SÍFILIS CONGÊNITA


O que é Sífilis

A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), além de ser transmitida também por doação de sangue infectado. A doença tem três fases:

Na primeira fase, a doença se manifesta em forma de feridas de bordas delimitadas, indolores, e se, secreção, localizada na genitália externa feminina. No homem, as feridas surgem no prepúcio ou glande. Como não sentem dor, muitas mulheres, que não conhecem seu próprio corpo, simplesmente não percebem que foram infectadas. O auto-exame é necessário para que as feridas sejam detectadas e a portadora da patologia possa dirigir-se a um posto de saúde imediatamente. Para confirmar o diagnostico e sífilis, a gestante deve realizar o teste de sangue VDRL.

Na segunda fase, a doença se expressa com manchas no corpo, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Os sintomas surgem em até seis meses após o contágio.

Na terceira fase, chamada de fase terciária, ocorre vários anos após o contágio. Podem ser afetados a pele, coração, osso e cérebro, e o doente pode vir a falecer.

Introdução

A sífilis é uma doença infecciosa crônica e multissistêmica, que quando está presente na gestação, pode infectar o feto (sífilis congênita), causando aborto, natimorto (o bebê nasce morto), ou o recém-nascido pode nascer com a doença manifesta ou assintomática. O feto é contaminado pela mãe através da placenta. 

Provavelmente, a infecção fetal não ocorre antes do quarto mês de gestação, devido a que, o treponema da circulação materna não ultrapassa as células da camada de Langhans.  A partir de então, com a progressiva atrofia dessa camada, o feto vai se tornando exposto, sendo que a atrofia completa da camada de Langhans dá-se após o sexto mês.  Essa hipótese é fortalecida pelo fato de que não se tem encontrado lesões patológicas associadas ao T. pallidum em fetos antes do quarto mês.

A sífilis congênita é transmitida pela mãe ao feto in útero. Ainda que geralmente a sífilis somente seja infectante, durante os primeiros 2 anos após o aparecimento da sífilis materna primária, a transmissão ao feto pode representar uma exceção, e uma mãe pode infectar o feto  ocasionalmente quatro anos, e excepcionalmente seis anos, após ter adquirido sífilis.  Se a infecção não for maciça, o feto sobreviverá, mas com lesões  que se manifestam logo após o nascimento ou muitos anos mais tarde no caso da sífilis congênita latente tardia. 

Durante a gravidez, a sífilis latente é a forma mais comum da doença. A sífilis latente não aparenta manifestações clínicas, nem lesão superficial na gestante. Por isso a necessidade da futura mamãe, fazer o pré-natal juntamente com todos os exames solicitados pelo ginecologista. 

Sinonímia

A Sífilis congênita tardia é também conhecida pelo nome de:

Incidência

Agente etiológico 

Treponema pallidum; gênero Treponema; família Treponemataceae; ordem Spirochaetales; espécie T.pallidum. Existem outros gêneros que são: Borrelia, Spirochaeta, Leptospira e Cristipira. As espécies de treponema patogênica para o homem são: T. pallidum, T.pertenue e T.carateum.

Riscos  para o bebê de uma mãe com sífilis

Os perigos para o bebê infectado na barriga da mãe podem ser os seguintes:

O bebê não é tratado se:

Caso a Sífilis não seja tratada ou tratada inadequadamente, o bebê poderá:

Vias de transmissão

Patologia

A disseminação hematogênica do treponema (agente etiológico que transmite a sífilis), leva a comprometimento extenso de placenta, vísceras e esqueleto.

Quanto mais cedo a placenta é atingida, mais graves serão as conseqüências. A infecção do feto durante o parto, é considerada como sífilis adquirida. O tempo de gravidade da infecção transplacentária, entre outros fatores, condicionará em:

Classificação

A Sífilis congênita se divide em:

Sífilis congênita precoce ou recente: os sinais e sintomas são detectados logo após o nascimento, até os 6 meses de vida.

Sífilis congênita tardia: os sinais e sintomas ocorrem geralmente a partir do primeiro ano de vida. 

Sinais e sintomas

Em muitos casos, o RN nasce normal, só mais tarde é que os sinais e sintomas aparece. É uma doença que tem uma sintomatologia muito variada,  podendo acometer  várias partes do organismo, sob forma de lesões ósseas, nervosas, cutâneas e viscerais.

Sífilis congênita recente:

É aquela em que as manifestações clínicas se apresentam logo após o nascimento ou pelo menos durante o primeiro ano de vida. Na maioria dos casos, estão presentes já nos dois ou três meses de vida, podendo porém em grande números de casos não ter nenhuma manifestação durante a permanência do RN no hospital: 

Sífilis congênita tardia:

O bebê nasce com a doença, mais essa  fica em estado latente só se manifestando geralmente em torno dos dois anos de idade. É diagnosticada por provas sorológicas  e pode ser difícil de distinguir da sífilis adquirida latente, nesse caso a família da criança deve ser examinada.

Diagnóstico

A suspeita clínica deve ser feita em todo RN com história materna de sífilis, abortamentos, partos prematuros e antecedentes de outros filhos sifilíticos. Além da história materna, a doença pode apresentar-se no recém-nascido sob variadas formas clínicas, desde os casos mais graves até o RN assintomático, cujas manifestações clínicas vão ocorrer nos primeiros meses de vida.

Critérios para o diagnóstico da Sífilis congênita precoce e neonatal:

Clínico:

Absoluto:

Maiores:

Menores:

Sorológico:

História Materna:

Diagnóstico de certeza:

Diagnóstico provável:

Alguns dos seguintes itens:

Diagnóstico possível:

Improvável:

Obs:  Se o diagnóstico para sífilis for positivo para o bebê, a mãe também deve se submeter ao exame, para verificar em que fase a doença está, e principalmente, para que essa mãe também se submeta ao tratamento.

Diagnóstico diferencial  

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Sífilis congênita não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As formas plurissintomáticas precoces são de fácil diagnóstico. A forma maciça precoce, quando é grande o predomínio das manifestações viscerais e gerais pode ser confundida com outras infecções congênitas: As doenças  que podem ser confundidas com a Sífilis congênita são as seguintes:

Tratamento

O tratamento da sífilis congênita recente deve ser instituído imediatamente, logo após a confirmação do diagnóstico.

Medidas terapêuticas:

Acompanhamento:

Obs:  Alguns casos graves, em que predominam as manifestações viscerais, a resposta terapêutica nem sempre é boa: podem evoluir para óbito ainda no período neonatal.

Prognóstico: As crianças que têm sintomas ao nascimento respondem menos ao tratamento, do que as que tiverem sintomas tardiamente. Se o tratamento foi protelado para além de três meses, poderá haver queratite intersticial e alterações dentárias que não respondem ao tratamento. As lesões ósseas curam-se independentemente de tratamento específico.

Complicações

Sífilis congênita recente:

Sífilis congênita tardia:

Seqüelas

A  doença tem cura quando o tratamento é realizado de forma adequada, que é disponível gratuitamente na rede pública de saúde.  Se a sífilis  não for  tratada adequadamente, durante a gravidez, pode provocar morte do bebê, ou deixar graves seqüelas, como má formação óssea, surdez e problemas neurológicos.

Estigmas de lesões precoces na sífilis congênita tardia.

Profilaxia da Sífilis congênita

Obs: O exame VDRL, para detectar sífilis na gestante, deve ser feito  no primeiro e terceiro trimestres da gestação, e no trabalho de parto. É um direito gratuito e assegurado pelas portarias ministeriais 569/00 e 766/04.

Falhas na terapêutica materna

Algumas gestantes tratadas no final do segundo trimestre ou no terceiro trimestre, infelizmente podem apresentar partos prematuros e óbito fetal logo após a terapêutica, além de gerar recém-nascidos com Sífilis congênita. A medicação na mãe, pode impedir a Sífilis congênita no período de incubação da infecção fetal nos casos leves e moderados da terapêutica, mas pode não ser capaz de erradicar ou tratar a doença fetal grave. 

Em fetos gravemente afetados intra-útero, que apresentam ao exame ultra-sonográfico alterações placentárias, hidropsia e, ou ascite, a incidência de falha terapêutica é grande e o tratamento materno e suas possíveis conseqüências, particularmente a reação de Jarisch-Herxheimer, podem resultar em sofrimento fetal e conseqüentemente parto prematuro ou até mesmo morte fetal.

Na gestante, a reação de Jarisch-Herxheimer pode incluir contrações uterinas regulares, taquicardia e desacelerações da freqüência cardíaca fetal, diminuição  da atividade fetal além dos sinais maternos como: febre, vasodilatação, taquicardia e hipotensão moderada.

Atualidades:

Controle: Até 2010, a Vigilância Epidemiológica do país pretende banir a Sífilis e a Sífilis congênita. O índice esperado é de menos de um caso registrado para cada mil nascidos vivos, enquanto que a taxa atual no país é de 1,6.  O Dia Nacional de Combate à Sífilis foi lançado no VI Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, em setembro de 2006, em São Paulo. Tramita no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 7.477/06, que oficializa uma data oficial para o Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita.


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