HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA


Definição

A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) pode ser considerada uma grave anemia hemolítica crônica adquirida, rara e de curso clínico variável. Apresenta-se com infecções recorrentes, neutropenia e trombocitopenia, e surgindo em associações com outras doenças hematológicas. A doença resulta em mutação das células tronco na medula óssea. Uma das características principais é a hematúria (presença de hemácias na urina). As complicações mais graves da doença é a trombose. Os locais mais freqüentes da trombose são as veias supra-hepáticas, cerebrais e sistemas venosos profundos dos membros.  A doença tem um alto índice de mortalidade oscilando em 35% em 5 anos e de cerca de 50% em 10 anos.

 

Incidência

·         Mais comum em adultos.

·         Maior causa de mortalidade as tromboses venosas, especialmente trombose de veias hepáticas e intra-abdominais.

·         Estima-se que cerca de 40% dos pacientes que têm a doença apresentarão algum evento trombótico ao longo de sua vida.

·         Complicações trombóticas apresentam maior incidência em pacientes latinos e afros americanos do que em orientais.

 

Causas

É causada por uma alteração ou mutação não maligna das células tronco na medula óssea, que resultam na produção de plaquetas e glóbulos vermelhos defeituosos, causando perigosos coágulos no organismo e anemia grave.  Nos indivíduos com HPN, as células tronco com o gene mutante se multiplicam muito rápido, resultando na produção de muitos glóbulos defeituosos, os quais causam a anemia e o risco sempre presente de coágulos sanguíneos no organismo.

 

Sinais e sintomas

É uma doença que tem uma grande variedade de sintomas, os quais dependem do grau de destruição de glóbulos vermelhos. É uma doença grave que pode apresentar sintomas graves que inclusive pode levar à morte do paciente.

Sintomas gerais:

·         anemia;

·         risco de coágulos sanguíneos;

·         falha renal;

·         cansaço extremo;

·         dores abdominais  fortes;

·         disfalgia (dificuldade de engolir);

·         cefaléia;

·         perda da sensação de  bem-estar reduzindo a qualidade de vida.

Sintomas devido ao surto de hemólise intravascular aguda (paroxismos):

·         hemoglobinúria (urina cor marrom-escura);

·         icterícia;

·         palidez;

·         náuseas intensas;

·         mal-estar geral;

·         apatia;

·         fadiga intensa;

·         estreitamento dos vasos sanguíneos;

·         dor no tórax;

·         dor no abdome (em algumas situações podem simular abdome agudo);

·         disfagia;

·         espasmo esofagiano;

·         aumento significativo de trombose;

·         redução de função renal;

·         disfunção erétil masculina.

 

Sintomas devidos à trombose (coágulo de sangue vai para uma veia ou artéria):

·         coágulo na veia: trombose pulmonar, cerebral, ou hepática;

·         coágulo nas artérias: infarto do coração e derrame cerebral.

 

Obs: Pacientes com HPN que já tiveram trombose  apresentam risco maior de morte.

 

Sintomas devidos às alterações neurológicas (ocorrem em uma alta percentagem de pacientes não tratados):

·         parestesias envolvendo as mãos e os pés;

·         formigamentos;

·         dores nos membros superiores e inferiores;

·         dificuldade para se levantar do leito;

·         perda do sentido de posição, acarretando distúrbios da marcha;

·         irritabilidade;

·         depressão;

·         paranóia;

·         delírio.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

·         Exames específicos de sangue.

·         Citometria de fluxo.

 

Por ser uma doença de difícil diagnóstico, a HPN pode ser encontrada em alguns tipos de doença que a ela são associadas. Indivíduos que se encontram neste grupo de risco podem ter uma probabilidade maior de ser portador também da HPN. As doenças associadas são as seguintes:

·         Anemia hemolítica adquirida  Coombs- negativo.

·         Aplasia de medula óssea.

·         Síndromes Mielodisplásicas especialmente  as de baixo risco.

·         Trombose de causa inexplicada em sítios pouco comuns.

 

Tratamento

Não existe tratamento específico para a  HPN. Por ser uma doença grave com vários sintomas, o tratamento é sintomático, isto é, a doença é tratada conforme os sintomas apresentados. 

A cura para a doença até agora é o transplante de medula óssea (Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas-TCTHa), mas a taxa de rejeição e mortalidade é considerada muito alta. Em alguns casos o transplante de medula óssea  acarreta diminuição na qualidade de vida do paciente. É necessário avaliar o risco/benefício envolvendo a opção do transplante individualmente para cada paciente com HPN.

Para o tratamento da hemólise e da anemia é necessário transfusões, terapia com ferro, ácido fólico, fatores de crescimento, andrógenos.  A hemólise pode ser monitorada pelos níveis séricos da enzima desidrogenase láctica (DHL) que é liberada em situações de destruição de hemácias.

Anticoagulação é indicada profilaticamente. Pacientes  com HPN que tiveram trombose devem ser anticoagulados pelo resto da vida.

Corticosteróides podem ser utilizados em situações específicas.

Complicações

A doença pode trazer várias complicações, já que apresenta vários sintomas. As complicações mais graves são as seguintes:

·         Síndromes mielodisplásicas.

·         Leucemia aguda.

·         Pancitopenia.

·         Hemocromatose em pacientes politransfundidos.

·         Infecções transmitidas por hemotransfusão.

·         Infecções recorrentes.

·         Aparecimento de tumores malignos sólidos.

·         Uso crônico de quelantes, devido a sobrecarga de ferro.

·         Episódios hemorrágicos graves.


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.