TRANSTORNO  DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE


Introdução

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico de causas genéticas, que aparece na infância e, freqüentemente, acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Outros estudiosos, seguem a tese de que o TDAH não é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, mas, o transtorno está relacionado à regulação da linguagem. Trata-se de uma disfunção neuropsicológica, que acontece quando a linguagem não consegue exercer sua função reguladora ou de controle do comportamento.

 

O TDAH não é causado por um meio familiar tumultuado ou uma família disfuncional, embora, é claro, a criança tenha mais possibilidade de ter seus sintomas agravados, se esse for o caso.  No entanto, o transtorno, cujas principais características são a falta de controle da atenção, da impulsividade e a hiperatividade, não será deflagrado se não houver predisposição para tanto.

 

Para melhor entender por que as conseqüências de tê-lo, podem ser sentidas em toda as áreas da vida de um portador, é preciso saber que a atividade cerebral que comanda  a inibição do comportamento, a auto-organização, o autocontrole e  a habilidade de inferir o futuro,  está prejudicada por um metabolismo deficiente dos neurotransmissores, levando-o a uma incapacidade de administrar eficazmente os aspectos críticos do dia-a-dia.

Incidência

Prevalência

A prevalência do TDAH entre as crianças em idade escolar é de 3% a 5%, sendo que de 1/3 da metade desse grupo, corre o risco de não terminar o ensino médio. O número de repetências é elevado entre elas, mas de 60% apresenta comportamento desafiador, resultando em dificuldades no relacionamento interpessoal, punições freqüentes, isolamento social e um maior potencial para a delinqüência e abuso de drogas.

 

Esse distúrbio do desenvolvimento não desaparece simplesmente com o amadurecimento da criança, e entre 50% a 70% dos casos diagnosticados levam os sintomas e as dificuldades para a vida adulta. Na infância o transtorno é mais freqüente nos meninos; na adolescência  afeta os dois sexos na mesma proporção; na idade adulta as mulheres são mais afetadas.

Causas

Até o momento, não foi encontrada uma causa específica para o transtorno, mas estudos científicos, apontam o fator genético como a principal hipótese. Os portadores de TDAH têm alterações na região  frontal e nas suas conexões com o resto do cérebro. Esta região é responsável  pelo controle do comportamento. O que parece estar alterado nesta região, é o funcionamento de um sistema de substâncias chamadas neurotransmissores, que passam informações ente as células nervosas (neurônios).

Perfis de pacientes com TDAH

 

Hiperativos e Impulsivos

Desatentos

Falam demais.

Têm dificuldade de se concentrar na escola.

Movem pés e mãos sem parar.

Perdem objetos e esquecem compromissos.

Não conseguem permanecer sentados.

Distraem-se com os próprios pensamentos.

Respondem a perguntas antes de serem concluídas.

Relutam em seguir instruções ou concluir tarefas.

Não conseguem esperar sua vez para nada.

Resistem  a planejar atividades.

Portador de TDAH e a família

Além de ser o centro da atenção dos pais, o portador de TDAH é também, muitas vezes, causador de conflitos e de situações embaraçosas. É possível que ocorra o ciúme, a tentativa de chamar atenção nas mais variadas formas, brigas entre irmãos, e até alguma agressividade. Nenhuma dessas situações é estranha no ambiente familiar de um portador de TDAH.

 

Todos os membros de uma família em que o TDAH é uma presença constante, provavelmente, concordam que é comum surgirem problemas com empregados, parentes e amigos. Eles próprios acabam sofrendo os mais variados tipos de conseqüências, em decorrência dos problemas relacionados ao TDAH, como dificuldade em conseguir auxílio para os trabalhos caseiros, afastamento dos amigos, impossibilidade de freqüentar determinados lugares, medo de que ocorra algum inconveniente e a necessidade de defender o portador perante parentes e  a sociedade.

Sinais e sintomas

Desatenção, inquietude, irritabilidade e impulsividade são os principais sintomas do TDAH. Os sintomas surgem antes dos 7 anos, têm uma duração mínima de seis meses e, interferem em pelo menos, dois contextos, geralmente em casa e na escola.

 

Nas crianças: Os pais e educadores  se queixam que  elas são muito "esquecidas", vivem "sonhando acordadas" e são  desatentas, apesar de serem muito agitadas e bagunceiras. São impulsivas e tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo. Geralmente, as crianças com o transtorno têm baixo rendimento escolar devido à desatenção e a sua conduta na escola. As meninas têm menos sintomas de hiperatividade-impulsividade que os meninos (embora sejam igualmente desatentas).

 

Nos adultos: Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades diárias. São extremamente impulsivos. Fazem ou iniciam muitas coisas ao mesmo, sem conseguir terminá-las ou deixando pela metade, causando um stress, quando se vê sobrecarregado. Se esquece com facilidade das muitas atividades que iniciou. Com freqüência assumem vários compromissos diferentes e esquece alguns deles. Tem dificuldade de realizar sozinho algumas tarefas. devido ao excesso de tarefas e compromissos assumidos, conseqüentemente,  enfrenta problemas na área social, familiar e no ambiente de trabalho.

 

Sinais característicos:

Diagnóstico

Os exames físicos, clínicos, EEG, TC, RM e Mapeamento cerebral, servem para descartar outras patologias e distúrbios neurológicos. A anamnese com a ajuda dos pais (caso de crianças ou adolescentes) ou do próprio portador (adulto), ajuda o médico a seguir uma linha de raciocínio, contribuindo para o o diagnóstico. O diagnóstico não se baseia apenas na presença dos sintomas, mas  também quanto à gravidade, intensidade, duração e no quanto interferem na vida cotidiana do indivíduo.

 

Não existe ainda um exame neurofisiológico, capaz de detectar a presença do transtorno. O diagnóstico é baseado em sintomas comportamentais, segundo o Manual Estatístico das Desordens Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria. O indivíduo deve preencher os critérios para a definição do transtorno classificado de dois modos: predominantemente desatento ou predominantemente impulsivo. O paciente pode ter mais sintomas de um modo ou ter os dois combinados. O médico deve ter o cuidado de não considerar que uma criança com ansiedade, desatenção, inquietude ou agitação motora tem, necessariamente, TDAH.

Tratamento

Profissionais especializados: Psiquiatra ou Psicólogo. Dependendo da situação outros profissionais podem ser necessários.

 

Educar um filho com TDAH é um desafio. Apesar de não haver cura para o transtorno, há princípios sólidos que permitem melhorar o comportamento, as relações sociais e o ambiente familiar.

 

O tratamento do TDAH deve ser multimodal, isto é, uma combinação de medicamentos, terapia psicoterápica, orientação aos pais e educadores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador.

 

Tratamento medicamentoso:  A medicação muitas vezes pode melhorar muito a qualidade de vida do portador. As medicações necessárias para tratar os sintomas da desatenção e da hiperatividade, são derivados  anfetamínicos que atuam de forma paradoxal, refreando os sintomas, mediante a disponibilidade da substância.

 

Antidepressivos: Em alguns casos específicos, pode ser necessário, com prescrição médica.

 

Psicoestimulantes: Os psicoestimulantes podem substituir o metilfenidato, em alguns casos. O mais utilizado é  a dextroanfetamina (Adderall, Dexedrine). 

 

Os medicamentos  utilizados no tratamento do TDAH são os  seguintes:

 

Primeira linha:

Segunda linha:

Obs: O medicamento Aderall é uma mistura de diferentes anfetaminas (de ação curta e intermediária). Dexedrine e Dextrostat são nomes comerciais  da dextroanfetamina.

Efeitos colaterais  em crianças: Os medicamentos à base de metilfenidato, um estimulante do grupo dos anfetamínicos, normalmente utilizado no tratamento do TDAH, podem causar os seguintes efeitos colaterais em crianças pequenas:

Tratamento psicoterápico: A terapia cognitiva comportamental  é uma das terapias mais utilizadas durante o tratamento da TDAH.

 

Tratamento fonoaudiológico: Pode ser necessário, caso exista simultaneamente, a dislexia e/ou a disortografia.

 

Apoio familiar: A família também pode se transformar em um suporte importante para o diagnóstico e tratamento do TDAH, porque  ela é capaz de auxiliar a identificar os sinais  de alerta, contribuindo para o diagnóstico,  e ajudar o portador durante o tratamento.

Dicas para o dia-a-dia


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral ou psiquiátrico.