ANEMIA FERROPRIVA


Definição:

A Anemia Ferropriva  é a anemia causada pela diminuição anormal das reservas de ferro do organismo, tornando-se inadequadas às necessidades da eritropoese normal, tendo em vista que ocorre deficiência de ferro, quando a velocidade de perda ou de utilização do ferro excede a sua velocidade de assimilação. Inicialmente as necessidades de ferro do neonato são geralmente supridas pelas reservas adquiridas durante a vida fetal, mas após 3 a 4 meses de idade, ferro adicional deverá provir da dieta. Um balanço de ferro positivo  no bebê e nas crianças é necessário para a ótima formação das hemácias. 

 

Sinonímia:

É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:

·         Anemia por deficiência de ferro.

·         Anemia hipocrômica.

Incidência

·         A deficiência de ferro ocorre mais comumente entre as idades de 6 meses a 2 anos.

·         Pode ocorrer com freqüência durante a adolescência, principalmente nas mulheres.

 

Causa:

Essa anemia é um sinal de doença, tendo em vista que pode existir uma ou mais doenças que sejam as causas, e a deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia nos países do Terceiro Mundo. A deficiência de ferro surge quando a necessidade corporal de ferro excede o suprimento, podendo ser causada por:

·         Fontes dietéticas de ferro inadequadas.

·         Absorção gastrintestinal de ferro dificultada: doença do intestino delgado, certas ressecções gástricas.

·         Reservas inadequadas ao nascer (em prematuros, gêmeos).

·         Menos  freqüentemente, pode ser causada por doenças congênitas ou hereditárias.

·         Perda sanguínea crônica: sangramento pelo trato gastrintestinal, sangramento excessivo por menorragia, gestações múltiplas.

·         Infecções parasitárias, principalmente a Ancislostomíase.

·         Períodos de crescimento rápido nas crianças.

·         Doença crônica.

·         Síndrome de má absorção.

Resultados da deficiência de ferro no organismo

·         Formação diminuída de hemoglobina.

·         Hemácias hipocrômicas e menores no tamanho.

·         Baixo ferro sérico.

·         Baixas reservas no corpo.

·         Baixos níveis de transferrina, que se liga e transporta o ferro

Populações de risco que têm mais probabilidade de  adquirir a anemia por deficiência de ferro

·         Crianças, especialmente dos 6 aos 12 meses de idade.

·         Meninas adolescentes.

·         Mulheres em período de menstruação.

·         Mulheres em período de gestação.

Sinais e sintomas:

A sintomatologia varia de acordo com a gravidade e a rapidez na instalação da Anemia ferropriva. Os sintomas geralmente são os seguintes:

·         Astenia.

·         Cefaléia.

·         Tonteira.

·         Vertigens.

·         Inapetência.

·         Palidez-esverdeada (clorose).

·         Estomatite angular (ulcerações ou fissuras nos cantos da boca).

·         Atrofia das papilas linguais.

·         Glossite.

·         Mau hálito devido à atrofia da mucosa nasal associada a secreção de odor fétido. (ozena).

·         Adelgaçamento e achatamento das unhas.

·         Adelgaçamento dos cabelos. 

·         Nevralgias.

·         Parestesias.

·         Palpitações.

·         Taquicardia.

·         Disfagia, devido à rede mucosa na junção da hipofaringe com o esôfago, o paciente tem dificuldade para engolir alimentos.

·         Pagofagia (necessidade intensa de consumir gelo; a pagofagia pode ser um sinal de baixo nível de ferro).

·         Vontade de roer as unhas.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais de urina e fezes para detectar a presença de sangue oculto.

·         Exames de sangue específicos.

·         Ultrassonografia.

Tratamento

Objetivo:  Reposição das reservas de ferro.

Específico: existe tratamento medicamentoso específico para a Anemia ferropriva.

O tratamento  mais eficiente e adequado nos casos de Anemia ferropriva, é a administração de ferro medicamentoso, sob a forma de sais ferrosos, visando a uma melhor absorção. Quando a terapia pela via oral se mostrar inapropriada ou pouco efetiva, as preparações à base de ferro serão ministradas por via parenteral. 

Exceto em caso de gravidez, é sempre importante pesquisar a origem da causa da deficiência de ferro. A anemia pode ser sinal de uma malignidade gastrointestinal curável, de uma fibrose uterina ou de um câncer. As amostras de fezes devem ser testadas para sangue oculto.

Terapêutica com ferro oral:

·         Permite ao paciente regenerar a hemoglobina; os valores hematológicos costumam voltar ao normal entre 4 a 8 semanas. A terapia é continuada por cerca de 6 meses após a normalização dos valores sanguíneos, para refazer os estoques de ferro.

·         A escolha  do ferro depende da tolerância do paciente; absorção gastrintestinal; dosagem de acordo com a estimativa da deficiência da hemoglobina.

·         Administrar de preferência entre as refeições para  minimizar o desconforto gástrico.

·         Os dentes podem ficar tingidos pelo ferro.

·         As fezes podem ficar verde-escuras ou pretas, devido ao ferro.

Preparados orais de ferro:

·         Sulfatos ferrosos (preferíveis).

·         Gluconato ferroso.

·         Fumarato ferroso.

Efeitos colaterais dos preparados orais de ferro:

·         desconforto gástrico;

·         dor tipo cólica;

·         diarréia.

O tratamento parenteral férrico deve ser reservado apenas para os pacientes que:

·         Não tiverem tolerância ao ferro.

·         Continuamente não seguem as instruções para a medicação oral.

·         Quando  continua ocorrendo um balanço negativo de  ferro, apesar de o paciente estar tomando as doses orais máximas toleradas.

·         Não conseguem absorver o ferro pelo trato gastrintestinal.

·         Sejam portadores de doenças que os sintomas podem ser agravados pelo ferro via oral.

·         Ferro parenteral está contra-indicado em crianças sensíveis à preparação, ou em anemias que não sejam ferroprivas.

·         Ferro parenteral deve ser administrado com prudência. 

·         Deve ser injetado em um músculo grande, de preferência na região glútea, sendo que o local da injeção não deve ser massageado.

Efeitos colaterais nos  locais da injeção:

·         dor no local da injeção;

·         descoloração da pele;

·         inflamação local com linfadenopatia.

Efeitos colaterais da medicação parenteral:  toxicidade sistêmica (ocorre dentro de 10 minutos após a injeção).

·         cefaléia;

·         mialgias e artralgias;

·         náusea e vômito;

·         sudorese;

·         taquicardia;

·         broncoespasmos com dispnéia;

·         colapso circulatório, hipotensão e tonteira (caso grave).

Assistência de enfermagem:

·         Em alguns casos é necessário preparar o paciente para exames suplementares  de Retossigmoidoscopia, Colonoscopia, Enema baritado e para estudos do trato gastrintestinal superior.

·         Os  preparados de ferro devem ser dados imediatamente após as refeições, para minimizar a irritação gástrica,  posteriormente deve-se adotar um esquema com administração entre as refeições, para se obter uma absorção máxima do medicamento.

·         Alertar o paciente para a possibilidade de um certo grau de dispepsia.

·         A baixa acidez gástrica, como resultado da acloridria ou pela alta ingestão de alcalinos (antiácidos) reduz a absorção de ferro. As pessoas mais velhas tendem a apresentar acloridria.

·         Os sais de ferro alteram a coloração das fezes, essas podem adquirir uma coloração de cinza escuro para negro. Informar ao paciente.

·         A ferroterapia por via oral interfere com a absorção da tetraciclina. Os pacientes que fazem uso das duas medicações devem ser alertados e instruídos, para distanciar a dosagem ao máximo de tempo possível. 

·         Alertar o paciente e os pais das crianças que o sulfato ferroso pode depositar-se nos dentes e nas gengivas; deve ter medidas higiênicas orais freqüentes.

·         Administração de vitamina C parece aumentar a absorção de ferro, sob prescrição médica.

Dietoterapia:  Pode ser de grande ajuda para a medicação. A dietoterapia também fornece informações sobre os hábitos alimentares que podem ser eficazes na prevenção de recidivas, sempre que o tratamento por medicamentos sofra descontinuidade. Uma dieta bem balanceada fornece quantidade suficiente de ferro para a maioria das pessoas.

Mulheres grávidas exigem uma alimentação rica em ferro.  Os requerimentos de ferro neste período, não podem ser satisfeitos somente pela dieta, sendo necessária uma suplementação. Entretanto, uma mulher que inicia a gestação com um adequado suprimento orgânico de ferro, e continua a ingerir alimentos ricos em ferro, não somente necessitará doses suplementares menores como também manterá bom nível após o parto.

Atenção:  O organismo não tem  um mecanismo fisiológico para excretar o excesso de ferro. Os medicamentos devem estar fora do alcance das crianças. O uso exagerado de medicamentos que contenham ferro e de alimentos enriquecidos de ferro deverão ser evitados. O envenenamento por sais de ferro é o 4° tipo mais comum de envenenamento. Quantidades relativamente pequenas de ferro podem ser letais às crianças.


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