DOENÇA CELÍACA

Definição

A Doença Celíaca é uma doença do aparelho digestivo que resulta da intolerância permanente do organismo à gliadina, que é um constituinte da proteína do glúten, que nas formas graves, se caracteriza por diarréias profusas, má absorção de gorduras e farináceos, desnutrição e enfraquecimento progressivo.

Para determinados indivíduos, a gliadina tem efeito tóxico sobre a mucosa do intestino delgado, resultando na destruição das vilosidades intestinais e interferência na absorção. É considerada uma doença de caráter hereditário pois pode ocorrer em vários membros de uma mesma família. 

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelo nome de Enteropatia induzida pelo glúten.

Causa

É causada  por deficiências enzimáticas da mucosa intestinal e por intolerância acentuada a uma das proteínas (gliadina) do glúten.

Início da doença

A criança já nasce com  intolerância ao glúten, porém os sintomas da doença  dependem do metabolismo da criança. Pode acontecer em alguns casos, que a doença só se manifesta na idade adulta.

Manifestações clínicas

A doença se manifesta geralmente entre o 6° e o 8° mês, porque nessa época o bebê geralmente deixa de ser amamentado, e é introduzido na sua alimentação, alimentos que podem ter glúten na sua composição. Mas também pode ocorrer a manifestação da doença  em crianças maiores e em  adultos. A idade do paciente e o tipo de alimentação a que ele esta a maneira de manifestação dos sinais e sintomas variam muito.

Manifestações clinicas no bebê:

• esteatorréia (sintoma característico da doença);

• palidez;

• desnutrição, mesmo com o bebê alimentando-se normalmente;

• bebê não engorda;

• bebê não se desenvolve fisicamente;

• bebê se apresenta barrigudo (distensão abdominal);

• bebê se apresenta sempre irritado.

Manifestações clínicas em crianças maiores:

Essas manifestações clínicas geralmente, podem ocorrer em crianças a partir do 2° ano de vida.

• diarréia que não cede com medicamentos anti-diarréicos;

• emagrecimento;

• vômitos;

• anorexia;

• distensão abdominal;

• os glúteos (nádegas)  da criança ficam atrofiados;

• membros inferiores e superiores  não apresentam muita massa muscular;

• alterações no crescimento;

• anemia;

• esteatórreia;

• mudanças de humor;

• sono excessivo;

• astenia.

Crise celíaca:

Na crise celíaca a criança pode  manifestar os seguintes sintomas:

• anorexia profunda;

• vômitos e diarréia intensos;

• perda ponderal;

• desidratação intensa;

• acidose;

• imobilidade;

• abdome extremamente distendido;

• fraqueza;

• palidez.

Diagnóstico

• Exame físico.

• Exame clínico.

• Exames laboratoriais.

• Exames de fezes para constatar a presença de gorduras e amido não digeridos, e tripsina, uma das enzimas digestivas.

• Testes para verificar a absorção da vitamina A.

• Dosagem de anticorpos séricos antigliadina.

• Curva de sobrecarga de triglicerídeos.

• Prova de absorção da D-Xilose.

• Exame de Endoscopia digestiva alta.

• Biópsia do intestino delgado

• RX em crianças maiores (pode identificar a desmineralização e retardo da idade óssea).

Tratamento

O único tratamento efetivo da doença celíaca é o dietoterápico, que consiste na retirada da proteína agressora, o glúten da dieta da criança.

• O tratamento básico é uma dieta especial isenta de glúten por um longo tempo, que deve ser seguida à risca. Deve ser evitados todos os alimentos que contêm glúten do trigo ou do centeio, a cevada e a aveia também devem ser evitados.

• A hospitalização é necessária no início da moléstia e quando  ocorre recaídas.  Essas recaídas podem ser devido a ingesta de alimentos a base de glúten, que causa imediatamente uma reação no organismo.

• Durante a crise celíaca e nos episódios agudos de vômitos e de diarréia, os líquidos e eletrólitos devem ser repostos por via endovenosa.

• Na doença celíaca a criança fica sujeita a infecções freqüentes, por isso a necessidade de antibióticos.

• Vitaminas do complexo B e vitamina C deve ser administrada sob indicação médica se a criança estiver recebendo antibióticos.

• Se a criança estiver com anemia deve ser administrado ferro, sob indicação médica.

• Vitamina K caso ocorra a hipotrombinemia e o sangramento, administrada sob indicação médica.

• Lactato de cálcio deve ser administrado se existe restrição de leite na dieta, sob indicação médica.

• As vitaminas são indicadas por causa da dificuldade de absorção, e devem ser tomadas em soluções aquosas.

• A higiene da criança  deve ser bem feita para evitar infecções.

• Uso de medicação tópica nas nádegas do bebê devido a irritação causada pela diarréia.

• Observar as fezes diariamente.

• Informar aos pais cobre os cuidados ao bebê e confortá-los.

• Crianças maiores em  alguns casos, necessita de tratamento psicológico.

Obs:  Quando se diagnostica a doença,  e o tratamento através da dieta é  iniciado,  os sintomas da doença regridem rapidamente  

Seqüelas

Essas seqüelas são decorrentes da falta de tratamento ou quando o tratamento dietético não é seguido a risca.

• Neoplasia intestinal.

• Osteoporose.

• Esterilidade.

• Abortos de repetição.

• Anemia ferropriva não curável.

• Diarréia crônica.

• Crescimento deficiente.

• Constipação intestinal crônica. 

Cuidados gerais

• A dieta deve ser sempre orientada e acompanhada pelo médico ou nutricionista.

• Os pais devem ficar atentos aos rótulos dos produtos alimentícios industrializados para não fornecer ao seu filho produtos que contenham glúten.

• Os pais devem comunicar a doença do seu filho, à escola que ele estuda.

• Os familiares devem também serem informados da doença da criança

• Manter-se sempre informados sobre os novos produtos lançados no mercado.

• Quando a criança for maior, conscientizá-la dos riscos que pode sofrer, quando for ingerir qualquer alimento que contenha o glúten.

• A criança deve participar de todas as atividade normais para a sua idade como passeios, divertimentos, excursões, atividades físicas e escolares. A única restrição é quanto a não comer os alimentos que contenham o glúten.

• Os pais devem ficar atentos a quaisquer sintomas na criança, relativo a ingestão de glúten.

• Associações e grupos de apoio, podem ajudar os pais no tratamento dietético do seu filho.

• A mãe deve ficar atenta quanto ao peso e ao crescimento do seu filho, qualquer alteração deve informar ao pediatra.

Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.