TOXOPLASMOSE CONGÊNITA


Definição

A Toxoplasmose congênita resulta da transmissão transplacentária do Toxoplasma gondii de uma mãe agudamente infectada para o feto. Aparecendo ou não os sintomas da doença na grávida, cerca de 1/3 dos fetos estarão infectados. A doença também é a causa de aborto ou de fetos nascidos mortos e também de bebês com graves deformidades. A mulher dá a luz somente a uma criança com Toxoplasmose, pois os anticorpos se encarregam de evitar que  a doença se manifeste em outra gravidez.  

As mulheres que possuem anticorpos contra a Toxoplasmose, ao engravidarem, não correm risco de infectar o feto, pois a toxoplasmose só é perigosa para o feto, quando for adquirida durante a gravidez. Se uma mulher antes de engravidar, não possui anticorpos contra a doença, deve tomar o maior cuidado para não adquirir a doença durante a gestação, se for possível deve ficar longe dos gatos e de suas fezes, pois esses animais são os principais hospedeiros e transmissores do T. gondii.

A mortalidade dos bebês  quando têm Toxoplasmose congênita é alta, principalmente quando a doença é clinicamente observada nos primeiros meses de vida. Os bebês que sobrevivem ao  período neonatal geralmente tiveram a doença confinada principalmente ao Sistema Nervoso Central e olho.

Incidência

Agente etiológico

Protozoário Toxoplasma gondii; gênero Toxoplasma; pertencente à família Sarcoystidae; subfamília Toxoplasmatinae; ordem Eucoccidiida; subordem Elimerina; classe Sporozoea; subclasse Coccidia; subfilo Apicomplexa.

 Fonte de infecção

No caso da Toxoplasmose congênita, a fonte de infecção é a mãe.

Formas clínicas

Devido as várias manifestações clínicas da Toxoplasmose congênita, a doença foi classificada em quatro formas clínicas principais:

Transmissão

A Toxoplasmose congênita é transmitida ao feto por via transplacentária. Quando adquirida durante os últimos meses de gestação, a infecção geralmente é subclínica no RN, mas quando a mãe se infecta nos primeiros meses de gestação, a infecção fetal é muito mais grave. 

Manifestações clínicas

Quando a gestante adquire a Toxoplasmose, o protozoário atravessa a placenta e aloja-se nos tecidos do feto, principalmente os  tecidos do Sistema Nervoso Central (SNC), causando várias lesões, que pode acontecer em qualquer período da gravidez causando um aborto espontâneo, mas em alguns casos a mãe pode dar a luz a uma criança com deformações cranianas ou a um bebê aparentemente perfeito, que pode ou não vir a ter alterações severas e graves decorrentes da doença. 

Esses problemas podem ser visíveis logo após o nascimento ou podem acontecer principalmente no 1° ano de vida.   A gravidade das manifestações clínicas ao nascimento ou no período neonatal imediato provavelmente depende do período da gestação no qual a infecção foi transmitida da mãe para o feto.

As manifestações clínicas de retinocoroidite, hidrocefalia ou microcefalia, calcificações intracranianas e convulsões são conhecidas entre a grande maioria dos clínicos neonatologistas como a tétrade clássica da Toxoplasmose congênita. 

Fase neonatal:

Fase tardia:

De uma maneira geral, a regressão do tamanho do fígado e baço ao valor normal ocorre com mais frequência nos primeiros seis meses de vida. A hematopoiese extramedular constitui um dos principais fatores responsáveis pelo grande aumento observado no fígado e no baço em crianças não só com toxoplasmose, como também naquelas portadoras de outras infecções congênitas.

O início da Icterícia é em geral precoce, porém pode ocorrer mais tardiamente, nos primeiros meses de vida. O seu mecanismo parece relacionado a um fenômeno tóxico devido ao próprio parasita, à presença de hepatite ou a fenômenos hemolíticos. Na Toxoplasmose congênita os testículos e ovários podem ser gravemente afetados. Anemia na Toxoplasmose congênita pode ser causada não só por sangramento, como também por hemólise e/ ou diminuição de produção sanguínea

Obs:  Quando a criança apresenta Retinocoroidite focal e calcificação intracerebral é prudente ser investigada  uma infecção toxoplásmica. Mesmo que algumas crianças permaneçam assintomáticas durante os primeiros anos de vida, elas tem tendência a desenvolver lesões oculares, principalmente a retinocoroidite mais tarde.

O quadro clínico da doença generalizada apresenta lesões viscerais, oftalmológicas e neurológicas na maioria dos bebês sintomáticos, mas também pode ocorrer um quadro predominantemente neurológico ou visceral.  Existem crianças, principalmente, com afecções do Sistema nervoso, que se apresentam relativamente bem ao nascer e a doença aparece após algumas semanas ou muitos meses depois.

 Na gestante a doença tem curta duração,  e na maioria das vezes, sem maiores conseqüências para o organismo. Por isso que na maioria dos casos  a gestante nem percebe que foi infectada, porque os sintomas são inespecíficos ou a doença é completamente assintomática.

A  mortalidade na toxoplasmose congênita é alta quando a doença é clinicamente observada nos primeiros meses de vida.

Diagnóstico

Obs:  No caso da mãe contrair uma infecção da Toxoplasmose durante a gestação, o estudo do sangue fetal, propiciado pela coleta intra-uterina de sangue de cordão umbilical, tecnicamente realizável a partir da 17ª ou 20ª semana de gestação com auxílio da detoscopia por ultra-som, abriu novas possibilidade para o diagnóstico precoce da toxoplasmose congênita intra-uterina.

O simples achado de anticorpos antitoxoplasma no soro de recém-nascido não apresenta maior significado  diagnóstico, tendo-se em vista a transmissão passiva de anticorpos  maternos e a elevada prevalência de anticorpos antitoxoplasma na população adulta, em que se incluem as gestantes.  Entretanto, títulos elevados de anticorpos antitoxoplasma em recém-nascidos que apresentam indícios clínicos sugestivos a infecção têm alto valor preditivo de Toxoplasmose congênita.

Apenas 20 a 30% das crianças com Toxoplasmose congênita têm evidência da doença ao nascimento, por isso em alguns casos a dificuldade de um diagnóstico precoce e preciso.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial  deve ser feito em relação a outras doenças congênitas, que apresentam quadro clínico visceral e neurológico, semelhantes à Toxoplasmose congênita.

Tratamento

Apesar das diferenças biocronológicas entre as Toxoplasmose adquirida e congênita, a terapêutica utilizada é idêntica, exceto pela dosagem e duração do tratamento. O tratamento medicamentoso nas crianças portadoras da forma subclínica, pode diminuir a frequência e gravidade das sequelas.O tratamento  específico da forma congênita tem sido recomendado em RN com doença sintomática ou subclínica.

Obs:  A eficácia da terapêutica na Toxoplasmose congênita é por vezes de difícil avaliação, em consequência  do diagnóstico da doença na grande maioria dos casos ser tardio.  Em alguns casos a indicação terapêutica é difícil de definir devido à ausência de informação sobre a gestação e falta de isolamento do microorganismo da placenta.

As drogas recomendadas atualmente, são benéficas contra a forma proliferativa do microorganismo, não erradicando contudo, a forma encistada, especialmente aquela encontrada no SNC e no olho. 

 Complicações  

Obs: Calcificações intracranianas  no núcleo caudal e nas meninges constituem sinais de mau prognóstico. 

Seqüelas

Obs:  Em 30% das crianças com Toxoplasmose congênita, as calcificações intracranianas são visíveis nos primeiros três meses de vida, e em 80%  até os dois anos de idade. O aumento no número e tamanho das calcificações durante um período de meses ou anos que em alguns casos, é sugestivo de que o processo de cura  ou talvez processo de destruição, continua a ocorrer após a infecção. Geralmente a Toxoplasmose congênita constitui uma doença extremamente séria na criança, tendo em vista o comprometimento particularmente neurológico e oftalmológico que ela ocasiona, caso se apresente na forma sintomática ou assintomática.

Profilaxia

Em vista do conhecimento das peculiaridades epidemiológicas da infecção pelo Toxoplasma gondii, do ciclo de vida do microorganismo e de sua alta morbidade para o feto e o recém-nascido, grande ênfase tem sido dada, particularmente à prevenção e ao tratamento da doença na gestante e no recém-nascido.

Medidas gerais preventivas  da infecção na gestante:

Obs: O gato e cão  que vivem no domicílio devem ir ao veterinário para que possam passar por exames para identificar se são portadores da doença. Caso não sejam portadores, eles podem tranqüilamente conviver com a família sem problemas, mas devem se possível, uma vez por ano ir ao veterinário para fazer exames. Cuidando do seu bichinho você não terá problemas com  a toxoplasmose, que é transmitida por esses animais.  Leve sempre seu animal ao veterinário.

Os prognósticos neurológicos e de desenvolvimento são muito sóbrios quando a doença é disseminada e clinicamente evidente no período neonatal. Portanto a  gestante deve exigir sempre do seu ginecologista que a acompanha no pré-natal, a realização do exame  de pesquisa de toxoplasmose.


Dúvidas sobre termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.

Maiores informações sobre a Toxoplasmose, consulte o Menu de Doenças Infecciosas.

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