INFECÇÃO HOSPITALAR
Introdução
Designa-se Infecção Hospitalar as infecções relacionadas com o hospital apresentadas pelos doentes hospitalizados. São adquiridas pelos pacientes durante a permanência no hospital, quer se manifeste clinicamente enquanto estão no hospital, quer após a sua saída. Infecções apresentadas por doentes hospitalizados, mas que tenham sua origem em contaminações anteriores à internação são consideradas quadros de doença infecciosa trazidos ao hospital.
As infecções hospitalares em surtos epidêmicos surgem quando há falhas grosseiras nas medidas de esterilização e de assepsia do hospital. Baixas taxas de infecção hospitalar representam um índice geral de adequado trabalho médico, neste sentido atuam as boas técnicas cirúrgicas e assépticas.
A carência de assistência básica preventiva proporciona a superlotação dos hospitais, principalmente das unidades de ambulatório e de pronto-socorro, interferindo no atendimento daqueles casos necessariamente hospitalares e que requerem internação. O empobrecimento galopante da população, desencadeado por uma situação sócio-econômica inflacionária e recessiva, vem contribuir fortemente para o surgimento de doenças que necessitam de internação e que seriam perfeitamente prevenidas, através de melhores condições de alimentação, de habitação, de segurança no trabalho, entre outros.
Nas infecções respiratórias de origem hospitalar a pneumonia é a que tem maior prevalência nos hospitais. A pneumonia hospitalar aumenta em oito a nove dias o período de internação em unidades clínicas, e três vezes mais a permanência em UTI e o tempo de ventilação mecânica dos pacientes, provocando o aumento significativo dos custos da assistência médico-hospitalar.
A maioria das infecções é resultado do desequilíbrio entre o agente infeccioso e as defesas do hospedeiro. Portanto, a quantidade (inóculo) e a virulência dos microorganismos que entram no organismo versus a eficácia dos mecanismos locais de defesa do hospedeiro são determinantes e importantes para o desenvolvimento das infecções hospitalares.
Histórico
A infecção hospitalar está ligada na história desde o aparecimento de locais para alojar pessoas doentes. Através de documentação histórica presume-se que a IH, remonta ao ano 325 D.C. quando o Imperador Constantino convenceu os bispos do Conselho de Nicaeae a criar em cada catedral, um local específico para alojar pessoas doentes. Eram pessoas com as mais diversas enfermidades, e esse confinamento, consequentemente podia resultar em transmissão de doenças infecciosas e contagiosas entre os próprios doentes e nas pessoas que tratavam dos mesmos.
Na sociedade medieval era a Igreja que cuidava dos doentes, os hospitais eram apenas locais que serviam para abrigar doentes, pobres e inválidos. Só as pessoas com problemas e distúrbios mentais, que naquela época eram chamados de loucos, ficavam em locais diferentes, distantes e remotos. Os loucos e os portadores de qualquer doença de pele eram banidos da sociedade, e também ficavam em instalações separados dos restantes dos outros doentes.
Os avanços científicos no tratamento dos doentes foi lento e gradual durante o século XVIII. A partir da segunda metade do século XIX ocorreu muitas conquistas no campo médico, justificada pelas transformações sócio-econômicas que ocorreram neste período da História. Possivelmente, foi neste período que se iniciou o controle da infecção hospitalar exógena.
Em 1861, Semmelweis publicou seu trabalho sobre Etiologia, Conceito e Profilaxia da Febre Puerperal, que pode se afirmar que foi um dos primeiros livros sobre a IH, em que destacava a lavagem das mãos como um procedimento básico para combater a transmissão de doenças. A partir desse período, as práticas de controle de transmissão de doenças infecciosas começou a ser implementadas nos hospitais, uma variedade de técnicas de assepsia, esterilização, desinfecção e de controle ambiental foram criadas e implementadas.
Entre os anos de 1960 a 1970, as bactérias Gram-negativas foram consideradas um dos principais agentes etiológicos das IH bacterianas. A partir de 1980 as bactérias Gram-positivos e os fungos passaram a predominar. A resistência bacteriana aos antimicrobianos tornou-se uma preocupação crescente, resistência leva ao uso de novas drogas que, indiscriminadamente usadas, podem favorecer ou acelerar o aparecimento desta mesma multirresistência.
Atualmente parece haver recrudescência das bactérias Gram-negativos, por isso cada hospital deve conhecer não só as bactérias responsáveis pelas infecções em cada um dos seus setores, como também o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos.
Agentes etiológicos
Os principais agentes causais da Infecção Hospitalar são os seguintes:
Bacteroides fragilis.
Candida.
Escherichia colli.
Klebsiellas.
Mycobacterium bovis.
Mycobacterium emegmatis.
Pneumocystis carinii.
Pseudomonas aeruginosa.
Salmonelas choleraesuis.
Staphlococcus aureus.
Staphlococcus epidermis.
Staphlococcus saprophyticus.
As bactérias encontradas são patógenos potenciais, e a instalação da doença depende de fatores delas próprias; virulência, invasibilidade e toxicidade, e mais ainda, de fatores do hospedeiro, como o estado de seu sistema imunológico.
Causas
As principais causas de infecções hospitalares são:
Defeitos de infra-estrutura e nas instalações físicas do hospital.
CME (Central de Material Esterilizado) com profissionais sem treinamento correto para as técnicas de esterilização.
Manuseio pouco séptico dos doentes internados, sem as técnicas corretas por parte dos profissionais de enfermagem.
Staff hospitalar sem treinamento adequado para prevenção de infecções.
Aumento de movimentação de pacientes dentro do hospital de uma ala para outra.
Uso crescente de técnicas invasivas sem as devidas precauções para evitar a contaminação.
Aumento do números de pacientes hospitalizados suscetíveis a infecções (recém-nascidos, idosos, desnutridos, imunodeprimidos).
Antibioticoterapia excessiva, por parte dos médicos.
Esterilização inadequada de material hospitalar.
Falta de treinamento do hospital para com os seus profissionais, como medida preventiva, para evitar a infecção hospitalar.
Falta de uma comissão encarregada do controle de infecção hospitalar com poderes administrativos e executivos, sem necessitar de muita burocracia por parte da Diretoria e Administração do hospital, para implementar algumas medidas preventivas para o combate da IH.
Técnicas erradas para procedimentos invasivos tanto por parte da equipe de enfermagem como dos médicos.
Evitar a improvisação, principalmente na Emergência ou no Centro Cirúrgico, justificada por falta de material para um determinado procedimento.
Principais infecções hospitalares
A ordem pode ser alteradas dependendo do hospital e do funcionamento e eficiência do CCIH. Mas, geralmente, as principais infecções hospitalares são as seguintes:
Infecção do trato urinário (ITU).
Infecção da ferida cirúrgica.
Infecção do trato respiratório.
Bacteremias primárias.
Infecção do trato urinário:
A infecção do trato urinário (ITU) é a mais comum das infecções hospitalares. A instrumentação do trato urinário representa o fator de risco mais importante na aquisição de ITU, especialmente a sondagem vesical (80% dos casos). Pacientes com sondagem vesical sistema aberto, têm um alto risco de infecção, muito mais do que pacientes com sondagem vesical sistema fechado. Fatores associados ao paciente, que podem resultar em maior incidência de infecção hospitalar do trato urinário, relacionada ao cateter vesical:
idade avançada;
sexo feminino;
gravidez;
puerpério.
colonização do meato uretral;
urina vesical residual;
doenças subjacentes graves;
uso indiscriminado de antimicrobianos.
Agente etiológico mais comum de ITU:
Escherichia colli.
Pseudomonas
Candida.
Infecção da ferida cirúrgica:
Em muitos casos, a maioria das contaminações da ferida cirúrgica ocorrem no centro cirúrgico, dentro da sala de cirurgia ou nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Fatores predisponentes principais que contribuem para a infecção hospitalar da ferida cirúrgica são os seguintes:
potencial de contaminação da cirurgia (tipo de cirurgia);
duração da cirurgia;
condições pré-operatórias;
instrumental cirúrgico contaminado.
Infecção do trato respiratório:
A infecção do trato respiratório pode ocorrer devido a vários fatores que podem contribuir para o aparecimento da infecção hospitalar no paciente. Geralmente, a doença que surge devido à infecção hospitalar do trato respiratório é a pneumonia. Fatores que contribuem para a infecção hospitalar do trato respiratório são os seguintes:
idade;
patologia de base;
instrumentação do trato respiratório;
colonização da orofaringe com flora intestinal favorecida pela neutralização do pH do estômago e pelo uso de sondas;
procedimento e aparelhagem de endoscopia;
equipamentos de terapia respiratória;
broncoaspiração;
biópsia transbrônquica.
Bacteremias primárias:
O avanço tecnológico contribuiu para uma maior sobrevida do paciente, e introduziu também o uso de novas terapias mais invasivas, destacando-se o acesso vascular, favorecendo o aumento exponencialmente da incidência de infecções da corrente sanguínea. As bacteremias primárias são confirmadas por cultura positiva da corrente sanguínea, onde nenhum outro sitio de infecção foi achado como de origem, sendo somente estas consideradas hospitalares.
idade;
alterações dos mecanismos de defesa locais ou sistêmicos;
utilização de insumos contaminados;
emulsões lipídicas;
severidade da doença de base etc.
Tipos de infecção
Infecção exógena: ocasionada por contaminação de artigos médico-hospitalares.
Infecção endógena: é ocasionada por microorganismos da própria flora humana normal. Atualmente, ainda é difícil determinar, se uma infecção endógena foi causada por microorganismos da flora presente no paciente antes da internação, ou pela flora hospitalar por ele adquirida durante a internação, seja pelo ambiente hospitalar, pelos profissionais da área ou procedimentos.
Infecção cruzada: é aquela que é transmitida de paciente para paciente pela mesma cepa.
Obs: As infecções dos recém-nascidos são consideradas hospitalares, com exceção das transmitidas por via transplacentária, e aquelas associadas à bolsa rota com tempo superior a 24 horas. Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção são portadores de infecção hospitalar de origem, e infecção comunitária em relação ao hospital de admissão.
Reservatórios
Reservatórios são os locais onde os microorganismos podem se multiplicar, ou simplesmente sobreviver e, de onde podem ser transferidos para um novo hospedeiro. Como reservatórios de germes, pode-se destacar além do homem:
Equipamentos úmidos: como os de assistência respiratória, que podem albergar grandes quantidades de microorganismos aeróbios patogênicos gram-negativos, e os transmitem diretamente aos tratos respiratórios a que estão conectados.
Ar-condicionado: que fica na janela, pode recolher o ar do ambiente externo contaminado, concentrá-lo, e com a umidade em seu interior, pode distribuir ar intensamente carregado de germes patogênicos, para o ambiente interior.
Aparelhagem e equipamentos endoscópicos: podem provocar a formação de pontos de menor resistência e onde se implantam os agentes etiológicos, geralmente bactérias aeróbias gram-negativas, que são causadoras de graves infecções.
Material hospitalar sem a devida esterilização.
Salas de cirurgias contaminadas.
Hospedeiro suscetível
Entre os pacientes que estão internados no hospital, pode-se destacar aqueles que são mais suscetíveis a adquirir uma Infecção hospitalar:
Recém-nascido e bebês prematuros.
Queimados em grande extensão.
Irradiado.
Pacientes imunodeprimidos.
Paciente com déficit imunológico.
Distrófico.
Pacientes submetidos a cirurgia, principalmente de grande porte.
Pacientes traqueostomizados.
Paciente de UTI.
Via de transmissão
A principal via de transmissão da infecção hospitalar é a cruzada, tendo no homem o reservatório, o vetor e o receptor dos agentes causais.
Transmissão de germes pelo contato pessoal através de partículas respiratórias.
Pessoal médico e auxiliar que atuaria como um dos principais meios de transmissão, através das mãos e de instrumentos de uso habitual contaminados.
Obs: As mãos de funcionários e os equipamentos utilizados por estes, com finalidade terapêutica ou diagnóstica, podem ser um dos maiores veículos ou reservatórios de infecção, dentro de um ambiente hospitalar.
Fatores predisponentes
São aqueles fatores que aumentam o risco do paciente desenvolver a infecção hospitalar, pois comprometem ou eliminam a ação dos mecanismos de defesa e facilitam o desenvolvimento da infecção. Estes fatores podem ser individuais (intrínsecos) ou estão relacionados com a hospitalização (extrínsecos).
Fatores individuais:
Capacidade orgânica e imunitária baixa dos doentes que permite a invasão, desenvolvimento e disseminação dos germes no hospedeiro.
Extremos etários (recém-nascidos ou idosos em idade bem avançada).
Erros nutricionais (pacientes obesos ou desnutridos).
Pacientes que fazem uso de drogas endovenosas (cocaína).
Pacientes que fazem uso de drogas inalantes (maconha, crack).
Pacientes com histórico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Pacientes com doença neurológica com alteração do nível de consciência.
Pacientes com diminuição dos reflexos das vias aerodigestivas superiores.
Pacientes que têm histórico de uso diário de cigarro.
Pacientes que têm histórico de uso diário de álcool.
Fatores hospitalares:
Pacientes com cateterismos vasculares e urinários durante um longo tempo.
Pacientes traqueostomizados.
Pacientes submetidos a tratamentos imunodepressivos de doenças que ajudam o enfraquecimento das defesas imunitárias do organismo.
Uso de antimicrobianos.
Pacientes submetidos a cirurgia de grande porte.
Pacientes que são submetidos a terapêutica com drogas depressoras do Sistema Nervoso Central.
Pacientes em uso contínuo de dispositivos para assistência ventilatória.
Pacientes submetidos a alimentação por sondas digestivas durante um período longo.
Pacientes entubados.
Pacientes que dependem da instrumentação do trato respiratório.
Pacientes em extremos etários que necessitam de nebulizadores e sondas de aspiração, esse aparelhos são os que mais oferecem risco de desencadear uma infecção hospitalar respiratória.
Pacientes que necessitam de UTI neonatal, adulto e pediátrica.
A Infecção Hospitalar e o paciente cirúrgico
O paciente cirúrgico é um dos mais susceptíveis à aquisição de infecção hospitalar. A intervenção cirúrgica ainda se caracteriza como um dos procedimentos cirúrgicos mais invasivos e agressivos. O paciente cirúrgico não está sujeito somente a uma infecção da ferida cirúrgica, normalmente o período peri-operatório que inclui o preparo pré-operatório, os períodos trans e pós-operatórios implicam em outros procedimentos invasivos, além da incisão cirúrgica, como cateterização, punções, entubação com assistência ventilatória, tricotomia, sonda naso-gástrica etc. Em muitos casos a maioria das contaminações da ferida cirúrgica ocorrem no centro cirúrgico, dentro da sala de cirurgia ou nas primeiras 24 horas após a cirurgia.
Mas a infecção hospitalar no paciente cirúrgico também pode vir de outras fontes não invasivas, como instrumental cirúrgico que já vem contaminado do CME (Central de Material Esterilizado), degermação das mãos e antebraços de um dos componentes da equipe médica sem a técnica correta, colocação das luvas sem a técnica correta, colocação de campos cirúrgicos sem técnica apropriada, anti-sepsia pré-operatória da pele do paciente sem a técnica correta, falhas de técnica cirúrgica por parte dos médicos, improvisação no decorrer da cirurgia por parte dos médicos, número e trânsito excessivo de pessoas na sala de cirurgia, excesso de estagiários no campo operatório e falta de uma enfermeira no CC para identificar os erros, contribui muito para a proliferação da infecção hospitalar no Centro Cirúrgico.
Em muitos centros cirúrgicos, principalmente aqueles de hospital de porte pequeno ou de clínicas de porte médio e pequeno, que têm centro cirúrgico, a enfermeira do centro cirúrgico, tem uma papel mais administrativo, ficando sobrecarregada de funções administrativas e, é humanamente impossível, que uma só pessoa, possa dar conta de todo um centro cirúrgico e o CME, e ao mesmo tempo possa supervisionar as salas de cirurgia e funcionários.
Existem muitos casos de clínicas particulares, que nem uma enfermeira no centro cirúrgico tem disponível ou contratada, a unidade fica a cargo de auxiliares de enfermagem, que fazem todo o serviço do centro cirúrgico, sem a supervisão capacitada de uma enfermeira.
Em muitos hospitais e clínicas, principalmente particulares, o centro cirúrgico não tem enfermeira, no turno da noite, o que ajuda indiretamente ao aumento dos casos de infecção hospitalar, no paciente cirúrgico. Nesses casos particulares, quando ocorre alguma intercorrência ou emergência, a enfermeira que fica de plantão nos andares, é quem vai dá o apoio ao centro cirúrgico, caso seja necessário. Mas, quando acontece a emergência, e se necessita desses profissionais, geralmente esses centros hospitalares ou clínicas, requisitam o pessoal que está nos andares, enfermeira ou auxiliares de enfermagem, que não têm o treinamento especializado para dar apoio ao centro cirúrgico. Essa requisição de funcionários de um setor para dar apoio a outro, causa um atraso na rotina hospitalar que pode refletir no turno da manhã.
Existe uma improvisação, em muitos casos rotineira, de funcionários não qualificados para tapar buracos, no centro cirúrgico, durante a noite. Infelizmente, isso é rotina em muitos hospitais de médio e pequeno porte, e em clínicas particulares que atendem emergências à noite. E o que acontece à noite, reflete no turno do dia, particularmente em relação à infecção hospitalar.
Estudos comprovam e indicam que a infecção hospitalar é mais disseminada no turno da noite, porque a vistoria, vigilância e os cuidados são menos cobrados e observados, tanto pelos enfermeiros dos setores como pelos profissionais da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). As ações contra a infecção hospitalar, funcionam mais e são muito mais eficientes durante o dia e parte da noite, geralmente, entre 07:00 horas da manhã até às 21:00 horas. Depois desse horário em determinados centros cirúrgicos, que existem por aí, a improvisação é uma constante.
Muitos componentes do CCIH, em relação a determinados hospitais, esquecem que existe o turno da noite dentro dos hospitais, e a mesma eficiência que é notada no turno do dia, geralmente, não funciona no turno da noite. Essa situação ocorre, devido à falta de fiscalização por parte desses profissionais, durante o turno da noite.
Locais críticos
Os locais mais críticos para se adquirir uma infecção hospitalar são os seguintes:
Salas de internação.
Salas de observação.
Enfermarias.
Sala de curativos.
Berçários.
UTI.
Centro Cirúrgico, principalmente nas salas de cirurgia.
Centro e enfermarias de queimados.
Medidas profiláticas para controle
O controle da Infecção Hospitalar depende tanto do Hospital como dos profissionais que lá trabalham.
Área de internação:
Criação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Avaliar criteriosamente a indicação do internamento hospitalar.
Evitar a permanência desnecessária do paciente no hospital.
Não retardar a alta hospitalar.
Cuidados das equipes de atendimento para não carregarem germes de uns para outros doentes, adotando cuidados de lavagem das mãos e técnicas de atendimento que limitem a propagação de germes.
Conscientizar os profissionais do setor de enfermagem para não transferir equipamentos, principalmente respiratórios e invasivos, de um paciente para outro.
Evitar internações prolongadas com a conseqüente aquisição da flora hospitalar pelos doentes.
Exames preventivos de saúde nos funcionários regularmente.
Modernização do equipamento para esterilização.
Manutenção periódica dos equipamentos de esterilização.
Rigorosas medidas de assepsia e anti-sepsia, particularmente nas salas de maior risco (áreas críticas).
Utilização de anti-sépticos e germicidas de alta eficácia.
Associar antifúngicos para a higiene oral nos RN ou crianças com quadro infeccioso grave, quando a antibioticoterapia se estender por mais de 7 dias.
Área física do hospital:
Instalar centrais de ar condicionado e filtrado em fluxos laminares para salas de cirurgia, de terapia intensiva e outros locais com a necessidade de condições assépticas estritas.
Substituir se possível o ar condicionado do tipo janela por centrais de ar condicionado.
Limpar periodicamente os filtros do ar condicionado de janela.
Medidas de controle e prevenção das Pneumonias Bacterianas Hospitalares
Orientações gerais:
Fisioterapia respiratória.
Tratamento das doenças de base e suas complicações.
Uso racional e adequado de antibióticos.
Indicação criteriosa para alimentação por sondas digestivas.
Remoção precoce da sonda nasogástrica e extubação traqueal.
Profilaxia da úlcera de estresse, quando necessária, com sucralfate.
Manutenção do decúbito elevado.
Imunoprofilaxia.
Descontaminação seletiva do trato digestivo.
Ações de controle:
Vigilância na UTI.
Educação continuada dos profissionais da instituição.
Técnica correta de intubação e aspiração traqueal.
Lavagem das mãos (uso de luvas, quando necessário).
Desinfecção de materiais de assistência ventilatória.
Adequação das normas de isolamento.
Cuidados com equipamentos:
Restringir o uso de nebulizadores (optar, nas indicações, por umidificadores).
Troca dos circuitos de ventiladores mecânicos a cada 48 horas.
Retirada adequada do condensado do equipo.
Não transferir o equipamento entre pacientes.
Uso seletivo de trocadores de calor/umidade e os filtros respiratórios.
Medidas de controle e prevenção para os visitantes
As pessoas que vão visitar o paciente no hospital também pode contribuir para o controle da Infecção hospitalar, tomando alguns cuidados básicos de prevenção:
Lave as mãos, antes e após o contato com qualquer paciente.
Evite visitas hospitalares quando estiver com algum tipo de infecção como: diarréia, gripe, dor na garganta, febre, doenças de pele, doença respiratória aguda, etc.
Não sente ou deite na cama do paciente.
Não traga alimentos e/ou frutas para o paciente.
Evite aglomerações de pessoas no quarto do paciente.
Nunca manuseie sonda, catéteres, soros e/ou artigos e equipamentos que o paciente estiver em uso.
Não faça visitas a outros pacientes internados, sem antes comunicar à equipe de enfermagem.
Use máscara, capa e luvas ao entrar em contato com algum paciente, em isolamento, conforme orientação da equipe de enfermagem.
Evite tossir perto do paciente.
Nunca manipule sangue e/ou secreções do paciente.
Com esses cuidados preventivos, você estará se protegendo e ao mesmo tempo protegendo o paciente.
Considerações gerais
Algumas bactérias com alterações genéticas sempre escaparão aos antibióticos. É ingênuo considerar suficiente apenas aguardar que se desenvolvam novos antibacterianos. Trata-se de um processo longo e dispendioso, e a resistência às novas drogas inevitavelmente surgirá. Uma medida adicional é o criterioso emprego dos medicamentos existentes.
A esta se pode também somar uma orientação da OMS, para conter o avanço de organismos resistentes, a que propõe melhorar a higiene hospitalar, a higiene dos funcionários do hospital, e mais especificamente a lavagem das mãos, por exemplo, com água e sabão comum ou detergente, complementada com a aplicação de solução alcoólica, remove a maior parte dos micróbios transitórios e deve ser realizada antes e depois do contato com cada paciente. À medida que os antibióticos são introduzidos vão surgindo microorganismos mais resistentes, exigindo-se uma nova postura dos profissionais da área de saúde. Enfatizando a necessidade de fazer um eficiente programa de vigilância epidemiológica e do uso de agentes antimicrobianos.
Os germes são os causadores da infecção hospitalar, mas o homem também dá uma parcela muito grande, para que essa infecção prossiga sem interferência humana. Quando ocorre a interferência humana, nesses casos particulares, é para tratar do paciente já com a infecção hospitalar instalada.
A ocorrência de uma infecção hospitalar não indica necessariamente, que o hospital ou sua equipe tenha cometido um erro na assistência prestada ao paciente. As medidas preventivas atuais ainda não conseguem evitar que os pacientes adquiram infecções hospitalares. A responsabilidade médico-legal com relação à Infecção hospitalar ocorre quando se pode demonstrar que os médicos ou a equipe hospitalar, foram negligentes no cumprimento dos padrões apropriados de tratamento, e que uma infecção hospitalar resultou de um desempenho incompatível com os padrões vigentes na instituição.
Atualidades
Centenas de pacientes são vítimas de uma falha grave em procedimentos cirúrgicos, por falta de limpeza dos equipamentos. A infecção que tem atingido diversos pacientes é provocada pela Mycobacterium abscessus, microorganismo que vive no ambiente e só causa danos quando entra no corpo humano. A infecção provoca lesões avermelhadas na pele, que se transformam em feridas. Nos pacientes com baixa imunidade, pode comprometer órgãos e levar à morte. O superintendente de vigilância da saúde do Rio, diz que a contaminação ocorreu em 44 hospitais públicos e privados do Estado. Uma equipe do Ministério da Saúde está no Rio há um mês, investigando os casos e avaliando as medidas adotadas pelo governo estadual. Segundo o ministério, nos outros estados a doença já foi controlada.
Dúvidas de termos técnicos, consulte o glossário específico de Infecção Hospitalar.