BEBÊ DE MÃE DIABÉTICA
Definição
O Bebê de Mãe Diabética (BMD) é o que nasce de mãe diabética. A mãe pode ser diabética ou pode ter diabetes gestacional. A gravidade dos problemas da criança depende do tipo de diabetes da mãe.
A insulina não é teratogênica para embriões humanos, exceto, possivelmente, na terapia materna com coma insulínico. Drogas hipoglicemiantes têm sido implicadas, mas são muito fracas as evidências e sua teratogenicidade. A incidência de anomalias congênitas (p.ex., agenesia do sacro) em filhos de mães diabéticas está aumentada de duas a três vezes, e cerca de 40% de todas as mortes perinatais dos infantes diabéticos resultam de anomalias congênitas. Não se conhece o mecanismo teratogênico da embriopatia diabética. Mulheres com Diabetes mellitus insulino-dependente podem diminuir significativamente o risco de ter filhos com defeitos congênitos controlando, de modo adequado, sua doença antes da concepção e durante toda a gravidez.
Fisiopatologia
1. Grande quantidade de gordura, sem edema:
o total de água do corpo é um pouco reduzido, ao nascer;
grande débito urinário nos primeiros 2 dias de vida, provavelmente devido à libertação da água intracelular.
2. Hipoglicemia:
ocorre nas primeira 6 a 12 horas de vida; pode ocorrer minutos após o nascimento;
a resposta à glicose é excessiva, isto é, o nível de insulina no sangue é ligeiramente elevado, decresce e atinge o máximo outra vez em uma hora; provavelmente devido à hipoglicemia materna;
o índice de insulina no cordão umbilical pode não ser maior do que o normal, a não ser que seja administrada grande quantidade de glicose;
o BMD pode ser sintomático ou assintomático, com índices de açúcar no sangue inferiores a 20 mg/100 ml.
3. Hipocalcemia:
associada à prematuridade, parto difícil e/ou asfixia;
geralmente ocorre durante as primeiras 48 horas de vida.
4. Hiperbilirrubinemia (acúmulo de bilirrubina no sangue, acima dos níveis normais):
mais provável nas primeiras 48 a 72 horas após o nascimento;
o fígado é imaturo devido à incapacidade de conjugar a bilirrubina;
hematócrito alto no terceiro dia após o nascimento e o volume extracelular é reduzido;
devido ao tamanho, o trauma do parto pode aumentar o risco de hemorragia oculta.
5. Prematuridade:
pode ser prematuro ou pequeno para a idade gestacional quando há insuficiência da placenta;
a função respiratória é semelhante à dos outros prematuros, portanto a criança está sujeita à doença da membrana hialina.
6. Policitemia:
hematócrito venoso superior a 65% ou hemoglobina venosa de 22g/100 ml;
a policitemia aumenta o risco de trombose da veia renal, de insuficiência respiratória, de hipoglicemia e de hipocalcemia.
7. Anomalias congênitas:
As anomalias mais comuns são as do esqueleto e as cardíacas; a maior incidência de anomalias congênitas pode ser devido ao:
padrão genético divergente;
ambiente intra-uterino anormal.
8. Infecção:
prematuridade e imunidade passiva reduzida;
possível infecção das vias urinárias da mãe e penetração de bactérias através da placenta.
Sinais e sintomas
O recém-nascido pode apresentar as seguintes manifestações clínicas logo após ao nascimento:
macrossomia (gigantismo);
cardiomegalia (aumento do volume do coração);
hepatomegalia (aumento do volume do fígado);
cordão umbilical e placenta grandes;
rosto cheio (edemaciado);
sinais de icterícia;
tendência a ser grande para o tempo de gestação; alguns podem ter peso normal e outros podem ser pequenos para o tempo de gestação;
sinais de hipoglicemia;
gordura, cabelo e vernix caseosa abundantes.
Diagnóstico
História materna de diabetes.
Exame físico do bebê e determinação da idade gestacional.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Exames específicos de sangue.
Teste de glicemia.
ECG - Eletrocardiograma: é necessário devido as alterações cardíacas.
Tratamento
Específico: existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia.
Dependendo da situação do bebê, este pode ser assistido em uma UTI neonatal ou no berçário.
A hipoglicemia pode ser evitada ou tratada imediatamente por alimentação por via oral, quando assintomática (1 a 2 horas após o nascimento), ou com glicose por via endovenosa, quando assintomática. Se a administração da glicose for retirada subitamente, o açúcar do sangue deve ser controlado, pois a hipoglicemia pode reaparecer. Ficar atento aos sinais de hipoglicemia no RN:
movimentos bruscos;
tremores;
convulsões;
transpiração;
cianose;
choro fraco ou estridente;
recusa à alimentação;
hipotonia (tônus muscular reduzido).
A hiperbilirrubinemia deve ser tratada imediatamente, pois o índice muito alto de bilirrubina no RN pode causar sérias complicações e seqüelas no RN. Deve-se ficar atento aos sinais de hiperbilirrubinemia no RN:
a esclerótica fica amarela, antes da pele;
a pele apresenta-se de cor amarelo-claro e amarelo-vivo;
letargia;
urina concentrada, cor âmbar escura;
vômitos;
dificuldade de sucção;
fezes apresentam-se escuras.
O Querníctero é a coloração amarelada de áreas específicas do tecido cerebral pela bilirrubina não conjugada, é uma das complicações sérias da hiperbilirrubinemia, que pode representar um sério risco de lesão cerebral; em alguns casos os sinais de comprometimento de sistema nervoso central podem só aparecer mais tarde. Deve-se ficar atento aos sinais iniciais de Querníctero no RN:
choro estridente;
hipotonia;
redução dos reflexos normais, reflexo de Moro;
letargia;
ausência de sucção;
a mão não segura objetos;
regurgitação do alimento;
falta de apetite;
Sinais tardios de Querníctero, que pode evidenciar lesão cerebral:
irritabilidade;
apnéia;
ataques;
perda da audição para sons altos;
opistótono (casos graves).
Devido às complicações, o recém-nascido pode necessitar da exsanguineotransfusão. O açúcar do sangue deve ser controlado durante e depois da exsanguineotransfusão: CAD (citrato ácido de dextrose) e FCD (fosfato citrato de dextrose) contêm grandes quantidades de dextrose e podem provocar a volta da hipoglicemia.
Apoio psicológico: deve-se dar apoio moral à mãe, que pode sentir-se culpada ou impotente, uma vez que o problema do seu bebê está diretamente relacionado a sua condição de diabética.
Complicações
A gravidade dos problemas da criança depende do tipo de diabetes da mãe, se essa diabetes foi diagnosticada durante a gravidez e do tipo de tratamento a que se submeteu a mãe para o controle da doença. Geralmente o bebê pode apresentar algumas das seguintes complicações, mesmo submetido a tratamento:
Hipoglicemia.
Hipocalcemia.
Doença da membrana hialina.
Policitemia e trombose da veia renal.
Querníctero.
Infecção.
Septicemia.
Insuficiência respiratória
Hiperbilirrubinemia (acúmulo de bilirrubina no sangue, acima dos níveis normais).
Hipermagnesemia ou hipomagnesemia.
Anomalias congênitas.
Traumatismo de parto: cefálo-hematomas, paralisia facial, clavículas fraturadas, plexo braquial.
Prematuridade.
Prevenção
A mulher diabética que deseja ter filhos, deve ter um pré-natal bem assistido pelo médico. Este também deve informar a mãe, os riscos que o bebê pode apresentar, devido à sua condição de diabética.
No caso de diabetes gestacional, a mãe deve ser monitorada durante toda a sua gravidez, quanto ao nível de açúcar no sangue, para evitar problemas no bebê.
Dúvida de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.