DIFILOBOTRÍASE


introdução

A Difilobotríase é uma parasitose intestinal causada por cestódeo (tênia)  Diphyllobothrium.  A doença é adquirida através do consumo de peixe cru, mal cozido ou defumado que estão infectados pelas larvas do parasita. O peixe pode está infectado pelas larvas adultas e dessa forma infectar o homem. A doença é mais comum em países que têm o costume de comer peixes crus.  Portadores assintomáticos da doença são considerados transmissores indiretos da doença.  O verme pode ficar no organismo humano por mais de 20 anos com cerca de 3.000 proglótides transmitindo a doença pelas fezes do hospedeiro.

Esse parasita pode infectar além do homem, outros mamíferos e aves. O cestódeo Diphyllobothrium é o maior parasita dos humanos chegando até 10 metros de comprimento dentro do intestino.

Sinonímia

A Difilobotríase também é conhecida pelos seguintes nomes:

·         Botriocefalíase.

·         Difilobotriose.

·         Doença da tênia do peixe.

·         Doença do peixe cru.

·         Tênia do peixe.

·         Tênia larga.

Incidência

·         Cerca de 80% dos casos são assintomáticos.

·         Países do Leste Europeu, América do Sul, América do Norte, África e Ásia têm uma maior incidência da doença.

·         Japão, Chile, Argentina e Peru tem uma alta incidência da doença, porque as pessoas têm o costume de consumir peixes crus.

Agente etiológico

Existem várias espécies de Diphyllobothrium. Os Diphyllobothrium latum e D. pacificum são os agentes mais comuns da Difilobotríase humana.  O gênero Diphyllobothrium pertence à família Dyphyllobothridae e à ordem Pseudophyllidea.

Este parasita atinge no máximo 10 metros no intestino delgado do homem. Tem escólex lanceolado, proglótides com útero de desenvolvimento simples e a presença de depressões na superfície anterior das proglótides. Os caracteres do escólex (sem ganchos e um par de fendas de fixação), o aspecto do útero do parasita e os outros elementos morfológicos é que servem para a identificação da espécie. O estróbilo pode ter até 4.000 proglótides, segmentado e contém um conjunto de órgãos reprodutores. Os parasitas se alimentam por absorção.

A espécie Diphyllobothrium latum vivem na água doce (lagos, rios), enquanto a espécie Diphyllobothrium pacificum inicia o seu ciclo na água salgada.

 

Reservatório

O principal reservatório da doença é o ser humano, já que  o homem elimina os ovos nas fezes.

Habitat

No homem a localização do Diphyllobothrium latum  é no intestino delgado.

Ciclo vital

Os ovos operculados do Diphyllobothrium latum  caem na água, onde se desenvolve o embrião que ganha o exterior, tomando o nome de “coracídio”. Esse coracídio é ingerido por microcrustáceos, que evoluem para o estado larvário ou “procercóide”. Essas larvas são ingeridas pelos peixes e se desenvolvem  até converter-se em “plerocercóides. Os peixes infectados são consumidos pelo hospedeiro definitivo (homem) e vão se desenvolver  no intestino até chegar ao estado adulto, mais ou menos um mês e meio.

Ciclo: ovos → coracídio (embrião) → procercóide (larvas) → plerocercóides → hospedeiro definitivo (homem)  → espécime adulto.

 

Patologia

No homem as manifestações clínicas são causadas pelo parasita que pode chegar até quase 10 metros de comprimento e nem sempre é único.  Pode se encontrar mais de um parasita no mesmo hospedeiro. A presença de vários vermes pode causar anemia e transtornos do trânsito intestinal. O sangue pode mostrar leucopenia e eosinofilia em diversos graus.  Quando o verme é expulso a anemia desaparece.

Período de incubação

O período de incubação no hospedeiro definitivo (homem) é mais ou menos de 30 a 40 dias. Esse período se refere a ingestão  da larva do verme pelo homem até ela chegar ao estado adulto.

Transmissão

A transmissão é feita através do consumo pelo homem de peixe infectado com as larvas do  Diphyllobothrium latum ou o Diphyllobothrium pacificum.

Sinais e sintomas

A sintomatologia varia de acordo com o desenvolvimento do parasita no intestino humano.  Em muitos casos o hospedeiro (homem)  é assintomático, isto é, não se queixa de sintomas. Em outros casos os sintomas são inespecíficos, mas nos casos graves a doença pode evoluir para a obstrução intestinal. O verme é expulso do organismo naturalmente, sem a necessidade de tratamento.

Período prodrômico (sintomas iniciais)

·         anemia.

·         coceira anal;

·         diarreia;

·         desconforto abdominal;

·         dores abdominais;

·         dormência nos dedos;

·         perda de apetite;

·         emagrecimento;

·         fadiga;

·         flatulência (gases);

·         fome;

·         indigestão;

·         náuseas.

Obs: Os casos em que o portador do parasita tem anemia, pode está relacionado a mais de um parasita no intestino.  Os vermes têm um consumo muito elevado de vitamina B12, que resulta em deficiência dessa vitamina no organismo e pode causar a anemia perniciosa.

Casos graves:

·         Obstrução intestinal: é causada pela infestação maciça de vermes no intestino.

·         Obstrução do ducto biliar por causa dos segmentos do verme que migram para o órgão.

·         Anemia perniciosa.

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Exames laboratoriais.

·         Exame parasitológico de fezes (presença de grandes proglótides do verme e/ou ovos operculados nas fezes).

Obs: Os proglótides podem ser visualizados nas fezes.

Tratamento

Objetivo:  Erradicação do parasita e melhorar o estado geral do paciente.

Existe tratamento medicamentoso específico para a doença. 

Terapêutica anti-helmíntica é o tratamento de escolha para erradicar os vermes.

Deve-se evitar o uso de medicamentos que podem ter como resultado a desintegração do parasita, porque enquanto não for eliminado a escólex (cabeça) o verme pode ainda se desenvolver novamente no hospedeiro.

Recomenda-se depois de 15 dias de tratamento realizar  novo exame de fezes para verificar se o verme e ovos foram eliminados do corpo.

Suplementação de vitamina B12 pode ser necessária para corrigir a anemia perniciosa.

Prevenção

Sempre consumir carne cozida de peixe de água doce ou salgada.

Não consumir crua e nem mal cozida a carne de peixe de água doce ou salgada.

Ficar atento à procedência do peixe que vai consumir.

Estudos indicam que o congelamento do peixe em temperatura abaixo de -18ºC por 48 horas pode matar as larvas infectantes que estão no peixe.

A forma de preparação de um prato chamado de cebiche (peixe cru), a base de limão, permite a sobrevivência do parasita no peixe. Ao consumir o peixe infectado o homem será infectado pelas larvas do parasita. Esse prato é muito consumido no Peru, Chile e Colômbia. O cebiche já está sendo oferecido em alguns restaurantes no Brasil.

Pratos como shashimi de salmão cru também podem conter larvas do peixe infectado.

Melhorar as condições do tratamento de esgoto sanitário contribui para a diminuição de várias doenças parasitárias, inclusive a Difilobotríase. Os ovos eliminados pelas fezes do homem contaminado pelo verme podem contaminar as águas dos rios e lagos e dessa forma reiniciar o ciclo da doença.

Realização de campanhas educativas preventivas para a população.


Dúvidas de termos técnicos e expressões consulte o Glossário geral.