SALMONELOSE

Definição

Salmoneloses são doenças caracterizadas por gastroenterocolite aguda, produzidas por bactérias do gênero Salmonella.   A doença é mais comum em crianças, devido a certos estados físicos peculiares à idade, nelas a doença pode alcançar graves proporções. Geralmente, a infecção se dá através do consumo de água e alimentos contaminados pela bactéria. 

 

Pode haver contaminação também no preparo  dos alimentos, quando estes são manipulados por pessoas portadoras das salmonelas e que desconhecem o fato, dada a ausência de sintomas.  Nos adultos é necessário um grande número de bactérias para que se estabeleça a infecção, enquanto nas crianças um pequeno número de bactérias é o suficiente para que a infecção se instale.

Agente etiológico

As salmonelas compreendem diversos grupos de microorganismos patogênicos, que em geral, se movem utilizando prolongamentos chamados cílios. O agente etiológico encontra-se classificado entre as enterobactérias do gênero Salmonela:

• Salmonella criptobacter.

• Salmonella arizona.

• Salmonella gallinarum.

• Salmonella pullorum.

• Salmonella typhimurium

Obs:  Com exceção da Salmonela typhi, bactéria causadora da Febre tifóide e da Salmonella para typhi, que provoca a Febre paratifóide, praticamente todas as outras salmonelas são causadoras de infecções bacterianas, chamadas de  Salmoneloses.

Reservatório

O homem e outros animais.

Incidência

• É mais comum na infância.

• Predomina nas épocas mais quentes do ano.

Período de incubação

Este período é variável, vai de 2  a 36 horas, raramente chegando a 72 horas.

Período de transmissibilidade

Desde o período de incubação até que 3 coproculturas (exame de fezes) consecutivas resultem negativas, com o intervalo de 24 horas entre si. Isto após 24 horas do término do tratamento com antibióticos.

Transmisão

Direta:  por via fecal ou oral.

Indireta: através de fômites (objetos) contaminados, vetores e através do consumo de águas e alimentos contaminados.

Sinais e sintomas

As salmoneloses podem ser enquadradas em suas manifestações clínicas dentro de 3 síndromes:

 

Febres entéricas:

• São mais comumentes causadas pelas Salmonelas  paratyphi A-B-C. Raramente são acompanhadas de complicações. O quadro clínico se caracteriza por diarréia e febre.

 

Gastroenterites agudas:

• São mais freqüentemente causadas pelas Salmonellas typhimurium e outras. O quadro clínico se caracteriza por início abrupto com febre, cefaléia, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, diarréia e desidratação.

 

Septicemias:

• São  causadas geralmente pelas Salmonelas choleraesuis e outras, que caem na corrente sangüínea. Atingem preferencialmente recém-nascidos, crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas. 

 

Após o período de incubação, surgem as primeiras manifestações gerais:

 

Período prodrômico:

• mal-estar geral;

• náuseas;

• cefaléia (ocorre depois dos vômitos);

• vômitos;

• diarréia súbita, que varia desde poucas defecações até fezes aquosas abundantes;

• dores abdominais; 

• mialgias (dores musculares);

• febre (38º a 39º C);

• septicemias (casos graves a gravíssimos, principalmente em recém-nascidos);

• bacteremia (provocando outras manifestações, uma vez que o agente pode se localizar em qualquer tecido do organismo).

A intensidade dos sintomas é variável e depende parcialmente da quantidade de salmonelas ingeridas. É comum, em surtos de intoxicação que afetam muitos indivíduos de uma comunidade (epidemia) , podendo haver grandes variações na manifestação da doença. Enquanto alguns pacientes adoecem gravemente, outros não apresentam sintomas ou as conseqüências da infecção, não são muito pronunciadas. 

 

Existem casos leves, quase imperceptíveis, cuja duração não vai além de um ou dois dias, com cura espontânea. E também existem os casos graves, que se estendem por cinco dias ou mais. Estes últimos são os que geralmente apresentam sérias conseqüências, acarretando prejuízos para o estado geral do paciente, podendo, em casos raros, sobrevir a morte.

 

Em crianças de pouca idade, em pessoas idosas ou debilitadas, devido a suas precárias condições orgânicas,os sintomas podem ser mais intensos e severos. Além disso, a possibilidade de generalização da infecção, com o comprometimento de outros órgãos, como fígado, glândulas supra-renais, rins  e outros órgãos é muito maior.

Diagnóstico

• Anamnese.

• Exame físico.

• Exame clínico.

• Exames laboratoriais (sangue e fezes) para identificar o germe causador da doença, caso positivo realizar antibiograma específico.

Tratamento

Médico especializado: Clínico geral e Gastroenterologista.

 

Específico:  existe tratamento específico para essa patologia.

Sintomático: tratamento conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

• Antibiocoterapia.

• Antiespasmódicos.

• Antitérmicos.

• Hidroterapia venosa, para correção de distúrbios hidroeletrolíticos.

• Dietoterapia: pobre em resíduos ou dependendo da situação, só líquidos.

Nos caso de intoxicação alimentar provocada por salmonelas, o tratamento integra medidas de caráter geral e medidas específicas. Nas de caráter geral estão o repouso e a dieta, que é fundamental. Devem ser suspensos todos os alimentos que deixem resíduos. Conforme os resultados do tratamento, o paciente poderá ingerir alimentos mais sólidos.

 

As medidas específicas consistem na administração de medicamentos antibacterianos. Contudo, nem sempre são usados. sua prescrição dependerá das observações do médico, que poderá usar antiespasmódicos, drogas antitérmicas ou antimicrobianas. 

 

Os casos graves muitas vezes exigem terapêutica especial, com o uso de doses maciças de antibióticos e reposição de sais minerais e líquidos do organismo através da hidratação parenteral, da aplicação de soro e transfusão de sangue.

 

Assistência de enfermagem:

• Implementar antibiocoterapia específica sob prescrição médica.

• Administrar medicação antiespasmódica prescrita, quando for necessário.

• Administrar antitérmicos prescritos, quando for necessário.

• Hidratação venosa ( ficar atento ao gotejamento do soro)

• Ficar atento aos sinais de desidratação.

• Controle de sinais vitais.

• Manter isolamento entérico até o exame de fezes estar negativo.

• Dieta rigorosamente prescrita, em muitos casos é suspenso todos os alimentos que deixam resíduos. 

• Oferecer líquidos, caso seja autorizado.

• Controle da temperatura e respiração.

• Colher material para exames, conforme solicitação médica.

• Manter higiene oral após cada episódio de vômito e/ou diarréia.

• Manter higiene corporal.

• Manter região anal seca.

• Uso de pomadas em caso de assaduras.

• Manter repouso no leito.

Profilaxia

A principal profilaxia no combate às salmonelas é a adoção de rigorosas  medidas de higiene.

 

medidas sanitárias:

• Notificação compulsória.

• Campanhas de prevenção para a população em geral.

• Melhoria do saneamento básico.

• Conscientização de higiene individual das pessoas que manipulam alimentos, principalmente em relação à lavagem das mãos.

• Identificar, retirar de circulação e destruir alimentos contaminados.

• Fiscalização por parte das autoridades sanitárias dos alimentos refrigerados.

• Fiscalização por partes das autoridades sanitárias dos animais destinados ao consumo popular, dos açougues e das casas que vendem alimentos.

• Exigir proteção dos alimentos expostos ao público.

• Exames periódicos nos funcionários que trabalham na área de alimentação, tanto na industrialização, fabricação, manipulação e atendimento ao público.

• Investigar diarréias em recém-nascidos, uma vez que a doença é comum antes do primeiro ano de idade.

medidas gerais:

• Lavar sempre as mãos antes das refeições.

• Lavar as mãos depois que utilizar o banheiro.

• Cozimento completo dos produtos de origem animal

• Refrigeração dos alimentos cozidos. 

• Lavar bem os ovos antes de utilizá-los, não usar ovos com rachaduras.

• Ficar atento aos produtos embutidos tipo salsichas e lingüiças.

• Evitar se possível comprar comida  para se alimentar nas ruas através de: camelôs, carrocinhas de cachorro-quente e locais suspeitos pela falta de higiene visível. 

• Evitar utilizar catchup, maionese e mostarda  em embalagens plásticas reutilizáveis.

• Evitar se possível na praia, consumir salgadinhos recheados, cachorro-quente, sanduíches naturais e alimentos que usem maionese. Esses produtos se deterioram rapidamente devido ao calor. 

• Combate ás moscas pois esses insetos funcionam como vetores.

• Proteção dos alimentos expostos.

• Colocar o lixo em sacos plásticos e em em vasilhames que tenham tampa; ao descartá-lo fechar o saco plástico.

Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte  o Glossário geral.