SÍFILIS CONGÊNITA
O que é Sífilis
A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), além de ser transmitida também por doação de sangue infectado. A doença tem três fases:
Na primeira fase, a doença se manifesta em forma de feridas de bordas delimitadas, indolores, e se, secreção, localizada na genitália externa feminina. No homem, as feridas surgem no prepúcio ou glande. Como não sentem dor, muitas mulheres, que não conhecem seu próprio corpo, simplesmente não percebem que foram infectadas. O auto-exame é necessário para que as feridas sejam detectadas e a portadora da patologia possa dirigir-se a um posto de saúde imediatamente. Para confirmar o diagnostico e sífilis, a gestante deve realizar o teste de sangue VDRL.
Na segunda fase, a doença se expressa com manchas no corpo, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Os sintomas surgem em até seis meses após o contágio.
Na terceira fase, chamada de fase terciária, ocorre vários anos após o contágio. Podem ser afetados a pele, coração, osso e cérebro, e o doente pode vir a falecer.
Introdução
A sífilis é uma doença infecciosa crônica e multissistêmica, que quando está presente na gestação, pode infectar o feto (sífilis congênita), causando aborto, natimorto (o bebê nasce morto), ou o recém-nascido pode nascer com a doença manifesta ou assintomática. O feto é contaminado pela mãe através da placenta.
Provavelmente, a infecção fetal não ocorre antes do quarto mês de gestação, devido a que, o treponema da circulação materna não ultrapassa as células da camada de Langhans. A partir de então, com a progressiva atrofia dessa camada, o feto vai se tornando exposto, sendo que a atrofia completa da camada de Langhans dá-se após o sexto mês. Essa hipótese é fortalecida pelo fato de que não se tem encontrado lesões patológicas associadas ao T. pallidum em fetos antes do quarto mês.
A sífilis congênita é transmitida pela mãe ao feto in útero. Ainda que geralmente a sífilis somente seja infectante, durante os primeiros 2 anos após o aparecimento da sífilis materna primária, a transmissão ao feto pode representar uma exceção, e uma mãe pode infectar o feto ocasionalmente quatro anos, e excepcionalmente seis anos, após ter adquirido sífilis. Se a infecção não for maciça, o feto sobreviverá, mas com lesões que se manifestam logo após o nascimento ou muitos anos mais tarde no caso da sífilis congênita latente tardia.
Durante a gravidez, a sífilis latente é a forma mais comum da doença. A sífilis latente não aparenta manifestações clínicas, nem lesão superficial na gestante. Por isso a necessidade da futura mamãe, fazer o pré-natal juntamente com todos os exames solicitados pelo ginecologista.
Sinonímia
A Sífilis congênita tardia é também conhecida pelo nome de:
Sífilis da segunda infância.
Incidência
O Ministério da Saúde estima que cerca de 43 mil gestantes no Brasil, estão infectadas pela sífilis, e elas poderão gerar 12 mil crianças infeccionadas pela sífilis congênita.
A taxa de prevalência da doença em mulheres em trabalho de parto, chega a 1,6% no Brasil e de 1,9% no Nordeste.
Estima-se que 3,5% das gestantes com sífilis poderão estar infectadas também como o vírus HIV.
Agente etiológico
Treponema pallidum; gênero Treponema; família Treponemataceae; ordem Spirochaetales; espécie T.pallidum. Existem outros gêneros que são: Borrelia, Spirochaeta, Leptospira e Cristipira. As espécies de treponema patogênica para o homem são: T. pallidum, T.pertenue e T.carateum.
Riscos para o bebê de uma mãe com sífilis
Os perigos para o bebê infectado na barriga da mãe podem ser os seguintes:
Ele poderá nascer com sífilis congênita ou não. Dependerá de quando e como foi feito o tratamento da mãe.
O bebê é tratado ainda na barriga da mãe, se gestante fizer adequadamente, o tratamento com penicilina. Ele absorve o remédio pela placenta e nasce saudável. Quando mais cedo for o tratamento da mãe, maior a probabilidade do bebê nascer saudável.
O bebê não é tratado se:
A mãe for alérgica à penicilina e fizer o tratamento com outro remédio.
A mãe começar o tratamento com penicilina e o bebê nascer logo depois. Nesse caso, ele deverá ser tratado, logo após o nascimento.
A sífilis tem cura. Se a gestante for tratada logo, poderá não transmitir a doença para o feto.
Caso a Sífilis não seja tratada ou tratada inadequadamente, o bebê poderá:
Falecer dentro da barriga da mãe, durante a gravidez.
Nascer antes do tempo.
Nascer muito doente ou deformado e morrer logo ao nascer.
Nascer aparentemente saudável e apresentar os sintomas da doença mais tarde. Eles podem, aos 8 ou 10 anos, apresentar as lesões da terceira fase da sífilis, como problemas nos ossos, no coração e no cérebro. Essas lesões são graves e difíceis de tratar.
Vias de transmissão
Hematogênica: contágio se faz através da circulação placentária, exclusivamente após o 4° mês, antes disso, a placenta contém uma muralha de células (células de Langhans) que barram a passagem do treponema. Caso o T. pallidum tente atravessar mais precocemente, isto é, antes do 4° mês a placenta, a doença não se desenvolverá. Sífilis não é causa de abortamento durante os primeiros 4 meses de gravidez.
Contágio no canal do parto, durante o nascimento (casos raros), nesse caso a Sífilis é considerada adquirida.
Patologia
A disseminação hematogênica do treponema (agente etiológico que transmite a sífilis), leva a comprometimento extenso de placenta, vísceras e esqueleto.
Placenta: é pálida, geralmente maior que o normal, aspecto que impõe sempre a pesquisa de sífilis. A inflamação vilositária, com intensa proliferação endo e perivascular, pode levar à obliteração dos vasos. Há estudos que sugerem, a possibilidade de que essas lesões, possam participar da gênese do parto prematuro comum na sífilis.
Feto e recém-nascido: as lesões histopatológicas de endoarterite obstrutiva e infiltração do estroma intersticial com conseqüente necrose e atrofia ocorrem praticamente em todos os órgãos e sistemas, de modo mais acentuado em fígado, baço, ossos, pâncreas e rim. O concepto sifilítico é com freqüência natimorto, apresentando-se muitas vezes macerado, com lesões cutâneas ricas em treponemas. No fígado e no baço, de volume aumentado, há fibrose e importante hematopoise extramedular.
Quanto mais cedo a placenta é atingida, mais graves serão as conseqüências. A infecção do feto durante o parto, é considerada como sífilis adquirida. O tempo de gravidade da infecção transplacentária, entre outros fatores, condicionará em:
perda fetal precoce;
perda fetal intermediária;
perda fetal tardia;
prematuridade;
nascimento a termo: sem lesões aparentes, com lesões do primeiro ano ou lesões de eclosão tardia.
Classificação
A Sífilis congênita se divide em:
Sífilis congênita precoce ou recente: os sinais e sintomas são detectados logo após o nascimento, até os 6 meses de vida.
sintomática;
latente.
Sífilis congênita tardia: os sinais e sintomas ocorrem geralmente a partir do primeiro ano de vida.
sintomática;
latente.
Sinais e sintomas
Em muitos casos, o RN nasce normal, só mais tarde é que os sinais e sintomas aparece. É uma doença que tem uma sintomatologia muito variada, podendo acometer várias partes do organismo, sob forma de lesões ósseas, nervosas, cutâneas e viscerais.
Sífilis congênita recente:
É aquela em que as manifestações clínicas se apresentam logo após o nascimento ou pelo menos durante o primeiro ano de vida. Na maioria dos casos, estão presentes já nos dois ou três meses de vida, podendo porém em grande números de casos não ter nenhuma manifestação durante a permanência do RN no hospital:
Retardo de crescimento intra-uterino.
Prematuridade.
Maceração da pele.
Anemia hemolítica: costuma ser um sintoma muito grave, principalmente quando é acompanhada de manifestações hemorrágicas, por plaquetonia e leucocitose e é predominantemente do tipo hemolítico.
Dor: o bebê manifesta a dor através do choro, uma das lesões que causam muita dor no bebê são as lesões ósseas.
Edema.
Febre.
Fissuras perioral.
Icterícia.
Surdez.
Olhos: Coriorretinites está presente, mas é de percepção difícil; lacrimejamento; Irites e Iridociclites: Ceratite parequimatosa.
Envolvimento do SNC: neurossífilis assintomática é mais comum do que meningite manifesta.
Linfadenopatias generalizada.
Pele com cor castanho-amarelada (pigmentação café com leite).
Alopecia sifilítica (perda focal de cabelos).
Oniquia sifilítica (pápulas na base das unhas).
Sífilis renal: apresentando quadros de Glomerulonefrite membranosa e de Glomerulonefrite proliferativa.
Incapacidade de progredir no desenvolvimento e de ganhar peso tornar-se aparente 2-8 semanas após o nascimento.
A perda de peso produz uma face enrugada no bebê, como a de um velho.
A somatória: nariz em sela + fronte olímpica + gânglios epitrocleanos palpáveis constituem a "Tríade de Hochssinger", patognomônica da sífilis congênita.
Em alguns casos, duas a quatro semanas após o nascimento, há possibilidades de encontro de lesão umbilical erosiva de base indurada, onfalite, considerada como acidente primário.
Lesões cutâneas: RN pode apresentar ao nascer o pênfigo sifilítico palmoplantar que consiste em bolhas cercadas de halo eritematoso, contendo líquido: as vesículas e bolhas situam-se geralmente no tronco e nas regiões palmares e plantares; o líquido das bolhas pode ser seroso, seropurulento ou hemorrágico, com possibilidade de se transformar em ulcerações profundas. Os treponemas são abundantes. Nas regiões úmidas do corpo do RN, tais como a área das fraldas, os ângulos da boca e em torno das narinas, a superfície das pápulas pode tornar-se unida; aquelas localizadas ao redor do ânus podem transformar-se em condilomas largos. As fissuras podem desenvolver-se em torno das junções cutaneomucosas nos ângulos da boca, nas pregas nasolabiais, tomam disposição radiada originando cicatrizes lineares que levam o nome de cicatrizes atróficas de Parrot. Nas regiões glúteas e ínguino-crurais podem-se apresentar lesões, que quando desaparecem deixam cicatrizes lineares chamadas "rágades".
Ulceras mucosas: podem aparecer nos lábios, boca, garganta, laringe e membranas mucosas genitais; lesões similares afetam o nariz, podendo atingir o períosteo subjacente, ocasionando rinite hemorrágica ou "coriza sifilítica". A coriza sifilítica costuma aparecer na segunda ou terceira semana; freqüentemente é intensa, com fluxo contínuo de secreção espessa serossanguinolenta ou purulenta, e com obstrução nasal que prejudica seriamente a respiração e a mamada; a cartilagem nasal é invadida, e conseqüentemente o aparecimento do "nariz em sela de montar"; a pele do lábio superior é em geral irritada cronicamente por essa secreção, e pode infectar-se secundariamente. Menos freqüente é a faringite, que determina choro afônico, denominado de "grito ou sinal de Gennaro-Sisto".
Lesões viscerais: hepatoesplenomegalia, podendo ser tão pronunciadas que o abdome é acentuadamente protuberante nas primeiras semanas de vida; ocasionalmente pode haver acometimento de outras vísceras, tais como os rins, ocasionando uma síndrome nefrótica. Pneumonia alba (morte precoce); Miocardite (morte súbita).
Lesões ósseas: osteocondrite metaepifisária é a lesão esquelética mais precoce, é característica nos primeiros 6 meses de vida apresentando periostose em alguns casos. Após 6 meses a osteocondrite desaparece mas a osteoperiostose sifilítica se torna mais proeminente; as falanges proximais são caracteristicamente as mais afetadas, mais frequentemente nas mãos do que nos pés, configurando a "dactilite sifilítica". Clinicamente a sífilis óssea precoce pode acompanhar-se de impotência funcional dos membros acometidos, mais frequentemente os superiores devido às lesões do úmero. Essa impotência funcional recebe o nome de "Pseudoparalisia de Parrot", é observada especialmente no período de recém-nascido ou nos lactentes de até três meses. A periostite e osteoperiostite dos ossos frontais e parientais levam às deformações características da "fronte olímpica". No caso de lesão óssea, o bebê tem um choro intenso, especialmente quando é manipulado e colocado no colo.
Sífilis renal: em alguns casos, pode ocorrer em lactentes acima de dois meses, detecção de depósitos de imuno-complexos nos glomérulos, produzindo quadros de glomerulonefrite membranosa e de glomerulonefrite profilerativa.
Sífilis congênita tardia:
O bebê nasce com a doença, mais essa fica em estado latente só se manifestando geralmente em torno dos dois anos de idade. É diagnosticada por provas sorológicas e pode ser difícil de distinguir da sífilis adquirida latente, nesse caso a família da criança deve ser examinada.
Lesões cutâneas tuberosas chamadas gomas, idênticas às do terciarismo da sífilis adquirida, que envolvem a pele, tecido subcutâneo, palato, septo nasal (colapso ou desmoronamento característico do nariz); essas lesões podem causar ulcerações e perfurações profundas.
Lesões ósseas: osteoperiostite da margem cristial tibial anterior responsável pela clássica "tíbia em sabre"; dactilite sifilítica e a sífilis dos ossos do crânio.
Artropatia de Clutton (consiste em uma hidrartrose indolor de ambos os joelhos, surge geralmente aos 10 anos de idade).
Neurossífilis: costuma ocorrer quando a sífilis não é detectada nem tratada na fase precoce da doença, costuma ocorrer no início da segunda infância.
Meningite sifilítica.
Comprometimento hepático com cirrose difusa.
Alterações pupilares, geralmente bilaterais, e que na ausência de tratamento pode levar à perda da visão do oitavo par craniano, acompanhada de surdez.
Dentes de Huntchinson: os dentes incisivos mediais superiores apresentam as bordas laterais convexas, e a borda livre em meia-lua.
A somatória de surdez labiríntica + ceratite parenquimatosa + dentes de Hutchinson, constituem a "Tríade de Hutchinson", hoje raramente relatada.
Lesões do sistema nervoso central: A neurossífilis congênita tardia tem seu início na segunda infância. Os transtornos psíquicos apresentam-se nos primeiros anos, agravando o retardo mensal. Meningoencefalites. Paralisia geral infantil (apresenta-se entre 10 a 15 anos, com acentuado déficit intelectual). Tabes (rara na sífilis congênita). Alterações pupilares.
Diagnóstico
A suspeita clínica deve ser feita em todo RN com história materna de sífilis, abortamentos, partos prematuros e antecedentes de outros filhos sifilíticos. Além da história materna, a doença pode apresentar-se no recém-nascido sob variadas formas clínicas, desde os casos mais graves até o RN assintomático, cujas manifestações clínicas vão ocorrer nos primeiros meses de vida.
Anamnese materna história documentada de sífilis tratada durante a gestação.
Exame clínico: as fissuras periorais, determinam uma fácies característica que ajudam no diagnóstico clínico da doença.
Exames laboratoriais.
Reação de VDRL (Veneral Disease Research Laboratory).
Exame oftalmológico.
Exames neurológicos.
Estudo anatomopatológico da placenta.
Exame de sangue do cordão logo após o nascimento.
Fissuras periorais determinam uma fácies característica que muito ajuda no diagnóstico clínico da doença.
Análise do LCR para reações sorológicas, deve ser feita em todos os casos com testes sorológicos positivos para sífilis; anticorpos IgM têm sido detectados no LCR pelo teste ELISA, em pacientes com neurossífilis sintomática, porém estão ausentes na forma assintomática.
Exame microscópico de campo escuro detecta o Treponema pallidum na serosidade colhida de: bolhas, pápulas úmidas, úlceras mucosas.
Estudo radiológico: as manifestações mais precoces aparecem na metáfise dos ossos longos com lesões destrutivas, sinais de rarefação e alterações diafisárias com imagem de neo-osteogênese perióstica.
Critérios para o diagnóstico da Sífilis congênita precoce e neonatal:
Clínico:
Absoluto:
Encontro de Treponema pallidum em campo escuro ou exame histológico nas lesões.
Maiores:
Condiloma lata.
Lesões ósseas: osteocondrite, periostite.
Rinite hemorrágica, obstrução nasal.
Menores:
Lesões cutaneomucosas.
Hepatoesplenomegalia.
Anemia hemolítica.
Linfadenopatia generalizada.
Alterações do sistema nervoso central
Alterações bioquímicas do líquido cefalorraquidiano: celuridade e proteína aumentada.
Sorológico:
A - VDRL ou FTA-ABS positivo.
B - FTA-ABS IgM positivo.
C - VDRL ou FTA-ABS não reagente.
D - VDRL ou FTA-ABS mantido positivo dentro dos primeiros quatro meses de vida.
E - Título do VDRL em ascensão após três meses de vida.
História Materna:
História documentada de sífilis tratada durante a gestação.
Diagnóstico de certeza:
Critério clínico absoluto.
Diagnóstico provável:
Alguns dos seguintes itens:
Critério sorológico E.
Critério sorológico D.
Um critério clínico maior e critério sorológico A ou B.
Dois ou mais critérios clínicos menores e critério sorológico A ou B.
Um critério clínico maior e um menor.
Diagnóstico possível:
Critério sorológico A ou B com somente um critério menor ou nenhum critério clínico.
Improvável:
Critério sorológico C com algum outro critério.
Critério sorológico A ou B com história materna.
Obs: Se o diagnóstico para sífilis for positivo para o bebê, a mãe também deve se submeter ao exame, para verificar em que fase a doença está, e principalmente, para que essa mãe também se submeta ao tratamento.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Sífilis congênita não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As formas plurissintomáticas precoces são de fácil diagnóstico. A forma maciça precoce, quando é grande o predomínio das manifestações viscerais e gerais pode ser confundida com outras infecções congênitas: As doenças que podem ser confundidas com a Sífilis congênita são as seguintes:
Alterações hematológicas: Leucemia congênita ou a Doença hemolítica do RN (Eritroblastose fetal).
Lesões viscerais: Toxoplasmose congênita (forma visceral ou mista); Citomegalia, Doença de Chagas, Septicemia.
Lesões cutâneas: Herpes simples disseminado, Epidermólise bolhosa, Septicemia por Pseudomonas aeruginosa e por Listeria.
Pseudoparalisia de Parrot: pode ser confundida inicialmente com lesões do plexo braquial por traumatismo de parto.
Pênfigo palmoplantar: Impetigo estafilocócico bolhoso do RN.
Tratamento
O tratamento da sífilis congênita recente deve ser instituído imediatamente, logo após a confirmação do diagnóstico.
Medidas terapêuticas:
O tratamento medicamentoso é longo, sendo que em alguns casos da sífilis congênita tardia, algumas lesões são irreversíveis.
Medidas de isolamento são indicadas na Sífilis congênita recente, antes de iniciado o tratamento, pois as lesões cutaneomucosas, são todas ricas em treponemas. Deve-se apenas evitar o contato com essas lesões, que podem se fonte de contaminação. Geralmente os RN não são mais infectantes 24 horas depois de iniciada a terapêutica, com o medicamento específico.
Consulta ao oftalmologista deve ser feita, porque a sífilis congênita, causa distúrbios de visão difíceis de serem detectados no bebê.
Consulta ao ortopedista, devido as alterações e lesões ósseas.
Consulta ao dermatologista, devido as lesões cutâneas.
O tratamento pode ser repetido dois a três meses depois da primeira série de medicamentos, se persistirem sinais clínicos ou títulos sorológicos muito significativos.
Nunca se deve administrar no bebê antimicrobianos antitreponêmicos enquanto as provas sorológicas seriadas estiverem em curso.
É conveniente a realização do exame do liquor para a alta do paciente. Na sífilis congênita recente, o tratamento bem orientado levará quase sempre, à negativação. Na sífilis congênita tardia, os anticorpos celulares e humorais permanecerão por toda a vida.
Instituição do tratamento materno, sempre que a sífilis congênita for confirmada, e a pesquisa da doença for positiva nos irmãos do bebê e no pai.
Acompanhamento:
Devem ser feitos exames clínicos mensalmente no primeiro ano e freqüentemente, a seguir. Os exames laboratoriais e sorológicos devem ser realizados trimestralmente após o tratamento, no primeiro ano, ou mais, se não negativarem; o exame do LCR, nos casos de neurolues, com 6, 12 e 24 meses pós-tratamento.
Obs: Alguns casos graves, em que predominam as manifestações viscerais, a resposta terapêutica nem sempre é boa: podem evoluir para óbito ainda no período neonatal.
Prognóstico: As crianças que têm sintomas ao nascimento respondem menos ao tratamento, do que as que tiverem sintomas tardiamente. Se o tratamento foi protelado para além de três meses, poderá haver queratite intersticial e alterações dentárias que não respondem ao tratamento. As lesões ósseas curam-se independentemente de tratamento específico.
Complicações
Sífilis congênita recente:
A complicação mais grave é a septicemia maciça com predominância de manifestações viscerais. Nesses casos a mortalidade é alta, mesmo com tratamento precoce e adequado.
A Pneumonia intersticial (Pneumonia alba), é uma complicação gravíssima, que pode resultar em óbito.
Alterações dos fatores de coagulação intravascular disseminada é uma complicação gravíssima que pode resultar em óbito.
Hipoproteinemia pode estar presente na Sífilis congênita grave, sendo um dos dos fatores responsáveis pelo edema do bebê.
Comprometimento renal.
Sífilis congênita tardia:
Meningite sifílitica é uma das complicações que resulta em sérias seqüelas no Sistema Nervoso.
Fraturas patológicas decorrentes na presença de osteocondrite grave.
Seqüelas
A doença tem cura quando o tratamento é realizado de forma adequada, que é disponível gratuitamente na rede pública de saúde. Se a sífilis não for tratada adequadamente, durante a gravidez, pode provocar morte do bebê, ou deixar graves seqüelas, como má formação óssea, surdez e problemas neurológicos.
Estigmas de lesões precoces na sífilis congênita tardia.
Tibia encurvada.
Osteoperiostoses cicatrizadas, dos ossos longos podem causas deformidades.
Protuberâncias cranianas frontais e parietais resultantes de lesões ósseas cicatrizadas.
Cicatrizes gomosas devido as ulcerações.
Perfuração do septo nasal, algumas vezes com colapso nasal característico.
"Nariz em sela" a rinite prejudica o crescimento e o desenvolvimento dos ossos nasais causando essa aparência física.
"Rosto de buldogue" a rinite prejudica o desenvolvimento dos maxilares produzindo um palato alto e uma depressão da haste nasal, e proeminência relativa do queixo.
"Rágades" a maioria das lesões origina cicatrizes lineares e outras nos ângulos da boca e das narinas formando uma espécie de ruga que envelhece o rosto do indivíduo.
Molares de Moon ou em amora: insuficiência do desenvolvimento do primeiro molar inferior resulta em alteração na arcada dentária.
Dentes de Hutchinson: deficiência de desenvolvimento do botão dentário central, resulta em alteração na arcada dentária permanente; alterações nos primeiros molares da dentição permanente (Dentes em bolsa de Mozer).
Alterações permanentes das unhas.
Surdez por comprometimento do nervo acústico.
Mudez.
Coroidorretinite que pode causar deficiência visual até podendo chegar à cegueira.
Ceratite parenquimatosa (pode aparecer desde o nascimento até a velhice).
Atrofia óptica.
Opacidades corneanas e "vasos fantasmas" consecutivamente a ceratite intersticial.
Retardamento mental.
Transtornos psíquicos apresentam-se geralmente nos primeiros anos, agravando o retardo mental.
Lesões degenerativas do SNC.
Paralisia geral infantil (apresenta-se entre 10 a 15 anos, com acentuado déficit intelectual).
Hidrocefalia.
Lesões dos nervos cranianos.
Profilaxia da Sífilis congênita
Sorologia obrigatória em toda a gestante.
É uma doença que pode ser evitada, caso a mãe sifilítica inicie o tratamento correto antes do 5° mês gestacional. Não só essa doença, como também outras, podem ser detectadas pelo exame pré-natal.
Caso o diagnóstico seja confirmado, a gestante inicia o tratamento à base de penicilina. O parceiro também é submetido ao teste, e caso seja confirmado, ele deve também iniciar tratamento gratuito, para que não ocorra uma reincidência na contaminação.
O tratamento da mãe infectada durante as primeiras 16 semanas de gestação, pode prevenir a Sífilis congênita, o tratamento ainda que tardiamente na gestante pode deter a infecção fetal.
Os pais também devem fazer exames periódicos e testes genéticos, principalmente, quando pensam em ter um filho. Através desses exames os pais podem saber se estão ou não com alguma doença que possa infectar o feto, ou na área genética se têm algum gene que possa gerar um bebê com alguma alteração genética.
Obs: O exame VDRL, para detectar sífilis na gestante, deve ser feito no primeiro e terceiro trimestres da gestação, e no trabalho de parto. É um direito gratuito e assegurado pelas portarias ministeriais 569/00 e 766/04.
Falhas na terapêutica materna
Algumas gestantes tratadas no final do segundo trimestre ou no terceiro trimestre, infelizmente podem apresentar partos prematuros e óbito fetal logo após a terapêutica, além de gerar recém-nascidos com Sífilis congênita. A medicação na mãe, pode impedir a Sífilis congênita no período de incubação da infecção fetal nos casos leves e moderados da terapêutica, mas pode não ser capaz de erradicar ou tratar a doença fetal grave.
Em fetos gravemente afetados intra-útero, que apresentam ao exame ultra-sonográfico alterações placentárias, hidropsia e, ou ascite, a incidência de falha terapêutica é grande e o tratamento materno e suas possíveis conseqüências, particularmente a reação de Jarisch-Herxheimer, podem resultar em sofrimento fetal e conseqüentemente parto prematuro ou até mesmo morte fetal.
Na gestante, a reação de Jarisch-Herxheimer pode incluir contrações uterinas regulares, taquicardia e desacelerações da freqüência cardíaca fetal, diminuição da atividade fetal além dos sinais maternos como: febre, vasodilatação, taquicardia e hipotensão moderada.
Atualidades:
Controle: Até 2010, a Vigilância Epidemiológica do país pretende banir a Sífilis e a Sífilis congênita. O índice esperado é de menos de um caso registrado para cada mil nascidos vivos, enquanto que a taxa atual no país é de 1,6. O Dia Nacional de Combate à Sífilis foi lançado no VI Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, em setembro de 2006, em São Paulo. Tramita no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 7.477/06, que oficializa uma data oficial para o Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.
Maiores informações sobre Sífilis, consulte o Menu de Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Maiores informações sobre Neurossífilis, consulte o Menu de Doenças Neurológicas.