MICROCEFALIA E O ZIKA VIRUS

 


Definição

A Microcefalia é uma condição neurológica caracterizada por um crânio menor do que o tamanho médio, que pode ser decorrente de uma falha no desenvolvimento do cérebro.  A microcefalia é identificada quando o perímetro cefálico é menor do que 32 cm. Ao nascer, a microcefalia no recém-nascido pode ser logo identificada devido a uma deformidade craniofacial e a cabeça do recém-nascido é bem menor do que a apresentação normal. Com o decorrer do crescimento da criança essa deformidade ou malformação fica mais evidente. A microcefalia pode ser causada por uma série de problemas genéticos ou ambientais. Até o primeiro semestre de 2015, a doença causada pelo Zika virus tinha uma evolução benigna e os sintomas eram mais leves do que os da Dengue e da Febre Chikungunya, que são transmitidas pelo mesmo mosquito Aedes aegypti. A partir de novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou que as gestantes infectadas pelo Zika virus, podem também gerar bebês com microcefalia.

 

Histórico

O vírus foi isolado em 1947, pela primeira vez na Floresta de Zika, em Uganda, a partir de amostras de  macaco Rhesus. Foi batizado então como Zika Virus. O contágio em seres humanos só foi identificado em 1968, na Nigéria. Em 2014, foi identificado por especialistas no Chile, na Ilha de Páscoa. No Brasil, foi identificado pela primeira vez em maio de 2015, por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA).  Está confirmado por cientistas que o vírus sofreu várias mutações, aumentando a capacidade de replicação nas células humanas. O virus tem preferência pelas células jovens do sistema nervoso central.

 

Agente etiológico

O Zika virus é um Arbovírus do gênero Flavivírus, pertence à família Flaviviridae. Pertence à mesma família dos vírus que causa a Dengue e a Febre Amarela.

 

Transmissão

A transmissão do virus é transplacentária, o vírus atravessa a placenta e aloja-se preferencialmente nos tecidos do Sistema Nervoso Central (SNC). 

Estão em estudos científicos, se o vírus pode ser transmitido via leite materno, sêmen, urina e saliva.

Transmissão por transfusão de sangue e por relações sexuais ainda não foram comprovadas cientificamente. Estudos e pesquisas ainda estão em andamento.

 

Diagnóstico

·         Anamnese (mãe).

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Exame neurológico.

·         Exames laboratoriais: exames específicos para pesquisar a presença de anticorpos ou fragmentos do vírus no sangue.

·         Exame de raios X.

·         Ressonância Magnética: exame que detecta o tamanho e a forma do cérebro. O cérebro é menor geralmente apresenta partes lisas e reentrâncias que tem um aspecto de uma noz.

·         Mapeamento ósseo.

·         Tomografia computadorizada.

 

Obs: A microcefalia pode ser diagnosticada durante a gestação através de exame de ultra-som pré-natal.

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Infecção pelo Zika virus no feto e no recém-nascido não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, de imagem e laboratorial, o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem causar microcefalia no feto são as seguintes:

 

·         Malformações do sistema nervoso central

·         Fenilcetonúria materna.

·         Infecção congênita por citomegalovírus.

·         Rubéola congênita na gravidez.

·         Exposição a drogas, álcool e determinados produtos químicos na gravidez.

 

Manifestações clínicas

A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro cefálico é menor que 32cm ao nascer; menor do que 42cm quando a criança completa um ano e três meses e inferior a 45cm depois dos dez anos de idade.

 

No período da gestação:

Exame pré-natal: Através de exames de ultra-som pode ser detectada a diminuição do perímetro cefálico do feto e outras alterações no sistema nervoso central (SNC). O cérebro dos bebês portadores de microcefalia na grande maioria dos casos apresentam partes lisas, em vez de saliências e reentrâncias que dão a aparência uma noz.

 

Após o nascimento:

A avaliação clínica é realizada logo após o nascimento. As características mais comus da Microcefalia nos recém-nascidos são as seguintes:

·         A medida da circunferência da cabeça é menor;

·         deformidade craniofacial;

·         couro cabeludo é mais enrugado;

·         testa curta e projetada para trás;

·         face e orelhas desproporcionalmente grandes;

·         hipertonia muscular.

 

 

 

Dependendo do grau de comprometimento da má-formação craniana pode ocorrer:

·         hipertonia muscular generalizada;

·         paralisia;

·         crises convulsivas

·         retardo mental;

·         retardo no crescimento;

·         pequena estatura;

·         distorções faciais;

·         dificuldades de coordenação e equilíbrio;

·         dificuldades na fala.

 

Tratamento

A Microcefalia não tem cura.

O objetivo do tratamento é controlar as complicações decorrentes da malformação craniana, prevenir ou minimizar as deformidades faciais.

O bebê com Microcefalia deve ser assistido por uma equipe multidisciplinar durante vários anos: psicólogo, neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, odontólogo, terapeutas ocupacionais e outros profissionais dependendo do comprometimento cerebral. Em alguns casos específicos é necessário acompanhamento de um oftalmologista.

Tratamento cirúrgico: em alguns casos específicos pode ser realizada uma cirurgia para separar a fusão prematura das suturas dos ossos da caixa craniana, com o objetivo de evitar a compressão do cérebro que impede o seu crescimento, e minimizar as complicações e sequelas.

Promover o máximo possível a independência da criança, através dos cuidados  para a promoção e maximização das capacidades das crianças.

A intervenção da equipe multidisciplinar na vida criança deve ser a mais precoce possível. No caso da Microcefalia pelo Zika virus, essa intervenção precoce deve ser prestada desde os primeiros meses após o nascimento.

 

Complicações

 

As complicações no bebê e posteriormente na criança vão depender do grau de comprometimento da má-formação craniana:

·         hipertonia muscular generalizada;

·         convulsões graves;

·         aumento da pressão intracraniana;

·         comprometimento oftalmológico;

·         hepatomegalia (aumento do volume do fígado);

·         alterações neurológicas em vários níveis.

·         problemas na deglutição (casos raros);

·         dores nas articulações;

·         diarréia crônica.

Prevenção

Caso queira engravidar, se possível espere um pouco até que o surto ou epidemia, dependendo da região, seja controlada pelas autoridades sanitárias, para não correr o risco de ser infectada pelo Zika virus, e colocar o seu bebê em risco de vida.

Para que a gestante não adquira o Zika virus, deve  ser observados os mesmos cuidados preventivos para a Dengue.

A doença é de notificação compulsória.

Combater os focos do mosquito Aedes aegypti.

Não deixar água acumulada e evitar água parada, já que o mosquito transmissor se reproduz nesse ambiente.

A população deve ajudar na erradicação dos mosquitos transmissores da doença.

É importante salientar a importância da participação comunitária no controle do Aedes aegypti, porque a grande maioria dos criadouros do mosquito está situada no interior ou nas proximidades das residências, inclusive em depósitos de água criados pelo próprio homem.

As gestantes devem proteger a pele através do uso de repelentes indicados para grávidas.

 

Medidas sanitárias: (iguais ao combate do mosquito que transmite a Dengue)

·         Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias;

·         pulverização das zonas mais propensas ao mosquito  (Fumacê);

·         controle vetorial da região;

·         medidas para a erradicação do vetor;

·         campanhas educativas sanitárias para  a população;

·         campanhas educativas de prevenção da Dengue para a população, porque o mesmo mosquito que transmite a Dengue, também transmite o zika vírus.

 

Medidas gerais: (iguais ao combate ao mosquito que transmite a Dengue)

·         substituir a água dos vasos de plantas por terra;

·         evitar o cultivo de plantas em vasos com água;

·         lavar e manter seco o prato coletor de água;

·         não deixar pneus ou outros recipientes que possam acumular água;

·         manter as lixeiras tampadas e secas;

·         acondicionar o lixo em sacos plásticos fechados;

·         bebedouros de animais devem ter a água trocada pelo menos duas vezes por semana, depois de serem lavados e escovados;

·         não jogar lixo nos terrenos baldios;

·         guardar as garrafas vazias secas, sempre para baixo;

·         furar toda vasilha de lata antes de jogá-la no lixo para que não acumule água;

·         manter sempre tampados os filtros, cisternas, reservatórios e poços;

·         ficar atento a plantas que podem acumular água;

·         se a planta necessitar de água no prato, pode-se colocar areia em volta do prato; 

·         utilizar água clorada (40gts de água sanitária a 2,5% para cada litro) para regar bromélias ou outras plantas que acumulem água, duas vezes por semana;

·         usar repelente  para mosquito quando estiver em zona endêmica;

·         o uso do ar-condicionado ajuda a afugentar o mosquito, ele foge de ambientes com temperatura abaixo dos 18 graus centígrados;

·         usar mosquiteiros sobre as camas;

·         instalar telas nas janelas e portas para dificultar a entrada do mosquito na residência.

 

 


Dúvidas de termos técnicos  e expressões, consulte o Glossáriogeral.

Maiores informações sobre Infecção pelo Zika virus, consulte no site “Doenças Infecciosas e Contagiosas