SARAMPO


Definição

Doença infecto-contagiosa aguda, provocada por um vírus que se espalha por todo o corpo, e afeta principalmente o aparelho respiratório. É uma das doenças que mais causam mortes em crianças menores de 2 anos no Brasil. Em países subdesenvolvidos, a mortalidade do sarampo é muito maior. Foi descoberta  em 1670, por Thomas Sydenham, que reconheceu as diferenças entre a varíola e o sarampo. 

 

A doença é de distribuição universal, mas  que pode ser erradicada com vacinação em massa da população infantil. A incidência, evolução e a letalidade pode ser influenciada pelo clima, condições sócio-econômicas,  além do estado nutricional e imunitário de cada hospedeiro. A imunidade  dos lactentes dura até o 4º e 5º mês de vida. 

Sinonímia

É uma doença também conhecida  pelos seguintes nomes:

Incidência

Agente etiológico

Vírus chamado de Paramyxovírus; família Paramixoviridae; gênero Morbillivirus; espécie sarampo. É um vírus ARN com um diâmetro de 120 a 250 nanômetros.

Fisiopatologia

Quando são aspirados o vírus do sarampo invade as células epiteliais respiratórias, seguindo para os gânglios linfáticos regionais. Após a multiplicação nestes gânglios,uma pequena quantidade do vírus invade a corrente sanguínea, dando origem à viremia  do sarampo, que é uma intensa replicação viral nos tecidos do fígado, baço, medula óssea, placas de Peyer

Após o quinto dia de infecção inicia a viremia secundária, o vírus alcança o pulmão, pele, sistema nervoso central (SNC), sendo levado pela corrente sanguínea, esse período dura em média de 10 a 12 dias para só depois iniciar os sintomas da doença. 

Fonte de infecção

O próprio doente.

Reservatório

O homem. 

Período de incubação

Em média esse período fica entre 7  a 12 dias a partir do contágio.

Período de incubação

Em média de 7  a 12 dias a partir do contágio.

Período de transmissibilidade

É transmissível  72 horas antes do período prodrômico e  não transmite mais  4 a 5 dias  depois do aparecimento das erupções.

Transmissão

Direta: através do contato direto pelas vias superiores altas (espirro, fala, tosse, saliva e secreções catarrais) ocorrendo  transmissão também pelo contato com as secreções acumulada nos olhos.

Indireta:  por objetos recém-contaminados pelas secreções do nariz ou da garganta.

Formas clínicas

Sarampo Atenuado ou Modificado:  ocorre em crianças que receberam gamaglobulina com o objetivo de atenuar a doença após contato com paciente susceptível ou em lactentes que ainda têm anticorpos maternos.

Sarampo Hemorrágico ou Negro:  raro atualmente. ocorre febre alta (41-42°C), convulsões, delírio, estupor, que progridem até o coma. Seguem-se intenso desconforto respiratório e extensa erupção hemorrágica na pele e nas membranas mucosas. É quase sempre fatal, especialmente porque se acompanha de coagulação intravascular disseminada.

Sarampo Atípico: ocorre em pessoas previamente vacinadas expostas ao sarampo natural.

Sinais e sintomas

período prodrômico ou catarral (nesse período a doença pode ser confundida com uma gripe):

·         febre alta;

·         mal-estar geral;

·         coriza;

·         rinofaringoamigdalite;

·         fotofobia;

·         conjuntivite;

·         tosse produtiva  com coriza;

·         dificuldade de ingestão;

·         estomatite;

·         Sinal de Koplik (pequenos pontos brancos, rodeadas de uma zona vermelha, que se agrupam na mucosa interna das bochechas).

período exantemático:

 

·         piora dos sintomas acima, acrescidos de prostração;

·         conjuntivite intensa e acompanhada de secreção muco-purulenta;

·         aparecimento do exantema (lesões maculopapular generalizada) característico da doença, por todo o corpo no sentido cefalo-caudal;

·         secreções das vias respiratórias superiores e dos pulmões aumenta a produção do muco;

·         voz rouca;

·         faringe e boca inflamadas, dificultando a ingestão de alimentos sólidos.

período de descamativo:

 

·         nesse período as manchas escurecem e surge a descamação fina;

·         febre e a tosse diminuem sensivelmente.

casos graves:

·         otite purulenta;

·         febre alta;

·         diarréia;

·         vômitos e anorexia que pode levar à desidratação  principalmente em crianças desnutridas.

Obs. No período exantemático é que surge as complicações sistêmicas do sarampo que em alguns casos, pode deixar seqüelas no doente.

Diagnóstico

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Presença do Sinal de Koplik.

·         Testes sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).

·         Testes virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).

ObsOs testes sorológicos e virológicos geralmente não são solicitados pelo pediatra. O quadro clínico já confirma a doença.

Diagnóstico diferencial  

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que o Sarampo não seja confundido com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico e laboratoriais, o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com o Sarampo são as seguintes: 

·         Gripe (no período inicial).

·         Exantema súbito.

·         Síndrome de Kawasaki.

·         Meningococcemia.

·         Febre maculosa.

·         Mononucleose infecciosa.

·         Doença do soro.

·         Toxoplasmose.

·         Enteroviroses exantemáticas.

·         Escarlatina.

·         Rubéola.

·         Eritema infeccioso.

·         Sífilis secundária.

·         Rriquetsioses.

·         Dengue.

·         Roseola infantum.

Tratamento

Médico especialista:  Clínico geral  ou   Pediatra.

Não existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia. O tratamento é sintomático conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências. O sarampo é uma doença com evolução clínica benigna, sendo o tratamento domiciliar.

·         Isolamento respiratório domiciliar,  para evitar infecções cruzadas, porque trata-se de uma doença contagiosa principalmente pelas vias aéreas superiores.

·         Administração de vitamina A após o início do exantema em duas doses com intervalo de 24 horas, é indicado independentemente de haver ou não deficiência nutricional, reduzindo as complicações e conseqüentemente a mortalidade.

·         Repouso no leito.

·         Dieta líquida ou branda.

·         Higiene corporal adequada para prevenir infecções bacterianas.

·         Banhos  refrescantes.

·         Álcool canforado é indicado para aliviar o prurido (coceira).

·         Antitérmicos para diminuir a hipertemia sob indicação médica.

·         Antibióticos as vezes são receitados para evitar complicações, sob prescrição médica.

·         Diminuir a iluminação do quarto, se os olhos estiverem irritados.

·         Administração por via oral da vitamina A, sob indicação médica.

·         Medicamento a base de soro fisiológico para desobstruir as narinas e  a limpeza das secreções oculares.

·         Hospitalização nos casos em que surgem complicações.

Obs:  Em alguns casos o sarampo pode ser  confundido com uma gripe, causando a broncopneumonia em crianças menores de  5 anos, sendo necessário a internação. Em alguns casos a pele fica azulada (cianose), por causa do problema respiratório, fazendo com que as manchas do sarampo  não fiquem muito visíveis. Essa complicação é chamada popularmente de sarampo recolhido, sendo uma das causas principais do óbito de crianças, relacionada ao sarampo. 

Complicações

As complicações ocorrem mais em crianças com baixa idade e desnutridas, pessoas portadoras de imunodeficiências, gestantes e  em recém-nascidos. Em pessoas que estão com tuberculose, mas que ainda não foram tratadas, o sarampo agrava mais a tuberculose pulmonar.

·         Otite média.

·         Desidratação.

·         Meningite.

·         Bronquiolites.

·         Traqueobronquites.

·         Pneumonias bacterianas, que pode evoluir até o derrame pleural.

·         Laringites obstrutiva  (crupe do sarampo).

·         Polirradiculite.

·         Encefalite.

·         Desnutrição e desidratação grave.

·         Miocardite.

·         Estomatite.

·         Gastrenterite.

·         Sinusite.

Complicações na gravidez

A mulher grávida que adquiriu o sarampo deve ficar em repouso para evitar as complicações. No feto, dependendo do período da gravidez  pode ocorrer:

·         aborto espontâneo;

·         parto prematuro;

·         morte do feto, em casos raríssimos.

Portanto é imprescindível que a mulher grávida não entre em contato de maneira nenhuma com doentes de sarampo ou com qualquer outro paciente portador de doença contagiosa. Mesmo que o paciente esteja no final do tratamento ou que esteja em período de convalescença, pois algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.

Seqüelas na criança

·         Panencefalite Esclerosante Subaguda (complicação rara e fatal que acomete o SNC, geralmente após 7 anos depois do Sarampo).

·         Cegueira.

·         Síndrome da má-absorção.

·         Surdez.

Profilaxia

Medidas sanitárias:

·         Vacinação da população infantil.

·         Notificação compulsória às autoridades sanitárias.

·         Campanhas educativas para que as mães vacinem os seus filhos.

·         Afastar a criança com sarampo, para evitar surtos nas escolas.

·         Isolamento respiratório domiciliar.

Vacinação:

·         Vacinação:  1ª dose aos 9 meses + 1 dose de reforço. No Brasil se usa mais a vacina Schwartz atenuada de  vírus vivos.

·         A vacina contra o sarampo pode dar em algumas pessoas susceptíveis uma infecção  sarampenta atenuada e é freqüente o aparecimento de febre após 5 a 10 dias  da vacinação. A vacina contra o sarampo dá uma soroconversão de 98% dos casos (IH).

·         Em adultos a vacina é pouco indicada porque a grande maioria da população já adquiriu imunidade, mas em surtos, a população adulta pode ser vacinada. 


Dúvidas sobre termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.