FEBRE REUMÁTICA
Definição
A Febre reumática é uma doença inflamatória grave, que surge como complicação de uma amigdalite bacteriana, e acomete, preferencialmente, os tecidos articulares, cardíacos, neurológicos e cutâneos. A doença pode causar graves sequelas cardíacas, que são inclusive, as maiores responsáveis pelos altos índices de mortalidade da doença. A inflamação gerada pela doença pode destruir as válvulas do coração. A Febre Reumática é provavelmente uma reação de sensibilidade causada pelos estreptococos. Quanto mais ocorrem infecções estreptocócicas mais lesões cardíacas podem ocorrer. A Febre Reumática é considerada uma doença reumática e autoimune.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a prevenção da Febre Reumática como prioridade. Atualmente, estima-se que cerca de 400 mil pessoas morram por causa da Febre Reumática em países da África, Ásia, América do Sul e leste do Mediterrâneo.
A doença pode ser facilmente prevenida. Depende unicamente de tratamento adequado das amigdalites, feito com a administração de uma dose única de penicilina benzatina. Mas, quando a Febre Reumática se instala no organismo, o tratamento é mais complexo e custoso, devido ao implante de próteses cardíacas e das intervenções cirúrgicas cardiovasculares de grande porte. É uma doença muito perigosa na faixa entre os 5 a 15 anos de idade.
Incidência
· Cerca de 50% dos casos de Febre Reumática, apresentam lesões cardíacas significativas.
· Maior incidência nas crianças e adolescentes.
Agente etiológico
Estreptococos Beta hemolítico do grupo A de Lancefield.
Sinais e sintomas
Principais manifestações clínicas da amigdalite bacteriana:
· Febre alta.
· Dor de garganta intensa.
· Gânglios no pescoço.
· Placas de pus nas amígdalas.
Quando esses casos evoluem para a Febre Reumática surgem os seguintes sintomas:
· Dores e inchaços nas juntas (joelhos, cotovelos e tornozelos), que começam geralmente após duas semanas após uma amigdalite.
· Nódulos subcutâneos.
· Eritema marginato (erupção cutânea irregular, delicada e de linhas vermelhas, no tronco e extremidades).
· Poliartrite (articulações quentes e edemaciadas)
· Volta da febre.
· Dificuldade para andar devido as dores nos joelhos e tornozelos.
Quando atinge o coração pode ocorrer os seguintes sintomas:
· Palpitações cardíacas, associadas à falta de ar.
· Cansaço constante.
· Frêmito; murmúrio sistólico mitral; murmúrio diastólico aórtico.
Obs: Não é toda a infecção na garganta que pode gerar a Febre Reumática, somente aquelas causadas por bactéria Streptococo Beta hemolítico grupo A. Se a amigdalite bacteriana for bem tratada, a Febre Reumática não atingirá a criança.
Diagnóstico
· Anamnese.
· Exame físico.
· Exame clínico.
· Exames laboratoriais.
· Cultura da Orofaringe: exame para determinar a presença de organismos estreptocócicos.
· ECG - Eletrocardiograma.
· ECC - Ecocardiograma.
Tratamento
Médicos especialistas: Otorrinolaringologista, Reumatologista e Cardiologista.
Quando a Febre Reumática é diagnosticada, é necessário usar anti-inflamatório, e tomar uma injeção intramuscular de penicilina G benzatina, em intervalos de até 21 dias, de acordo com a avaliação médica.
O tratamento só deve ser interrompido por ordens médicas. O paciente deve ser conscientizado, que caso interrompa o tratamento por conta própria, pode acarretar danos irreversíveis ao músculo cardíaco.
Tratamento cirúrgico é necessário na grande maioria dos casos, quando a doença atinge o músculo cardíaco.
Tratamento medicamentoso a base de corticosteróides e derivados é necessário.
Tratamento associado de hormônios e Aspirina.
Amigdalectomia: Nunca se deve indicar a cirurgia para a retirada das amígdalas (amigdalectomia), durante o período agudo da moléstia. A retirada das amígdalas pode trazer reativação do processo reumático.
Assistência de enfermagem:
· Administrar antipiréticos prescritos, quando for necessário.
· Antibioticoterapia prescrita.
· Monitorar a temperatura regularmente.
· Monitorar os sinais vitais.
· Repouso no leito é recomendado durante o período agudo.
· Administrar tranqüilizantes prescritos, quando for necessário.
· Administrar sedativos prescritos, quando for necessário.
· Ficar atento a sinais e sintomas de intolerância gástrica.
· Dietoterapia prescrita.
· Ficar atento aos efeitos colaterais dos corticóides.
· No caso de lesões cardíacas, o tratamento deve ser implementado dependendo do grau da lesão cardíaca ou da insuficiência cardíaca.
Seqüelas
A doença cardíaca reumática crônica constitui uma complicação da Febre Reumática e, costuma produzir uma incapacidade progressiva e uma diminuição da expectativa de vida.
1. Embora o paciente seja assintomático por algum tempo, o dano valvular produzirá sopros que são característicos de estenose valvular, de regurgitação, ou de ambos.
2. O miocárdio consegue compensar durante algum tempo esses defeitos valvulares, porém com o passar do tempo, essa compensação se esgota e o paciente passa a apresentar sintomas de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC).
Obs: As pessoas com doença cardíaca reumática devem receber terapêutica profilática com penicilina, antes de se submeterem a tratamentos dentários ou a cirurgias do trato geniturinário e do trato intestinal inferior.
Prevenção
É necessária uma terapêutica profilática contínua com penicilina (ou com outro antibiótico adequado), para prevenir as infecções estreptocócicas e a possibilidade de ataques recidivantes de Febre Reumática.
O tratamento preventivo da Febre Reumática, deve ser feito em todos os pacientes que apresentarem um surto da doença, e deve ser mantido durante longo tempo, pelo menos até os 18 anos de idade, nos portadores que não apresentam cardiopatia, e manter o tratamento durante toda a vida nos portadores da valvopatia.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.