ENFISEMA
PULMONAR
Definição
O
Enfisema Pulmonar é considerado uma doença pulmonar crônica, degenerativa,
progressiva e incapacitante, causada pela hiperdistensão permanente dos
alvéolos pulmonares, acompanhada por destruição de tecido e estreitamento dos
septos pulmonares. Enfisema pulmonar é uma alteração
caracterizada por aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo
terminal, acompanhado por alterações destrutivas das paredes alveolares. No
processo evolutivo da doença ocorre uma destruição dos alvéolos que se tornam
distendidos e perdem a capacidade normal de realizar trocas gasosas (de
oxigênio e gás carbônico). A principal característica da doença é a falta de
ar.
Frequentemente
o Enfisema pulmonar se liga a alterações inflamatórias, que se manifestam nos
brônquios e bronquíolos. Na grande
maioria dos casos a doença se desenvolve no paciente depois de muitos anos
fumando vários cigarros por dia. O Enfisema pulmonar pertence ao grupo de
doenças pulmonares chamado de DPOC - Doença Pulmonar Crônica Obstrutiva. É uma
doença que causa muito sofrimento ao portador e sua família, devido ao curso
prolongado da fase avançada.
Incidência
·
O Enfisema obstrutivo crônico é mais
frequente em homens do que em mulheres.
·
Idade de maior incidência gira em
torno dos 50 aos 60 anos de idade.
·
Maior incidência em indivíduos da
raça branca.
·
Cerca de 80 % a 90$ dos casos de
surgimento do enfisema pulmonar estão ligados ao hábito contínuo de fumar pelo
paciente.
Tipos
Existem
quatro tipos básicos de Enfisema pulmonar:
·
Obstrutivo crônico: consiste na distensão de vários elementos respiratórios, os
alvéolos, os ductos, os sacos alveolares e os bronquíolos.
·
Senil: o enfisema pulmonar senil é
resultado da degeneração, pela idade, dos septos alveolares; frequentemente não
é acompanhado de sintomas já que é decorrente da velhice natural do organismo.
·
Localizado: surge devido a uma obstrução
brônquica localizada, que funciona como uma válvula que permite apenas a
entrada (e não saída) de ar dos alvéolos.
·
Compensador (vicariante): é uma
hiperdistensão do parênquima
pulmonar devida a falta de funcionamento
do tecido das vizinhanças, tanto por fibrose quanto por colapso.
Causas
Congênita:
·
Deficiência da alfa-1-antitripsina.
A doença devido a deficiência
dessa enzima produzida pelo pulmão, se desenvolve mais cedo,
mesmo sem a exposição ao fumo.
·
Predisposição genética.
Secundário:
·
Fumo.
·
Poluição do ar.
·
Poeira
·
Fumaça.
·
Bronquite crônica com estreitamento vascular.
·
Obstrução parcial dos brônquios.
·
Fibrose cística.
·
Asma.
·
Auto-imunidade.
·
Infecção.
·
Exposição ocupacional (carvão,
algodãoe grãos).
·
Envelhecimento.
·
Pode ser decorrente ou secundário a
uma cirurgia para retirada de parte do pulmão.
Fatores de risco
·
Uso continuado e excessivo de
cigarros por anos ou décadas: a bronquite crônica resultante do hábito de fumar
ou a inalação de fumaça do cigarro funcionam como fatores
predisponentes para o aparecimento do
enfisema.
·
Inalação de poeira durante vários
anos.
·
Inalação de fumaça por vários anos.
O
excesso de cigarros, fumaça e poeira são fatores que favorecem as inflamações
respiratórias. As constantes infecções inflamatórias produzem no pulmão uma
série de alterações que vão evoluindo conforme os anos. Geralmente, essas
inflamações respiratórias frequentes, acabam provocando alterações
circulatórias com isquemia (diminuição da circulação) das áreas pulmonares
adjacentes, acarretando cicatrização e fibrose dessas partes. Posteriormente, o
enfraquecimento dos tecidos elásticos e de sustentação que tem como
consequência a hiperdistensão pulmonar, ou seja, o enfisema.
Sinais e sintomas
O Enfisema pulmonar é uma doença que cursa
durante vários anos, mas quando aparecem os sintomas, o comprometimento
pulmonar muitas vezes já é considerado irreversível. A principal queixa do
paciente quando vai ao médico é sobre a falta de fôlego ou de ar, e uma
sensação de que não está inalando ar suficiente, parece que está sufocando. A
falta de ar ocorre no Enfisema pulmonar quando cerca de 50% do parênquima
pulmonar já está comprometido pela doença.
Fase inicial: (já com o paciente se
queixando de dificuldade para respirar)
·
Dispnéia de instalação lenta e
progressiva (dificuldade
respiratória).
·
Respiração difícil.
·
Tosse crônica seca ou improdutiva.
·
Tosse produtiva: que facilita os
processos infecciosos, tornando com o tempo o catarro mais purulento.
·
Chiado no peito
·
Inapetência (falta de apetite).
·
Pequena perda de peso devido a redução na ingestão de alimentos..
·
Dificuldade para dormir.
·
Dificuldade para fazer exercícios.
Fase
avançada:
·
Hipoxia: diminuição da taxa de
oxigênio do sangue.
·
Dificuldade acentuada para fazer as atividades
rotineiras.
·
Dificuldade para subir escada
(paciente se queixa de falta de ar e cansaço).
·
Dispnéia durante o repouso
·
Perda de peso progressiva.
·
Taquicardia.
·
Anorexia.
·
Pele arroxeada.
·
Fraqueza constante.
·
Fadiga muscular.
·
Sudorese.
·
Crises graves de tosse produtiva.
·
Desconforto respiratório.
·
Tóraz rígido (tórax em tonel ou
barril).
·
Acidose respiratória.
·
Hipotrofia dos músculos acessórios
da respiração.
·
Infecções respiratórias frequentes.
·
Aparecimento de distúrbios
cardíacos.
Obs:
Devido ao problema respiratório ocorre aumento do diâmetro ântero-posterior do
tórax, devido a permanente hiperinsuflação pulmonar. O diafragma fica
permanentemente abaixado e o tórax dá a impressão de que a pessoa está sempre em
inspiração profunda. É o típico tórax em tonel. A respiração torna-se cada vez
mais difícil e os músculos torácicos precisam auxiliá-la. Os movimentos da
caixa torácica diminuem.
Fase
terminal:
·
Aparecimento de crises convulsivas.
·
Hipertensão pulmonar grave.
·
Hipertensão arterial sistêmica.
·
Hemoptise (tosse com sangue, ou
eliminação de sangue após acesso de tosse).
·
Dispnéia incapacitante.
·
Comprometimento pulmonar grave.
·
Comprometimento cardíaco grave.
·
Insuficiência ventricular direita.
·
Cianose.
·
Hipoxemia.
·
Hipercapnia.
·
Acidose respiratória.
·
Cor
pulmonale.
·
Insuficiência ventricular.
·
Colapso pulmonar maciço por
penumotórax resultante da ruptura de bolhas subpleurais.
·
Insuficiência respiratória grave
evoluindo para uma falência respiratória.
·
Coma.
Diagnóstico
·
Anamnese.
·
Exame
clínico.
·
Exame
físico.
·
Exames
laboratoriais.
·
Raio
X do tórax.
·
ECG
– Ecocardiograma.
·
Testes respiratórios.
·
Testes
da função pulmonar: determinam a capacidade pulmonar.
·
Espirometria:
exame que mede a capacidade de ar dos pulmões.
·
Medição
do gás no sangue arterial.
·
Oximetria
de pulso.
·
TC
– Tomografia Computadorizada do tórax.
Tratamento
O Enfisema Pulmonar é considerado uma doença
sem cura, que tem um processo degenerativo e progressivo. A doença apresenta um
alto grau de mortalidade. O tratamento é sintomático, conforme os sintomas
apresentados.
Médico especialista: Pneumologista.
Objetivo do tratamento: Aliviar os sintomas,
prevenir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do
paciente.
Tratamento
medicamentoso e clínico:
·
Antibioticoterapia: administração de
antibióticos.
·
Administração de broncodilatadores
(via oral ou inalatória).
·
Administração de mucolíticos.
·
Anti-inflamatórios.
·
Analgésicos.
·
Corticoterapia: tratamento com
corticosteróides.
·
Oxigenioterapia: terapia com
oxigênio.
·
Imunização.
·
Orientações higieno-dietéticas.
Tratamento
cirúrgico:
·
Transplante de pulmão: este
procedimento é indicado em casos especifícos, devido ao alto risco
dirúrgico.
·
Cirurgia redutora de volume pulmonar
(CRVP): tratamento cirúrgico que consiste na retirada de determinadas áreas
pulmonares que estão mais afetadas pela doença. O tratamento cirúrgico tem
algumas condições clínicas que somente a equipe médica poderá autorizar ou não
a cirurgia. Esse tipo de cirurgia só
pode ser indicado nos portadores de Enfisema Pulmonar difuso heterogêneo.
Obs:
Os dois tipos de procedimentos cirúrgicos acarretam alto custo, enquanto a
morbidade e mortalidade para os paciente também são
consideradas muito altas. Deve ser avaliado com muito critério o
risco/benefício para o paciente.
Tratamento
fisioterápico:
Reabilitação
pulmonar é um programa multiprofisional de cuidados a pacientes com alteração
respiratória crônica. No processo da reabilitação pulmonar de um paciente com
Enfisema Pulmonar a
fisioterapia pode ajudar nos seguintes aspectos:
·
melhorar
a qualidade de vida através da reeducação do padrão respiratório;
·
contribuir
para a remoção de secreções pulmonares;
·
melhorar
a postura através dos exercícios para a coluna vertebral;
·
reduzir
os sintomas respiratórios;
·
aumentar
a capacidade física;
·
promover
exercícios para o controle da respiração.
Cuidados de enfermagem nas doenças
respiratórias:
·
Manter paciente em repouso na fase
crítica.
·
Posição de fowler, mudança de decúbito.
·
Deambulação (andar) quando for possível.
·
Observação e anotar sinais e
sintomas.
·
Estimular a alimentação e ingestão
de líquidos, quando possível.
·
Manter as vias áereas superiores
permeáveis.
·
Orientar o paciente quanto a coleta de material para exames.
·
Cuidados com oxigenioterapia e
inaloterapia.
·
Ensinar o paciente a coordenar a
respiração diafragmática com atividade.
·
Evitar esforço desnecessário para o
paciente.
·
Tentar evitar o contato com pessoas
que tenham infecções do trato respiratório.
·
Ficar atento aos equipamentos de
terapia respiratória.
Obs:
Durante as fases de exacerbações da doença o paciente deve enfatizar as
técnicas de remoção de secreções e o controle respiratório.
Prognóstico:
Os paciente com Enfisema pulmonar morrem em consequência da insuficiência
respiratória decorrente da falência pulmonar. O óbito também pode ocorrer
devido a acidose, Cor
pulmonale, insuficiência ventricular, colapso pulmonar maciço por
pneumotórax resultante da ruptura de bolhas subpleurais.
Complicações
·
Infecções pulmonares agudas.
·
Hemorragia.
·
IC – Insuficiência Cardíaca.
·
Insuficiência Cardíaca direita (cor-pulmonale).
·
ICC - Insuficiência Cardíaca
Congestiva.
·
Pneumotórax espontâneo: pode ocorrer
devido há uma ruptura de
uma bolha de ar na superfície pleural.
·
Policitemia.
·
Tendência do desenvolvimento de
tromboses.
Sequelas
·
Incapacidade física progressiva
decorrente do problema respiratório.
·
Dificuldade crônica de respirar.
·
Dispnéia incapacitante.
·
Necessidade de suplementação de
oxigênio permanente.
·
Necessidade de uso da ventilação
mecânica pulmonar.
Cuidados gerais
O portador de Enfisema pulmonar deve procurar
informações sobre sua doença, para poder melhor lidar com as suas limitações.
Alguns cuidados podem ser oservados durante a evolução da doença.
·
PARAR
DE FUMAR.
·
Evitar bebidas alcóolicas.
·
Não se expor ao frio.
·
Evitar ambientes poluídos.
·
Evitar ambientes com fumaça.
·
Fazer os exercícios só com
fisioterapeuta.
·
Evitar o convívio com animais
domésticos.
·
Evitar os extremos de calor e frio.
·
Tentar evitar o uso de lã.
·
Tentar ficar em um ambiente calmo e
arejado.
·
Evitar subir escadas.
·
Tentar se alimentar o melhor
possível.
·
Tomar as medicações nos horários
corretos.
Dúvidas
de termos técnicos e expressões médicas, consulte o
glossário geral.