UVEÍTE
Definição
A Uveíte é uma inflamação do trato uveal do olho, o qual é composto pela íris (irite), corpo ciliar (ciclite) e coróide (coroidite). Pode associar-se à inflamação de outras estruturas oculares, como retina, nervo óptico, corpo vítreo, córneas e esclera. A Uveíte é uma afecção freqüentemente severa, sendo uma das principais causas de cegueira no mundo. Está relacionada com várias doenças sistêmicas, principalmente as de caráter auto-imune como as doenças reumáticas. Pode ser a apresentação inicial de uma doença sistêmica ou um problema tardio de um paciente já com diagnóstico de doença reumática.
Incidência
Estima-se que pelo menos 8% da população brasileira tenha, teve ou terá a doença.
Em 10% dos casos, a visão é prejudicada e, em 1%, a consequência é a cegueira.
40% dos casos de Uveíte podem ocorrer em doenças reumáticas.
Classificação
A Uveíte pode ser classificada de várias maneiras:
Origem:
Exógena: quando é causada diretamente por um agente infeccioso.
Endógena: quando é secundária a alguma alteração sistêmica ou reação imune ocular.
O sistema de classificação é baseado na localização anatômica da inflamação:
Uveíte anterior.
Uveíte intermediária.
Uveíte posterior.
Pan-uveíte.
Outro critério adotado para a classificação das uveítes é o curso clínico e a evolução da doença estabelecendo como uveítes agudas aquelas de curta duração (até três meses) e como uveítes crônicas as que apresentam evolução de mais de três meses.
Doenças que podem atingir o olho
Toxoplasmose, Rubéola, Aids, Tuberculose, Herpes simples, Sífilis e outras doenças infecciosas atacam mais a retina e a coróide.
Reumatismo, Esclerose múltipla e outras doenças auto-imunes prejudicam mais a íris.
Diabetes, Hipertensão e anemia atingem mais os vasos da retina.
Uveíte e Doenças reumáticas
As doenças reumáticas podem ser identificadas em mais de 40% dos casos de Uveíte. A comparação entre as estatísticas de frequência de Uveíte em doenças reumáticas é muito variável, pois a distribuição da afecção varia muito, em função de características individuais e geográficas. As doenças reumáticas mais frequentemente associadas com a Uveíte são:
Sarcoidose.
Espondiloartropatias.
Síndrome de Behçet.
Artrite reumatóide juvenil.
Outras afecções reumáticas que podem cursar com Uveíte, mas em frequência menor, são:
Artrite reumatóide.
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).
Polidermatomiosite.
Doença de Lyme.
Granulomatose de Wegener (vasculite).
Poliarterite nodosa (vasculite)
Sinais e sintomas
O quadro clínico depende da doença de base que originou a uveíte, do tipo, o curso clínico e a evolução da doença:
Uveíte anterior:
Lacrimejamento.
Fotofobia.
Dor ocular variável.
Algum grau de redução visual.
A dor pode se localizar no bulbo ocular ou se propagar para as áreas periorbitárias e frontal.
Uveíte intermediária:
Borramento visual.
Manchas pretas flutuantes.
A uveíte intermediária envolve predominantemente a retina periférica e a base vítrea.
Uveíte posterior:
Escurecimento e borramento visual com manchas flutuantes.
Na mácula, o achado mais comum é o edema macular cistóide. A perda de visão central ocorre quando a mácula está acometida.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame clínico.
Exame físico.
Exame oftalmológico.
Exames laboratoriais.
A anamnese e o exame físico fornecem muitas informações sobre a presença de doenças reumáticas e a associação com outras afecções, como gastrintestinais, venéreas e dermatológicas.
Os exames laboratoriais devem ser solicitados apenas depois dos achados clínicos e físicos direcionados para os diagnósticos diferenciais possíveis.
Atenção: Qualquer doença ocular só deve ser diagnosticada por um profissional especializado. Aos primeiros sinais de qualquer problema visual, procure o oftalmologista. Quanto mais cedo for tratado, maior a chance de cura.
Tratamento
O tratamento correto será indicado pelo oftalmologista, que é o médico especializado para tratar dos distúrbios e doenças do olho.
O tratamento de Uveítes relacionadas com doenças reumáticas requer colaboração entre o reumatologista e o oftlmologista. É necessário considerar o local de envolvimento da inflamação. O reconhecimento dos diferentes aspectos das inflamações uveais relacionadas às manifestações sistêmicas leva a um diagnóstico precoce e a um tratamento eficaz. O controle oftalmológico é fundamental para que se evitem complicações, como a perda precoce da visão.
Sequelas
Cegueira.
Catarata.
Glaucoma secundário.
Atrofia do nervo óptico.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.