HIDROCEFALIA
Definição
É uma doença grave que consiste no excesso de liquor, dentro da cavidade intracraniana e no conseqüente aumento do tamanho da cabeça do bebê. O desequilíbrio entre a produção de liquor e sua absorção pela superfície do cérebro para dentro do sistema circulatório, resulta no aumento do tamanho da cabeça do bebê.
No RN e lactentes as fontanelas ainda estão abertas, por isso a cabeça pode ir aumentando de volume sem produzir muita pressão dentro do crânio. Nestas crianças a cabeça alcança proporções descomunais. Em crianças maiores em que as fontanelas e suturas cranianas estão fechadas, a cabeça não pode crescer tanto, mas aparecem dores intensas devido à enorme pressão dentro do crânio.
Causas
Deformidades congênitas, derivadas da obstrução do aqueduto de Sylvius, ou de malformação onde o bulbo raquiano se hernia obstruindo a passagem do líquido cefalorraquidiano.
Defeitos do desenvolvimento.
Produção excessiva de liquor cefalorraquidiano.
Falha no sistema de absorção.
Toxoplasmose congênita.
Meningite (em alguns casos, bebês que apresentam hidrocefalia pós-meningítica podem apresentar uma remissão espontânea da hidrocefalia após o desaparecimento gradual das aderências).
Traumatismo durante o parto.
Hemorragia.
Tumor de natureza grave ou maligno.
Reações inflamatórias com subseqüente aderências.
Cistos.
Tipos
Hidrocefalia interna.
Hidrocefalia não comunicante: é aquela onde o bloqueio se localiza dentro do sistema ventricular ou entre este e o espaço subaracnóideo.
Hidrocefalia comunicante: é a provocada por doenças inflamatórias, o líquido cefalorraquidiano flui livremente até o espaço subaracnóideo do qual não sai. Essa é forma mais comum de apresentação da doença.
Hidrocefalia externa (rara)
Classificação
A classificação para a Hidrocefalia mais utilizada é a de McCullough (1989), com dois grupos:
Hidrocefalia Congênita:
Associação à espinha bífida.
Não associada à espinha bífida.
Associada a tumores.
Hidrocefalia Adquirida:
Pós-hemorrágica.
Pós-meningite.
Formas tardias.
Tumores.
Sinais e sintomas
A manifestação clínica mais evidente dessa doença no RN é o aumento do perímetro cefálico.
Crescimento exagerado da cabeça.
Demora para fechar a fontanela anterior.
Fontanelas tensas, elevadas acima da superfície do crânio.
Sinais de aumento da pressão intra-craniana: vômitos, choro agudo e forte, alterações da PA, P, e R, alterações nas pupilas, letargia, estupor e coma.
Couro cabeludo muito liso e brilhante, com veias bastante visíveis.
Irritabilidade.
Vômitos.
Letargia.
Falhas no desenvolvimento físico e/ ou mental.
Manifestações clínicas em lactentes:
Formas cranianas anormais.
Fontanela ampla, tensa e abaulada.
Disjunção das suturas.
Hipertonia.
Estrabismo interno.
O bebê tem dificuldade em manter a cabeça ereta, devido ao peso ou por retardo do desenvolvimento motor.
Fronte proeminente (testa do bebê para frente).
Posição de opistótono, pode ocorrer com a hérnia do tronco cerebral.
Couro cabeludo brilhante com veias proeminentes.
Congestão venosa superficial no couro cabeludo e na face.
As sobrancelhas e pálpebras podem estar tracionadas para cima.
Globos salientes como que empurrados para baixo, com o desaparecimento parcial da pupila sob a pálpebra inferior; fenômeno denominado de "sinal do sol poente ou por do sol".
Dificuldade para o bebê olhar para cima.
Diminuição da mobilidade dos membros inferiores.
Falhas no desenvolvimento físico e mental da criança.
Presença de edema de papila na fundoscopia é mais freqüente em crianças maiores.
A gravidade dos déficits neurológicos é diretamente proporcional ao intervalo entre o início dos sintomas e o momento do diagnóstico.
Diagnóstico
Exame físico.
Exames laboratoriais.
Exames neurológicos.
Exames oftalmológicos podem ser necessários.
RX do crânio podem mostrar alargamento da fontanela e das suturas; erosão dos ossos cranianos.
Ultra-sonografia transfontanela.
Pneumencefalografia.
Sinal de Macewen (percusão do crânio do bebê pode produzir um som típico de "panela rachada").
TAC (Tomografia Axial Computadorizada) pode ajudar no diagnóstico do tipo de hidrocefalia.
Ressonância Magnética, indicada em casos reservados.
Coleta do LCR (colhido sempre por profissionais experiente, por via transfontanela ou suboccipital; nunca por punção lombar).
Tratamento
O objetivo do tratamento cirúrgico para a hidrocefalia descompensada é reduzir o volume e conseqüentemente a pressão do liquor cefalorraquidiano dentro dos ventrículos.
Na maioria dos casos há a necessidade de drenagem através de procedimento cirúrgico para estabilizar a pressão intracraniana. Conforme o caso, podem ser adotados os seguintes procedimentos cirúrgicos: punções de alívio, drenagem ventricular externa, derivação ventriculoperitoneal ou ventriculoatrial e / ou terceiro-ventrículo-cisternostomia.
É uma cirurgia que exige cuidados pré, intra e pós-operatórios rigorosos, principalmente quando é feita em um bebê.
Paciente deve ser encaminhado a UTI neonatal, logo após o procedimento cirúrgico.
Medir e registrar diariamente a circunferência da cabeça, no pré e no pós-operatório sempre no mesmo local a cada dia enquanto estiver em tratamento hospitalar.
Ficar atento a sinais de aumento da pressão intracraniana.
Quando o bebê puder ser alimentado a cabeça deve ficar bem apoiada.
Se o bebê não conseguir fechar as pálpebras, deve-se umidificar seus olhos.
Apoio psicológico aos pais, caso a criança tenha que se submeter a cirurgia.
Os pais devem receber explicações completas da doença, da cirurgia, das alterações produzidas pela cirurgia e os cuidados a longo prazo que devem ter com uma criança submetida a este tipo de procedimento cirúrgico, principalmente se houver a necessidade do bebê ficar com o shunt após a hospitalização.
Apoio psicológico aos pais, para que possam cuidar de uma criança com esse tipo de anomalia.
Acompanhamento de neurologista durante a 1ª infância pode ser necessário.
Na hidrocefalia progressiva, se não houver tratamento cirúrgico, o volume da cabeça da criança irá crescer desproporcionadamente, podendo acarretar risco de vida para a criança, devido a pressão intracraniana.
Seqüelas em crianças maiores
A criança pode apresentar retardo mental.
Comprometimento da marcha.
Retardo no desenvolvimento neuropsicomotor.
Alterações no comportamento.
Atraso no desenvolvimento físico.
Comprometimento progressivo da acuidade visual.
Estado hipertensivo intracraniano crônico.
Cefaléia crônica, pode desenvolver em alguns casos.
Dúvidas sobre termos técnicos e expressões, consulte o glossário geral.