram afetados anteriormente, é considerado um dos primeiros registros da patologia. Desde então pouco tem sido o interesse por esta entidade. Até 1980, o próprio nome não existia. O conceito e a possibilidade de seqüelas tardias de pólio não eram muito bem aceitos, acreditando-se que a pólio resultava em lesão estável e crônica.
Incidência
Muitos casos ocorrem após 25 a 30 anos depois da recuperação do período agudo da Poliomielite.
Casos na adolescência são raros.
Fisiopatologia
A origem da Síndrome pós-pólio é desconhecida. A principal hipótese é a de que um estresse metabólico excessivo nos neurônios motores remanescentes ao longo de vários anos, acabaria por resultar no desligamento dos novos terminais nervosos, e posteriormente dos próprios neurônios motores. Essa teoria é apoiada por estudos eletroneuromiográficos e de biópsia muscular.
Evidências indiretas indicam que o estresse metabólico excessivo pode dever-se ao superuso muscular por muitos anos. Estudos de necropsias revelaram inflamação nas medulas espinhais de pacientes acometidos por SPP. Este achado seria compatível com uma infecção persistente pelo vírus da pólio, uma síndrome imunomediada (auto-imune), ou simplesmente uma resposta a neurônios degenerativos.
Uma infecção persistente pelo vírus da pólio parece improvável que desencadeie o processo, mas alguns cientistas defendem essa teoria.
Fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome Pós-Pólio
Pessoas que já tiveram a Poliomielite, mesmo que a doença não tenha deixado seqüelas.
Gravidade e seqüelas da paralisia poliomielítica aguda.
Idade do surgimento da poliomielite aguda (maior risco com surgimento na adolescência e na fase adulta).
Grau de recuperação e a maior atividade física durante os anos subseqüentes.
Manifestações clínicas da SPP
As manifestações da SPP são semelhantes na maioria dos pacientes. Sendo que a queixa principal que os levam ao médico é uma fraqueza generalizada nos braços, pernas e corpo.
período prodrômico:
fraqueza recente;
fadiga generalizada;
fraqueza muscular anormal (diminuição da resistência).
dificuldade de concentração;
falta de energia que ocorre mesmo com um mínimo de atividade física, a que geralmente se refere com "a parede da pólio";
problemas com AVD ( progressiva dificuldade funcional), o paciente se queixa de dificuldade para subir escadas, vestir-se e andar.
A fadiga generalizada quando grave, pode afetar o desempenho mental tanto quanto o físico, e causar dificuldades de concentração aos pacientes, o que levantou a hipótese controvertida de que a fadiga generalizada se deva ao comprometimento da função cerebral em vez de à desintegração difusa das unidades motoras e das junções neuromusculares.
A fraqueza muscular recente, por vezes acompanhada de atrofia, é o problema neurológico mais significante, tendo-se referido a ela como atrofia muscular progressiva pós-polio. A fraqueza recente geralmente é assimétrica, e pode ser proximal, distal ou desigual.
A fraqueza em geral, progride lentamente e pode ocorrer em músculos previamente afetados (tanto parcialmente quanto totalmente recuperados) ou clinicamente não afetados durante a poliomielite aguda. Músculos afetados anteriormente são mais propensos, do que os clinicamente não afetados, a posteriormente tornarem-se fracos. A fraqueza muscular anormal manifesta-se como fraqueza intensa depois de atividade pesada, com recuperação tardia depois de vários dias de repouso.
período agudo:
artralgias (dor nas articulações);
mialgias (dor nos músculos);
atrofia muscular;
contraturas;
fraqueza muscular progressiva;
aumento da fraqueza generalizada;
sensibilidade muscular pode estar presente à palpação;
fasciculações, cãibras e pseudo-hipertrofia muscular podem estar presentes, com ou sem a fraqueza recente;
intolerância ao frio;
disfagia;
declínio da função muscular onde ocorre a mialgia e a artralgia;
dificuldade respiratória.
Artralgias: As dores nas articulações devido a instabilidade articular são um problema músculo-esquelético e podem ocorrer sem a fraqueza recente. Essas dores estão geralmente relacionadas à atividade física diária excessiva. A fraqueza residual pode levar ao desgaste, a longo prazo, das articulações e das partes moles periarticulares (tendões, ligamentos). A dor pode ocorrer ainda devido ao comprometimento das junções articulares, às falhas das transferências dos tendões, ao tamanho desigual do membro, à escoliose progressiva, à má postura e à mecânica anormal. Esses problemas articulatórios freqüentemente levam a perda de mobilidade. A dor pode ainda ser um fator de confusão da fraqueza recente e/ou da resistência reduzida em muitos pacientes acometidos por SPP. Pacientes que apresentam dor articulatória (artralgia), significante podem limitar sua atividade física, o que pode levar à fraqueza e a à atrofia por desuso.
Alterações respiratórias: é pouco freqüente pacientes com alterações respiratórias, mais quando ocorrem são de difícil manuseio e muito graves. Pode haver necessidade de consulta a um pneumologista com experiência em doenças neuromusculares.
Dor: o aparecimento da dor é o resultado de anos de esforços anormais. A dor tem vários estágios na síndrome pós-pólio e pode ser decorrência da alteração biomecânica que se resolve de forma a desenvolver um quadro miofascial. A dor aguda é rara, o mais freqüente é a dor crônica insidiosa com episódios de reagudização que geram imobilidade e portanto perda de função. O componente emocional da dor nestes pacientes é muito importante e deve ser valorizado.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame clínico
Exame físico.
Quadro clínico.
Exame neurológico.
Exames laboratoriais.
Aumento do nível de creatina cinase sérica, pode indicar superuso muscular.
Análise do LCR (líquido cefalorraquidiano).
ENMG - Eletroneuromiografia.
ECG - Eletrocardiograma.
TC - Tomografia Computadorizada.
RNM - Ressonância Magnética.
Raios X.
Biópsia de lesão muscular.
Estudos da função pulmonar: deve ser feito quando o paciente informa que teve recentemente complicações respiratórias e têm histórico de doença pulmonar.
Os critérios para diagnosticar a Síndrome pós-pólio usados pela maioria dos pesquisadores e médicos no campo foram descritos pela primeira vez por Mulder, em 1972. esses critérios incluem:
Um episódio pregresso de poliomielite com perda neural motora residual (o que pode ser confirmado por história típica, exame neurológico ou eletroneuromiografia).
Um período normalmente maior que 15 anos, de estabilidade funcional e neurológica depois da recuperação da doença aguda.
Surgimento gradual ou abrupto de fraqueza recente ou fraqueza muscular, atrofia muscular ou fadiga generalizada, dor articular, resistência e função diminuída..
Exclusão de outras condições ou doenças médicas, ortopédicas ou neurológicas (diagnóstico diferencial) que possam causar manifestações semelhantes.
Obs: Atualmente nenhum teste sorológico, enzimático ou eletrodiagnóstico tem sido útil para separar os grupo sintomáticos dos assintomáticos. Infelizmente, estas descobertas negativas têm contribuído para a indefinição do diagnóstico de Síndrome Pós-Pólio e ceticismo de alguns.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Síndrome Pós-Pólio não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Síndrome Pós-Pólio são as seguintes:
Radiculopatia.
Neuropatia.
Miopatia.
Espondilose.
Estenose de canal.
Doença da tireóide.
Anemia grave.
Doenças neoplásicas (Câncer).
Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA.
Tratamento
Tratamento fisioterápico é o tratamento mais indicado para a Síndrome Pós-Pólio.
Tratamento medicamentoso: medicamentos utilizados para aumentar a força muscular não demonstraram benefícios; medicamentos sob prescrição médica, podem em alguns casos, amenizar a fadiga generalizada, mas é muito relativa a sua eficiência.
Antiinflamatórios, sob indicação médica, em alguns casos é necessário.
Tratamento cirúrgico: a indicação cirúrgica deve ser respaldada por critérios rigorosos e sempre após esgotar os recursos conservadores; indicações cirúrgicas intempestivas muitas vezes pioram o quadro funcional e aumentam a dependência.
Analgésicos, sob indicação médica, para aliviar as dores é necessário.
A insuficiência respiratória em pacientes com SPP, geralmente, pode ser manejada com ventilação de pressão positiva não invasiva noturna; somente uma minoria de pacientes pode necessitar de traqueostomia e ventilação mecânica permanente.
Acompanhamento de um pneumologista, em alguns casos é necessário, principalmente quando ocorre a fraqueza muscular bulbar.
Acompanhamento de um cardiologista, em alguns casos é necessário, quando ocorre alterações e distúrbios cardíacos.
O fumo deve ser evitado e a doença obstrutiva tratada.
Vacinação contra a pneumonia e gripe, são indicadas, para evitar problemas respiratórios.
Evitar o superuso de músculos enfraquecidos.
Prescrição de órteses de função e posicionamento adequadas para os membros inferiores, pode ser necessário.
Dietoterapia: pacientes com esse tipo de patologia devem ter uma dieta balanceada indicada e prescrita por um nutricionista.
A disfagia pode ser melhorada com instruções quanto às técnicas de deglutição.
Terapêutica através do calor e de massagem, podem ser utilizadas.
Tratamento psicológico.
Fisioterapia: nos pacientes com SPP acometidos de fraqueza recente leve a moderada, a fraqueza pode ser atenuada com exercícios não fatigantes. Os pacientes devem exercitar-se através de programas de exercícios leves, com intervalos curtos e então repousar entre as séries de exercícios. Os exercícios devem ser feitos em dias alternados para permitir a recuperação completa e evitar o desgaste. Os pacientes acometidos por SPP que conseguem exercitar-se a um nível que evita o superuso (fraqueza muscular excessiva ou piora na dor articulatória ou muscular) têm resultados positivos.
O tratamento fisioterápico da fadiga generalizada é semelhante ao de fraqueza muscular, os exercícios podem ser intercalados com pausa para descanso (ritmadas) a fim de evitar a fadiga excessiva. Este procedimento simples melhora significativamente a recuperação da força depois da atividade. Pacientes acometidos por SPP que exercitam seus músculos enfraquecidos ao ponto da exaustão (superuso, desgaste) podem precisar de dois a três dias para recuperarem-se da fraqueza muscular resultante.
O condicionamento cardíaco é importante para todos os pacientes; fazer exercícios aeróbicos ou de condicionamento geral com bicicleta para exercitar os membros inferiores ou ergômetros para exercitar os braços, mostraram melhora significante no condicionamento cardiorrespiratório em pacientes acometidos por SPP, sem efeitos adversos prejudiciais. Estudos demonstraram que a flexibilidade, a força e o condicionamento cardiorrespiratório, podem ser melhorados em pacientes com SPP através de programas de exercícios aquáticos.
É preciso que um fisioterapeuta oriente o paciente com SPP quanto às técnicas de exercícios adequadas e o monitore de maneira que o paciente não se canse. Programas individuais de reforço muscular, deve-se evitar o superuso muscular. É interessante que o paciente com SPP, disponha de um tratamento fisioterápico longo, para que não ocorra complicações nem seqüelas graves, devido à fraqueza muscular progressiva.
Locomoção: Uma preocupação importante em indivíduos com poliomielite e com síndrome pós-pólio é saber como é realizada e como poderá ser melhorada sua locomoção. A análise da marcha (quando houver) e a capacidade de subir e descer degraus devem ser avaliadas para se determinar a necessidade de meios auxiliares ou modificações dos até então utilizados. Ortetização ou revisão das órteses em uso (muitas vezes gastas ou inadequadas) são fundamentais para o realinhamento do indivíduo, seja do ponto de vista estático ou dinâmino. O uso de órteses para estabilização de joelhos tem sido útil. Para pacientes com grande dificuldade de marcha muitas vezes o uso de cadeira de rodas passa a ser necessário, reservado o ortostatismo e a marcha para pequenas distâncias e a nível domiciliar.
Seqüelas
Fraqueza muscular, que pode chegar ao ponto do paciente ter que recorrer ao uso de meios auxiliares de locomoção (órteses, bengalas, uso intermitente de cadeira de rodas)
Insuficiência respiratória: resultante da fraqueza muscular bulbar.
Traqueostomia permanente (casos raros).
Ventilação mecânica permanente (casos raros).
Apnéia do sono.
Distúrbios do sono.
Insuficiência cardíaca.
Dor musculo-esquelética crônica.
Perda da mobilidade.
Artrose grave e incapacitante.
Desmineralização óssea difusa no membro acometido.
Disfagia.
Artralgias crônicas.
Mialgias crônicas.
Cuidados gerais
Instituir mudanças no estilo de vida, principalmente no item de conservação de energia.
Qualquer programa de exercícios, deve ser indicado pelo fisioterapeuta.
O portador de SPP, não deve entrar em academias de ginástica e musculação.
Caso o portador esteja acima do peso, deve entrar imediatamente em um programa de emagrecimento.
Deve-se evitar o máximo o superuso dos músculos enfraquecidos.
Fazer hidroterapia.
Evitar o fumo e o álcool.
Tentar reduzir o máximo o stress.
Se o portador tiver problemas respiratórios, estes devem ser devidamente tratados, para não serem agravados pela fraqueza muscular.
Ficar aquecido, pois o portador de SPP, sente frio mesmo no clima quente.
Se for necessário o portador de SPP, deve usar equipamentos para auxiliar a locomoção como órteses nos membros inferiores (tornozelos, joelhos e pés); bengalas e cadeira de rodas.
Deve-se ter em conta que sintomas psicológicos relacionados à recidiva de um problema supostamente resolvido e ao stress das mudanças necessárias no estilo de vida, podem ser às vezes, assoberbantes.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.