RAIVA


Definição

A Raiva é uma antropozoonose  causada por um vírus capaz de atingir o homem e muitas espécies de animais. A Raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus presente na saliva de animais raivosos. É transmitida, principalmente, pela mordedura, arranhadura ou lambedura (da mucosa ou pele lesada) de animais raivosos.  O vírus atinge o Sistema Nervoso Central (SNC) que evolui para uma encefalite aguda, 100% fatal.  

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelo nome de Hidrofobia.

Histórico

O vírus foi isolado por Pasteur em 1881 e a vacina anti-rábica foi desenvolvida em 1884. Pasteur deu o nome de vírus da rua ao agente infeccioso encontrado no tecido nervoso de animais que desenvolveram a doença sob condições naturais, e designou por vírus fixo, o mesmo vírus depois de sofrer passagem seriada através de cérebro de coelho.

Incidência

Apenas de 10% a 20% das pessoas mordidas por cão raivoso adquirem a doença.

Agente etiológico

O vírus da raiva pertence a família dos Rhabdoviridae; gênero Lyssavírus.

Fisiopatologia

Quando o vírus penetra no organismo, sempre se aloja no SNC (Sistema Nervoso Central) e uma vez ali instalado se multiplica rapidamente. As células atacadas são destruídas, o vírus passa para os nervos periféricos, e depois para os tecidos.

Reservatório

Hospedeiro

O morcego é considerado hospedeiro natural do vírus da raiva.

Período de incubação

Em média cerca de 2 a 3 meses, mas em certos casos raros pode ocorrer período curto de 12 dias como pode ocorrer um período longo de até 2 anos entre o tempo da mordida até os primeiros sintomas. O período de incubação do vírus depende da quantidade que foi inoculado no organismo do homem.

 Transmissão

O homem contrai a doença através da saliva de um animal doente, sendo a mordedura a forma mais comum de contaminação, como também pode ser através de lambidas na pele lesada ou nas mucosas da boca, nariz e olhos ou arranhões. Quando o indivíduo é mordido é necessário manter o animal preso, para verificar se  ele apresenta sinais positivos da Raiva. O morcego também transmite principalmente na zona rural sendo na zona urbana o cão o transmissor mais comum;

Obs: Quanto mais próxima do encéfalo  a localização da mordedura ,tanto menor é o período de incubação, por isso  consideram-se graves as lesões provocadas na face e nas regiões vizinhas.   A mordedura quando acontece no punho, na raiz e borda das unhas dos dedos e das mãos é tão grave quanto a mordedura na cabeça por causa da inervação da região atingida.

 Sinais e sintomas

período inicial:

 

·         febre;

·         inquietação;

·         agitação;

·         mal-estar geral;

·         dificuldade de se alimentar.

 período prodrômico:

período de estado:  nesse período os sinais e sintomas do período anterior aumentam consideravelmente:

Alguns médicos que não estão familiarizados com a sintomatologia da Raiva, podem confundir alguns sintomas  como os tiques nervosos, agitação motora, os delírios, a ansiedade, comportamento maníaco, as alucinações visuais, os gritos assustadores, as crises convulsivas e as contrações musculares involuntárias violentas como distúrbios mentais. Alguns médicos despreparados, ainda podem chegar ao absurdo de pedir internamento em unidade psiquiátrica para esse paciente com a Raiva. 

Obs: Na maioria dos casos, a morte ocorre no segundo ou terceiro dia do período de estado, se o paciente sobreviver verifica-se uma aparente transitória de melhora; o paciente acalma-se e não apresenta hidrofobia. É o prenuncio do período paralítico, resultante da degeneração dos neurônio motores.

período paralítico:

Obs: Os sintomas  depressivos ou paralisantes podem acontecer em qualquer fase da doença. 

Diagnóstico

Como o homem não apresenta nenhum sintoma clínico durante o período de incubação, não tem como se fazer um diagnóstico preciso.   É uma doença que pode ficar incubada durante vários meses a anos dependendo do local da penetração do vírus e da virulência, por isso a única maneira para se ter um diagnóstico rápido e preciso, é observando o animal suspeito, caso o animal apresente os sintomas é provável que a pessoa mordida também esteja com a doença.

Post-mortem:

·         Pesquisa de C. de Negri (20 a 30% negativa) por autópsia do tecido cerebral.

·         Teste do camundongo.

·         Imunofluorescência.

Diagnóstico diferencial 

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Raiva não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Raiva são as seguintes: 

·         Lisofobia (Hy).

·         Tétano.

·         Intoxicação por beladona.

·         Poliomielite na forma paralítica.

Tratamento

Específico: não existe tratamento quando o vírus se instala no Sistema Nervoso Central (SNC) e os primeiros sintomas começam a aparecer. Quando isso ocorre a taxa de letalidade da doença é de 100%.

 

Sintomático: o tratamento é conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

Tratamento medicamentoso:  consiste na administração de medicação  prescrita e paliativa; se possível o paciente deve ser deslocado para hospitais que tem uma equipe multidisciplinar e instalações adequadas para receber um paciente com Raiva.

A vida do paciente com a Raiva  pode se prolongar dependendo do suporte médico  na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), às vezes até 2 semanas após o início dos primeiros sintomas.

Prognóstico:  Infelizmente, o prognóstico é a morte do paciente.  O paciente deve ser assistido de uma forma que não sinta dor, e que essa fase terminal seja  menos traumática possível.

Obs: Quando a pessoa é mordida por um cão ou gato deve-se lavar o ferimento com água e sabão durante 5 minutos, e levar imediatamente para um posto de Saúde. Não é recomendado ir a um hospital ou clínica particular, porque a vacina anti-rábica é administrada em Postos de Saúde para um maior controle por parte da Saúde Pública.  

É padrão nos Postos de Saúde a vacina anti-rábica ser administrada logo após a mordedura de um animal, como método profilático, na dúvida se o animal é ou não portador de raiva. A morte pela Raiva é muito dolorosa e traumática ocorrendo em média de 5 a 7 dias, logo após a pessoa atingir o período de estado.

Profilaxia

medidas sanitárias:

·         Notificação Compulsória Imediata às Autoridades Sanitárias;

·         quarentena do animal suspeito para observação no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses);

·         o animal  suspeito não deve ser abatido;

·         vacinação anti-rábica deve ser aplicada imediatamente  como medida profilática;

·         vacinação profilática de carteiros, veterinários ou outras pessoas que lidam com animais;

·         campanhas educativas  de conscientização da população para que vacinem seus animais domésticos;

·         vacinação dos animais de rua e domésticos;

·         verificação imediata  se não houve outros casos de mordida pelo cão infectado;

·         educação sanitária;

·         retirar das ruas animais sem dono;

·         denunciar a presença de animais de comportamento estranho ou agressivo ao CCZ;

·         quando ocorre em área rural, deve-se ficar atento aos morcegos hematófagos, aplicando drogas vampiricidas  em alguns morcegos, que irão contaminar o resto da colônia. 

Obs: Se o animal  que mordeu é doméstico (cão ou gato) é solicitado ao dono o atestado de vacinação contra a Raiva, sendo que a história vacinal do animal agressor não é elemento suficiente para a dispensa da indicação de tratamento anti-rábico humano imediato. Apenas 10 a 12% das pessoas mordidas por animal raivoso adquirem a doença, indicando que o homem é relativamente resistente.

 

 

 

 

 


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