FilArÍASE LINFÁTICA


Descrição

A Filaríase Linfática é uma doença grave causada por parasitas nematódeos, que quando invadem o organismo causam  dificuldades crescentes na circulação, resultando em alterações permanentes nos tecidos e provocando em alguns casos a elefantíase. Os vermes adultos vivos ou mortos, são agressores do sistema linfático, e originam diretamente profundas alterações dos vasos, gânglios linfáticos e reações teciduais de variável intensidade, proporcionais ao número de vermes presentes, o qual depende do ritmo e freqüência de reinfestações nas zonas endêmicas; as microfilárias  são encontradas no sangue periférico. 

Sinonímia

Essa doença  também é conhecida pelos seguintes nomes:

Incidência

Agente etiológico

Wuchereria bancroftii (mais comum no Brasil)  e a Brugia malayi; ordem Filariidea;  família Dipetalonematidae; subfamília Dipetalonematidae.  Os vermes adultos vivem nos tecidos, nos vasos ou nas cavidades do corpo dos vertebrados e produzem embriões, chamados microfilárias. As lesões produzidas no homem pela W. bancroftii são mais patogênicas tanto em grau como em intensidade; tem maior tendência para afetar os órgãos genitais e muitas vezes origina lesões deformantes (elefantíase), em alguns casos chegando essa lesões a ser monstruosas.

Característica do verme (Wuchereria bancroftii que é o mais comum no Brasil)

Vetor

Mosquitos da espécie Culicídeos; gênero Culex,  Anopheles, Aedes e Mansonia; são os responsáveis pela transmissão da  W. bancroftii, que é mais encontrada no Brasil. Os mosquitos infectados mostram diminuição da capacidade de vôo e as infestações maciças podem causar-lhes a mortalidade. No mosquito  a duração completa do ciclo é de cerca de 11 dias.

Hospedeiro

O hospedeiro definitivo é o homem.

Período de incubação

Desde a penetração de larvas infestantes até a demonstração do parasitismo decorre o período de incubação da Filaríase, com duração de três meses a um ano.

Modo de transmissão

Transmissão ativa:  uma pessoa adquire a doença quando é picada por mosquitos do gênero Culex  fatigans, infectados com larvas de filárias, adquiridas quando anteriormente, o mosquito chupou sangue de um indivíduo doente. Quando o mosquito pica um indivíduo suscetível, rompe-se a bainha da tromba, liberando as larvas infectantes, que penetram ativamente através da pele e seguem para o sistema linfático, constituindo nele as formas sexualmente maduras. Quando copulam, dão origem a numerosos embriões que se transformam em larvas bainhadas; estas larvas as microfilárias, invadem a circulação sanguínea, reiniciando o ciclo. O tempo que decorre até que comecem a aparecer microfilárias no sangue é longo, cerca de um ano.

Sinais e sintomas

A doença evolui em dois períodos clínicos distintos, desde a picada do mosquito  com a penetração de larvas infectantes até a demonstração do parasitismo. Temos o  1° período assintomático e o 2° período sintomático, que se subdivide em:  período agudo e período crônico ou obstrutivo.

1° período assintomático:

Tem duração de vários meses ou anos e pode permanecer toda a vida do portador de microfilárias, constituindo a forma latente da filaríase linfática, que ocorre em cerca de 50% dos indivíduos em zonas endêmicas. Essa fase as vezes só é descoberta através de exames de sangue que podem  detectar a persença de microfilárias ou algumas alterações locais discretas nos tecidos que são sede de vermes.

2° período sintomático:

As manifestações clínicas dependem da localização dos vermes adultos.

período agudo:

período crônico ou obstrutivo

Nessa fase os sinais clínicos têm evolução lenta e são principalmente de tipo obstrutivo em conseqüência da repetição dos surtos agudos, atingindo principalmente as estruturas dos primeiros sintomas do período agudo. 

Diagnóstico

As microfilárias podem também ser encontradas no suco ganglionar, nos líquidos de hidrocele, ascítico, pleural, sinovial, cefalorraquidiano, na urina, expectoração e em biópsias ganglionares.  Os vermes adultos (filárias) podem ser encontrados nos vasos linfáticos dilatados, gânglios linfáticos, lesões genitais, sendo obtidos por punção ou extirpação das lesões. A cistoscopia ou a pielografia podem permitir que se demonstrem filárias, bem como o exame radiológico quando existem vermes calcificados.

Obs: É considerada uma infestação maciça no paciente quando se encontram mais que 200 microfilárias por 20mm3  de sangue. 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Filaríase linfática não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Filaríase linfática são as seguintes:

Tratamento

Existe tratamento medicamentoso específico para as microfilárias (microfilaricidas), como para as filárias (macrofilaricidas) que são os vermes adultos.

 

Tratamento medicamentoso: Os medicamentos filaricidas específicos para combater a Filaríase devem ser prescritos pelo médico, pois dependem da espécie infestante, intensidade da microfilariemia, importância do território afetado pela doença e as condições clínicas do paciente.

 

A dietilcarbamazina (DEC) é amplamente utilizada há décadas em todo o mundo. Segue como a droga de escolha na atualidade. Administrada por via oral, é absorvida rapidamente. O esquema terapêutico que a OMS recomenda consiste em dar, por via oral, 6mg de dietilcarbamazina (sob a forma de citrato), por quilo de peso corporal e por dia, divididos em três doses (de 2 mg/kg cada uma) a serem ingeridas após as refeições. A duração do tratamento é de 12 dias. Nas formas avançadas da doença, a DEC, não surti quase nenhum efeito no paciente.

 

A antibioticoterapia pode ser usada para a erradicação dos focos sépticos, sob indicação médica.

 

Para reduzir a intensidade da sintomatologia geral e alérgica, os analgésicos, antipiréticos, antiinflamatórios e sedativos, são utilizados sob prescrição médica.

 

No caso de linfedema com recorrências febris e repetidas elefantíases, em via de constituição rápida, a corticoterapia, associada aos antibióticos, tem resultados satisfatórios sobre os processos inflamatórios em progresso, e retarda a evolução, mas, pode aumentar a microfilariemia.  

 

A dosagem terapêutica dos medicamentos para combater a microfilariemia devem ser seguidos corretamente pelo doente, e se houver efeitos colaterais, estes devem ser comunicados ao médico imediatamente. Esses efeitos tóxicos podem ser os seguintes:

Quando o paciente já apresenta lesões adiantadas, como a elefantíase constituída de grande volume, não adianta apenas matar as filárias, são necessários outros recursos, inclusive recorrer ao tratamento cirúrgico.

No tratamento cirúrgico pode-se empregar  os seguintes procedimentos: a extirpação da pele e tecidos envolvidos, enxertos, técnicas de derivação e drenagem linfáticas.

 

No período agudo da doença, deve-se ter repouso e elevar o membro atingido, para auxiliar na reabsorção do edema e reduzir as conseqüências da obstrução linfática, isso quando ainda não está constituída a elefantíase de grande volume.

 

Durante as fases precoces da infestação e dos surtos recorrentes do período agudo, a medicação anti-helmíntica tem resultados satisfatórios nos doentes, mas os sintomas do período crônico, dificilmente são eliminados, pois constituem conseqüências de profundas alterações anatômicas dos tecidos afetados. 

 

Tratamento fisioterápico também é indicado para alguns casos de doentes da Filaríase.    

Profilaxia

O controle  dessa endemia pode ter por alvo, um dos objetivos seguintes:

Na maioria das regiões endêmicas, o controle tem por objetivos a diminuição da morbidade e a redução da transmissão. Mas não existem critérios objetivos, sobre o nível em que se deva conter a transmissão, para que a Filaríase deixe de ser um problema de saúde pública.

medidas sanitárias:

medidas individuais:


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.