FIBROMIALGIA


 

Definição

A Fibromialgia é considerada uma síndrome crônica caracterizada por dores neuromusculares generalizadas, sensação de formigamento nos braços e nas pernas, irritabilidade e cansaço intenso.  A Fibromialgia é uma doença relacionada com o funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor.  Um dos sintomas mais comuns e característicos da Fibromialgia é a dor em diversas partes do corpo. A doença apresenta diversos tipos e graus de dor, chegando em alguns casos a estágios de dores insuportáveis.  Em alguns casos, a doença pode tornar o portador incapacitante.  A Fibromialgia não causa deformidades nem inflamações nas articulações, é portanto considerada uma forma de reumatismo de tecidos moles ou muscular. É uma doença que afeta  principalmente os músculos e seus locais de fixação nos ossos. 

A Fibromialgia foi identificada como uma doença apenas nas últimas décadas. Há bem pouco tempo, muitos médicos tratavam a doença como se fosse um problema psicológico. Difícil de ser diagnosticada, em função  dos seus sintomas que se assemelham a outras doenças, a patologia diminui a qualidade de vida dos pacientes, podendo afastá-los do trabalho e da vida social. 

A Fibromialgia é considerada uma doença reumática.

Histórico

A Fibromialgia é uma doença  em que a sua sintomatologia era descrita por doentes desde o século XIX, mas só foi reconhecida como doença pela OMS - Organização Mundial de Saúde, a partir do final da década de 70.

Incidência

·         75% a 90% dos casos, ocorrem em mulheres.

·         Incidência maior em pessoas entre 30 e 50 anos de idade. Nas mulheres,  tem uma incidência maior entre 3 a 5 anos antes da menopausa.

·         Brasil: ainda não existe levantamento oficial, mas estima-se que mais de 5% da população possa desenvolver esta síndrome.

Causas

As causas da Fibromialgia ainda não são bem definidas  pela comunidade médica-científica, mas tanto a serotonina como a substância P, aparecem como causas possíveis. 

·         Nível diminuído de serotonina: No cérebro a serotina age como analgésico, enfraquecendo os sinais da dor. Mas seus níveis são bem mais baixos em quem tem a doença. A substância P a mais e serotonina a menos, fazem a massa cinzenta amplificar, isto é, aumentar qualquer estímulo doloroso.

·         Excesso da substância P:  Presente no corpo todo, a chamada substância P avisa ao cérebro que um estímulo provocou dor em alguma região. Nos fibromiálgicos esse neurotransmissor existe em quantidades exageradas.

Fatores desencadeantes

Os fatores desencadeantes são aqueles em que a grande maioria dos pacientes  relatam que os sintomas da doença apareceram logo após  as seguintes situações ou enfermidades:

·         Artride reumatóide.

·         Grande stress emocional.

·         Hipotireoidismo.

·         Infecção viral ou bacteriana.

·         Lupus Eritematoso Sistêmico - LES.

·         Taxa hormonal em excesso, principalmente em relação às mulheres.

·         Trauma físico.

 

A doença pode ser desencadeada por alterações neuroendócrinas, imunológicas e comportamentais.

Fatores precipitantes

Os fatores precipitantes no caso da Fibromialgia, são aqueles que podem precipitar uma crise ou que podem agravar mais ainda os sintomas, principalmente os dolorosos.

·         Alterações climáticas.

·         Excesso de exercício físico.

·         Excesso de peso.

·         Depressão.

·         Determinados alimentos. 

·         Período que antecede a menopausa.

·         Stress.

·         Noite de insônia.

Sinais e sintomas

Geralmente, o paciente que tem a Fibromialgia, procura o médico devido a fraqueza acentuada e a dor que pode ser localizada ou sentida em várias partes do corpo. Essa dor muda de intensidade conforme a hora do dia, tipo de atividade, pelo clima, padrão de sono e stress. Muitos pacientes se queixam que essas dores iniciais, produzem uma sensação de queimadura ou uma picada forte.

Fase inicial: 

Nessa  fase o paciente pode se queixar de  alguns desses sintomas ou somente da dor. Dependendo da evolução da doença, geralmente o paciente se queixa de todos os sintomas da fase inicial.

·         Dor em vários pontos do corpo, ou uma forte dor localizada que com o  tempo começa a ser sentida em outros pontos do corpo.

·         Dor à apalpação. 

·         Câimbras musculares.

·         Cefaléia (dor de cabeça).

·         Fadiga (cansaço) sem motivo, durante quase todo o dia.

·         Fadiga ao menor esforço físico.

·         Formigamento nas extremidades.

·         Inchaço nas mãos e nos pés.

·         Inchaço e sensação de formigamento ao se levantar da cama.

·         Alterações no sono (o paciente se queixa que ultimamente não está conseguindo dormir direito, o sono não está sendo reparador). 

 

Manifestações psicológicas:

·         Ansiedade.

·         Irritabilidade.

·         Dificuldade de concentração.

·         Distúrbios do sono.

·         Insônia.

·         Depressão.

·         Desânimo.

·         Perda do desejo sexual (casos raros).

 

Manifestações gastrintestinais:

·         Cólon irritável.

·         Dor abdominal.

·         Diarréia.

·         Flatulência (gases).

·         Náuseas.

·         Dificuldade de digestão.

 

Outros sintomas:

·         Menstruação dolorosa.

·         Náuseas.

·         Secura na boca e nos olhos.

·         Alterações na coordenação motora.

·         Síndrome da bexiga irritável (sensibilidade durante a micção).

 

Fase aguda:

·         Dores crônicas.

·         Rigidez muscular matinal intensa (o paciente demora para levantar da cama, permanece sentado durante algum tempo).

·         Alergias relacionadas a vários alimentos.

·         O paciente mesmo sentado não consegue que as pernas fiquem quietas (as pernas sempre querem ficar em movimento).  No caso das mulheres, se agrava depois da menopausa.

·         Sensação de frio aumenta nessa fase. O paciente tem dificuldade de ficar aquecido, mesmo com roupas de frio ou bem agasalhado.

 

Evolução

A Fibromialgia é uma doença que evolui com fases de remissão  e exacerbação dos sintomas. Com a evolução da doença, as dores suportáveis  podem ser intercaladas por dores lancinantes acompanhadas de espasmos.  O sono também é comprometido. 

Em muitos casos o paciente se queixa que ao acordar tem a sensação que foi atropelado por um caminhão, devido a fadiga intensa e ao sono agitado e não reparador. A fadiga torna-se crônica ao longo da evolução da doença, fazendo com que o paciente diminua drasticamente todas as atividades físicas e diárias. Os sintomas da doença se intensificam com o passar do tempo, sendo necessária nessas condições, tratamento medicamentoso.

 

Diagnóstico

·         Anamnese (história do paciente, relatos dos sintomas e queixas do paciente).

·         Exame físico (pode identificar os pontos dolorosos).

·         Exame clínico.

·         Exame neurológico (alguns problemas neurológicos podem induzir ao cansaço e fraqueza muscular).

·         EEG - Eletroencefalograma apresenta alterações  nos registro, em relação aos distúrbios do sono.

Um dos critérios para confirmar o diagnóstico definitivo da Fibromialgia, são as dores generalizadas e crônicas sentidas por mais de três meses, em pelo menos 11  dos 18 pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas no corpo  "tender points". 

Os tender points ou pontos dolorosos são nove pares, um de cada lado. Os pontos são os seguintes: 

·         1 e 2: na nuca; 

·         3 e 4: na lateral do pescoço;

·         5 e 6: na musculatura entre pescoço e ombro;

·         7 e 8: no ombro;       

·         9 e 10;   no espaço entre a segunda costela;       

·         11 e 12: no braço, perto do cotovelo;

·         13 e 14: na lateral da bacia;

·         15 e 16: na porção superior do glúteo;

·         17 e 18: na perna, junto ao joelho.     

Obs:  No caso da Fibromialgia,  os exames laboratoriais e radiológicos específicos ajudam a excluir outras doenças. Basicamente o diagnóstico de Fibromialgia se baseia nas queixas de dores difusas associadas a sensibilidade aumentada nas localizações específicas no corpo (tender points). A dor migratória na Fibromialgia não apresenta resposta satisfatória aos tratamentos clássicos com analgésicos, antiinflamatórios e fisioterapia.

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Fibromialgia não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, neurológico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Fibromialgia são as seguintes:

·         Alterações e distúrbios hormonais.

·         Doenças reumáticas.

·         Doenças do sistema imunológico.

·         Lesões de origem reumáticas.

 

Tratamento

Médico especialista: Reumatologista. Dependendo da sintomatologia outros médicos  especialista podem ser necessários.     Pelo fato dos sintomas da Fibromialgia serem generalizados, inespecíficos e semelhantes ao de outras alterações médicas, muitos pacientes se submetem a avaliações e exames complicados e repetidos antes de identificar que se trata da Fibromialgia. Como nem todos os médicos estão treinados para reconhecer essa síndrome, torna-se importante procurar um especialista, o reumatologista.  Esses é o profissional mais indicado  e familiarizado com a sintomatologia, o diagnóstico e tratamento dessa patologia.

 

Objetivo: Aliviar as dores  e melhorar o sono do paciente fibromiálgico.

Existem vários tratamentos disponíveis para a Fibromialgia, mas nenhum deles  acaba definitivamente com as dores, nem cura a doença. . O tratamento é sintomático, conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

No caso do sono, a Fibromialgia interfere no sono profundo, e este é necessário para as diversas funções do corpo, tais como reparação de tecidos, regulação dos neurotransmissores, hormônios e substâncias imunológicas. Tanto a falta do sono, como os distúrbios do sono, podem agravar a sintomatologia, no caso dos pacientes fibromiálgicos. Por isso, a necessidade de medicamentos para regularizar o sono no paciente fibromiálgico.

Tratamento medicamentoso: Alivia as crises dolorosas causadas pela doença. A base do tratamento medicamentoso é através de analgésicos e miorrelaxantes, quando necessários e prescrito pelo médico.

Cuidados de enfermagem:

·         Administrar medicação prescrita para melhorar o sono.  

·         Administração de analgésicos prescritos, quando for necessário.

·         Administração de miorrelaxantes prescritos, quando for necessário.

·         Alguns casos específicos, é necessário administrar  medicação antidepressiva, prescrita pelo médico.

·         Aplicações quentes nos locais dolorosos, alivia durante algum tempo a dor.

·         Ficar atento aos sinais de depressão.

 

Tratamento fisioterápico:  Em muitos casos, a fisioterapia  funciona como um poderoso analgésico capaz de melhorar o sono e a qualidade de vida do paciente fibromiálgico.  Estudos mostram que a fisioterapia ajuda a diminuir o condicionamento. Várias técnicas, como o isostretching, o watsu, a eletroterapia combinada, o RPG, Pilates, o biofeedback, têm obtido ótimos resultados.

 

Tratamento psicoterápico: É necessário para ensinar o paciente a lidar com a doença, e  é considerado fundamental nos casos em que aparece um forte componente emocional. Se o paciente compreender a causa da doença e desenvolver hábitos e comportamentos adequados, saberá lidar melhor com os episódios dolorosos.

 

Tratamento psiquiátrico:  Em alguns casos graves, é necessário.

 

Tratamento psicológico: O apoio psicológico é fundamental para o portador de Fibromialgia.

 

Tratamento à base da Acupuntura: comprovou que é um excelente coadjuvante dos medicamentos para a redução da dor e da ansiedade provocada pela situação.

 

Prática de exercícios: Praticar quando liberado pelo médico, se possível, natação, hidroginástica e caminhadas curtas.  Para quem tem a doença, caracterizada por dores frequentes por todo o corpo, fazer alongamento é uma boa alternativa. A atividade diminui não só a dor como também a ansiedade. E é melhor do que o condicionamento físico, nesses casos.

 

Técnicas de relaxamento para diminuir a tensão muscular pode ser benéfica para esses pacientes.

 

Seqüelas

·         Depressão profunda.

·         Rigidez muscular acentuada.

·         Incapacidade física.

·         Sedentarismo (justificado pela dor).

·         Distúrbios emocionais (casos graves). 

·         Distúrbios de personalidade (casos graves).

·         Crises dolorosas constantes, variando de intensidade.

 

Cuidados que o portador de Fibromialgia deve ter: para amenizar os sintomas

·         Redução das atividades diárias, na medida  do possível.

·         Roupas: de preferência ao uso de roupas leves. Evitar roupas apertadas e  nas mulheres soutiens que pressionem os ombros. As mulheres devem dar preferência a sutiãs que tenham alças anatômicas e acolchoadas.

·         Sapatos:  dê sempre preferência a sapatos ou sandálias com salto baixo. Compre calçados  um número maior que o habitual. A sola deve ser de borracha. Sapatos fechados e tênis, use sempre, se possível, com palmilhas de material macio, pois elas aliviam e amortecem o peso do corpo.

·         Evitar excesso de frio e calor.  O frio causa sensação de dor, e o calor excessivo provoca a fadiga.

·         Alimentação: ingerir quantidade maiores de legumes, verduras, frutas e cereais.  Ingerir maior quantidade de líquidos, e tentar evitar consumir muita carne vermelha.

·         Evitar o excesso de peso.

·         Exercícios físicos:  deve fazer sempre com acompanhamento de um fisioterapeuta.  Conheça o seu limite, pare quando se sentir cansado.

·         Apoio familiar é imprescindível, para o portador da doença.

 

Algumas palavras...

 

A Fibromialgia é uma doença difícil, principalmente quando não é diagnosticada logo no início. Você com certeza minha amiga ou amigo, passou por vários especialistas  (clínicos, neurologistas, ortopedistas, psiquiatras, neurofisiatras) até chegar ao diagnóstico correto.  E todas essas tentativas de saber o que tinha, abalaram-na profundamente,  fazendo com que você ficasse mais deprimida, angustiada, reservada, individualizada, intimista,  resultando num afastamento "forçado" das pessoas e dos amigos que mais gostava, porque simplesmente achava que eles pensavam que você estava mentindo em relação às suas dores. Tudo isso era bem difícil de suportar. 

Mas, pense que ao saber que você não está mais  "maluca", que as suas dores e queixas  eram devido a uma doença chamada de Fibromialgia, a qual os médicos finalmente  a diagnosticaram, com certeza tudo isso vai  mudar, porque agora você é uma pessoa que sabe o que tem, e que vai fazer o possível e o impossível para ser feliz. 

Aprenda com a sua doença a lidar com a dor e a conviver com ela. Leia mais sobre ela e você verá que não está sozinha com o seu fardo.  Mudando de vida e compreendendo o que a Fibromialgia fez na sua vida, você poderá viver e valorizar-se muito mais.  Não tenha pena de você, e nem permita jamais, que os outros tenham pena de você! 

Beijos de uma amiga, que torce muito por você...

 


Dúvidas de termos técnicos  e expressões  consulte o Glossário geral ou o glossário específico de Doenças Neurológicas.