INFECÇÃO PELO ROTAVÍRUS


Definição

A infecção pelo rotavírus é uma síndrome caracterizada  pelo aumento do número de evacuações, com fezes  aquosas ou de pouca consistência, com frequência acompanhada de vômito, febre e dor abdominal; em alguns casos pode vir acompanhada de muco e sangue. Tem duração média entre 2 até 15 dias, sendo assim, autolimitada; tem várias formas de apresentação das mais leves até as mais graves, inclusive com risco de vida. 

Reconhecido internacionalmente como sendo o principal responsável pelos casos  de  diarréia, em crianças com até cinco anos de idade, o rotavírus tem sua ação ampliada no inverno. Se não for tratada a tempo, a diarréia provocada pelo rotavírus, pode levar à desidratação grave e à morte. O rotavírus é o vírus  responsável por quase 40% das gastroenterites agudas que acometem  crianças menores de 5 anos.  Depois de entrar  no corpo,  o vírus percorre o sistema digestivo e destrói as células da membrana do intestino delgado.

O rotavírus é considerado o principal agente causador de diarréia infantil na população abaixo de 5 anos.  Os casos  mais graves ocorrem, principalmente em crianças abaixo dos 2  anos de idade e em bebês prematuros.    Em adultos, a infecção pelo rotavírus é mais rara, mas existem casos de surtos, em espaços fechados como escolas, creches, penitenciárias, ambientes de trabalho ou em hospitais. As crianças são as mais vulneráveis, porque ainda não possuem o sistema imunológico em condições adequadas para "expulsar" o agente causador da doença. Estima-se que quase 80% das crianças com até cinco anos terão tido pelo menos um episódio de infecção por rotavírus no Brasil.

O Ministério da Saúde incluiu a vacina contra o rotavírus no Calendário Nacional de Vacinação para tentar minimizar o problema e diminui o número de mortes de crianças. A vacina tem 85% de eficácia comprovada, espera-se uma redução de até 850 mortes por ano. Com a vacinação o governo também quer reduzir o número de internações por conta do vírus. Estatísticas comprovam que cerca de 125 mil crianças são internadas por ano por causa de diarréia provocada  pelo rotavírus. Com a introdução da vacina, o objetivo é ter uma queda de até 35% nas internações.

Incidência

·         Maior incidência em áreas de clima temperado (meses do inverno) e nas áreas de clima tropicais (qualquer estação do ano).

·         A infecção pelo Rotavírus causam quase 40%  dos casos de diarréia graves em crianças.

·         Estima-se que cerca de um milhão de crianças no mundo são infectadas pelo rotavírus.

Agente etiológico

O Rotavírus é um RNA; vírus da família dos Reoviridae; do gênero Rotavírus. São classificados sorologicamente em grupos, subgrupos e sorotipos.  Até o momento já foram identificados 7 grupos: A, B, C, D, E, F, G, ocorrendo em diversas espécies animais, sendo que os grupos A, B, C são associados a doença no homem. Entre os mais de 30 sorotipos do vírus, os mais comuns são o G1, o G2, o G3, o G4, o G9, o P4 e o P8.

Como o rotavírus age no organismo

O rotavírus  pertence a uma família do vírus que causa a gastroenterite: uma infecção que agride o estômago e o intestino. É o principal responsável por surtos de diarréia em crianças menores de 5 anos e pode levar à morte.

O rotavírus é transmitido por via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa, e também por meio de água, alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Uma vez no organismo, ele invade a mucosa intestinal e causa lesões celulares provocando a diarréia aquosa.

Transmissão

Durante o inverno ou com o tempo frio, as crianças tendem a ficar mais aglomeradas, inclusive em creches e escolas, facilitando ainda mais a transmissão do vírus.

·         Transmissão via fecal-oral:  os vírus são eliminados em grande quantidade nas fezes de pessoas infectadas. As fezes de um paciente contêm mais de 2 trilhões de vírus por centímetro cúbico.

·         Transmissão por fômites:  objetos contaminados pelo vírus.

·         Transmissão por contato: pessoa a pessoa.

Obs:  O rotavírus fica em suspensão em gotículas de água e pode ser aspirado junto com o ar.

Período de incubação

Varia de um a três dias.

Sinais e sintomas

·         Vômitos.

·         Diarréia líquida e constante (a diarréia pode durar de 4 a 8 dias)

·         Febre.

·         Mal-estar geral.

Obs:  Todos esses sintomas na criança podem evoluir rapidamente para uma desidratação, que pode levar à morte.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame físico.

·         Exame clínico.

·         Exames laboratoriais.

Obs:  O período ideal para detecção do vírus nas fezes, vai do primeiro ao quarto dia da doença, período de maior excreção. O método ELISA, é o de maior disponibilidade para a detecção de antígenos,  nas fezes.

Tratamento

Médico especialista: Pediatra  e Gastroenterologista.

·         Quadros leves, a doença pode evoluir para uma cura espontânea.

·         Quadros graves, deve-se prevenir a desidratação e os distúrbios hidreletrolíticos.

·         Hidratação parenteral é indicada caso a hidratação oral não seja suficiente, para repor os fluidos e eletrólitos.

·         Medicamentos para combater a febre, caso seja necessário, sob prescrição médica.

·         Analgésicos para combater a dor, caso seja necessário.

·         Alimentação balanceada.

Obs: Não se recomenda o uso de antidiarréicos (medicamentos para combater a diarréia), no caso de infecção pelo rotavírus.

Complicações

As complicações são consequentes devido à desidratação e ao desequilíbrio hidroeletrolíico. O desequilíbrio hidroeletrolítico está relacionado com frequência, à assistência e tratamento instituídos de forma inadequada, podendo, inclusive, causar o óbito do paciente.

·         Enterocolite necrotisante em neonatos (recem-nascidos).

·         Enfecalites.

·         Doença de Kawasaki.

·         Diarréia prolongada em imunodeprimidos.

·         Desidratação crônica e grave, resultante dos episódios diarréicos repetidos.

Sequelas

Os episódios diarréicos repetidos podem ocasionar desnutrição crônica, com retardo do desenvolvimento estato-ponderal e, até mesmo, da evolução intelectual.

Prevenção

A prevenção da infecção pelo rotavírus está associada a hábitos de higiene adotados em casa, como lavar as mãos antes de ir e depois de ir ao banheiro e depois das refeições.

Medidas sanitárias:

·         Surtos de diarréia devem ser notificados imediatamente à Vigilância Epidemiológica do município , ou à Regional de Saúde (DIR) ou à Central de Vigilância Sanitária.

·         Vacinação contra o Rotavírus. Medida profilática.

·         Saneamento básico.

·         Tratamento do esgoto.

·         Tratamento  e fornecimento de água potável.

Medidas gerais:

·         Lavagem das mãos.

·         Beber água potável.

·         Observar higiene dos alimentos.

No Brasil, apesar dos importantes avanços alcançados   na prevenção e controle das doenças infecciosas, as doenças diarréicas agudas, ainda continuam como um dos principais problemas de saúde pública e um grande desafio às autoridades sanitárias.

Vacinação

A primeira tentativa de vacinação para combater o rotavírus, aconteceu em 1998, mas a vacina acabou apresentando problemas. A vacina provocou uma obstrução no intestino, a intussuscepção, em várias crianças vacinadas. A vacina foi retirada do mercado imediatamente. Por causa desse problema, todo cuidado é pouco quando se fala em vacinação para rotavírus em massa nas crianças.

Muitas das vacinas atuais para combater o rotavírus, já estão no mercado, algumas em processo de lançamento e outras estão na fase final de aprovação pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As primeiras vacinas são em princípio para menores de 6 meses. A vacina prepara o organismo dos bebês para reagir ao rotavírus, que de fato é mais perigoso se contamina a criança entre 4 meses e 2 anos. O objetivo dos  imunizantes aprovados é evitar as formas graves de diarréia, que podem levar à desidratação intensa e até mesmo à morte.

A vacina  de rotavírus humano vivo atenuado - cepa Rix 4414 (vírus atenuado): 

Essa vacina é indicada para a prevenção de gastroenterites causadas por Rotavírus, sorotipo G1 e não-G1 (como G2, G3, G4,G9).  A vacina deve ser administrada por via oral em duas doses sendo a primeira entre 6 e 14 semanas de vida e a segunda entre 14 e 24 semanas.  A vacina contra o rotavírus não deve, sob nenhuma circunstância ser injetada.  O intervalo entre as doses não deve ser inferior a 4 semanas. 

Contra-indicações: A Vacina de rotavírus humano vivo atenuado não deve ser administrada em crianças com hipersensibilidade conhecida à vacina ou aos seus componentes, em crianças com qualquer história  de doença gastrintestinal crônica, inclusive má-formação congênita do trato gastrintestinal, em crianças com conhecida imunodeficiência primária e secundária, incluindo  crianças HIV positivas.  A vacina de rotavírus humano vivo atenuado não se destina ao uso em adultos e idosos.  A vacina de rotavírus humano vivo atenuado deve ser adiada  em crianças que estejam apresentando doença aguda grave. A presença de infecção branda, no entanto, não é uma contra-indicação para a vacinação. A administração da vacina de rotavírus  humano vivo atenuado deve ser adiada em bebês  que estejam apresentando diarréia  ou vômito. As pessoas que têm contato com as crianças vacinadas recentemente devem ser aconselhadas a observar  a higiene pessoal (ex: lavar as mãos após trocar as fraldas da criança).

A vacina de rotavírus humano vivo  não protege  contra gastroenterite causada por outros agentes que não sejam o rotavírus.


Dúvidas de expressões e termos técnicos, consulte o Glossário geral.