BERILIOSE


 

Doenças pulmonares ocupacionais

As doenças dos pulmões acontecem em numerosas profissões como resultado da exposição a poeiras orgânicas e inorgânicas (minerais) e a gases nocivos (fumaças e aerossóis).  Os efeitos da inalação desses materiais dependem da composição das substâncias, sua concentração e sua capacidade de iniciar uma resposta imune, suas propriedades irritantes, da duração da exposição e da resposta ou susceptibilidade do indivíduo ao irritante. O tabagismo pode  trazer ainda mais complicações aos portadores da Beriliose.

Definição

A Beriliose ou a Granulomatose Pulmonar Crônica é uma doença pulmonar causada pela exposição e inalação de pó ou vapores que contenham o berílio. A Beriliose é classificada como doença profissional. O berílio é um elemento químico, altamente tóxico que pode causar graves lesões nos pulmões.  A maior reserva de berílio no mundo está nos Estados Unidos.

O berílio é um elemento alcalino-terroso, bivalente, tóxico, de coloração cinza e não é radioativo. É usado em giroscópios e guias inerciais de mísseis e foguetes, reatores atômicos, tubos de Raios X, equipamentos de informática, molas de relógio, etc. A Beriliose é considerada uma forma rara de pneumoconiose. No contato com a pele pode causar eczema e ulcerações.

Atualmente a doença ocorre mais em trabalhadores da indústria aeroespaciais­ e nucleares. É uma doença que pode levar à morte caso não seja tratada. O berílio e seus sais são potencialmente cancerígenos.

 

Sinonímia

A doença também é conhecida como Doença do Berílio.

 

Classificação

·         Aguda: o aparecimento da doença é abrupto. Ocorre com uma grave inflamação dos pulmões. A forma aguda é rara.

·         Crônica: a doença demora anos para se desenvolver até causar os sintomas.

 

Grupo de risco

·         Trabalhadores de indústria que usam ligas de berílio;

·         Garimpeiros e lapidadores de berílio;

·         Pessoas que vivem próximas a refinarias de berílio podem desenvolver a Beriliose.

 

Causas

A doença é causada pela inalação de partículas de berílio tanto na forma de partículas ou vapor.

 

Sinais e sintomas

Os primeiros sintomas da doença são associados a um desenvolvimento gradual e lento de tosse,  dificuldade, cansaço e sudorese noturna.

Forma aguda: na exposição intensa e aguda à poeira ou vapor de berílio metálico, os sintomas  se apresentam de forma súbita, ocorrendo a pneumonite e em muitos casos a pessoa tem alergia ao berílio:

 

·         Tosse seca forte;

·         Dificuldade respiratória;

·         Perda rápida de peso;

·         Erupções cutâneas;          

·         Olhos com vermelhidão e irritação.

 

Forma crônica: na exposição crônica e prolongada a doses baixas do berílio, os sintomas se desenvolvem gradativamente durante anos; em alguns casos de 10 a mais de 40 anos após a exposição ao berílio.

·         Astenia (cansaço);

·         Dor no peito;

·         Dispneia progressiva (dificuldade respiratória);

·         Perda de peso;

·         Sudorese noturna;

·         Tosse seca.

Obs: Na forma crônica da doença ocorre a formação de granulomas no corpo, principalmente nos pulmões.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Histórico de exposição ao berílio.

·         Broncoscopia com biópsia.

·         Exames laboratoriais para detectar reação alérgica ao berílio.

·         Raio X.

·         Tomografia Computadorizada do tórax.

·         Testes de reação imune ao berílio.

 

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Beriliose não seja confundida com outras patologias com quadro semelhante.

·         Enfisema pulmonar.

·         Pneumonia intersticial.

·         Sarcoidose.

Tratamento

Médicos especialistas: Pneumologista e Infectologista.

Especifico: na forma aguda existe tratamento medicamentoso; quando o paciente já está com a forma crônica da doença e debilitado com insuficiência respiratória o tratamento é sintomático, isto é, conforme os sintomas apresentados.

·         Tratamento medicamentoso: corticosteroide oral.

·         Medicamentos para o tratamento da Insuficiência ventricular direita podem ser necessários.

·         Terapia de oxigênio suplementar.

·         Reabilitação Pulmonar.

·         Ventilação mecânica pode ser necessária nos casos da forma aguda.

Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a forma crônica da doença pode evoluir até chegar ao óbito.

Obs: No estágio final da doença na forma crônica pode ser necessário transplante de pulmão.

Prognóstico:

A Beriliose crônica pode resultar em perda progressiva da função respiratória. Com o tempo a Beriliose crônica pode evoluir também para uma hipertensão pulmonar e a insuficiência cardíaca direita. Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a forma grave da Beriliose pode evoluir até chegar ao óbito.

Complicações

Quando não tratada a Beriliose pode evoluir para um tipo de insuficiência cardíaca chamada (cor pulmonale).

 

Prevenção

A prevenção para não ter a Beriliose é não ser exposto ao berílio.  Em situações em que os trabalhadores não podem evitar o contato é tentar limitar a exposição ao berílio a níveis mais baixos possíveis.

Vigilância dos trabalhadores expostos.

Usar equipamentos de proteção.

 

Doenças ocupacionais do sistema respiratório relacionadas com o trabalho

Nessa relação destaca-se a doença ocupacional do sistema respiratório e os tipos de trabalho ou  fatores de risco  de natureza ocupacional:

Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso, Fibrose Pulmonar Crônica: Afecções respiratórias crônicas devidas à inalação de gases, fumos, vapores e determinadas substâncias químicas:

·         Arsênico e seus compostos arsenicais.

·         Berílio e seus compostos.

·         Bromo.

·         Cádmio ou seus compostos.

·         Gás Cloro.

·         Flúor e seus compostos.

·         Solventes halogenados irritantes respiratórios.

·         Iodo.

·         Manganês e seus compostos tóxicos.

·         Cianeto de hidrogênio.

·         Ácido Sulfídrico (Sulfeto de hidrogênio).

·         Carbetos de metais duros.

·         Amônia.

·         Anidrido sulfuroso.

·         Névoas e aerossóis de ácidos minerais.

·         Acrilatos.

·         Selênio e seus compostos.

 

Asbestose:

·         Operários que mineram, moem ou manufaturam amianto.

·         Operários da construção civil que instalam ou removem materiais que contém amianto.

 

Asma ocupacional:

·         Indivíduos que trabalham com cereais, madeira de cedro vermelho ocidental, sementes de rícino, corantes, antibióticos, resinas de epóxi, chá e enzimas utilizadas na manufatura de detergentes, malte e objetos de couro.

 

Beriliose:

·         Trabalhadores da indústria aeroespacial.

 

Bissinose

·         Operários que trabalham com algodão, cânhamo, juta e linho.

 

Doença do enchedor de silo:

·         Fazendeiros e operários que trabalham enchendo silos.

 

Pneumoconiose benigna:

·         Soldadores.

·         Mineiros de ferro.

·         Operários que trabalham com bário.

·         Operários que trabalham com estanho.

 

Pulmão negro:

·         Mineiros de carvão.

 

Silicose:

·         Mineiros de chumbo, cobre, prata e ouro.

·         Determinados mineiros de carvão (ex: os peneiradores que trabalham imediatamente sobre os veios de carvão).

·         Operários de fundição.

·         Ceramistas e oleiros.

·         Cortadores de arenito ou de granito.

·         Operários que trabalham na construção de túneis.

·         Trabalhadores da indústria de sabões abrasivos.

·         Trabalhadores que utilizam jatos de areia.

 

Doenças do sistema respiratório  e os agentes etiológicos

Nessa relação destacam-se as doenças respiratórias,  e os seus possíveis agentes etiológicos ou fatores de risco  de natureza ocupacional:

Beriliose:

·         Exposição ocupacional a poeiras de berílio e seus compostos tóxicos.

 

Bissinose, devidas a outras poeiras orgânicas especificadas:

·         Exposição ocupacional a poeiras de algodão, linho, cânhamo, sisal.

Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (Bronquite Química Aguda):

·         Berílio e seus compostos tóxicos.

·         Bromo.

·         Cádmio ou seus compostos.

·         Gás Cloro.

·         Flúor ou seus compostos tóxicos.

·         Solventes halogenados irritantes respiratórios.

·         Iodo.

·         Manganês e seus compostos tóxicos.

·         Cianeto de hidrogênio.

Derrame pleural:

·         Exposição ocupacional a poeiras de asbesto ou amianto.

Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas:  Asma Obstrutiva; Bronquite Crônica; Bronquite Asmática; Bronquite Obstrutiva Crônica:

 

·         Cloro gasoso.

·         Exposição ocupacional à poeira de sílica livre.

·         Exposição ocupacional a poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal.

·         Amônia.

·         Anidrido sulfuroso.

·         Névoas e aerossóis de ácidos minerais.

·         Exposição ocupacional a poeiras de carvão mineral.

 

Enfisemas intestinais:

·         Cádmio ou seus compostos.

 

Estanhose:

·         Exposição ocupacional a poeiras de estanho.

Faringite Aguda, não especificada ("Angina Aguda", "Dor de Garganta"):

·         Bromo.

·         Iodo.

Faringite crônica:

·         Bromo.

Laringotraqueíte Aguda:

·         Bromo.

·         Iodo.

Laringotraqueíte Crônica:

·         Bromo.

 

Perfuração do Septo Nasal:

·         Arsênio e seus compostos arsenicais.

·         Cromo e seus compostos tóxicos.

Pneumoconiose associada com Tuberculose ("Silico-Tuberculose"):

·         Exposição ocupacional a poeiras de sílica-livre.

Pneumoconiose devida ao Asbesto (Asbestose) e a outras fibras minerais:

·         Exposição ocupacional a poeiras de asbesto ou amianto.

Pneumoconiose devida à poeira de Sílica (Silicose):

·         Exposição ocupacional a poeiras de sílica-livre.

 

Pneumoconiose devida a outras poeiras inorgânicas especificadas:

·         Exposição ocupacional a poeiras de carboneto de tungstênio.

·         Exposição ocupacional a poeiras de carbetos de metais duros (Cobalto, Titânio, etc.).

·         Exposição ocupacional a rocha fosfática.

·         Exposição ocupacional a poeiras de alumina  ("Doença de Shaver").

 

Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão:

·         Exposição ocupacional a poeiras de carvão mineral.

·         Exposição ocupacional a poeiras de sílica-livre.

 

Pneumonite por Hipersensibilidade a Poeira Orgânica: Pulmão do Granjeiro (ou Pulmão do Fazendeiro); Bagaçose; Pulmão dos Criadores de Pássaros; Suberose; Pulmão dos Trabalhadores de Malte; Pulmão dos que Trabalham com Cogumelos; Doença Pulmonar Devida a Sistemas de Ar Condicionado e de Umidificação do Ar; Pneumonites de Hipersensibilidade Devidas a Outras Poeiras Orgânicas; Pneumonite de Hipersensibilidade Devida a Poeira Orgânica não especificada (Alveolite Alérgica Extrínseca SOE; Pneumonite de Hipersensibilidade SOE:

 

·         Exposição ocupacional a poeiras contendo microorganismos e parasitas infecciosos vivos e seus produtos tóxicos.

·         Exposição ocupacional a outras poeiras orgânicas.

 

 Pneumonite por Radiação (manifestação aguda)  e Fibrose Pulmonar Conseqüente a Radiação (manifestação crônica):

·         Radiações ionizantes.

 

Rinites Alérgicas:

·         Carbonetos metálicos de tungstênio sintetizados.

·         Cromo e seus compostos tóxicos.

·         Poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal. 

·         Acrilatos.

·         Aldeído fórmico e seus polímeros.

·         Aminas aromáticas e seus derivados.

·         Anidrido ftálico.

·         Azodicarbonamida.

·         Carbetos de metais duros: cobalto e titânio.

·         Enzimas de origem animal, vegetal ou bacteriano.

·         Furfural e Álcoól Furfurílico.

·         Isocianatos orgânicos.

·         Níquel e seus compostos.

·         Pentóxido de vanádio.

·         Produtos da pirólise de plásticos, cloreto de vinila, teflon.

·         Sulfitos, bissulfitos e persulfatos.

·         Medicamentos: macrólidos; ranetidina ; penicilina e seus sais; cefalosporinas.

·         Proteínas animais em aerossóis.

·         Outras substâncias de origem vegetal (cereais, farinhas, serragem, etc.).

·         Outras substâncias químicas sensibilizantes da pele e das vias respiratórias.

 

Rinite crônica:

·         Arsênico e seus compostos arsenicais.

·         Cloro gasoso.

·         Cromo e seus compostos tóxicos.

·         Gás de flúor e Fluoreto de Hidrogênio.

·         Amônia.

·         Anidrido sulfuroso.

·         Cimento.

·         Fenol e homólogos.

·         Névoas de ácidos minerais.

·         Níquel e seus compostos.

·         Selênio e seus compostos.

 

Siderose:

·         Exposição ocupacional a poeiras de ferro.

 

Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS):

·         Bromo.

·         Cádmio ou seus compostos.

·         Gás Cloro.

·         Solventes halogenados irritantes respiratórios.

·         Iodo.

·         Cianeto de hidrogênio.

·         Amônia.

Sinusite crônica:

·         Bromo.

·         Iodo.

 

Transtornos respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido conjuntivo, classificadas em outra parte:  "Síndrome de Caplan":

 

·         Exposição ocupacional a poeiras de Carvão mineral.

·         Exposição ocupacional a poeiras de Sílica livre.

 

 

Ulceração ou Necrose do Septo Nasal:

·         Arsênio e seus compostos arsenicais.

·         Cádmio ou seus compostos.

·         Cromo e seus compostos tóxicos.

·         Soluções e aerossóis de Ácido Cianídrico e seus derivados.

 

Bibliografia

BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho. Manual de procedimentos para os serviços de saúde/Ministério da Saúde do Brasil. Elizabeth Costa Dias (org),. Sériei A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114. Brasília/DF, 2001.

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Dúvidas de expressões e  termos técnicos  consulte o Glossário geral.