Doenças
pulmonares ocupacionais
As doenças dos pulmões acontecem em
numerosas profissões como resultado da exposição a poeiras orgânicas e
inorgânicas (minerais) e a gases nocivos (fumaças e aerossóis). Os
efeitos da inalação desses materiais dependem da composição das substâncias,
sua concentração e sua capacidade de iniciar uma resposta imune, suas
propriedades irritantes, da duração da exposição e da resposta ou
susceptibilidade do indivíduo ao irritante. O tabagismo pode trazer ainda mais complicações aos portadores
da Beriliose.
Sinonímia
A
doença também é conhecida como Doença do Berílio.
Classificação
·
Aguda: o aparecimento da doença é abrupto. Ocorre
com uma grave inflamação dos pulmões. A forma aguda é rara.
·
Crônica: a doença demora anos para se desenvolver
até causar os sintomas.
Grupo de risco
·
Trabalhadores de indústria que usam ligas de
berílio;
·
Garimpeiros e lapidadores de berílio;
·
Pessoas que vivem próximas a refinarias de berílio
podem desenvolver a Beriliose.
Causas
A
doença é causada pela inalação de partículas de berílio tanto na forma de
partículas ou vapor.
Sinais e sintomas
Os
primeiros sintomas da doença são associados a um desenvolvimento gradual e
lento de tosse, dificuldade, cansaço e
sudorese noturna.
Forma aguda: na
exposição intensa e aguda à poeira ou vapor de berílio metálico, os
sintomas se apresentam de forma súbita,
ocorrendo a pneumonite e em muitos casos a pessoa tem alergia ao berílio:
·
Tosse seca forte;
·
Dificuldade respiratória;
·
Perda rápida de peso;
·
Erupções cutâneas;
·
Olhos com vermelhidão e irritação.
Forma crônica: na
exposição crônica e prolongada a doses baixas do berílio, os sintomas se
desenvolvem gradativamente durante anos; em alguns casos de 10 a mais de 40
anos após a exposição ao berílio.
·
Astenia (cansaço);
·
Dor no peito;
·
Dispneia progressiva (dificuldade respiratória);
·
Perda de peso;
·
Sudorese noturna;
·
Tosse seca.
Obs: Na forma
crônica da doença ocorre a formação de granulomas no corpo, principalmente nos
pulmões.
Diagnóstico
·
Anamnese.
·
Histórico de exposição ao berílio.
·
Broncoscopia com biópsia.
·
Exames laboratoriais para detectar reação alérgica
ao berílio.
·
Raio X.
·
Tomografia Computadorizada do tórax.
·
Testes de reação imune ao berílio.
Diagnóstico diferencial
O
diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Beriliose não seja confundida
com outras patologias com quadro semelhante.
·
Enfisema
pulmonar.
·
Pneumonia
intersticial.
·
Sarcoidose.
Tratamento
Médicos
especialistas: Pneumologista e Infectologista.
Especifico: na forma aguda existe tratamento medicamentoso; quando o paciente já está com a forma crônica da doença e debilitado com insuficiência respiratória o tratamento é sintomático, isto é, conforme os sintomas apresentados.
·
Tratamento
medicamentoso: corticosteroide oral.
·
Medicamentos para o
tratamento da Insuficiência ventricular direita podem ser necessários.
·
Terapia de oxigênio
suplementar.
·
Reabilitação
Pulmonar.
·
Ventilação
mecânica pode ser necessária nos casos da forma aguda.
Se não for diagnosticada e
tratada precocemente, a forma crônica da doença pode evoluir até chegar ao
óbito.
Obs: No estágio final da doença na
forma crônica pode ser necessário transplante de pulmão.
Prognóstico:
A Beriliose crônica pode resultar em perda progressiva da função respiratória. Com o tempo a Beriliose crônica pode evoluir também para uma hipertensão pulmonar e a insuficiência cardíaca direita. Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a forma grave da Beriliose pode evoluir até chegar ao óbito.
Complicações
Quando
não tratada a Beriliose pode evoluir para um tipo de insuficiência cardíaca
chamada (cor pulmonale).
Prevenção
A prevenção para não ter a Beriliose é não ser
exposto ao berílio. Em situações em que
os trabalhadores não podem evitar o contato é tentar limitar a exposição ao
berílio a níveis mais baixos possíveis.
Vigilância dos trabalhadores expostos.
Usar equipamentos de proteção.
Doenças ocupacionais do
sistema respiratório relacionadas com o trabalho
Nessa
relação destaca-se a doença ocupacional do sistema respiratório e os tipos de
trabalho ou fatores de risco de natureza ocupacional:
Bronquiolite Obliterante
Crônica, Enfisema Crônico Difuso, Fibrose Pulmonar Crônica: Afecções
respiratórias crônicas devidas à inalação de gases, fumos, vapores e
determinadas substâncias químicas:
·
Arsênico e seus
compostos arsenicais.
·
Berílio e seus compostos.
·
Bromo.
·
Cádmio ou seus
compostos.
·
Gás Cloro.
·
Flúor e seus compostos.
·
Solventes halogenados
irritantes respiratórios.
·
Iodo.
·
Manganês e seus
compostos tóxicos.
·
Cianeto de hidrogênio.
·
Ácido Sulfídrico
(Sulfeto de hidrogênio).
·
Carbetos de metais
duros.
·
Amônia.
·
Anidrido sulfuroso.
·
Névoas e aerossóis de
ácidos minerais.
·
Acrilatos.
·
Selênio e seus
compostos.
Asbestose:
·
Operários
que mineram, moem ou manufaturam amianto.
·
Operários
da construção civil que instalam ou removem materiais que contém amianto.
Asma
ocupacional:
·
Indivíduos
que trabalham com cereais, madeira de cedro vermelho ocidental, sementes de
rícino, corantes, antibióticos, resinas de epóxi, chá e enzimas utilizadas na
manufatura de detergentes, malte e objetos de couro.
Beriliose:
·
Trabalhadores da indústria
aeroespacial.
Bissinose
·
Operários
que trabalham com algodão, cânhamo, juta e linho.
Doença do
enchedor de silo:
·
Fazendeiros
e operários que trabalham enchendo silos.
Pneumoconiose
benigna:
·
Soldadores.
·
Mineiros
de ferro.
·
Operários
que trabalham com bário.
·
Operários
que trabalham com estanho.
Pulmão
negro:
·
Mineiros
de carvão.
Silicose:
·
Mineiros
de chumbo, cobre, prata e ouro.
·
Determinados
mineiros de carvão (ex: os peneiradores que trabalham imediatamente sobre os
veios de carvão).
·
Operários
de fundição.
·
Ceramistas
e oleiros.
·
Cortadores
de arenito ou de granito.
·
Operários
que trabalham na construção de túneis.
·
Trabalhadores
da indústria de sabões abrasivos.
·
Trabalhadores
que utilizam jatos de areia.
Doenças do sistema
respiratório e os agentes etiológicos
Nessa
relação destacam-se as doenças respiratórias, e os seus possíveis agentes
etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional:
Beriliose:
·
Exposição ocupacional a poeiras de
berílio e seus compostos tóxicos.
Bissinose,
devidas a outras poeiras orgânicas especificadas:
·
Exposição
ocupacional a poeiras de algodão, linho, cânhamo, sisal.
Bronquite e Pneumonite
devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (Bronquite Química Aguda):
·
Berílio e seus compostos tóxicos.
·
Bromo.
·
Cádmio ou seus
compostos.
·
Gás Cloro.
·
Flúor ou seus compostos
tóxicos.
·
Solventes halogenados
irritantes respiratórios.
·
Iodo.
·
Manganês e seus
compostos tóxicos.
·
Cianeto de hidrogênio.
Derrame
pleural:
·
Exposição ocupacional a poeiras de
asbesto ou amianto.
Doenças
Pulmonares Obstrutivas Crônicas: Asma Obstrutiva; Bronquite Crônica;
Bronquite Asmática; Bronquite Obstrutiva Crônica:
·
Cloro gasoso.
·
Exposição ocupacional à
poeira de sílica livre.
·
Exposição ocupacional a
poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal.
·
Amônia.
·
Anidrido sulfuroso.
·
Névoas e aerossóis de
ácidos minerais.
·
Exposição ocupacional a
poeiras de carvão mineral.
Enfisemas
intestinais:
·
Cádmio
ou seus compostos.
Estanhose:
·
Exposição
ocupacional a poeiras de estanho.
Faringite
Aguda, não especificada ("Angina Aguda", "Dor de
Garganta"):
·
Bromo.
·
Iodo.
Faringite
crônica:
·
Bromo.
Laringotraqueíte
Aguda:
·
Bromo.
·
Iodo.
Laringotraqueíte
Crônica:
·
Bromo.
Perfuração
do Septo Nasal:
·
Arsênio e seus compostos
arsenicais.
·
Cromo e seus compostos
tóxicos.
Pneumoconiose
associada com Tuberculose ("Silico-Tuberculose"):
·
Exposição
ocupacional a poeiras de sílica-livre.
Pneumoconiose
devida ao Asbesto (Asbestose) e a outras fibras minerais:
·
Exposição
ocupacional a poeiras de asbesto ou amianto.
Pneumoconiose
devida à poeira de Sílica (Silicose):
·
Exposição
ocupacional a poeiras de sílica-livre.
Pneumoconiose
devida a outras poeiras inorgânicas especificadas:
·
Exposição ocupacional a
poeiras de carboneto de tungstênio.
·
Exposição ocupacional a
poeiras de carbetos de metais duros (Cobalto, Titânio, etc.).
·
Exposição ocupacional a
rocha fosfática.
·
Exposição ocupacional a poeiras
de alumina ("Doença de Shaver").
Pneumoconiose
dos Trabalhadores do Carvão:
·
Exposição ocupacional a
poeiras de carvão mineral.
·
Exposição ocupacional a
poeiras de sílica-livre.
Pneumonite
por Hipersensibilidade a Poeira Orgânica: Pulmão do Granjeiro (ou Pulmão do Fazendeiro); Bagaçose; Pulmão
dos Criadores de Pássaros; Suberose; Pulmão dos Trabalhadores de Malte; Pulmão dos que Trabalham com
Cogumelos; Doença Pulmonar Devida a Sistemas de Ar Condicionado e de
Umidificação do Ar; Pneumonites de Hipersensibilidade Devidas a Outras Poeiras
Orgânicas; Pneumonite de Hipersensibilidade Devida a Poeira Orgânica não
especificada (Alveolite Alérgica Extrínseca SOE; Pneumonite de
Hipersensibilidade SOE:
·
Exposição ocupacional a poeiras contendo microorganismos e
parasitas infecciosos vivos e seus produtos tóxicos.
·
Exposição ocupacional a outras poeiras orgânicas.
Pneumonite por Radiação (manifestação aguda) e Fibrose
Pulmonar Conseqüente a Radiação (manifestação crônica):
·
Radiações ionizantes.
Rinites
Alérgicas:
·
Carbonetos metálicos de tungstênio sintetizados.
·
Cromo e seus compostos tóxicos.
·
Poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal.
·
Acrilatos.
·
Aldeído fórmico e seus polímeros.
·
Aminas aromáticas e seus derivados.
·
Anidrido ftálico.
·
Azodicarbonamida.
·
Carbetos de metais duros: cobalto e titânio.
·
Enzimas de origem animal, vegetal ou bacteriano.
·
Furfural e Álcoól Furfurílico.
·
Isocianatos orgânicos.
·
Níquel e seus compostos.
·
Pentóxido de vanádio.
·
Produtos da pirólise de plásticos, cloreto de vinila, teflon.
·
Sulfitos, bissulfitos e persulfatos.
·
Medicamentos: macrólidos; ranetidina ; penicilina e seus sais;
cefalosporinas.
·
Proteínas animais em aerossóis.
·
Outras substâncias de origem vegetal (cereais, farinhas, serragem,
etc.).
·
Outras substâncias químicas sensibilizantes da pele e das vias respiratórias.
Rinite
crônica:
·
Arsênico e seus
compostos arsenicais.
·
Cloro gasoso.
·
Cromo e seus compostos
tóxicos.
·
Gás de flúor e Fluoreto
de Hidrogênio.
·
Amônia.
·
Anidrido sulfuroso.
·
Cimento.
·
Fenol e homólogos.
·
Névoas de ácidos
minerais.
·
Níquel e seus compostos.
·
Selênio e seus
compostos.
Siderose:
·
Exposição
ocupacional a poeiras de ferro.
Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS):
·
Bromo.
·
Cádmio ou seus
compostos.
·
Gás Cloro.
·
Solventes halogenados
irritantes respiratórios.
·
Iodo.
·
Cianeto de hidrogênio.
·
Amônia.
Sinusite
crônica:
·
Bromo.
·
Iodo.
Transtornos
respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido conjuntivo, classificadas
em outra parte: "Síndrome de Caplan":
·
Exposição ocupacional a
poeiras de Carvão mineral.
·
Exposição ocupacional a
poeiras de Sílica livre.
Ulceração
ou Necrose do Septo Nasal:
·
Arsênio e seus compostos
arsenicais.
·
Cádmio ou seus
compostos.
·
Cromo e seus compostos
tóxicos.
·
Soluções e aerossóis de Ácido Cianídrico e seus derivados.
Bibliografia
BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho. Manual
de procedimentos para os serviços de saúde/Ministério da Saúde do Brasil.
Elizabeth Costa Dias
(org),. Sériei A. Normas e Manuais Técnicos; n.
114. Brasília/DF, 2001.
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Dúvidas de expressões
e termos técnicos consulte o Glossário geral.